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A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial

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Prévia do material em texto

História do Brasil 
Colônia
A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Anderson Luis Venâncio
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
5
• O escravo negro
• Os dramas da Igreja
• O tráfico negreiro
Nesta unidade, trataremos de dois temas relevantes sobre o Brasil Colonial: o papel 
social da mão de obra usada nos engenhos nordestinos, no caso, o escravo negro, bem 
como seus mecanismos de resistência e a ocupação holandesa de boa parte do Nordeste 
do Brasil Colonial.
Você irá assistir aos vídeos e será disponibilizado o Material Teórico para melhor elucidar 
esses conhecimentos.
Depois de assistir às aulas e ler o texto teórico, faça a Atividade de Sistematização, composta 
por questões objetivas.
Como atividade de aprofundamento foi proposto o Fórum de Discussão com tema 
relacionado ao conteúdo teórico. 
No Material Complementar, como sugestão de leitura, há a indicação de links relacionados 
ao estudo. 
Procure participar de todas as atividades.
Atenção ao prazo de encerramento desta unidade!
 · Nesta unidade, temos como objetivo principal trabalhar a 
temática da escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil 
Colonial. Ainda demonstraremos as causas da formação da 
União Ibéria e a consequente invasão do Nordeste brasileiro 
pelos holandeses. 
A escravidão nos engenhos de açúcar 
do Brasil Colonial
6
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, sugerimos que você leia um breve artigo sobre o comércio 
transatlântico de escravos e suas implicações para as partes envolvidas.
Disponível em: http://pensamentoafricano.blogspot.com.br/2011/12/comercio-de-
escravos-no-atlantico-e.html
http://pensamentoafricano.blogspot.com.br/2011/12/comercio-de-escravos-no-atlantico-e.html
http://pensamentoafricano.blogspot.com.br/2011/12/comercio-de-escravos-no-atlantico-e.html
7
O trabalho e o açúcar
“O engenho de açúcar é um inferno e todos os seus donos são condenados”, escreveu em 
1627, com indignação, o padre Andrés de Gouveia. E era verdade. O dia a dia numa fábrica 
de açúcar lembrava mesmo a imagem do inferno. Na maior parte do ano, o engenho operava 
durante vinte horas diárias, sem interrupção, levando os trabalhadores à exaustão. Poucos 
desses homens eram livres e tinham especialização para ocupar cargos mais técnicos, como 
o cargo de mestre de purgar. A grande maioria era formada por escravos submetidos a uma 
jornada pesada e a condições subumanas.
O escravo negro
Você Sabia ?
Os navios de carga responsáveis pelo transporte de negros da África para a América eram 
chamados de “tumbeiros”. O nome derivava do alto índice de mortalidade das “peças” (africanos) 
nessas embarcações. 
Até 1570, chegavam a cada ano cerca de dois mil cativos africanos à colônia portuguesa. A 
partir dessa data, todos os anos, passaram a entrar quase quatro mil. Assim, no final do século 
XVII, o total de escravos importados desde o início da colonização já ultrapassava a casa dos 
quinhentos mil. Quase todos viviam naquele verdadeiro inferno ao qual o padre Andrés se referiu.
Nos primeiros anos após a chegada de Cabral, portugueses e franceses utilizaram amplamente 
o trabalho dos indígenas na exploração comercial do pau-brasil. Havia interesse dos dois lados: 
os nativos trocavam o pau-brasil e várias especiarias por mercadorias que os colonizadores 
traziam de lugares distantes. E os europeus, por sua vez, não lhes impunham obrigações, não 
estabeleciam limites à sua liberdade e, como os nativos esperavam, “pagavam” pelo trabalho 
com objetos de pouco valor. Nesse período, porém, ocorriam episódios de apresamento de 
índios, que eram levados para a Europa como escravos.
Com a implantação da lavoura de cana-
de-açúcar, tentou-se escravizar os nativos para 
trabalhar no cultivo da terra. Inicialmente, a 
prática mais comum era utilizar os prisioneiros 
de guerra dos indígenas. Essa forma de obter 
escravos, permitida por lei, chamava-se resgate 
e acabou incentivando as guerras entre os 
índios como um meio de conseguir cada vez 
mais prisioneiros para trocá-los com os colonos. 
Navio negreiro por Rugendas, 1830. Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Navio_negreiro_-_Rugendas.jpg
8
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Mas o resgate foi logo superado por outra forma mais eficiente de obter mão de obra escrava 
(embora não tivesse sido abolido completamente): os ataques que os próprios colonos passaram a 
fazer contra os indígenas hostis, considerados inimigos dos portugueses – a chamada guerra justa.
Entretanto, uma série de inconvenientes cercava o trabalho escravo dos indígenas na lavoura. 
Para começar, em 1570, a Coroa proibiu sua escravização. Uma das razões que levaram a essa 
decisão foi a firme oposição dos jesuítas à submissão forçada dos ameríndios. Esses defendiam 
a catequização dos índios. Considerados sem pecados, precisavam ser conduzidos ao Senhor. 
Na verdade, existiam brechas na legislação que permitiam aos colonos romper a proibição da 
Coroa, como o resgate e a guerra justa.
Os indígenas também não aceitavam trabalhar na lavoura, opondo forte resistência ao 
regime sistemático imposto pelos colonos portugueses. Para eles, a disciplina que a atividade 
exigia violava sua cultura. Tentando escapar da opressão, muitos nativos migraram para outras 
regiões. Os que já haviam sido escravizados resistiam de várias formas: negando-se a trabalhar 
no ritmo exigido pelos colonos, ou simplesmente fugindo das plantações.
A partir de 1550, os colonos passaram a recorrer cada vez mais aos africanos. Havia duas razões 
para essa decisão. A primeira era a pressão exercida pelos traficantes de escravos, que adquiriam 
os africanos na costa da África e os vendiam com grande lucro no mercado internacional. Para 
aumentar os ganhos, os traficantes pretendiam estender o comércio até a América portuguesa. 
Isso foi possível quando a escravidão indígena cedeu lugar à escravidão africana.
Em segundo lugar, não existia nenhuma restrição da Igreja quanto à escravidão africana. Ao 
contrário, a submissão dos povos da África era vista como uma forma de purgar seus pecados e 
de convertê-los ao reino de Deus. Afinal, muitos deles tinham entrado em contato com a religião 
mulçumana e, na América, poderiam ser catequizados.
A substituição de um tipo de trabalhador por outro aconteceu aos poucos. Somente depois 
de 1600, o número de escravos africanos superou o número de escravos índios.
Os dramas da Igreja
Enquanto os índios eram defendidos pela Igreja, os africanos não 
tiveram a mesma sorte. No caso da colonização espanhola, até mesmo 
um humanista como o frei dominicano Bartolomé de Las Casas, por 
exemplo, recomendava a introdução de escravos africanos como forma 
de preservar os indígenas. A mesma situação acabou ocorrendo no 
Brasil. A verdade é que a Igreja ficou dividida entre o apelo humano 
que requeria a defesa dos negros e a necessidade de entender que 
Portugal e Espanha tinham enormes carências no que se refere à mão 
de obra. O negro africano representava uma solução fácil para esse 
problema. Entre o apelo humano e a necessidade pragmática, a Igreja 
– visando à sua sobrevivência política – optou pelo segundo. 
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 Santo Inácio de Loyol
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Depois da chegada dos africanos, porém, os índios continuaram escravizados, embora em 
menor escala, principalmente nas áreas mais pobres ou em atividades menos lucrativas. Os 
colonos que não eram grandes proprietários de terras não podiam pagar o custo do escravo 
africano, cujo preço chegava a ser cinco vezes maior que o do escravo indígena. Por isso, 
recorriam ao emprego permanente dos nativos, o que gerava constantes conflitos com os 
jesuítas, contrários à escravização.
Não foi difícil para os portugueses fazer uso do trabalhador africano em larga escala. Afinal, 
desde 1443, eles já traficavam seres humanosda África para as ilhas do atlântico e para a Europa.
Os escravos eram originários de várias partes da África. Pertenciam a diversas etnias, com 
formas de organização social e manifestações culturais também diferentes. Entre os povos de 
origem, havia alguns que apresentavam “notável progresso na agropecuária e no artesanato, 
principalmente no trabalho com metais, especialidade em que, sob alguns aspectos, se achavam 
mais adiantados do que os europeus da época”, conforme assinala o historiador Jacob Gorender.
Sabemos que a escravidão já existia na África antes da chegada dos europeus, embora tivesse 
um significado diferente nas sociedades locais: só a guerra levava um povo a escravizar outro. 
A exploração europeia provocou completa mudança nesse quadro. Alguns povos africanos 
passaram a se especializar na captura de prisioneiro e se fortalecerem justamente recorrendo à 
guerra e à venda dos capturados aos traficantes. Exemplo disso foi a fundação do Estado de 
Daomé, no século XVII, para movimentar o lucrativo comércio de escravos.
O tráfico negreiro
Num primeiro momento, o comércio de africanos era feito por meio de escambo nas feitorias 
construídas em certos pontos do litoral da África. No entanto, com o início da colonização da 
América, no decorrer do século XVI, o tráfico se tornou mais complexo e passou a mobilizar chefes 
locais, que trocavam seus prisioneiros de guerra por diversas mercadorias, como a aguardente e 
o fumo produzidos na América. Uma vez comprados, os escravos eram embarcados em navios 
– os chamados navios negreiros ou tumbeiros – e enviados ao continente americano.
As condições da viagem transoceânica justificavam o nome de tumbeiro (de tumba ou túmulo) 
dado aos barcos. Comprimidos em grande número dos porões das embarcações – entre 100 
e 400 pessoas – os escravos viajavam quase nus, sufocados pela falta de ar e torturados pela 
fome e pela sede.
A tortura era lenta e prolongada: saindo, por exemplo, de Angola, o navio levava em média 
35 dias para chegar a Pernambuco e 40 para alcançar a Bahia. Muitos escravos (em média de 
15% do total) morriam durante a travessia do Atlântico. Ao chegar à América, o escravo africano 
se deparava com um mundo que em tudo lhe era estranho e hostil. Com as relações familiares 
desfeitas antes do embarque para terras desconhecidas – marido, mulher, pais e filhos eram 
separados e vendidos, seguindo destinos diferentes – nada restava da sua comunidade de origem.
10
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Abatido pelas perdas, o escravo enfrentava ainda condições desumanas de trabalho nos 
canaviais ou alimentando as fornalhas nos engenhos. Às mulheres cabia fazer todo o serviço 
doméstico, atender às necessidades das esposas e filhos do senhor e satisfazer sexualmente aos 
seus donos brancos. Escravos e escravas viviam sob a ameaça constante de castigos físicos.
De que modo reagiram esses homens e mulheres ao peso da escravidão? Alguns com 
resignação, adaptando-se à cultura dos senhores e aceitando pacificamente a discriminação 
racial. Outros, porém, revoltavam-se, feriam ou matavam os feitores e provocavam incêndios 
nos canaviais. Outros ainda entravam em depressão – conhecida como banzo – e se suicidavam.
Mas havia outra forma de reagir que levava a ações coletivas e reafirmava os sentimentos 
de identidade étnica e cultural desses homens e mulheres. Por meio da fuga, os escravos 
reconquistavam a liberdade e reconstruíam formas comunitárias semelhantes às formas de 
convivência na África, no interior das quais podiam preservar o que restava de sua cultura. 
Essas comunidades chamavam-se quilombos e seus habitantes quilombolas.
A vida econômica dos quilombos se organizava em torno de atividades de resistência, 
subsistência e do trabalho artesanal. Em muitos casos, os quilombolas praticavam também o 
comércio com os povoados mais próximos. Em vários momentos também foram verificadas 
contendas entre quilombolas e comunidades indígenas. 
União Ibérica e Invasão Holandesa
De 1580 a 1640, Portugal e seu império colonial estiveram sob o domínio da Coroa espanhola. 
Esse período ficou conhecido como União Ibérica. Apesar do domínio espanhol, a autonomia 
do governo português foi mantida e não houve intervenção administrativa em suas instituições 
e em sua atuação na colônia.
A formação da União Ibérica está relacionada com o fim da Dinastia de Avis. Em 1568, 
Dom Sebastião, o último rei dessa casa, assumiu o trono português, aos catorze anos de 
idade. Dez anos depois, ainda solteiro, colocou-se à frente de um exército de 18 mil homens 
e invadiu o Norte da África, na tentativa de derrotar os muçulmanos. Foi vencido e morto na 
batalha de Alcácer Quibir.
Dom Sebastião não tinha filhos. Na falta de herdeiros, quem assumiu o trono foi seu tio-avô, 
o cardeal Dom Henrique, homem idoso que morreu pouco tempo depois em 1580. Com sua 
morte, abriu-se uma crise na monarquia portuguesa.
A Espanha se impõe
A morte de Dom Sebastião e a de seu tio-avô puseram fim à Dinastia de Avis e colocaram 
Portugal diante do mesmo dilema com o qual o país se defrontara em 1383: submeter-se ao 
domínio espanhol ou rebelar-se. Felipe II da Espanha reivindicava para si o trono português 
com o argumento de que era casado com Dona Maria, filha de dom João III de Portugal, avô 
de Dom Sebastião.
11
 O aspirante ao trono era apoiado por quase toda a natureza, pelo alto clero e por boa parte 
da burguesia. A maioria da população, porém, aliada a alguns setores burgueses e da nobreza, 
opunha-se a ele, mas não teve força suficiente para derrotar o exército espanhol que invadiu 
Portugal e colocou no trono o novo rei.
Em 1581, pelo Tratado de Tomar, instaurava-se a União Ibérica, governada por uma 
monarquia dual que reinaria sobre os dois países até 1640. Brasil e a União Ibérica
Desembarque das tropas espanholas na baía das Mós, ilha Terceira, Açores em 1583. 
Pintura mural em El Escorial, Madrid.
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A União Ibérica teve repercussões importantes para a colônia portuguesa na América. 
Significou, na prática, o fim dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, permitindo a 
livre circulação luso-brasileira em terras espanholas e vice-versa. Isso permitiu aos portugueses 
ampliar o território colonial. Os espanhóis, por sua vez, tinham menos interesse em ocupar o 
território luso-brasileiro, pois suas atenções já estavam voltadas para as riquezas do Peru e da 
Nova Espanha (México atual).
Ao mesmo tempo, sob o domínio espanhol, Portugal passou a ser hostilizado por algumas 
potências europeias inimigas da Espanha e com as quais mantivera, até então, relações amistosas. 
Uma dessas nações era a Holanda.
Para a colônia, as consequências mais imediatas dessa inimizade pela metrópole foram as 
invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco.
Outro desdobramento da União Ibérica foi a divisão da colônia portuguesa em duas unidades 
administrativas, por meio de uma medida adotada em 1621. Surgiram, dessa forma, dois 
Estados na colônia: o Estado do Maranhão, com sede em São Luís, e o Estado do Brasil, com 
sede em Salvador. Os governantes dos dois Estados prestavam contas diretamente à metrópole.
12
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
A Holanda entra em cena
Você Sabia ?
Sem o capital holandês, teria sido muito complicada a viabilidade do empreendimento açucareiro 
no Nordeste do atual Brasil. O interessante é que, originalmente, Portugal até teria condições 
internas de fazer eventuais financiamentos para essa operação. Entretanto, com a crescente 
perseguição aos judeus após o reinado de D. Manuel, o reino passou a vivenciar uma crescente 
escassez de recursos para investimentos.
No século XVI, as regiões que correspondem atualmente à Bélgica e à Holanda eram 
ocupadas por um conjunto de dezessete províncias denominado Países Baixos. Localizadas 
na desembocadura dos rios Reno e Mosela, essas áreas se beneficiavam do comércio 
praticado no interiorda França e nas cidades germânicas. Suas manufaturas, por outro 
lado, eram as mais prósperas da época. O comércio marítimo, também crescente, explorava, 
sobretudo, as rotas do oriente.
Essas províncias desfrutavam de certa autonomia – cada uma tinha seu próprio governo. 
Para resolver os problemas comuns, seus representantes reuniam-se nos Estados Gerais, órgãos 
com poder deliberativo. No entanto, não eram totalmente independentes, pois estavam sob o 
domínio do Sacro Império Romano-Germânico.
Em 1555, o imperador Carlos V, do Sacro Império, renunciou à posse dos Países Baixos 
em favor de seu filho, Filipe, que seria coroado rei da Espanha no ano seguinte com o nome 
de Filipe II. A política absolutista e católica do rei espanhol logo desagradou aos habitantes 
das dezessete províncias, formadas também por protestantes. O resultado foi uma revolta geral 
iniciada em 1563.
Como consequência, os lucrativos negócios que os Países Baixos mantinham com o açúcar 
produzido na América portuguesa sofreriam grande impacto. Em 1585, esse intercâmbio 
comercial seria proibido pela Coroa espanhola.
No curso do conflito, os Países Baixos se dividiram em dois países. As dez províncias do sul, 
predominantemente católicas, desistiram da luta e negociavam um acordo de paz com Filipe 
II, mantendo-se sob o domínio da Espanha. Mais tarde, essas regiões formariam a Bélgica. As 
províncias do Norte, ao contrário, insistiram na separação e constituíram, em 1579, um Estado 
republicano independente chamado República das Províncias Unidas dos Países Baixos, ou 
simplesmente Holanda.
O novo Estado já nasceu forte: era detentor de grande frota mercante e estava localizado entre 
as maiores potências comerciais do mundo no final do século XVI. Além disso, seria a maior 
potência no decorrer do século seguinte. Por ser um país onde o Calvinismo era hegemônico 
e cujas atividades econômicas representavam grande risco aos interesses da União Ibérica, 
Holanda e Espanha continuaram em guerra até 1609, quando então firmaram um acordo de 
paz conhecido como Trégua dos Doze Anos.
13
Com a trégua, a Holanda voltou ao comércio açucareiro, transportando anualmente cerca de 
50 mil caixas de açúcar da colônia portuguesa para a Europa. Entretanto, com o fim da Trégua 
dos Doze Anos, em 1621, a Espanha fechou definitivamente todos os portos da União Ibérica 
aos barcos holandeses. A medida incluía, consequentemente, os portos açucareiros da colônia 
portuguesa na América.
Diante da resolução espanhola, os comerciantes holandeses, apoiados e instruídos por seu 
governo, resolveram reagir. Para isso, dispunham de recursos, armas e homens reunidos pela 
Companhia das Índias Ocidentais, criada naquele mesmo ano de 1621. A Companhia era uma 
empresa típica da época do mercantilismo. Formada por capitais privados, contava com o apoio 
do Estado, que participava de sua administração. Além disso, detinha o monopólio holandês 
do comércio com a América e estava encarregada de estabelecer colônias nesse continente. Em 
tudo era semelhante à Companhia das Índias Orientais, outra empresa holandesa criada em 
1602, voltada para o comércio e colonização do oriente.
Com a interdição dos portos açucareiros 
pela Coroa espanhola, a Companhia das Índias 
Ocidentais (WIC) reuniu uma frota poderosa que 
incluía dezenas de navios de guerra, centenas de 
canhões e mais de três mil homens e partiu para 
a invasão da Bahia, em 1624. Em poucas horas, 
Salvador foi ocupada sem opor resistência. Um ano 
depois, uma esquadra luso-espanhola expulsaria os 
holandeses da capitania.
A WIC passou então a planejar a ocupação de 
Pernambuco, maior produtor mundial de açúcar. 
Montou para isso uma grande operação com 56 
navios e mais de 7 mil homens. Em fevereiro de 
1630, depois de vários dias de intensos combates, 
Olinda, a capital, e alguns povoados próximos, como o porto de Recife, foram tomados. 
Para organizar a resistência local, o governador Matias de Albuquerque refugiou-se com 
seus homens no interior da capitania, onde ergueu o arraial do Bom Jesus.
Seriam sete anos de guerra, até que, com a colaboração de um desertor do lado português, 
Domingos Fernandes Calabar, a Holanda pôs fim ao confronto. Profundo conhecedor da região 
e com informações valiosas sobre a tática empregada pelas tropas de Matias de Albuquerque, 
Calabar teve participação decisiva no sucesso da ofensiva holandesa. Em 1635, seria capturado 
pelos portugueses e executado por traição.
Durante o período do conflito, a produção do açúcar nos engenhos ficou comprometida. Só 
seria retomada com a estabilização política promovida por Maurício de Nassau. A partir de 1637, 
os holandeses conseguiram estender seu domínio às capitanias de Pernambuco, Itamaracá, 
Paraíba e Rio Grande do Norte.
Gravura neerlandesa mostrando o cerco a 
Olinda em 1630. 
John Ogilby, gravura, 1671.
14
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
A Restauração em Portugal
No começo, a União Ibérica havia sido bem recebida por setores dos grupos dominantes 
portugueses. Passados sessenta anos, a burguesia ainda continuava lucrando com a União, que 
lhe abria novas frentes de negócios. Mas a verdade é que, como vimos, desde 1580, Portugal 
passara a ser alvo dos inimigos da Espanha. Dessa forma, perdera algumas das colônias de área 
ultramar e grande parte de sua frota marítima.
Em 1640, inconformadas com a situação, a população e as elites portuguesas se sublevaram 
contra a dominação espanhola e se uniram ao duque de Bragança, que foi proclamado rei de 
Portugal com o título de Dom João IV – era o começo da Dinastia Bragança. A revolta, conhecida 
com Restauração Portuguesa, pôs fim à União Ibérica e deu início a um longo conflito entre 
Espanha e Portugal, a Guerra da Restauração.
Para consolidar a Restauração, o governo português procurou se aproximar dos inimigos da 
Espanha na Europa, assim como os holandeses e os franceses.
Ao mesmo tempo, Lisboa firmou com a Inglaterra, em 1642 e 1654, dois tratados de comércio 
que asseguravam às mercadorias inglesas os mesmo direitos reservados aos produtos lusitanos 
no comércio com sua colônia da América. Para fortalecer a aliança, Dom João IV concedeu em 
casamento a sua filha Catarina ao rei da Inglaterra, Carlos II.
A expulsão dos holandeses do Brasil
A Holanda logo se voltou contra Portugal, ocupando Angola, colônia portuguesa na África, em 
1641. Três anos depois, acabou tomando outras medidas que causaram insatisfação geral entre 
os pernambucanos: o afastamento de Maurício de Nassau do governo da colônia holandesa 
e a cobrança de dívidas atrasadas que haviam sido contraídas por senhores de engenho na 
Companhia das Índias Ocidentais. Tudo isso levou à revolta da população de Pernambuco que, 
sob a liderança de João Fernandes Vieira, rico comerciante e senhor de engenho, lançou-se à 
luta armada contra o domínio holandês.
 A Batalha dos Guararapes. Vitor Meirelles, óleo sobre tela, 1879.
15
A luta, conhecida como Insurreição Pernambucana, teve início em 1645 e se estendeu 
por nove anos. Quase toda a população luso-brasileira da região foi mobilizada – grupos 
de índios comandados por Filipe Camarão, batalhões de escravos sob a liderança de 
Henrique Dias e colonos de origem europeia, chefiados por Vidal de Negreiros e outros 
líderes. Pela primeira vez na história da colônia, índios, escravos e colonos, unidos por um 
forte sentimento nativista, sentimento de apego à sua terra natal, formaram um só grupo 
de resistência para defender um objetivo comum: expulsar o invasor holandês. As armas 
luso-brasileiras venceram vários confrontos, e entre os mais importantes estão as Batalhas 
de Guararapes de 1648 e de 1649.
Somente em 1651, Portugal tomou a decisão de enviar ajuda aos combatentes luso-brasileiros 
em Pernambuco. Enquanto isso, a Holanda se envolvia em um conflito com a Inglaterra pela 
hegemonia do comércio marítimo internacional, o que dificultou seu apoio às autoridades 
holandesas em terras americanas.Com a conjuntura internacional a seu favor, os combatentes luso-brasileiros sitiaram Recife. 
Em janeiro de 1654, os holandeses assinaram sua rendição e se retiraram de Pernambuco. Sete 
anos depois, a título de compensação, Portugal entregou à Holanda e Ceilão e as ilhas Molucas, 
além de pagar uma indenização de 4 milhões em moeda corrente.
Depois de expulsos, os holandeses levaram as técnicas de produção do açúcar para a região 
das Antilhas, onde implantaram um sistema produtivo semelhante ao da colônia portuguesa, 
baseado na grande propriedade, na monocultura e no trabalho escravo.
Em poucos anos, a produção açucareira das Antilhas cresceu e passou a concorrer, em 
melhores condições, com a da América portuguesa. Com o aumento da oferta do produto no 
mercado internacional, os preços caíram. Ao mesmo tempo, caiu também a quantidade de 
exportação pela colônia portuguesa. Esse quadro desfavorável acabou gerando séria crise nos 
engenhos de Pernambuco e de outras capitanias e o declínio do comércio português de açúcar. 
Apesar disso, o açúcar produzido em terras brasileiras continuou sendo o principal item no 
comércio de exportação da colônia.
A ocupação do Norte e do Nordeste
Parte do Nordeste e a região Norte do Brasil atual foram ocupadas a partir do final do século 
XVI, durante a União Ibérica, por expedições militares enviadas pelos portugueses para expulsar 
outros aventureiros europeus que pretendiam se fixar na área.
À medida que os concorrentes eram expulsos, os portugueses consolidavam fortificações para 
garantir a posse do território. Esses locais dariam origem a vários núcleos populacionais, como 
Natal, no atual Rio Grande do Norte. Nessa região, os franceses, aliados aos índios potiguares, 
tentaram formar um núcleo colonial.
Expulsos de Natal em 1599, os franceses se deslocaram para a região que hoje corresponde 
ao Maranhão, onde queriam estabelecer a França Equinocial, um povoamento definitivo. O 
início do projeto foi marcado pela construção do Forte de São Luís, atual capital. Os franceses 
só foram expulsos da região em 1615.
16
Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Para assegurar a ocupação de toda a área que engloba o Norte e o Nordeste, a administração 
luso-espanhola separou a região do restante da colônia em 1621. Constituiu-se, desse modo, 
o Estado do Maranhão e Grão-Pará, com capital em São Luis. A nova unidade administrativa 
compreendia áreas que se estendiam do Ceará ao Amazonas.
Inicialmente, os espanhóis tentaram, sem sucesso, ocupar a Amazônia. No início do século XVI, 
ingleses e holandeses estabeleceram feitorias na região, interessados em explorar produtos nativos, 
como urucum, cacau e plantas medicinais, denominados genericamente de drogas do sertão.
Em 1616, os portugueses construíram o Forte do Presépio, origem da atual cidade de Belém 
no Pará. Sete anos depois, passaram a combater as posições anglo-holandesas instaladas na 
região. Com o apoio dos povos indígenas, em 1648 conseguiram destruir a última posição 
holandesa que ocupava a área da atual cidade de Macapá.
Enquanto enfrentavam os concorrentes, os portugueses organizaram, em 1637, uma expedição 
liderada pelo sertanista Pedro Teixeira, que partiu de Belém, acompanhado de mais de duas mil 
pessoas, a maioria indígena. Subindo o reio Amazonas, os desbravadores alcançaram Quito e 
retornaram à capital paraense em dezembro de 1639.
O reconhecimento feito pela expedição abriu caminho para a lenta ocupação do vale 
amazônico. Colonos e missionários religiosos, como franciscanos, carmelitas e, sobretudo, 
jesuítas, começaram a explorar a região. Os religiosos investiram na lucrativa coleta das drogas 
do sertão, utilizando a mão de obra indígena. Nessa época, os produtos eram transportados até 
Belém, de onde seguiam para a Europa.
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Material Complementar
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Unidade: A escravidão nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial
Referências
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1998. 
DELSON, R. M. Novas vilas para o Brasil colônia: planejamento espacial e social no 
século XVIII. CIORD: Ed. ALVA, 1997.
FARIA, S. de C. Viver e morrer no Brasil colônia. São Paulo: Ed. Moderna, 2000. 
JUNIOR, C. P. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Ed. Brasiliense, 
1996.
LACERDA, A. V. de. As ouvidorias do Brasil colônia. [S.I.]. Ed. Juruá, 2000. 
MEIRELES, M. M. O Brasil e a partição do mar-oceano. [S.I.]. Edições AML,1999.
PAULA, E. D. de. História dos povos indígenas: 500 anos de luta no Brasil. [S.I.]. 
Vozes, 2001.
RAYNAL. O estabelecimento dos portugueses no Brasil. 1998. Arquivo Nacional: Ed. 
UnB, 1998. 
REZENDE, M. C. A música na história de Minas colonial. [S.I.] INL/ Ed. Itatiaia, 1989. 
TORRE-LONDOÑO, F. A outra família: concubinato, igreja e escândalo na colônia. 
São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
VAINFAS, R. A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1999.
19
Anotações
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