Buscar

Atendimento em Nutrição - Módulo 02

Prévia do material em texto

Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
Curso de 
Atendimento em Nutrição 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os 
créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas 
Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
24 
 
 
MÓDULO II 
 
 
4 PREVENÇÃO E QUALIDADE DE VIDA 
 
 
Com o envelhecimento da população mundial ocorrem repercussões nos 
campos social e econômico, principalmente nos países em desenvolvimento; entre 
estes o Brasil, o qual a perspectiva é de que em 2025 represente o sexto país do 
mundo em número de idosos. Porém, a infraestrutura necessária para responder à 
demanda deste novo quadro populacional, com programas específicos e recursos 
humanos qualitativamente preparados, ainda é precária. 
Assim, torna-se necessário uma preocupação do profissional nutricionista 
em buscar estratégias e recursos para auxiliar a população em seus atendimentos 
em nutrição com vistas à prevenção de doenças e melhoria constante da qualidade 
de vida. 
Nas últimas décadas, vários países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, 
vêm passando por uma transição nutricional onde o padrão alimentar brasileiro 
baseado no consumo de cereais, feijões, raízes e tubérculos vem sendo substituído 
por uma alimentação mais rica em gorduras e açúcares. Essas mudanças têm 
colocado a população brasileira em maior risco para doenças crônicas. A 
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda para a prevenção de doenças 
crônicas não transmissíveis uma alimentação com baixo teor de gordura e colesterol 
e rica em fibras, frutas, legumes e verduras e, especificamente para este último, o 
consumo diário recomendado é de 400 g ou cinco porções de 80 g cada uma. 
Para serem efetivas, as ações de promoção da alimentação saudável 
necessitam da participação de vários setores envolvendo instituições que já 
trabalham ações neste sentido. A difusão da noção de promoção das práticas 
alimentares saudáveis pode ser observada nas mais diversas ações políticas e 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
25 
estratégias relacionadas com alimentação e nutrição. Pode-se afirmar que essa 
noção é resultante do cruzamento entre o conceito de promoção da segurança 
alimentar e o da promoção da saúde. 
O papel da prevenção da saúde e qualidade de vida vem crescendo em 
termos de importância como uma estratégia fundamental para o enfrentamento dos 
problemas do processo saúde, doença e cuidado e da sua determinação. O caminho 
no processo de prevenção é fortalecer o caráter preventivo com diagnostico e 
detecção precoce de doenças crônico-degenerativas e aumento da complexidade do 
nível de atenção primária. 
Atualmente, a promoção da saúde não é mais interpretada como apenas 
uma caracterização de um nível de atenção da medicina preventiva, mas trata-se de 
um enfoque político e técnico em torno do processo saúde, doença e cuidado. 
Existem múltiplas conceituações de promoção da saúde em dois grandes grupos. No 
primeiro, a promoção da saúde consiste nas atividades dirigidas centralmente à 
transformação dos comportamentos dos indivíduos, focando os seus estilos de vida 
e localizando-os no seio das famílias e no ambiente das culturas da comunidade em 
que se encontram. Essa concepção tende a se centrar nos componentes educativos. 
Uma segunda concepção, e mais moderna, da promoção da saúde é caracterizada 
pela constatação de que a saúde é produto de um amplo espectro de fatores 
relacionados com a qualidade de vida, incluindo um padrão adequado de 
alimentação e nutrição, de habitação e saneamento, boas condições de trabalho e 
renda, oportunidades de educação ao longo de toda a vida dos indivíduos e das 
comunidades. 
A promoção da saúde é definida como o processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma 
maior participação no controle deste processo. A elaboração e implementação de 
políticas públicas saudáveis, a criação de ambientes favoráveis à saúde, o reforço 
da ação comunitária, o desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação do 
sistema de saúde são os cinco principais campos de ações. 
A partir do final dos anos 1990, o termo “promoção de práticas alimentares 
saudáveis” começa a marcar presença nos documentos oficiais brasileiros. Aliada à 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
26 
promoção de estilos de vida saudáveis, a promoção de práticas alimentares 
saudáveis se constitui uma estratégia de vital importância para o enfrentamento dos 
problemas alimentares e nutricionais do contexto atual. 
A instituição da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) pode 
ser considerada como uma das expressões que oficializam a busca de uma nova 
direção das políticas de alimentação e nutrição no final da década de 1990. A PNAN 
pressupõe contrapor o modelo de atenção prevalecente no campo da alimentação e 
nutrição a partir de 1970, marcado por uma intervenção centrada no 
assistencialismo, voltada para os trabalhadores e para os chamados grupos de risco. 
O propósito da PNAN é a garantia da qualidade dos alimentos colocados 
para consumo no país, a promoção das práticas alimentares saudáveis e a 
prevenção dos distúrbios nutricionais, bem como o estímulo às ações intersetoriais 
que propiciem o acesso universal aos alimentos. A perspectiva da promoção da 
saúde se apresenta e é apontada como uma das diretrizes da política de promoção 
das práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, cuja ênfase está na 
“socialização do conhecimento sobre alimentos e o processo de alimentação bem 
como acerca da prevenção dos problemas nutricionais, desde a desnutrição – 
incluindo as carências específicas até a obesidade.” (PNAN) 
A PNAN, para alcance de seus propósitos, destaca que atenção especial 
deve ser dada ao desenvolvimento do processo educativo permanente acerca das 
questões atinentes à alimentação e à nutrição, bem como à promoção de 
campanhas de comunicação social sistemáticas. No entanto, o documento não 
delimita claramente uma concepção de educação alimentar e nutricional no que se 
refere aos seus limites e possibilidades, como também não indica diretrizes para a 
sua prática. Todavia, mais adiante, o referido documento alude que a educação 
alimentar e nutricional contém elementos complexos e até conflituosos, 
preconizando que deverão ser buscados consensos sobre conteúdos, métodos e 
técnicas do processo educativo, considerando os diferentes espaços geográficos, 
econômicos e culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
27 
 
4.1 A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA NO PANORAMA 
HISTÓRICO/EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA 
 
 
A alimentação tem papel determinante e bem estabelecido nas doenças 
crônicas não transmissíveis. Um dos fatores modificáveis mais importantes para o 
aumento de risco de doenças crônicas não transmissíveis, a alimentação deve ser 
incluída entre as ações prioritárias de saúde pública. De acordo com a Organização 
Mundial da Saúde, 80% dos casos de doenças coronarianas, 90% dos casos de 
diabetes tipo 2 e 30% dos casos de câncer poderiam ser evitados com mudanças 
factíveis nos hábitos alimentares, níveis de atividade física e uso de produtosderivados do tabaco. 
A epidemiologia nutricional tem mostrado forte associação entre alguns 
padrões de consumo alimentar e a ocorrência de doenças crônicas não 
transmissíveis. A alimentação inadequada, rica em gorduras, com alimentos 
altamente refinados e processados, e pobre em frutas, legumes e verduras, está 
associada ao aparecimento de diversas doenças como aterosclerose, 
hipercolesterolemia, hipertensão arterial, doença isquêmica do coração, infarto 
agudo do miocárdio, diabetes mellitus e câncer. 
Observa-se que em relação às propostas educativas da PNAN quanto à 
promoção das práticas alimentares saudáveis, o foco central esteja na disseminação 
de informações, valorizando a importância dos meios de comunicação nesse 
processo, seja estimulando a produção de campanhas educativas, seja controlando 
as informações como também o marketing referentes à alimentação e aos alimentos. 
O fortalecimento do campo da informação e da comunicação em 
alimentação e nutrição também é necessário por meio dos profissionais de saúde, 
principalmente o nutricionista. 
Com relação ao papel do profissional nutricionista que tange à capacitação 
profissional previsto na PNAN, a centralidade parece estar no seu papel como 
disseminador de informações, em detrimento do seu papel como educador. 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
28 
Perpassa a ideia de que ampliando o acervo de informações dos profissionais de 
saúde, em todos os níveis, por meio das capacitações, se tornaria possível o seu 
repasse para os grupos populacionais e indivíduos. 
Não se faz alusão à importância da capacitação em educação, em 
abordagens educativas apropriadas, apenas em conteúdos técnicos de alimentação 
e nutrição. A educação em saúde constitui conceitos apropriados e reorientação dos 
serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curativos, assim como 
propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desenvolvimento da 
solidariedade e da cidadania, orientando-se para ações cuja essência está na 
melhoria da qualidade de vida e na promoção da saúde. 
No atual contexto, em que a promoção das práticas alimentares saudáveis 
prevalece, a educação alimentar e nutricional também está sendo um reflexo das 
políticas. Analisando os documentos apresentados, identificou-se a existência de um 
suposto paradoxo: ao mesmo tempo em que é apontada sua importância 
estratégica, o seu espaço não se apresenta claramente definido. 
O papel da educação alimentar e nutricional está vinculado à produção de 
informações que sirvam como subsídios para auxiliar a tomada de decisões dos 
indivíduos que outrora foram culpabilizados pela sua ignorância, sendo 
posteriormente vítimas da organização social capitalista, e se tornam agora providos 
de direitos e são convocados a ampliar o seu poder de escolha e decisão. 
O nutricionista é um profissional de saúde cuja formação visa, 
precipuamente, à atuação em saúde coletiva. As diretrizes curriculares nacionais do 
Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação, para os alunos de 
Medicina, Enfermagem e Nutrição foram estabelecidas por meio de um parecer 
conjunto para os três cursos, que estabeleceu como seu objeto: permitir que os 
currículos propostos possam construir perfil acadêmico e profissional com 
competências, habilidades, conteúdos, dentro de perspectivas e abordagens 
contemporâneas de formação pertinentes e compatíveis com abordagens nacionais 
e internacionais, capazes de atuar com qualidade, eficiência e resolutividade, 
considerando o processo da Reforma Sanitária Brasileira. 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
29 
Ao descrever o perfil do formando/egresso do curso de Graduação em 
Nutrição, o referido documento aponta que o nutricionista deve estar capacitado a 
atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas em 
que a alimentação e a nutrição se apresentem fundamentais para a promoção, 
manutenção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças de indivíduos ou 
grupos populacionais. Por segurança alimentar entende-se: realização do direito de 
todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade 
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo 
como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade 
cultural, e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. 
O Brasil, hoje, possui o Programa Saúde da Família que visa prover a 
atenção básica à saúde, orientado por uma ação multidisciplinar para intervenção 
com vistas à promoção da saúde da população. Para alcançar este objetivo no Brasil 
é necessário programar ações na área de vigilância e assistência alimentar e 
nutricional. 
O crescimento populacional e as políticas de saúde resultaram em um perfil 
nutricional diversificado nas regiões brasileiras. Isso exige a atuação de 
nutricionistas altamente qualificados que sejam capazes de programar e executar 
planos de intervenção fundamentados em conhecimentos científicos para promover 
práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, além da prevenção e do controle 
dos distúrbios nutricionais e de doenças associadas à alimentação e nutrição, visto 
que o Brasil enfrenta uma fase de transição nutricional caracterizada pela enorme 
quantidade de pessoas em estado de pobreza e fome, ao mesmo tempo em que 
cresce o número de obesos. 
Observa-se no Brasil um decréscimo da prevalência de desnutrição/baixo 
peso em todas as faixas etárias e regiões, especialmente em crianças de zero a 
cinco anos, seguido de um forte incremento nas taxas de sobrepeso e obesidade, a 
qual é um recente problema de saúde pública em nosso país. A população adulta 
brasileira vem apresentando um aumento na prevalência de excesso de peso. 
Consequentemente, esse processo causa a perda de espaço para a celebração e 
convício durante o ato de se alimentar, resultando em problemas de saúde com 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
30 
doenças crônico-degenerativas, intoxicações alimentares, entre outros, advindos de 
fatores como excesso de aditivos químicos nos alimentos industrializados, consumo 
exagerado de gorduras e desequilíbrio de vitaminas e minerais na dieta brasileira. 
Como no Brasil existem grandes desigualdades regionais, a garantia da 
segurança alimentar e nutricional necessita de estratégias de saúde pública que 
atendam a um modelo de atenção à saúde e cuidados nutricionais direcionados para 
a desnutrição e sobrepeso e obesidade, onde o nutricionista está completamente 
inserido com o objetivo de prevenir este quadro por meio de orientações nutricionais 
efetivas e acompanhamento dos pacientes. 
 
 
4.2 AÇÕES PREVENTIVAS DE SAÚDE E NUTRIÇÃO 
 
 
Ainda com a grande variedade de alimentos industrializados aliada à menor 
atividade física, observa-se um quadro de maior incidência de doenças não 
transmissíveis na população, como a hipertensão arterial, a obesidade, entre outras 
–, que somadas aos demais fatores de risco foram responsáveis por um crescimento 
na prevalência de doenças cardiovasculares. Assim, as ações de saúde 
governamentais estão focadas em proporcionar um envelhecimento bem-sucedido 
para a população. Ou seja, melhor qualidade de vida para o idoso com maior 
capacidade de manutenção de suas atividades de vida diária com independência. 
São elas: 
 Prevenção primária: medidas que evitam que doenças se instalem 
utilizando-se o diagnóstico e ação com base nos fatores de risco, com proteção 
específica e adequada visando à promoção da saúde. São observadose 
trabalhados os hábitos, estilo de vida, padrões de consumo alimentar, ambientes 
físico, psicológico e social. 
 Prevenção secundária: é realizado o diagnóstico precoce com vistas a 
iniciar o tratamento imediato e buscando a limitação da incapacidade no processo de 
envelhecimento. 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
31 
 
Com base nestes fatores, observa-se que o atendimento nutricional é 
imprescindível neste novo quadro da saúde populacional, pois a alimentação é um 
dos aspectos de maior importância no envelhecimento com qualidade de vida. 
Além disso, o idoso de amanha é o jovem atual, que trabalha e está exposto 
a muitos fatores de risco que contribuem negativamente para a saúde e o 
envelhecimento bem-sucedido, como o estresse, fumo, sedentarismo, pouco tempo 
para lazer e descanso, exposição às situações que levam as escolhas alimentares 
inadequadas. 
Deste modo, o nutricionista em atendimento nutricional deve intensificar 
estas ações visando sempre o futuro dos pacientes e, no caso de já idosos, buscar a 
melhoria da qualidade de vida no envelhecimento. 
No atendimento em nutrição, o nutricionista pode criar eventos com ações 
preventivas, como por exemplo, realizar parceria com empresas da região e a 
secretária de saúde para elaborar um evento de saúde e nutrição em algum lugar 
público da cidade, com enfoque em avaliação nutricional, aferição de glicemia, 
pressão arterial, cálculo de IMC, elaboração de cartilhas com receitas e orientações 
saudáveis para distribuição à população, orientações nutricionais verbais realizadas 
por nutricionistas ou estagiários de nutrição supervisionados. 
Outro modo seria a participação em programas de saúde pública do 
município, colocando seu consultório à disposição para receber encaminhamentos 
de pacientes e elaborando programas de educação nutricional coletiva como 
palestras e folhetos educativos sobre alimentação saudável e prevenção de 
doenças. 
Existe no Estado de São Paulo um Comitê de promoção da saúde que tem 
como objetivos: 
 Fomentar articulação intra e intersetorial visando à promoção da 
alimentação saudável no Estado de São Paulo; 
 Promover pacto/compromisso social com diferentes setores (Poder 
Legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais e não governamentais, 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
32 
organismos internacionais, setor de comunicação e outros), para a execução das 
estratégias definidas pelo Comitê; 
 Incentivar a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis entre a 
população, com ênfase no aumento do consumo de frutas, verduras, legumes, 
cereais e derivados integrais. 
 
As estratégias deste Comitê são mobilizar as instituições públicas, privadas 
e de setores da sociedade civil organizada visando ratificar o desenvolvimento de 
ações de aumento do acesso ao alimento saudável pelas comunidades e pelos 
grupos populacionais mais pobres; articular e mobilizar os setores público e privado 
para a promoção de ambientes que favoreçam a alimentação saudável, o que inclui: 
oferta de refeições saudáveis nos locais de trabalho, nas escolas e para as 
populações institucionalizadas; articular e mobilizar os setores da sociedade para a 
proposição e elaboração de medidas regulatórias que visem a promover a 
alimentação saudável e reduzir o risco de doenças crônicas não transmissíveis, com 
especial ênfase para a regulamentação da propaganda e publicidade de alimentos. 
Assim, o desenvolvimento de instrumentos adequados, que ensinassem o pobre a 
comer, a fim de corrigir hábitos errôneos nessas populações foi uma prioridade que 
caracterizava uma concepção de educação centrada na mudança do 
comportamento alimentar. 
A partir de meados de 1970, o binômio alimentação/educação prevalecente 
começou a ceder espaço para o binômio alimentação/renda, resultado dos 
redirecionamentos das políticas de alimentação e nutrição traçadas no país, as 
quais, a partir de então, se pautavam no reconhecimento da renda como principal 
obstáculo para se obter uma alimentação saudável. Como decorrência, intensas 
críticas foram feitas à educação alimentar e nutricional que vinha sendo 
desenvolvida, avaliada como meio de ensinar ao pobre a comer alimentos de baixo 
valor nutricional. Assim, as estratégias de suplementação alimentar passaram a ser 
o eixo norteador das políticas alimentares, pressupondo, também, a tarefa de 
esclarecer a população sobre os direitos de cidadania. 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
33 
É nesse contexto que também emerge a concepção da promoção das 
práticas alimentares saudáveis, na qual a alimentação tem sido colocada como uma 
das estratégias para a promoção da saúde. Não parece haver dúvidas sobre a 
importância da educação alimentar e nutricional na promoção de práticas 
alimentares saudáveis. No entanto, as reflexões sobre suas possibilidades e limites, 
como também o modo como ela é concebida, ainda são escassas. 
Na PNAN parece que os conceitos de promoção de práticas alimentares 
saudáveis e educação alimentar e nutricional estão mais próximos da superposição 
dos mesmos. Há um paradoxo: ao mesmo tempo que a educação alimentar e 
nutricional é valorizada, ela se dilui no conjunto de propostas na medida em que não 
estão estabelecidas claramente as bases teórico-conceituais e operacionais que a 
fundamentam. 
Todavia, pode-se perceber que, em termos de abordagens educacionais, a 
lógica da transmissão se faz presente. A perspectiva educacional se limita a 
subsidiar os indivíduos com informações, utilizando ao máximo os recursos 
tecnológicos da comunicação como um mecanismo que facilita o acesso e a 
democratização da informação. Estratégias como as campanhas, elaboração de 
material educativo e instrucional são enfatizadas. 
A Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade 
Física e Saúde foi lançada em 2003 pela OMS, sob a forma de um documento 
preliminar, e prevê o estímulo a práticas alimentares saudáveis aliadas à prática de 
atividade física, juntamente ao controle do tabaco, como estratégias efetivas para 
reduzir substancialmente as doenças e as mortes no mundo. A proposta objetiva 
assegurar o fornecimento de informações corretas para permitir a facilitação de 
decisões por escolhas saudáveis e assegurar programas adequados de educação e 
promoção de saúde. Essa adequação se refere a informações apropriadas em 
termos de escolaridade e cultura local, como também implica levar em conta as 
possibilidades de comunicação das comunidades. Para tanto, refere ainda o 
documento, os governos devem selecionar políticas e programas que estejam de 
acordo com as necessidades nacionais e com o perfil epidemiológico, incluindo as 
áreas de: educação, comunicação e conhecimento público; marketing, propaganda, 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
34 
patrocínio e promoção; rotulagem e declaração de propriedades relacionadas à 
saúde. 
Na filosofia dessa estratégia, há um predomínio de ações que promovam 
uma maior informação sobre alimentação e nutrição por meio da elaboração de 
material educativo, como também uma intervenção por meio dos meios de 
comunicação. Em termos de capacitação dos profissionais de saúde, centra-se em 
capacitá-los em temas de alimentação e nutrição. O profissional também é visto 
como um disseminador de informações, dividindo o seu papel com outros agentes 
do discurso da alimentação e nutrição, deixando à margem o potencial educativodas práticas de saúde. Reforça-se, dessa forma, a lógica da educação baseada na 
transmissão, centrada nos conteúdos, e construindo mensagens coerentes e 
apropriadas. 
 
 
 
4.3 PROGRAMAS CORPORATIVOS DE PREVENÇÃO E QUALIDADE DE VIDA 
 
 
No Brasil, as despesas com saúde apresentam crescimento gradativo a 
cada ano superando a inflação geral. Este quadro faz com que as empresas tenham 
a necessidade da busca de melhores condições de vida no trabalho para seus 
funcionários por intermédio de programas de prevenção, promoção da saúde e 
qualidade de vida, os quais se apresentam como diferenciais, e serem adotados 
como ferramentas de marketing para alcançar maior produtividade. Com o bem-
estar, saúde, segurança física, mental e social, o funcionário fica capacitado para 
realizar tarefas de forma comprometida. Estes programas são um conjunto de 
atitudes que implementam melhorias a ações gerenciais, tecnológicas e estruturais 
no ambiente de trabalho trazendo para as empresas o retorno por meio de vários 
fatores como a redução do índice de consultas médicas e procedimentos utilizados 
pelos funcionários com consequente redução dos custos da empresa com a 
assistência médica oferecida como beneficio; redução nos índices de absenteísmo; 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
35 
redução nos níveis de estresse e doenças ocupacionais; redução da prevalência de 
hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo, tabagismo e demais fatores de risco 
para doenças crônicas e geradoras de elevados custos médicos; redução da 
prevalência no consumo de medicamentos pelos funcionários e dos custos quando 
eles são oferecidos como benefício pela empresa. 
Em se tratando de hábitos de vida e prevenção e tratamento de doenças, 
sabe-se que a nutrição é de fundamental importância neste processo. As empresas 
têm uma visão atual de preocupação em gerar qualidade para os funcionários para 
aumentar a produtividade, e estão mais aptas a solicitar e implementar programas 
de qualidade de vida, seja diretamente na organização ou por meio da assistência 
de profissionais de saúde com os quais mantém convênio ou contratam o serviço. 
No atendimento em nutrição, o nutricionista pode avaliar o perfil de cada 
empresa que deseja que contrate seus serviços e posteriormente elaborar a 
implantação de um Programa de Qualidade de Vida para os funcionários, por meio 
de ações de avaliação e educação nutricional em conjunto com a área médica e de 
recursos humanos da empresa. 
Muitas empresas adotam o programa de qualidade total para resolver 
problemas imediatos e a curto prazo, tais como de relacionamento dentro da 
empresa, de capacitação de mão de obra ou para solucionar problemas de baixa 
qualidade nos produtos e serviços; entretanto, poucas se preocupam realmente com 
as implicações sociais, culturais e organizacionais de tais programas. 
São igualmente raras as reflexões sobre as origens dessas práticas e a 
conveniência de sua importação. Outra questão um pouco esquecida na 
implantação destes programas diz respeito à melhoria da qualidade de vida no 
trabalho das pessoas, que se entende como fundamental para o sucesso do 
programa. 
Os programas de qualidade de vida, além de implantados, devem ser bem 
divulgados entre todos os colaboradores para que o mesmo tenha a eficiência 
proposta. Algumas outras dificuldades que existem na implantação dos programas 
são falta de conceito próprio de qualidade; pouca preparação para a mudança, 
refletida em resistência; pouco conhecimento dos funcionários sobre qualidade, 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
36 
principalmente nos escalões mais baixos. Desta forma, entende-se que a filosofia da 
qualidade total pode melhorar a qualidade de vida, desde que não seja utilizada 
somente para ganhos de produtividade, ou importada como pacote milagroso, coisa 
que muitas empresas estão fazendo atualmente, limitando o sucesso do programa 
como um todo. 
A qualidade total neste caso está associada a fatores como satisfação em 
trabalhar, reconhecimento, satisfação dos clientes internos e externos, alcance de 
metas e padrões estabelecidos, eliminação de erros e desperdícios e melhores 
condições de trabalho. 
É comum encontrar certa resistência dos funcionários na implantação dos 
programas de qualidade de vida, porém, aos poucos, estes se familiarizam com o 
programa, contribuindo para o seu bom desenvolvimento. 
Desta forma, o conceito de qualidade deve ser ampliado, de modo que a 
qualidade de vida seja uma expansão natural do conceito de qualidade total, sendo 
os programas introduzidos e gerenciados simultaneamente, pois o programa de 
qualidade total só tem sentido se realmente proporcionar melhores condições de 
trabalho e satisfação para as pessoas, ou seja, melhorar suas condições de vida. 
Assim, entende-se que construir locais de trabalho saudáveis, onde exista 
participação das pessoas nas decisões que afetam suas vidas, contribui para a 
formação de uma sociedade mais justa e democrática; portanto precisamos criar 
novas formas de encarar o trabalho e o relacionamento interpessoal advindo dele, 
criando formas alternativas de organização que estimulem, de diferentes maneiras, o 
bom relacionamento das pessoas. 
Os programas de qualidade de vida devem ser encarados como alternativa 
para combinar ambientes participativos com um estilo de vida mais humano, 
integrando de forma harmônica o homem ao meio ambiente. O estilo de vida mais 
humano enquadra não somente aspectos físicos, mas também aspectos emocionais 
e espirituais. 
No Módulo III trabalharemos o projeto de implantação de consultório que 
pode ser utilizado para programas de qualidade de vida empresariais. 
 
 
 
 
 
 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------FIM DO MÓDULO II----------

Continue navegando