Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AN02FREV001/ REV 3.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/ REV 3.0 2 CURSO DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/ REV 3.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA 1.1 LAVAGEM DAS MÃOS 1.2 USO DE LUVAS 1.3 USO DE AVENTAL 1.4 USO DE MÁSCARA 1.5 USO DE ÓCULOS DE PROTEÇÃO 1.6 USO DE GORRO 1.7 MANUSEIO DE MATERIAL PÉRFURO-CORTANTE 1.8 CONDUTA FRENTE A ACIDENTE DE TRABALHO ENVOLVENDO PERFUROCORTANTE 1.9 ANTISSEPSIA 2 CÂNCER DE MAMA: ASPECTOS GERAIS 3 EXAME CLÍNICO E AUTOEXAME DAS MAMAS 4 MÉTODOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE MAMA 4.1 PUNÇÃO ASPIRATIVA 4.2 MAMOGRAFIA 4.3 ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA MÓDULO II 5 CÂNCER CÉRVICO-UTERINO: ASPECTOS GERAIS 6 EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO 7 CUIDADOS QUE DEVEM ANTECEDER A REALIZAÇÃO DO EXAME GINECOLÓGICO 8 CONSULTA GINECOLÓGICA 8.1 ANAMNESE 8.2 EXAME FÍSICO GERAL AN02FREV001/ REV 3.0 4 8.3 EXAME DE PAPANICOLAOU 8.3.1 Observação do material cervical 8.3.2 Coleta citológica 8.3.3 Fixação do material coletado 8.3.4 Inspeção visual com ácido acético 8.3.5 Teste de Schiller 9 LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA A CONSULTA GINECOLÓGICA 10 LISTA DE SOLICITAÇÃO DE EXAME CITOPATOLÓGICO MÓDULO III 11 SEGUIMENTO DIANTE DA IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 12 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A CONSULTA GINECOLÓGICA NO CONTROLE DAS DST 13 ABORDAGEM SINDRÔMICA 14 FLUXOGRAMA DE CORRIMENTO URETRAL 14.1 ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL, 1999) 14.1.1 Anamnese e exame físico 14.1.2 Bacterioscopia disponível no momento da consulta? 14.1.3 Diplococos gram negativos intracelulares presentes? 14.1.4 Tratar clamídia e gonorréia 14.1.5 Tratar só clamídia 14.1.6 Aconselhar, oferecer anti-hiv e VDRL, enfatizar a adesão ao tratamento, notificar, convocar parceiros e agendar retorno 15 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 15.1 OBSERVAÇÕES 16 FLUXOGRAMA DE CORRIMENTOS VAGINAIS 16.1 ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL, 1999) 16.1.1 Tratar infecção por clamídia e gonorreia 16.1.2 Tratar tricomoníase 16.1.3 Tratar vaginose bacteriana 16.1.4 Tratar tricomoníase e vaginose bacteriana (ao mesmo tempo) 16.1.5 Tratar candidíase AN02FREV001/ REV 3.0 5 16.1.6 Aconselhar, oferecer VDRL e anti-HIV, enfatizar adesão ao tratamento, convocar parceiro(s), notificar, agendar retorno 17 FLUXOGRAMA DE ÚLCERA GENITAL 17.1 ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL, 1999) 17.1.1 Anamnese e exame físico 17.1.2 Tratar herpes genital 17.1.3 Tratar sífilis e cancro mole 17.1 4 Aconselhar, oferecer anti-HIV e VDRL, enfatizar adesão ao tratamento, notificar, convocar parceiros, agendar retorno 18 FLUXOGRAMA DE DOR PÉLVICA 18.1 ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL, 1999) 18.1.1 Anamnese (determinar escore de risco) 18.1.2 Exame clínico - ginecológico 18.1.3 Aconselhar, oferecer VDRL e anti-HIV, convocar parceiro(s), notificar, agendar retorno MÓDULO IV 19 ADEQUABILIDADE DO MATERIAL COLETADO 19.1 AMOSTRA SATISFATÓRIA 19.2 AMOSTRA SATISFATÓRIA, MAS LIMITADA POR 19.3 AMOSTRA INSATISFATÓRIA 20 SEGUIMENTO DIANTE DO RESULTADO DO EXAME CITOPATOLÓGICO 20.1 AMOSTRA DENTRO DOS LIMITES DE NORMALIDADE 20.2 AMOSTRA COM ALTERAÇÕES BENIGNAS REATIVAS OU REPARATIVAS 20.3 AMOSTRA COM CÉLULAS ATÍPICAS DE SIGNIFICADO INDETERMINADO: EM CÉLULAS ESCAMOSAS (ASCUS) E GLANDULARES (ASGUS) 20.4 EFEITO CITOPÁTICO COMPATÍVEL COM PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) 20.5 LESÃO INTRAEPITELIAL DE BAIXO GRAU (NIC I) 20.6 LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (NIC II E NIC III) 20.7 PRESENÇA DE CÉLULAS ENDOMETRIAIS 21 BUSCA ATIVA DAS PACIENTES COM ALTERAÇÕES NO EXAME REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/ REV 3.0 6 MÓDULO I 1 BIOSSEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA Os serviços de saúde em nível primário, secundário ou terciário necessitam da adoção de normas e condutas destinadas à prevenção da transmissão de doenças infectocontagiosas. Entre essas condutas são incluídas medidas de biossegurança, antissepsia da pele, esterilização dos instrumentos e técnica correta de manuseios destes instrumentos a fim de conservá-los estéreis até a utilização. Todas essas medidas são preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e representam os achados sobre a melhor evidência a respeito da utilização de técnicas e produtos, de modo buscar a racionalização de esforços, recursos humanos e financeiros, e tempo. Isso visando sempre à segurança aos profissionais e usuários do serviço de saúde (CEARÁ, 2002). Abordaremos as principais condutas para prevenção e controle de infecções nos serviços de saúde, a saber: lavagem das mãos, uso de luvas, uso de avental, uso de máscara, uso de óculos de proteção, uso de gorro, manuseio de material perfurocortante, conduta frente a acidentes de trabalho envolvendo perfurocortante e antissepsia. 1.1 LAVAGEM DAS MÃOS Considerada como a medida de biossegurança mais importante, a lavagem das mãos não diminui ou evita não só a transmissão de microorganismos do profissional para o paciente que está sendo diretamente assistido, como também é responsável pela redução da ocorrência de infecções em todo ambiente do serviço de saúde, seja ele primário, secundário ou terciário. AN02FREV001/ REV 3.0 7 A pele das mãos contém microorganismos considerados transitórios e permanentes, ou seja, microbiota transitória e microbiota residente. A microbiota transitória pode ser eliminada com água e sabão, por 15 a 30 segundos. Já a residente pode ser eliminada com a utilização de degermante antisséptico. A natureza do procedimento a ser realizado determinará que tipo de produto deverá ser utilizado na técnica de lavagem das mãos; todavia, procedimentos invasivos geralmente requerem o uso de degermante antisséptico (CEARÁ, 2002). É necessário destacar, todavia, que a eficiência dessa conduta está relacionada à correta aplicação de sua técnica e à frequência das ações recomendadas. A técnica de lavagem simples das mãos envolve os seguintes passos (BRASIL, 2007): 1. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se à pia. FONTE: BRASIL, 2007. 2. Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabão líquido para cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada pelo fabricante). FONTE: BRASIL, 2007. 3. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si. AN02FREV001/ REV 3.0 8 FONTE: BRASIL, 2007. 4. Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa. FONTE: BRASIL, 2007. 5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais. FONTE: BRASIL, 2007. 6. Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai e vem e vice-versa. AN02FREV001/ REV 3.0 9 FONTE: BRASIL, 2007. 7. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda, utilizando-se movimento circular e vice-versa. FONTE: BRASIL, 2007. 8. Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita,fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa. FONTE: BRASIL, 2007. 9. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa. AN02FREV001/ REV 3.0 10 FONTE: BRASIL, 2007. 10. Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabão. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira. FONTE: BRASIL, 2007. FONTE: BRASIL, 2007. 11. Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. Desprezar o papel toalha na lixeira para resíduos comuns. FONTE: BRASIL, 2007. AN02FREV001/ REV 3.0 11 A técnica de lavagem antisséptica das mãos é semelhante à técnica de lavagem simples das mãos. Nesse procedimento, todavia, substitui-se o sabão comum por um antisséptico. É importante ressaltar que a técnica de lavagem das mãos não deve ser realizada apenas pelos profissionais que mantêm relação direta com a paciente em serviço de saúde sexual e reprodutiva. Essa prática deve ser efetuada tanto pelos profissionais que prestam cuidados diretos como por aqueles que atuam na manipulação de medicamentos, material estéril e material contaminado. O uso da técnica de lavagem das mãos deve ser frequentemente realizado, principalmente nas seguintes situações (BRASIL, 2007): ⇒ Quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais; ⇒ Ao iniciar o turno de trabalho; ⇒ Após ir ao banheiro; ⇒ Antes e depois das refeições; ⇒ Antes de preparo de alimentos; ⇒ Antes de preparo e manipulação de medicamentos; ⇒ Antes de contato com o paciente; ⇒ Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos; ⇒ Antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico; ⇒ Após risco de exposição a fluidos corporais; ⇒ Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao paciente; ⇒ Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente; e ⇒ Antes e após remoção de luvas. AN02FREV001/ REV 3.0 12 1.2 USO DE LUVAS FONTE: FIOCRUZ, 2009. O uso de luvas é necessário nos serviços de atenção à saúde sexual e reprodutiva em situações em que haja risco de contato entre as mãos do profissional de saúde ou de outros profissionais com secreções e excreções orgânicas, incluindo, por exemplo: exame da genitália, toque ginecológico bimanual e ferimentos. As recomendações sobre as situações específicas em que mais se orienta o uso de luvas são as seguintes (CEARÁ, 2002): ⇒ Luvas de procedimento: em procedimentos simples, não invasivos; ⇒ Luvas esterilizadas: em procedimentos em que haja a certeza ou o risco de invasão do sistema vascular. ⇒ Luvas de borracha grossa: para limpeza de material e ambiente. A FIOCRUZ (2009) recomenda ainda que: ⇒ As luvas são equipamentos de proteção descartáveis, não devendo ser lavadas e reutilizadas. ⇒ Não devem tocar superfícies “limpas” (teclados de computador, telefones, etc.), e não devem ser usadas fora do laboratório. ⇒ As luvas esterilizadas são indicadas para procedimentos invasivos ou quando haja necessidade que sejam estéreis. ⇒ O tipo de luva deve ser determinado de acordo com o material a ser manipulado. AN02FREV001/ REV 3.0 13 1.3 USO DE AVENTAL FONTE: FIOCRUZ, 2009. O principal intuito do avental é evitar que o contato entre fluidos orgânicos e a roupa ou pele do profissional, tanto em procedimentos de cuidado como durante a limpeza do ambiente. As principais recomendações sobre o uso deste EPI são (CEARÁ, 2002): ⇒ Sempre quem o avental estiver com sujeita visível, trocá-lo. Além disso, realizar a troca diariamente; ⇒ Usar avental estéril para procedimentos cirúrgicos; ⇒ Ao desprezar o avental, atentar para o recipiente adequado de despejo. Se tratar-se de avental reutilizável, recomenda-se que o mesmo seja colocado inicialmente em saco plástico antes de ser encaminhado para a lavanderia. Em relação às especificações sobre a fabricação do avental, é importante também ressaltar que (FIOCRUZ, 2009): ⇒ O avental ou o jaleco deve ser sempre usado, independente da utilização de roupa branca, pois o mesmo constitui uma barreira de proteção para as roupas pessoais. AN02FREV001/ REV 3.0 14 ⇒ O jaleco ou avental deve possuir mangas longas, com punho ajustável, podendo ser de tecido ou descartável (o tipo será determinado pelo material a ser manipulado). Cada vez mais vem se intensificando o movimento em prol do uso correto do avental, no sentido de evitar o uso em locais não adequados, quando se tem a possibilidade de contaminação pelo contato do avental com outras superfícies, inclusive fora do ambiente do serviço de saúde (ABCINFECÇÃO, 2009). 1.4 USO DE MÁSCARA FONTE: FIOCRUZ, 2009. Na assistência à saúde sexual e reprodutiva, as máscaras são utilizadas para proteger as mucosas da boca e vias aéreas superiores do profissional de saúde do possível respingo de fluidos e aerossóis provenientes do paciente (CEARÁ, 2002). Para garantir a eficácia da máscara como equipamento de biossegurança, deve-se atentar para (CEARÁ, 2002): ⇒ Troca do equipamento quando for identificada sujidade ou umidade; e AN02FREV001/ REV 3.0 15 ⇒ Uso da máscara adequada para assistência ao paciente portador de tuberculose (máscara N95). 1.5 USO DE ÓCULOS DE PROTEÇÃO Fonte: FIOCRUZ, 2009. Assim como a máscara, os óculos têm a função de proteger a mucosa (ocular) de respingos de sangue e de outros fluidos corporais (CEARÁ, 2002). A higiene deste equipamento consiste na principal recomendação para assegurar sua função. Orienta-se, portanto, que, após cada uso, os óculos sejam lavados com água é sabão (CEARÁ, 2002). 1.6 USO DE GORRO AN02FREV001/ REV 3.0 16 FONTE: FIOCRUZ, 2009. O gorro possui tanto a função de evitar que pelos do couro cabeludo contaminem materiais e campos operatórios, como também a função de proteger os cabelos dos profissionais de secreções orgânicas dos pacientes. 1.7 MANUSEIO DE MATERIAL PERFUROCORTANTE Considerados materiais de alto risco, os perfurocortantes são alvo de extremo cuidado, principalmente por envolver o risco de contaminação pelo HIV e pelo vírus da hepatite C. Os principais cuidados referentes à prevenção de acidentes com perfurocortantes se fundamentam no mínimo de contato e de manobras com estes instrumentos. A seguir, são listadas as principais condutas referentes à prevenção destes acidentes (CEARÁ, 2002): ⇒ Evitar ao máximo reencapar agulhas ou realizar qualquer manobra que envolva o manuseio da agulha já utilizada; ⇒ No manuseio de perfurocortantes com o cliente, buscar concentrar o máximo de atenção no procedimento; ⇒ Providenciar correto descarte de perfurocortantes. Orienta-se que sejam utilizados como recipientes para descarte, caixas com paredes rígidas e resistentes á perfuração; AN02FREV001/ REV 3.0 17 ⇒ Manter estes recipientes próximos a local onde está sendo realizado o procedimento com o perfurocortante e em local isento de umidade; ⇒ Providenciar o correto fechamento, lacramento e coleta dos recipientes de perfurocortantes; e ⇒ Adotar o uso de EPI de acordo com a recomendação para cada procedimento. 1.8 CONDUTA FRENTE À ACIDENTE DE TRABALHO ENVOLVENDO PÉRFURO- CORTANTE Os acidentes com perfurocortantes constituem os acidentes ocupacionais mais frequentes na equipe de enfermagem; nesse contexto, cabe ressaltar, também, que, auxiliares e técnicos de enfermagem apresentam o maior índice destes acidentes (FERREIRA, ARAÚJO e SANTOS, 2007). Diante disso, torna-se necessário alertar a respeito das condutas não sóem relação à prevenção, mas também à ocorrência de acidentes com perfurocortantes. Na ocorrência de acidente com perfutocortante, é imprescindível que a equipe procure, inicialmente, manter a calma. Essa conduta agiliza o raciocínio correto acerca dos próximos passos a serem executados. Para isso, é recomendável que a equipe procure avaliar o tipo de acidente (tipo de material com o qual o profissional teve contato), a extensão da lesão o tempo decorrido desde o acidente até a primeira conduta. Antes de tudo, devem ser prestados cuidados locais, a fim de amenizar a exposição ao sangue ou a outro fluido com o qual o profissional teve contato, para isso, os procedimentos recomendados são (CEARÁ, 2002): ⇒ Em caso de exposição cutânea, lavar com água corrente e sabão antisséptico; ⇒ Colocar antisséptico aquoso sobre a lesão; ⇒ Não realizar cortes ou quaisquer outros procedimentos que possam aumentar a área exposta; AN02FREV001/ REV 3.0 18 ⇒ Não utilizar soluções irritantes. Ex.: éter; ⇒ Em caso de exposição de mucosas, lavar exaustivamente com soro fisiológico; ⇒ Comunicar imediatamente o acidente. Depois de prestados os cuidados locais, deve-se proceder à avaliação de riscos e necessidade de profilaxia. Dependendo da gravidade do acidente, poderão ser solicitados: quimioprofilaxia e acompanhamento sorológico, vacina para hepatite B, gamaglobulina hiperimune para hepatite B e imunização contra o tétano 1.9 ANTISSEPSIA Apesar de não se tratar de um ambiente essencialmente cirúrgico, o serviço de atenção à saúde sexual e reprodutiva pode, em algumas situações, constituir-se como cenário de procedimentos invasivos, requerendo a utilizando de técnicas de antissepsia. A inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU), por exemplo, consiste em um procedimento invasivo que, se não for realizado com adequada técnica asséptica, pode ocasionar infecção proveniente da própria microbiota da paciente ou das mãos do profissional de saúde. Outro procedimento que pode eventualmente ser realizado no serviço de atenção à saúde sexual e reprodutiva é a drenagem de abscesso, que envolve a ruptura de camadas da pele com envolvimento do sistema vascular. Diante disso, percebe-se que a técnica de antissepsia deve constituir o conjunto de condutas adotadas nos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Nesse contexto, destacam-se a lavagem antisséptica das mãos e a limpeza antisséptica da pele da cliente. As soluções antissépticas mais utilizadas são: Álcool 70%; Gluconato de clorohexidina: para antissepsia da mucosa vaginal e toque ginecológico; AN02FREV001/ REV 3.0 19 Iodos em tintura nas concentrações de 0,5 a 1,0%; Iodóforos (PVPI): degermante, aquoso ou alcoólico. A realização da antissepsia da pele ou mucosa do paciente segue os passos descritos abaixo (CEARÁ, 2002): 1. Preparação da região operatória: até algum tempo a prática da tricotomia era incentivada por se acreditar que esta técnica reduzia o risco de infecções. Atualmente, todavia, se tem chegado ao consenso de que, ao contrário do que se imaginava, a tricotomia pode aumentar o risco de infecções por promover pequenos cortes na pele e, assim, ampliar as portas de entrada dos microorganismos. A recomendação é, portanto, EVITAR ELIMINAR OS PELOS ou, se for estritamente necessário, CORTAR O PELO COM TESOURA O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DA SUPERFÍCIE DA PELE. 2. Seleção do antisséptico apropriado: investigar com o cliente a existência de reações alérgicas. Esta informação é importante como critério de exclusão de soluções antissépticas. 3. Limpeza simples: limpar, com água e sabão comum, a pele da paciente. 4. Aplicação do antisséptico: aplicar o antisséptico apropriado. 5. Manuseio do antisséptico na pele: realizar a antissepsia utilizando pinças com gaze ou algodão esterilizados embebidos em antisséptico. 6. Cuidados com a pele da paciente: evitar o acúmulo de antisséptico na pele da cliente para evitar queimadura. 7. Ação do antisséptico: Deixar o antisséptico secar naturalmente, aguardando de 1 a 2 minutos. AN02FREV001/ REV 3.0 20 2 CÂNCER DE MAMA: ASPECTOS GERAIS As mamas constituem órgãos compostos, essencialmente, por tecido glandular e gorduroso, sendo que sua subdivisão engloba os seguintes elementos: lobos, septos fibrosos, ductos lactíferos, seios lactíferos, papila da mama, aréola da mama e glândulas da aréola. Dispõem-se aos pares e possuem entre 15 e 20 lobos mamários independentes, separados por tecido fibroso e gorduroso. A drenagem desses lobos converge para o mamilo. A seguir, apresenta-se uma figura demonstrando os principais elementos da mama. AN02FREV001/ REV 3.0 21 FONTE: SNELL, 1984. AN02FREV001/ REV 3.0 22 Esta descrição anatômica é semelhante na maioria das mulheres. É importante ressaltar, contudo, que em mulheres mais jovens as mamas apresentam mamas com maior quantidade de tecido glandular, já as mulheres que se aproximam da menopausa possuem mamas compostas por tecido gorduroso (BRASIL, 2004). Na prática clínica, a mama é subdividida em quadrantes. Assim, ao exame físico, têm-se dois quadrantes externos, superior e inferior, e dois internos, superior e inferior. Essa subdivisão é importante para a descrição e localização das lesões, as quais constituem um importante agravo na atenção à saúde de mulheres e homens, embora nesses a patologia apresente-se em número reduzido. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais incidente no mundo, sendo o mais comum no público feminino. O Instituto Nacional de Câncer realizou, em 2006, uma pesquisa em que foi constatada a magnitude do câncer de mama no contexto da saúde feminina (INCA, 2008). A figura a seguir mostra os tipos de câncer mais comuns entre homens e mulheres: FONTE: INCA (2008). Os fatores de risco para o câncer de mama resultam de uma combinação de fatores genéticos, estilo de vida, hábitos reprodutivos e meio ambiente. Assim, AN02FREV001/ REV 3.0 23 existem situações onde o risco poderá ser muito elevado, moderadamente elevado ou pouco elevado, conforme especificado abaixo (CEARÁ, 2002): Risco muito elevado: Mãe ou irmã com câncer de mama na pré-menopausa; Antecedente de hiperplasia epitelial atípica ou neoplasia lobular in situ; e Suscetibilidade genética comprovada (mutação de BRCA 1-2). Risco moderadamente elevado: Mãe ou irmã com câncer de mama na pós-menopausa; Nuliparidade; Antecedente de hiperplasia epitelial sem atipia ou macrocistos apócrinos. Risco pouco elevado: Menarca precoce (<12 anos); Menopausa tardia (>55anos); Primeira gestação a termo acima de 34 anos; Obesidade; Dieta gordurosa; Sedentarismo; Terapia de reposição hormonal por mais de 5 anos; e Ingestão alcoólica excessiva. Apesar de conhecidos, os fatores de risco não são os principais alvos no combate ao câncer de mama, uma vez que a detecção e o diagnóstico precoces apresentam-se muito mais efetivos do que a prevenção de fatores de risco (CEARÁ, 2002). Entre as estratégias recomendadas pelo INCA está a identificação de sinais e sintomas por meio do exame das mamas, que pode ser realizado manualmente, por AN02FREV001/ REV 3.0 24 ultrassonografia ou mamografia, sendo que a eficácia destes exames varia em ordem crescente. Os sinais e sintomas sugestivos de patologias mamárias poderão surgir em diferentes estágios da vida e/ou mesmo da evolução de patologias. Por conta disso, recomenda-se que mesmo na ausência destes a mulher realize periodicamente exames para identificação de possíveis lesões ainda em estágio inicial, a fim de prevenir lesões malignas. Entre os sinais e sintomas de patologias mais comuns estão: dor mamária, descarga papilar e nódulo mamário (BRASIL,2004). Apesar de não constituir um sintoma exclusivo de câncer de mama, a dor mamária é o sintoma mais frequentemente referido pelas mulheres e por elas associado muitas vezes erroneamente ao câncer de mama. A alteração funcional benigna da mama (AFBM), todavia, consiste na causa mais frequente de dor mamária. É importante esclarecer, no entanto, que a AFBM não é classificada como doença e na possui relação com o câncer de mama (BRASIL, 2004). A descarga papilar caracteriza-se pela saída de líquido pelo mamilo. Pode se apresentar em diversas situações patológicas e possui significância como sintoma sugestivo de câncer de mama quando é abundante, de aspecto cristalino ou sanguinolento, unilateral e exterioriza-se por um único ducto (BRASIL, 2004). Esse sintoma poderá ser identificado pelo enfermeiro durante a consulta ginecológica ou mesmo quando a própria paciente procurar o serviço de saúde relatando o sintoma. Nesses casos, o enfermeiro deverá separar uma lâmina idêntica à utilizada para exame Papanicolaou, identificá-la (com as iniciais da paciente, data, instituição e identificação para referir se diz respeito à mama direita ou esquerda), aproximar a lâmina da secreção a fim de coletar o líquido, fixar como o usual no serviço e identificar a ficha da paciente que acompanhará o material coletado (BRASIL, 2004). Um importante sintoma sugestivo de câncer de mama é o nódulo mamário. Este possui área definida, limites precisos ou imprecisos, consistência variável, podendo apresentar-se sólido ou cístico. A avaliação do nódulo como indicativo de câncer de mama deve ser realizada criteriosamente. O primeiro passo dessa avaliação inicia-se no exame físico. Depois de ser identificado na prática clínica, procede-se à solicitação de ultrassonografia e/ou mamografia. Em alguns casos poderá fazer-se necessária a punção aspirativa. AN02FREV001/ REV 3.0 25 Considerando os sinais e sintomas descritos e suas relações com o câncer de mama, destaca-se que os sinais de alerta mais significativos incluem (BRASIL, 2004): Tumor de consistência dura; Tumor pouco móvel e aderente a planos profundos; Indolor; De limites mal definidos; De tamanho variável (varia de acordo com o tempo de evolução); A pele que recobre a mama poderá estar íntegra ou alterada pela presença do tumor. 3 EXAME CLÍNICO E AUTOEXAME DAS MAMAS Anteriormente destacou-se que as medidas de combate ao câncer de mama estão mais relacionadas à detecção e tratamento precoce do que à prevenção primária. Isso porque a descoberta do câncer em fases iniciais poderá ser realizada por meio de métodos simples e, na maioria das vezes, promove boas chances de cura e um tratamento não mutilador (INCA, 2004). A medida inicial mais simples para detecção de sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama consiste no exame clínico das mamas, que pode ser realizado anualmente pelo profissional de saúde, durante a consulta ginecológica, e pelas próprias mulheres, mensalmente. A associação do exame clínico em consultório ao autoexame promove uma cobertura eficiente na detecção precoce de tumores, uma vez que tumores invasivos de até 3 centímetros têm possibilidade de serem identificados no exame físico e possuem índice de curabilidade bastante elevado. Todavia, essas medidas não devem ser consideradas como suficientes (BRASIL, 2004). Tanto o exame clínico realizado em consultório quanto o autoexame realizado mensalmente deverão contemplar os seguintes passos: inspeção estática e dinâmica, palpação das axilas e palpação da mama com a paciente em decúbito dorsal. AN02FREV001/ REV 3.0 26 Como profissional de saúde extremamente atuante tanto em atividades de educação em saúde, quanto em ações relacionadas à atenção integral á saúde da mulher, o enfermeiro tem um papel importante na realização do exame clínico e na orientação e estímulo ao autoexame das mamas. Recomenda-se que todas as mulheres realizem o autoexame das mamas mensalmente, de 7 a 10 dias após a menstruação, quando as mamas estão menos túrgidas. Essa medida evita que alterações benignas e temporárias, oriundas de ações hormonais, sejam consideradas equivocadamente como tumores cancerígenos (INCA, 2004). No caso de mulheres que não menstruam, incluindo as menopausadas, a recomendação é que selecionem um dia no mês para realização do autoexame. Por exemplo: todo dia 10 de cada mês. Um autoexame das mamas satisfatório inclui os seguintes passos: AN02FREV001/ REV 3.0 27 FONTE: SESCRIO, 2009. O exame clínico realizado anualmente pelo profissional de saúde é semelhante ao autoexame. No entanto, mostra-se mais específico por envolver etapas mais criteriosas, conforme descrito a seguir (CEARÁ, 2002): AN02FREV001/ REV 3.0 28 FONTE: SESCRIO, 2009. 1. Inspeção: cliente sentada ⇒ Estática: o profissional deve observar as mamas em relação à simetria, retrações, aspecto da pele, edema, sinais inflamatórios, abaulamentos, entre outras alterações que sejam sugestivas de tumor na mama; ⇒ Dinâmica: após a observação estática, o enfermeiro solicita à paciente que eleve seus membros superiores. Enquanto isso, ele observa a mobilidade de ambas as mamas. 2. Palpação: cliente sentada/deitada ⇒ Supraclavicular, infraclavicular e axilar: palpar profundamente as cadeias linfáticas; ⇒ Mamária: inicialmente, com a cliente sentada, realiza-se uma primeira palpação das mamas e da região intermamária. Posteriormente, com a cliente deitada, com as mãos atrás da nuca, complementa-se a palpação com a face interna dos dedos, de fora para dentro, circundando toda a mama até chegar ao mamilo e pressionando dedos sobre as mamas suave e firmemente. ⇒ Expressão do mamilo: pressionar suave e firmemente os mamilos a fim de identificar descarga papilar. Conforme discutido anteriormente, descargas papilares sanguinolentas, unilaterais e que se apresentam após expressão requerem atenção especial e devem ser recolhidas para exame de citologia. AN02FREV001/ REV 3.0 29 4 MÉTODOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE MAMA Além do exame clínico realizado pelo enfermeiro e do autoexame das mamas, existem outros métodos que poderão complementar estas técnicas na detecção precoce ou tardia do câncer de mama. Entre os métodos de diagnósticos mais comuns estão (CEARÁ, 2002): FONTE: Andrea et al., 2006. Citologia do derrame mamário Este método complementar poderá ser utilizado em continuidade ao exame clínico das mamas, quando houver descarga papilar. Neste caso, procede-se com a identificação de uma lâmina (idêntica à utilizada no exame Papanicolaou). Em seguida, coloca-se a lâmina já identificada em contato com o material a ser coletado do mamilo da paciente. Fixar a lâmina como realizado usualmente no serviço de saúde e enviá-la ao laboratório de citopatologia. FIGURA – Grupamento de células neoplásicas formando blocos tridimensionais, com arranjo glanduliforme e pleomorfos, hipercromáticos e de cromatina grosseira (coloração de Papanicolaou, 400x) AN02FREV001/ REV 3.0 30 4.1 PUNÇÃO ASPIRATIVA Método invasivo que é realizado por meio de uma agulha fina (retirada de material citológico) ou grossa (retirada de material histológico). Busca-se o acesso a nódulos mamários com o auxílio da palpação, da mamografia ou da ultrassonografia mamária. Quando a punção é realizada com agulha fina, não é necessária anestesia, pois a agulha usada é similar à utilizada para a anestesia; já no caso de punção por agulha grosso, a anestesia faz-se necessária. FIGURA: Fibroadenoma. Punção aspirativa com agulha fina orientada pela ultrassonografia (esquerda) e aspecto citológico arborescente característico, com projeções fibroepiteliais em dedo de luva (direita). FONTE: Nazário, Rego e Oliveira, 2007.4.2 MAMOGRAFIA Método mais utilizado para detecção de lesões suspeitas. A frequência recomendada é: ⇒ Primeiro exame: entre 35 e 40 anos de idade, uma vez que a ocorrência de câncer de mama antes de 35 anos é rara; AN02FREV001/ REV 3.0 31 ⇒ A partir daí, as mulheres que não possuem antecedentes familiares de câncer de mama deverão realizar mamografia a cada dois anos, entre 40 e 50 anos de idade, e anualmente após os 50 anos de idade; ⇒ No caso de mulheres com antecedentes familiares de câncer de mama, a mamografia passa a ser recomendada anualmente, após 40 anos de idade. 4.3 ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA Consiste em um método por imagens que auxilia na diferenciação de nódulos císticos e sólidos, bem como pode servir de suporte para direcionamento de punções aspirativas. FIGURA: Aspecto ultrassonográfico dos cistos mamários. A) cisto simples: imagem anecoica, com reforço acústico posterior; B) cisto complexo: no interior do cisto, observa-se imagem nodular sólida (seta). FONTE: Nazário, Rego e Oliveira, 2007. É importante ressaltar o papel do enfermeiro não só na orientação e esclarecimento de dúvidas, mas também no oferecimento de suporte nos casos em que tenham sido identificados indícios de câncer da mama ou, principalmente, quando o diagnóstico for confirmado. A suspeita ou certeza de câncer de mama envolve aspectos psicossociais significativos para a mulher, uma vez que esta doença, além AN02FREV001/ REV 3.0 32 de ser considerada grave e pôr em risco a vida, afeta a autoimagem, o que proporciona baixa autoestima (NAZÁRIO, REGO e OLIVEIRA, 2007). ------------------ FIM DO MÓDULO I ---------------------
Compartilhar