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AN02FREV001/ REV 3.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA HOSPITALAR Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/ REV 3.0 2 CURSO DE FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA HOSPITALAR MÓDULO ÚNICO Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/ REV 3.0 3 SUMÁRIO 1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/ REV 3.0 4 MÓDULO ÚNICO 1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES A atuação do farmacêutico nas instituições hospitalares é importante para garantir uma assistência farmacêutica adequada dentro de critérios técnico- científicos. Além disso, o farmacêutico hospitalar está habilitado, por meio de mecanismos gerenciais, a contribuir na redução de custos por intermédio de uma administração eficaz e racional. A modernização das atividades hospitalares acarretou a necessidade da participação cada vez mais efetiva deste profissional na equipe de saúde. 1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR No início do século XX, o farmacêutico atuava e exercia influência sobre todas as etapas do ciclo do medicamento. Para a sociedade, era um profissional de referência nos aspectos do medicamento sempre consultado por todas as classes de cidadãos. Responsável pela guarda e dispensação de medicamentos, nesta fase inicial, o farmacêutico hospitalar, também, manipulava praticamente todo arsenal terapêutico disponível na época. Com a expansão da indústria farmacêutica, a prática de formulação pela classe médica foi abandonada, somando-se a diversificação do campo de ação do profissional farmacêutico, levaram-no a se distanciar da área de medicamentos, descaracterizando a farmácia. Entre 1920 e 1950, as farmácias hospitalares converteram-se num canal de distribuição de medicamentos produzidos pela indústria devido à intensificação da descaracterização das funções do farmacêutico. AN02FREV001/ REV 3.0 5 A partir de 1950 os serviços de farmácia, representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clínicas de São Paulo, passaram a desenvolver-se e modernizar-se. Um nome inesquecível na luta pela reestruturação da farmácia hospitalar no país é o do professor José Sylvio Cimino, que dirigia o serviço de farmácia do Hospital das Clínicas de São Paulo e que publicou em 1973 o livro Iniciação a Farmácia Hospitalar, primeira obra científica da área. Em 1975 a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) introduziu no currículo do curso de farmácia a disciplina Farmácia Hospitalar, tornando-se mais tarde uma realidade em diversas universidades. Além disso, em 1980 foi implantado o curso de pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1982, o Ministério da Educação (MEC), passou a incentivar programas de desenvolvimento para a farmácia hospitalar, colaborando para a formação de um número elevado de profissionais. Em 1985, o Ministério da Saúde preocupado com os problemas de infecção hospitalar, passou a incentivar a reestruturação das farmácias hospitalares, promovendo cursos de especialização. Já em 1995 foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), contribuindo intensamente para a dinamização da profissão e para o desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência farmacêutica hospitalar. Nesse momento, vivemos uma fase clínico-assistencial da farmácia hospitalar, como expressa o conceito da SBRAFH: “unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada, hierarquicamente, à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente”. A atuação da farmácia hospitalar se preocupa com os resultados da assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e serviços. Como unidade clínica, o foco de sua atenção deve estar no paciente, nas suas necessidades e no medicamento, como instrumento. AN02FREV001/ REV 3.0 6 1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR Em uma farmácia hospitalar, os objetivos devem ser definidos visando a alcançar eficiência e eficácia na assistência ao paciente e integração às demais atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. São objetivos básicos da farmácia hospitalar: Desenvolver, em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica ou similar, a seleção de medicamentos necessários ao perfil assistencial do hospital; Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente, promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos. Considerado o principal objetivo da farmácia hospitalar pela SBRAFH; Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de medicamentos; Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques; Fornecer subsídios para avaliação de custos com a assistência farmacêutica e para elaboração de orçamentos; Propiciar suporte para as unidades de produção de propedêutica e terapêutica. Com o intuito de atingir seus objetivos, a farmácia hospitalar deve contar com um sistema eficiente de informações, dispor de sistema de controle e manipular corretamente os fatores de custos. É essencial, também, o planejamento e gerenciamento adequado do serviço. AN02FREV001/ REV 3.0 7 FIGURA 1- Quadro resumo dos objetivos da Farmácia Hospitalar 1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do Brasil definem como funções fundamentais da farmácia hospitalar: Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao hospital, realizada pela comissão de farmácia e terapêutica (CFT) ou correspondente e associada a outras comissões quando necessário; Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados estabelecendo níveis adequados para a aquisição por meio de um gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade dos medicamentos; Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições especiais ou por motivos de viabilidade econômica; SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS FARMÁCIA HOSPITALAR DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS USO SEGURO E RACIONAL DE MEDICAMENTOS SUPORTE AS UNIDADES DE PRODUÇÃO AVALIAÇÃO DE CUSTOS E ORÇAMENTOS GESTÃO DE ESTOQUES AN02FREV001/ REV 3.0 8 Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a prescrição médica e a administração de medicamentos. O sistema deve ser útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos ambulatoriais. Estas funções são prioritárias em uma farmácia hospitalar e, portanto, suporte fundamental para o desenvolvimento de vários programas assistenciais na instituição. Podemos estabelecer,de forma didática, uma proposta de desenvolvimento escalonado da farmácia hospitalar em quatro fases. Na fase um dedica-se à estruturação do serviço; na fase dois inicia-se a especialização dos serviços; na fase três aprimora-se a especialização e na fase quatro implementam-se as ações clinicoassistenciais (Figura 2). FIGURA 2 - Proposta de desenvolvimento escalonado da Farmácia Hospitalar FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. AN02FREV001/ REV 3.0 9 2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL Existem na literatura algumas publicações que relacionam a área física da farmácia com o número de leitos hospitalares: 1,5m²/leito (professor Sylvio Cimino), 1,2m²/leito (OPAS) e 1,0m²/leito (Sociedade Espanhola de Farmácia Hospitalar). Ao prever o dimensionamento de uma farmácia hospitalar, o ideal, é considerar, além do número de leitos, outros fatores de suma importância que influenciarão no desenvolvimento das atividades a serem executadas. Destacam-se entre esses fatores: Tipo de hospital (especializado, geral, policlínico, de ensino, filantrópico); Nível de especialização da assistência médica prestada no hospital; Fonte mantenedora e tipo de atendimento (particulares, convênio com o SUS e outros); Programação das necessidades da farmácia em função das atividades propostas; Região geográfica onde se localiza o hospital, considerando as dificuldades de aquisição e transporte de medicamentos. Devido às suas peculiaridades e independentemente da diretoria a que esteja vinculada, a farmácia deve desenvolver um relacionamento integrado com as divisões clínicas e administrativas. A localização da farmácia deve ser tecnicamente correta, devendo os seguintes aspectos serem observados: Facilidade de circulação e reabastecimento; Equidistância das unidades usuárias e consumidoras, permitindo um fácil acesso; Certo grau de isolamento devido aos ruídos (quando houver produção industrial ou semi-industrial), assim como odores e poluição; Critérios técnicos e administrativos empregados. AN02FREV001/ REV 3.0 10 3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO Instrumento de gestão indispensável em uma farmácia hospitalar é o planejamento, processo de estabelecer objetivos e linhas de ação adequadas para alcançá-los. O controle, por sua vez, encarrega-se de assegurar o êxito dos planos elaborados. O planejamento na farmácia hospitalar, como em todas as organizações, se inter-relaciona com as demais funções administrativas. O sucesso do planejamento depende da eficiência de outras funções e essas existem em consonância com o planejamento. Portanto, a organização, a direção e o controle não têm razão de ser se não existir um planejamento para assegurar a organização e que defina a direção a caminhar e o que controlar. Um serviço de farmácia deverá ser administrado por um profissional farmacêutico com qualificação e experiência em farmácia hospitalar. O serviço de farmácia deve dispor de um número adequado de farmacêuticos e profissionais de apoio (nível médio) qualificados e competentes. A SBRAFH preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar com, no mínimo, um farmacêutico para cada 50 leitos. O número de auxiliares de farmácia dependerá da disponibilidade de recursos e do grau de informatização da unidade. Na ausência destes recursos, deve existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos. O perfil do farmacêutico hospitalar deve abranger as habilidades, destrezas, comportamentos e atitudes consideradas fundamentais para o farmacêutico moderno segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui na descrição das características do farmacêutico moderno: Capacidade Técnica de Prestação de Serviço O farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos e tecnológicos aos indivíduos, comunidades e instituições. A prática assistencial deve ser contínua, AN02FREV001/ REV 3.0 11 de alta qualidade e integrada aos sistemas de saúde. Portanto, exige-se boa formação técnica. Poder de Decisão A base de trabalho do farmacêutico deve ser a utilização adequada, eficaz, com análise de custo e efetividade dos recursos (materiais e humanos) empregados. Para atingir esta meta é necessária habilidade de avaliar, sintetizar e decidir pela estratégia de ação mais eficaz. Capacidade de Comunicação Habilidade de comunicação verbal, não verbal, escrita e escuta são essenciais para a prática assistencial, pois o farmacêutico interage com pacientes, com as equipes de saúde e administrativa. Liderança O farmacêutico deve assumir, muitas vezes, uma posição de liderança para desenvolver suas atividades. Liderança envolve solidariedade e empatia, assim como a habilidade para decidir, comunicar e gerenciar de forma efetiva. Habilidade Gerencial O farmacêutico deve gerenciar de forma eficaz os recursos (humanos e físicos) e a informação. Como gerente de nível intermediário deve possuir boa integração e relação com os níveis hierárquicos da instituição. Aperfeiçoamento Profissional O avanço tecnológico e a produção técnico-científica do mundo moderno exigem a atualização constante dos profissionais. A disponibilidade para aprender novas metodologias e reciclar conhecimentos é essencial. Capacidade de Ensinar O farmacêutico, na vida profissional, necessita transmitir o conhecimento e elaborar procedimentos, visando melhorar as habilidades da equipe de trabalho. AN02FREV001/ REV 3.0 12 Os níveis de autoridade e áreas de responsabilidade devem ser claros; a supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos adequadamente. As atribuições de cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e deverão ser revisadas quando necessário. É importante o serviço dispor de manual contendo essas atribuições para conhecimento e consulta de todos os funcionários. Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada pelo chefe do serviço com auxílio dos supervisores, irá garantir aos funcionários uma satisfação no trabalho e cumprimento dos planos de atividade, colaborando, assim, para que a farmácia da instituição atinja seus objetivos. Gerenciamento de Recursos Materiais A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela seção administrativa do serviço de farmácia e supervisionada pelo farmacêutico. Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos preços dos medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, impondo uma gestão de estoques de controle rígida, capaz de obter, coordenar e analisar fatos, para tomar decisões corretas a tempo e a hora, visando a redução dos custos sem prejuízo da assistência ao paciente. A administração de estoques de medicamentos compreende gerir estoques essenciais e padronizados, exigindo, para sua especialidade, a atuação de profissionais qualificados e conhecimento profundo em: Bases farmacológicas dos medicamentos em estoque; Similaridade; Condições ideais e exigências de conservação; Controle do prazo de validade dos medicamentos estocados, de modo que com habilidade profissional conduza ao escoamento mais rápido os estoques mais antigos e cujos prazos de validade estão mais próximos. Dessa forma, torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem estruturado em todas as fases do processo de controle de estoque, para que a continuidade do processo de assistência farmacêutica seja assegurada e não haja ruptura do estoque, garantindo o atendimento da demanda das prescrições. AN02FREV001/ REV 3.0 13 Análise de Prescrição e Distribuição Eficiente A farmácia deve ser responsável pela aquisição, distribuição e controle de todos os medicamentos utilizados no hospital. Deve ser prioridade a implantação de sistemasapropriados de distribuição de medicamentos. O farmacêutico deve analisar as prescrições de medicamentos antes de serem dispensadas, exceto em situações de emergência. As dúvidas devem ser resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas serem registradas para que o resultado seja a distribuição correta do medicamento. Fornecimento de Informações sobre Medicamentos O farmacêutico é responsável pelo fornecimento de informações adequadas sobre medicamentos para a equipe de saúde. Para tal, os farmacêuticos devem se manter atualizados por meio de literatura, visitas técnicas, participação em grupos de estudos e em grandes eventos científicos. A equipe deve elaborar e divulgar boletins informativos sobre o uso de medicamentos. Otimização de Terapia Medicamentosa Visando a melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia o farmacêutico tem participação importante na elaboração de uma política de uso racional dos medicamentos. Este trabalho deve ser executado com o apoio da diretoria clínica e a colaboração da comissão de farmácia e terapêutica. O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, durante o período mais curto e com o menor custo possível. A otimização da terapia medicamentosa é função precípua da unidade de farmácia hospitalar. Contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e para a melhoria de sua qualidade de vida. AN02FREV001/ REV 3.0 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Portaria 3.616/MS/GM, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos. ______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e contratos de administração pública. ______. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a modalidade de licitação denominada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns. GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill Interamericana, 2007. GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2006. NETO, J. F. M. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: RX, 2005. FIM DO CURSO
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