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Curso de Enfermagem em Nefrologia MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II 1. Glomerulopatias Geralmente conhecidas como glomerulonefrites (GN), as glomerulopatias são doenças que acometem os glomérulos, pequenas massas arredondadas de novelos de alças capilares que se projetam no lúmen de um corpúsculo renal. São variadas e podem possuir natureza aguda ou crônica; podem ser inflamatórias ou não; algumas delas são tratáveis e outras não. Classificação Podem ser primárias, quando acontecem nos rins e acometem apenas esses órgãos, ou podem ser secundárias a patologias já existentes, dentre outras, o diabetes, hepatites, doenças autoimunes. Podem ser assintomáticas ou apresentar edema de membros inferiores, face ou edema de todo corpo e ainda sintomas urinários como diminuição do volume urinário. Ao exame de urina é possível observar a presença de hemácias (hematúria) e/ou de proteínas (proteinúria). Quadro Clínico Em alguns casos, como a doença de lesões mínimas, a glomerulosclerose segmentar e focal e a glomerulopatia membranosa podem ser observadas grandes perdas de proteína pela urina que, em geral, determinam síndrome nefrótica. Na síndrome nefrótica há um aumento na permeabilidade da membrana basal dos capilares que ocasiona proteinúria maciça (> 3,5g/24h/1,73m² de superfície corporal), sendo comum acompanhar-se de tendência a edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. Outras glomerulopatias têm apresentação mais aguda e frequentemente associam-se a déficit de 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores função renal, como a glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), embora possam ter um curso autolimitado, como costuma acontecer com a glomerulonefrite pós-estreptocócica. Diagnóstico A função renal no momento do diagnóstico pode estar normal ou, ainda, apresentar-se diminuída ou deficiente. Muitas vezes a biópsia renal é utilizada para a determinação do tipo de glomerulopatia, o que norteia a terapêutica que será empregada. O diagnóstico precoce é importante, pois o tratamento adequado pode controlar os sinais e sintomas e impedir a progressão da doença para insuficiência renal terminal. Tratamento Nos casos agudos, de modo geral, visam tratar os sintomas na tentativa de preservação da função renal e tratamento das complicações imediatas. A terapia farmacológica depende da causa da GN. Nos casos de GN aguda rapidamente progressiva podem ser prescritos corticosteroides, porém, na maioria dos casos, esses medicamentos não possuem valor positivo, podendo agravar a retenção de líquido e a hipertensão. Podem ser prescritos diuréticos de alça para controle de hipertensão. As proteínas da dieta são restringidas caso haja desenvolvimento de insuficiência renal e retenção de nitrogênio. Em casos crônicos, o tratamento é baseado na sintomatologia do paciente. O peso é monitorado diariamente e há prescrição de diuréticos para tratar a sobrecarga hídrica. As infecções do trato urinário devem ser tratadas a fim de evitar maiores complicações. Para manutenção da condição física do paciente e evitar as alterações hidroeletrolíticas, a diálise é prescrita de modo precoce. Atenção de enfermagem Em pacientes agudos é importante orientar o paciente a seguir as recomendações médicas que incluem a ingestão abundante de carboidratos para diminuir o catabolismo de proteína, o consumo de líquidos de acordo com as perdas diárias. É importante, ainda, 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores orientar o paciente e/ou cuidador quanto à importância do autocuidado seguro e efetivo em ambiente domiciliar. Em pacientes crônicos é importante atentar para as alterações no estado hidroeletrolítico do paciente bem como os sinais e sintomas de diminuição da função renal. As alterações cardíacas e neurológicas devem ser observadas e tão logo comunicadas ao médico. O enfermeiro deve promover, para o paciente e familiar, ações de controle para a ansiedade que, em geral, encontra-se em níveis bastante elevados. Promover um espaço para troca de informações e sanar dúvidas pode auxiliar para eficácia desta ação. 2. Infecção do Trato Urinário A infecção do trato urinário (ITU) se configura como um dos agravos mais frequentes na prática clínica, sendo observada na comunidade e em paciente hospitalizado, ocorrendo em todas as faixas etárias. Caracteriza-se pela presença de microrganismos nas vias urinárias, habitualmente bactérias, seja na bexiga, próstata, sistema coletor ou rins. Em geral são classificadas de acordo com sua localização como ITU inferior ou superior. Quando associada à condição pré-existente a ITU pode ser complicada, aumentando assim o risco de falha na terapêutica empregada e o tempo de tratamento necessário. O microrganismo que mais frequentemente causa ITU é Escherichia coli. A ITU de repetição se deve a inúmeros fatores e deve ser investigada. Incidência É variável conforme a faixa etária, sendo mais comum no primeiro ano de vida no sexo masculino devido à maior incidência de má-formações congênitas do trato urinário. Na fase pré-escolar e no adulto a incidência é maior no sexo feminino com picos no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação e na menopausa. Devido aos problemas relacionados à próstata a incidência no sexo masculino volta a aumentar na faixa etária compreendida entre 50 e 60 anos. A maior incidência no sexo feminino se deve a fatores anatômicos, além de possuir a uretra mais curta que os homens, há maior 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores proximidade do ânus com a uretra e a cavidade vaginal, o que torna maior a possibilidade de colonização destes por enterobactérias que habitualmente causam ITU. Classificação Pode-se classificar o paciente com ITU de diferentes maneiras. A mais comum segue dois critérios: Presença de complicações; Localização da infecção. Uma forma de classificar as ITUs é de acordo com a presença ou ausência de complicações (Quadro 11). Quadro 11 Classificação da ITU quanto à presença de complicações ITU não complicada - mulheres (não grávidas); - sem alterações anatômicas do trato urinário; - sem alterações funcionais do trato urinário; - sem cateteres urinários; - sem alterações da imunidade; - adquirida na comunidade. ITU complicada - homens; - obstrução urinária; - alterações anatômicas do trato urinário; - alterações na função do trato urinário; - microrganismos resistentes; - corpo estranho; - imunossupressão; - cateteres urinários; - presença de cálculos urinários. 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Quanto à localização são classificadas em: ITUs inferiores - acometem bexiga e estruturas abaixo da bexiga. São mais comuns e incluem cistite, prostatite e uretrite. ITUs superiores - acometem os rins e os ureteres. São menos comuns e incluem nefrite intersticial bacterianaou pielonefrite (aguda ou crônica) e abscessos renais. Cistite: é uma ITU inferior comum, caracterizada pela invasão e aderência de microrganismos na bexiga, ocasionando uma resposta inflamatória. Clinicamente caracteriza-se por dificuldade na emissão de urina (disúria), emissão frequente de urina (polaciúria), tenesmo vesical e dor na região hipogástrica. Aproximadamente 30% das ITUs inferiores apresentam comprometimento alto oculto e o tratamento nestes casos deve ser feito para ITU superior. O diagnóstico de ITU superior oculta deve ser feito quando estiver presente uma das complicações mencionadas no Quadro 11 ou idade avançada, infecção hospitalar, gestação, procedimento cirúrgico recente do trato urinário, história de ITU na infância, persistência de sintomas por sete dias ou mais, uso recente de antibióticos e diabetes melito. Uretrite: a disúria e polaciúria são abundantes, porém a urocultura se mostra negativa, e sedimento urinário normal ou com presença de leucócitos. É habitualmente associada às infecções por microrganismos não habituais e cistites não infecciosas. Pielonefrite: também chamada de nefrite intersticial bacteriana, caracteriza-se pela invasão de microrganismos no rim, gerando resposta inflamatória. Caracteriza-se por dor em flanco, presença do sinal de Giordano (sensibilidade na região lombar), febre, acompanhados de urocultura positiva. Diagnóstico laboratorial O diagnóstico ocorre através de urocultura. A urina colhida deve ser, de preferência, a primeira do dia e a amostra deve ser obtida através do método do jato médio e colhida com assepsia em pacientes que não apresentem anormalidades funcionais do trato urinário. Caso não seja possível colher a primeira urina do dia, a 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores amostra deve ser obtida com intervalo mínimo de duas horas após a última micção. A presença de nitrito no exame bioquímico da urina é específica para infecção do trato urinário. Indica a atividade redutora de nitrato causada por enterobactérias. Tratamento É realizado baseando-se na localização e presença de determinados fatores (Tabela 2). A recorrência de ITU pode se manifestar como recaída quando verificada a presença do mesmo microrganismo, que não foi efetivamente eliminado. Acontece até duas semanas após o fim do tratamento realizado. Quando ocorre um novo episódio de infecção, seja pelo mesmo microrganismo ou por outro diferente do causador da infecção anterior, chamamos de reinfecção. Nesse caso, os sintomas reaparecem num período maior que duas semanas após o fim do tratamento adotado. Tabela 2 Tratamento da ITU Tratamento Tipo ITU inferior ITU superior Comunitária - 7 dias - norfloxacin - ácido pipemídico - cefuroxima - 14 dias - ciprofloxacin Em gestantes - 7 dias - cefalexina - cefuroxima - 14 dias* - cefalotina - cefuroxina Não complicada - 7 dias - norfloxacin - ácido pipemídico - cefalexina - nitrofurantoína - cefuroxima - 14 dias* - ciprofloxacin *o administração deve ser iniciada por via endovenosa, passando a via oral quando da melhora do estado geral do paciente. 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ITU de repetição é uma condição comum em mulheres com investigação do trato urinário sem anormalidades devido à maior susceptibilidade de colonização vaginal, mesmo em períodos assintomáticos. Há vários fatores de risco, entre eles estão o ato sexual; uso de contraceptivos com espermicida, no último ano; novo parceiro sexual no último ano; primeira infecção urinária antes dos 15 anos; mãe com história de infecção urinária; distância significativamente menor entre o ânus e a uretra; incontinência urinária depois da menopausa; resíduo pós-miccional; alteração do pH vaginal (associada a alterações hormonais). A repetição da ITU pode danificar os rins e por esta razão devem ser investigadas e tratadas. Diversas medidas podem ser adotadas como profilaxia da repetição da ITU, como alteração do método contraceptivo, maior ingesta hídrica, micção pós-coital, quimioprofilaxia contínua e tratamento de episódios, quando aparecem, sem profilaxia nos intervalos. 3. Nefropatia de Refluxo Através de uma anomalia congênita ocorre a passagem da urina da bexiga para o ureter promovendo sucessivas lesões glomerulares semelhantes às causadas pela pielonefrite crônica. Por conta das lesões há sempre perda focal ou difusa do parênquima renal. As cicatrizes provocadas por essas lesões são mais comuns nos polos renais superiores e inferiores e promovem a diminuição do tamanho do órgão. Classificação As cicatrizes renais englobam tanto alterações renais congênitas quanto as adquiridas. A maioria dos casos são identificados e classificados durante a avaliação do paciente que apresenta ITU (Quadro 12) 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores No Quadro 13 são listados os fatores envolvidos na nefropatia de refluxo. Incidência É uma das doenças mais frequentes em crianças, que se manifesta, geralmente, como ITU. Em 30% dos casos de ITU foi identificado o refluxo vesicoureteral. Estima-se que a nefropatia de refluxo acometa cerca de 1% a 2% dos lactentes normais. Ela é responsável por 15 a 30% dos casos de DRC em adultos e crianças. Diagnóstico Para o diagnóstico da nefropatia de refluxo são utilizados exames de imagem tais como: Quadro 12 Classificação das cicatrizes renais 1. Congênitas ou primárias: resultam da ação de condições atuantes no período intrauterino e se manifestam em áreas focais ou difusas de displasia renal; 2. Adquiridas: depende de ITU com febre podendo ou não apresentar refluxo vésico-ureteral. Quadro 13 Fatores etiopatogênicos envolvidos na nefropatia de refluxo - Refluxo intrarrenal - Infecção urinária - Pressão intravesical -Displasia Renal - Genéticos 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Cintilografia renal com DMSA (padrão para o diagnóstico da nefropatia de refluxo); Urografia excretora Ultrassonografia; Ressonância magnética. Tratamento O tratamento clínico pauta-se na quimioprofilaxia e na monitorização da função renal, seguindo os seguintes princípios: Quimioprofilaxia antimicrobiana prolongada e diária; Prevenção e tratamento da constipação intestinal; Realização de higiene perineal eficiente nas meninas; Tratamento da disfunção miccional, caso haja; Realização de exames de urina a cada dois a três meses, ou quando houver sinais ou sintomas de ITU; Avaliação por imagem, no diagnóstico e no seguimento, conforme evolução clínica; Monitorização clínica quanto ao aumento da pressão arterial. Também é adotado o tratamento endoscópico, as cirurgias aberta e laparoscópica como métodos de corrigir a disfunção. Existem alguns fatores que agregam o risco de aparecimento das cicatrizes renais (Quadro 14). Quadro 14 Fatores de risco para cicatrizes renais - Início tardio do tratamento; - Baixa idade no início; - Infecções urinárias febris recorrentes; - Refluxo vesicoureteral primário; - Síndrome de disfunção das eliminações. 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Atenção de enfermagem As ações de enfermagem,no que tange a nefropatia de refluxo, visam erradicar ou prevenir a recorrência de ITU. Para tanto é importante investir no planejamento de ações educativas de promoção da saúde que esclareçam os pacientes acerca da doença, seu tratamento e suas complicações. A promoção do autocuidado eficaz visa diminuir a ocorrência de ITU, com consequente queda nos níveis de lesão renal. 4. Nefrite Lúpica O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença causada pelo distúrbio multifatorial e envolve susceptibilidade genética, fatores ambientais, fatores imnunoneuroendócrinos e fatores hormonais. A associação desses fatores provoca a produção exagerada de autoanticorpos. Esse aumento resulta na função anormal da célula T supressora, alteração da regulação imune e disfunção da resposta inflamatória. No LES a inflamação estimula os antígenos, que, por sua vez, estimulam anticorpos adicionais e o ciclo se repete. O comprometimento renal associado ao LES é um fator importante, geralmente de mau prognóstico da doença. Aproximadamente 90% dos pacientes com LES apresentam depósitos de imunocomplexos no tecido renal, a presença dessa lesão aumenta em até duas vezes a mortalidade nesses pacientes. Incidência A prevalência da nefropatia em paciente lúpicos é 90% maior para quem tem caráter polimorfo, e a morbimortalidade dos pacientes depende do tipo de comprometimento renal. A sobrevida dos pacientes com LES que apresentavam ou não comprometimento renal, nas últimas décadas, aumentou. Isto porque tratamentos mais efetivos que permitem o diagnóstico precoce têm sido empregados. 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Diagnóstico Normalmente a nefrite lúpica evolui a logo prazo, tendo episódios de recidivas e períodos de remissão. Um dos fatores importantes nesse pacientes é a detecção precoce de injúria renal. O exame do sedimento urinário, quando comparado aos exames anteriores, pode ser uma ferramenta importante na avaliação da função renal. Outros exames de avaliação da função renal são marcadores fracos da condição renal, podendo não revelar a real gravidade das lesões. Tratamento O prognóstico e tratamento da nefrite lúpica estão relacionados à lesão subjacente, ao grau de comprometimento da filtração glomerular e, possivelmente, aos índices de atividade e cronicidade revelados pela biópsia renal. Atenção de enfermagem Alguns dos problemas mais comuns nos pacientes lúpicos (Quadro 15). O curso natural da doença, ou seu tratamento, pode provocar nos pacientes alterações na aparência que afetam diretamente o modo de vida destes indivíduos na medida em que promovem seu sofrimento. As alterações e a evolução imprevisível do LES exigem habilidades de avaliação e cuidados de enfermagem especializados e sensibilidade para as reações psicológicas do paciente. Os pacientes podem beneficiar-se da participação nos grupos de apoio através do recebimento de informações sobre a doença. Quadro 15 Problemas comuns vivenciados pelos pacientes lúpicos Fadiga; Integridade cutânea prejudicada; Distúrbios da imagem corporal; Falta de conhecimento para as decisões sobre o autotratamento. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Apoio social e dicas para monitoramento diário das condições individuais podem auxiliar o tratamento. Orientações para evitar a exacerbação ou a atividade da doença, como evitar a exposição ao sol e a luz ultravioleta ou se proteger com o uso de filtros solares e roupas. 5. Nefropatia Diabética Uma complicação comum no diabetes mellitus (DM) é a doença renal provocada pelas alterações microvasculares ocasionadas no rim, a Nefropatia Diabética (ND). Incidência A ND é, ao lado da nefropatia hipertensiva, a principal causa de doença renal crônica em pacientes que ingressam nos programas de diálise em países desenvolvidos e, no Brasil, estudos recentes indicam progressão no número de pacientes diabéticos em hemodiálise, cerca de 26%. Classificação A albumina é uma das proteínas sanguíneas mais importantes que se extravasam para a urina. É baseando-se nos valores de excreção urinária dela que se classifica a ND em estágios (Tabela 3). Tabela 3 Valores de albuminúria utilizados no diagnóstico da ND Urina de 24 h (mg/24 h) Estágio Normoalbuminúria < 30 Microalbuminúria 30 a 299 Macroalbuminúria > 300 *Adaptada de American Diabetes Association. Nephropathy in Diabetes Care 2004; 27:S79-83 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Normoalbuminúria: estágio em que se observa concentração normal de albumina na urina (< 30mg/24 h). Microalbuminúria: é o achado clínico mais precoce na ND é a microalbuminúria. Observa-se a presença de pequenas quantidades de albumina na urina, (30 a 299mg/24h), que métodos convencionais não são capazes de detectar. Constitui um fator de risco para doença arterial coronariana e para o aumento da mortalidade em pacientes com DM tipo 1 e nos que apresentam o tipo 2 da doença. É considerado um fator de risco para o desenvolvimento de macroalbuminúria, porém nem todos os pacientes progridem para esse estágio e alguns retornam para a normoalbuminúria. Macroalbuminúria: caracterizada pela presença de proteinúria, detectada tradicionalmente através de fitas reagentes que se tornam positivas a partir do valor de proteínas totais na urina equivalente a 500mg/24h. O controle da hiperglicemia e da HAS constitui um fator importante na redução do desenvolvimento da ND que tem a maior prevalência entre os negros, asiáticos e americanos nativos. (Quadro 16). Tratamento e Prevenção O tratamento envolve a prevenção da instalação da ND, prevenção primária, medidas para evitar a progressão de microalbuminúria para macroalbuminúria, prevenção secundária e desaceleração na diminuição do ritmo de filtração glomerular na Quadro 16 Fatores de risco para ND Etnia Dislipidemia Tabagismo Proteinúria Fatores alimentares Hiperfiltração glomerular 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores macroalbuminúria visando o impedimento do progresso para insuficiência renal terminal, prevenção terciária (Tabela 4). Tabela 4 Tratamento da ND Tratamento Complicação DM 1 DM 2 Microalbuminúria Persistente IECA IECA Proteinúria IECA Tratamento combinado com IECA, AAS, melhor controle de glicemia, PA, colesterolemia, HDL-colesterol e trigliceridemia. Atenção de enfermagem Como o tratamento do DM envolve a necessidade do conhecimento de uma série de conceitos além de habilidades para desenvolver ações do tratamento em longo prazo, é importante que o enfermeiro desenvolva, junto ao paciente e/ou familiar, atividade educativa que oriente questões sobre a doença, tratamento, complicações além de práticas saudáveis que o auxiliem no cotidiano crônico de saúde vivenciado. Alguns elementos são essenciais no plano educativo para o paciente, realizado pelo enfermeiro, entre eles: Informações acerca do DM (causa, tratamento, complicações...), a fim de reconhecer os déficits de conhecimento do paciente; Treinamento de habilidades necessárias para a realização de automedicação (insulinodependentes) e de verificação periódica da glicemia capilar; Orientações para o autocuidado (cuidado com a pele e pés); Orientações/esclarecimentosacerca das recomendações dietéticas; Monitoramento de possíveis complicações; Continuidade do cuidado. 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 6. Hipertensão Arterial Sistêmica Ao ano no Brasil a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a principal causa de doença renal crônica em estágio terminal. Em síntese, é a HAS quem leva a maioria dos pacientes à necessidade de terapia de substituição renal. Além disso, para os pacientes portadores de doença renal crônica, a HAS representa um fator de risco importante para o desenvolvimento de doença cardiovascular, maior morbidade e mortalidade. Incidência No início da terapia renal substitutiva, cerca de 80% dos pacientes apresentam HAS. No Brasil, em 2008, 35,8% dos pacientes em diálise tem por doença de base a hipertensão, os outros que apresentam este problema o têm como causa secundária em função de outra patologia ou lesão renal. Classificação A HAS é definida a partir de valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pessoas que não fazem uso de anti-hipertensivos. Diagnóstico Para firmar o diagnóstico do paciente é fundamental conhecer a história clínica do paciente para identificar fatores de risco, hábitos de vida que favorecem o surgimento de HAS; exame físico e avaliação laboratorial inicial do paciente hipertenso a fim de verificar o comprometimento de outros órgãos e sistemas e definir metas de prevenção e retardo da progressão da doença renal (Figura 13). A HAS é um fator que deve ser permanentemente avaliado. A avaliação se inicia pela investigação clínico-laboratorial que deve compreender as seguintes etapas: 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Verificação da elevação dos valores pressóricos e confirmação do diagnóstico; Avaliação a presença de lesões em órgãos-alvo; Identificação de fatores de risco para doenças cardiovasculares; Diagnóstico de doenças ligadas à hipertensão; Investigação da causa da hipertensão arterial (quando houver); Figura 13. Fluxograma de exame de urina para grupo de risco de DRC. *Extraído de Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica nº 15: Hipertensão Arterial Sistêmica Tratamento O tratamento da HAS pode ser de dois tipos: Não farmacológico: consiste no controle do excesso de peso, adoção de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo, prática de atividades físicas regulares; Farmacológico: agentes anti-hipertensivos, esquemas terapêuticos (monoterapia ou terapia combinada), terapia antiagregante plaquetária. Os medicamentos anti-hipertensivos mais eficazes no retardo da progressão da doença renal são os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), porém, seu uso é geralmente associado a alguma outra droga como diuréticos e propranolol. Deve-se 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores monitorar o aumento de potássio e creatinina quando utilizado o IECA no tratamento da HAS. (Quadro 17). Atenção de enfermagem A principal ação para controle da HAS e seus efeitos em outros órgãos e sistemas visando retardar a progressão da lesão renal provocada por níveis pressóricos elevados é a elaboração de estratégias para o controle rigoroso da pressão arterial. Tendo em vista esse princípio, cabe ao enfermeiro: 1. Capacitar a equipe de enfermagem; 2. Realizar consulta, abordando fatores de risco, tratamento não- medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento; 3. Desenvolver atividades de promoção de saúde e atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes hipertensos; 4. Estabelecer estratégias que possam favorecer a adesão a grupos de hipertensos; 5. Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências; 7. Nefrolitíase Quadro 17 Objetivos da terapia anti-hipertensiva em portadores de DRC Reduzir a pressão arterial para níveis abaixo de 130 /85 mmHg; Diminuir o risco cardiovascular; Limitar a progressão da doença renal; Reduzir a proteinúria. 51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Também conhecido com cálculo renal ou pedra nos rins, é um problema comum que acomete cerca de 10% da população, sendo mais comum no sexo masculino (três homens para cada mulher), atingindo a faixa etária compreendida entre 20 e 50 anos. É mais frequente em países industrializados, países de clima tropical, pessoas com história de cálculos renais na família e cerca de quatro vezes mais comum em pessoas de etnia branca. Constantemente observa-se a recorrência do problema em pacientes que, após o episódio de cálculo não se submeteram a nenhum tipo de tratamento. Cerca de 50% desses pacientes apresentarão um novo episódio em até dez anos após o primeiro. Classificação Os cálculos são formados quando as concentrações de determinadas substâncias aumentam no organismo supersaturando a urina e envolvendo fatores como o pH urinário, a quantidade de substância e a força iônica (Tabela 5). * Os fatores envolvidos na hipercalciúria envolvem o aumento da absorção intestinal do cálcio pelo intestino, o aumento da desmineralização óssea e a perda renal de cálcio. Tabela 5 Fator de formação dos cálculos Características Oxalato de cálcio - Tipo mais comum, correspondendo a mais de 65% dos cálculos renais; - Isolado ou associado a fosfato; - Causado pelo aumento do cálcio urinário sem aumento nos níveis séricos de cálcio (hipercalciúria idiopática)*. Estruvita - Relacionados à infecção urinária por microrganismos produtores de urease; - Tipo mais comum de cálculos coraliformes; - Causado pela deposição de cristais de estruvita, produto da hidrólise da ureia provocada pela urease. Ácido úrico - Relacionado ao pH, baixa ingestão de líquidos e altos níveis de ácido úrico; - São invisíveis à radiografia quando estão associados a cálculos de oxalato de cálcio. Cistina - Ocorre em pacientes com uma doença autossômica recessiva ligada ao transporte renal e intestinal da cistina, a cistinúria. Cristais de Indinavir - Desenvolve-se durante o tratamento de pacientes com HIV- 1 com o medicamento sulfato de indinavir, um inibidor de protease. 52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A supersaturação urinária é a principal condição para a formação de cálculo renal, considerando os principais mecanismos fisiopatogênicos (Quadro 18). A formação do cálculo pode não ocorrer mesmo em situações onde haja a supersaturação da urina. Isto se deve à ação de substâncias inibidoras da cristalização que agem, principalmente, na superfície dos cristais, bloqueando as zonas de agregação de outros cristais. Os principais inibidores são o citrato, o pirosfato, o magnésio e os glicosaminoglicanos. Através das ligações destas substâncias os cristais têm seu crescimento bloqueado. A deficiência destes inibidores também pode ser um fator formador de cálculos em situações onde não há supersaturação ou fatores de risco associados. Quadro clínico As manifestações clínicas principais são dor, hematúria, obstrução e aumento do risco de infecção urinária. Entretanto, existem casos assintomáticos em que os cálculossão descobertos por ‘acidente’ durante a realização de exames para investigação de outros agravos. A dor em cólicas, popularmente conhecida como cólica renal, ocorre por conta de espasmo ureteral produzido pela passagem do cálculo ou coágulo que obstrui a mesma. Manifesta-se na região lombar, geralmente com início repentino e aumento Quadro 18 Fatores de risco para formação de cálculos urinários Distúrbios metabólicos Infecções urinárias Anormalidades anatômicas pH urinário Volume urinário Fatores dietéticos Causas idiopáticas Uso de medicamentos como sulfato de indinavir 53 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores progressivo, necessitando de analgesia potente, como morfina e derivados. Pode vir acompanhada de vômitos, agitação e íleo paralítico. Durante a passagem do cálculo pelo ureter é comum haver obstrução deste. Em geral, é temporária e/ou parcial, e não oferece maiores problemas ao paciente. Cálculos com menos de 5 mm normalmente são eliminados espontaneamente e a metade dos cálculos entre 5 e 7mm também são eliminados. Já os cálculos maiores que 7 mm são raramente eliminados. A desobstrução torna-se emergencial quando há infecção urinária. A obstrução crônica pode provocar perda da função renal irreversível. Tratamento O tratamento clínico envolve orientações dietéticas, reduzindo a ingestão de alimentos que contenham as substâncias formadoras do cálculo. No tratamento da cólica, na crise aguda, envolve analgesia e diminuição na ingestão de líquidos a fim de evitar o aumento da filtração renal, o que aumentaria a dor. Para dor leve e moderada são utilizados analgésicos e/ou antiinflamatórios não-esteroides (AINES) e em casos de dor intensa são utilizados morfina e seus derivados, além de outros opiáceos. No tratamento intervencionista a maior parte dos cálculos pode ser tratada de maneira não-invasiva através de litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), descartada a necessidade de anestesia e internação. A escolha do tratamento envolve fatores tais como: o tamanho do cálculo, sua composição e sua localização anatômica. Há alguns anos os cálculos eram tratados através de processos cirúrgicos, o que aumentava o risco de infecção e morbidades, além dos custos com o tratamento. Hoje a cirurgia está indicada apenas para os casos em que outros tratamentos não são prescritos, pois não há possibilidade de erradicação voluntária do cálculo. Atenção de enfermagem As ações de enfermagem no tratamento e orientação dos pacientes com cálculos renais envolvem metas para alívio da dor e desconforto além de orientação para evitar novos episódios e complicações. No âmbito hospitalar as ações pautam-se na analgesia 54 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores eficaz, no controle e registro de eliminações vesicais, bem como sua análise macroscópica (para verificar a eliminação de cálculos). Orientar o paciente quanto à possibilidade de mover os cálculos (quando possui tamanho que permita sua eliminação espontânea) através da deambulação. O enfermeiro deve conhecer a história do paciente, os fatores envolvidos na formação do cálculo e os meios de prevenir recidiva do problema. Para tanto é necessária a ação educativa do enfermeiro, fornecendo ao paciente e seus familiares informações acerca do problema e orientações para evitar a formação de novos cálculos (Quadro 19). *Extraído de SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner & Suddarth. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. v.3, p.1420. Uma recomendação importante é manter a elevada ingestão de líquidos, preferencialmente água – dentro dos padrões de normalidade, cerca de 30ml/Kg/dia – pois se sabe que os cálculos se formam mais facilmente em urina concentrada. 8. Insuficiência Renal Aguda É a perda súbita da função renal provocando o acúmulo de escórias no organismo. Possui diferentes causas: Pré-renais Quadro 19 Evitando os cálculos renais recorrentes Seguir rigorosamente a dieta prescrita; Durante o dia, ingerir líquidos (de maneira ideal, água) a cada 1 a 2 horas; Beber dois copos de água na hora de dormir e um copo adicional a cada despertar noturno para evitar que a urina fique muito concentrada; Evitar atividades que provocam a sudorese excessiva e a desidratação; Evitar aumentos súbitos nas temperaturas ambientes que possam causar sudorese excessiva e desidratação; Contatar o médico-assistente ao primeiro sinal de uma ITU. 55 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Hipovolemia: perdas gastrointestinais, desidratação, diuréticos, insolação, hemorragias importantes; Insuficiência Cardíaca: falência do coração, infarto agudo do miocárdio, sepse, arritmias, choque anafilático; Obstrução Arterial: trombose, aneurismas, embolias Renais: Isquêmicas: pielonefrite, rejeição do enxerto (transplante), necrose cortical, gestação; Nefrotóxicas: antibióticos, quimioterápicos, metais pesados, contraste iodado, alcoolismo, choque elétrico, intoxicação e hemólise; Pós-renais: obstruções por litíase, tumor ou traumatismo, aumento da próstata. Tratamento O tratamento da IRA tende restabelecer o equilíbrio da homeostase e é adotado o controle hídrico e da pressão arterial sistêmica, prevenção de infecções, visando evitar a sepse, e modificações dietéticas para prevenir o acúmulo maior das escórias no sangue do paciente. Terapias dialíticas são empregadas com visas a realizar a função que o comprometimento renal não permite realizar. As terapias indicadas nos casos de IRA serão descritas a seguir. 9. Métodos Dialíticos na Insuficiência Renal Aguda Além dos métodos já vistos no Módulo I, os tipos de diálise disponíveis e indicados atualmente para pacientes que apresentam insuficiência renal aguda (IRA) são: Terapia renal substitutiva intermitente (TRSI): qualquer terapia extracorpórea de depuração sanguínea indicada para substituir a ausência da função renal, seja parcial ou total, aplicada por período menor que 12 h/dia; Terapia renal substitutiva contínua (TRSC): idêntica a TRSI, porém é aplicada por período prolongado de tempo, durante 24 h/dia; 56 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Hemodiálise contínua (HDC): o tratamento procede de maneira ininterrupta, 24 por dia, com fluxos de sangue (100 a 150mL/min.) e de solução de diálise (0,5 a 2 L/h), oferecendo menor instabilidade hemodinâmica no paciente. Hemodiafiltração contínua: é a diálise com a capacidade de depuração dos hemofiltros alterada por uma membrana de alto fluxo; Hemodiálise diária estendida (HDDE): solutos e água são transportados através de uma membrana de baixo fluxo, semipermeável artificial (celulose ou sintética) para o dialisato; a duração é inferior a 12 horas; Hemodiálise sustentada de baixa eficiência (HDSBE): solutos e água são transportados através de uma membrana de baixo fluxo, semipermeável (celulose ou sintética) para o dialisato, a duração é de 12 horas; Ultrafiltração isolada contínua (UFIC): processo de remoção de líquidos, contínuo, através de uma membrana de baixa permeabilidade; Ultrafiltração isolada (UFI): processo agudo de remoção de líquidos através de uma membrana de baixa permeabilidade, sem o uso de dialisato; Hemoperfusão (HP): o sangue é exposto a uma substância com propriedades adsortivas (carvão ativado, proteína A ou material sintético), com a finalidadede remover fármacos, toxinas, solutos ou outras substâncias. O balanço hídrico não é alterado e não exige a reposição de solutos. 10. Doença Renal Crônica A doença renal crônica (DRC) é a fase final de diversas patologias renais, sendo, muitas vezes, somente diagnosticada a partir de sintomatologia urêmica. É definida pela presença destes sintomas por mais de três meses e redução gradual da excreção de creatinina endógena e/ou evidência de diminuição de tamanho dos rins e/ou sinais de agravos oriundos da uremia crônica como: anemia, neuropatia periférica e osteodistrofia renal. 57 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Incidência No Brasil ainda não existe um banco de dados com descrição exata do percentual de pacientes em diálise, porém, analisando os resultados dos censos realizados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia é possível notar no país a tendência que ocorre em todo o mundo com relação à progressão do número de casos de DRC. De acordo com o último censo realizado verificou-se que a prevalência de 470 pacientes em diálise por milhão da população. Classificação A DRC é dividida em estágios ou fases classificadas de acordo com o dano renal ou a perda de sua função (Tabela 6). Tabela 6 Fases Taxa de filtração glomerular Fase 1 Maior ou igual a 90 mL/min Fase 2 60-89 mL/min Fase 3 30-59 mL/min Fase 4 16-29 mL/min Fase 5 Menor que 15 mL/min Na Fase 1, embora a filtração glomerular seja normal, o dano renal é evidenciado pela presença de marcadores para nefropatia, como proteinúria, por exemplo; na Fase 2 existe o dano renal associado à leve diminuição da filtração glomerular; na Fase 3 há uma perda moderada da função renal; na Fase 4 a perda da função é severa, com filtração glomerular a níveis baixos; a Fase 5, também chamada de Insuficiência Renal Terminal, é caracterizada por níveis insatisfatórios de filtração ( menor que 15mL/min) e necessidade de diálise. 58 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Quadro Clínico O quadro clínico nas fases iniciais da DRC é de sinais discretos ou ausentes. Conforme a progressão da doença, o estado de uremia crônica ocasionado pela ineficácia na filtração glomerular com consequente deficiência na eliminação de escórias sanguíneas provoca manifestações em várias partes do organismo (Tabela 7). Em geral, as manifestações clínicas estão associadas às alterações laboratoriais séricas (aumento da ureia, creatinina, fósforo, ácido úrico, potássio, magnésio, fosfatase alcalina, paratormônio, glicose, colesterol e triglicérides; diminuição de bicarbonato, cálcio, ferro, albumina, calcitriol e eritropoetina), urinárias (isotenúria, proteinúria e cilindros) e de Imagem (ecografia mostra rins contraídos). Diagnóstico Para realização do diagnóstico é importante primeiramente realizar o diagnóstico diferencial entre DRC e IRA. Uma vez descartando-se a possibilidade de IRA, alguns elementos devem ser adotados para diagnosticar a DRC: História do paciente; Exame físico; Sedimento urinário (quantificação da proteinúria); Biópsia renal. Tratamento A escolha do tratamento mais apropriado para o paciente envolve alguns fatores (Quadro 20). As modalidades de tratamento são: Tratamento conservador: para fases iniciais da DRC, quando é possível identificar sinais de dano renal e uremia, consiste no tratamento medicamentoso a fim de melhorar a sintomatologia e controlar os sinais presentes; Diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal); 59 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Transplante renal. * Extraído de BARROS, E. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto alegre: 2008. Atenção de enfermagem A atenção de enfermagem do paciente portador de DRC, como em qualquer situação crônica de saúde, deve se ampliar para além do campo da terapêutica empregada e do tratamento de sinais e sintomas clínicos da doença em questão, mas deve atingir o indivíduo de modo sistêmico, fornecendo-lhe informações que o auxiliem na adoção de estratégias para diminuir o estresse provocado pela condição de saúde, pela dependência de máquinas, de outras pessoas, além de perda da autonomia. Tabela 7 Manifestações clínicas da Síndrome urêmica Hidreletrolíticas Hiperpotassemia, acidose metabólica, hipocalcemia, hiperfostatemia, expansão e depleção de volume, hipermagnesemia, hiper/hiponatremia, Renais Noctúria, poliúria, oligúria, edema Cardiovasculares Hipertensão arterial sistêmica, pericardite, insuficiência cardíaca congestiva, arritmia Hematológicas Anemia, coagulopatia, linfocitopenia Gastrointestinais Anorexia, náuseas, vômitos, gosto metálico Neurológicas Fadiga, insônia, neuropatia periférica, convulsões, estupor, coma Osteomusculares Osteodistrofia renal, miopatia proximal Endócrinas Intolerância a carboidratos, má-nutrição Metabólicas Infertilidade, amenorreia, impotência, hiperuricemia, dislipidemia, hiperparatireodismo secundário Dermatológicas Palidez, prurido, hiperpigmentação, equimose 60 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ------------------FIM DO MÓDULO II----------------- Quadro 20 Fatores que influenciam na escolha do tratamento da DRC Relacionados ao paciente: Características clínicas Características psicossociais, familiares Convicções pessoais Efetividade do método Relacionados ao nefrologista: Intimidade com o médico Ganho direto ou indireto Convicções pessoais Relacionados à instituição: Disponibilidade Logística Prática local/ governamental Popularidade
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