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DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA Profa: Mestra – Arina Lebrego arinalebrego@yahoo.com.br Van Gogh- Auto-retrato com orelha cortada. O episódio da automutilação ocorreu cerca de 1 ano e meio antes do seu suicídio, em julho de 1890 Belém/2015 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA • Carga Horária: 120 • Carga Horária semanal: 6h • Seis unidades APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE I- NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA • Breve história da Psicopatologia • Diferentes abordagens da Psicopatologia • Concepção de normal e patológico • Aspectos históricos da concepção de saúde e doença mental • Formas de tratamento ao longo da história: institucionalização e reforma psiquiátrica • Sintoma: Psicologia X Medicina • Fenômenos Elementares APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE II- AVALIAÇÃO DO PACIENTE E CONDUTA ÉTICA • Entrevistas • Exame Psíquico • Conduta Ética APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE III- PSICOSE • Características • Sinais e Sintomas • Etiologia Geral • Tipos • Esquizofrenia (características, estigmas, relação familiar) • Prognóstico • Recursos terapêuticos APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE IV- NEUROSE • Histeria • Neurose obsessiva • Fobia • Recursos Terapêuticos APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE V- PERVERSÃO E TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE • Perversão • Personalidade Paranoide • Personalidade Anti-social APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE VI- Transtornos de Humor • Humor “normal” x Transtorno do Humor • Depressão • Mania • Transtornos Bipolar METODOLOGIA DE ENSINO • Exposição dialogada • Filmes • Documentários • Obras literárias e de arte • Visita • Grupos de discussão • Seminários • Estudo de casos • Produção de textos • Exercícios METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO • 1ª Avaliação: 7,0 (prova) + 3,0 (trabalhos) • 2ª Avaliação: 10,0 (Enade): conteúdo cumulativo • Alunos com 14 pontos na 1ª e 2ª avaliação não farão Prova Final • 1ª e 2ª chamadas ao final do semestre: conteúdo cumulativo • Prova Final: conteúdo cumulativo NOÇÕES DE PSICOPATOLOGIA PENSAR SAÚDE MENTAL • Rubem Alves • Saúde Mental • https://www.youtube.com/watch?v=HBUrrpid DGI PSICOPATOLOGIA Melancolia Quadro de Edgar Germain Hilaire Degas É composta de 3 Palavra de origem grega: “PSYQUE”- “psique, “psiquismo”, “psíquico”, “alma” “PATHOS”- “paixão”, “excesso”, “passagem”, “passividade”, “sofrimento”, “Assujeitamento”, “patológico. “LOGOS”- “lógica”, “discurso”, “narrativa”, “conhecimento”. Discurso sobre o sofrimento Psíquico; sobre o padecer psíquico (CECCARELLI, 2005) PSICOPATOLOGIA - Patologia do Espirito; - Existia na tradição grega que via na paixão (pathos) um sofrimento com a possibilidade de transforma-se em sabedoria. (FERNANDES, 2003) Velha Bêbada PSICOPATOLOGIA Melancolia I, Alberto Durero • Investigação sistemática de estados mentais mórbidos (PAIM, 1993) PSICOPATOLOGIA Melancolia I, Alberto Durero Sims (2001): • Estudo sistemático: • Comportamento • Cognição • Experiência anormais; • Mente com um transtorno mental. PSICOPATOLOGIA Melancolia I, Alberto Durero • Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental, suas causas, as mudanças estruturais e suas formas de manifestação. Ela pode ser definida, em uma acepção mais ampla, como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano (Dalgalarrondo, 2000) PSICOPATOLOGIA • Disciplina que se ocupa do sofrimento psíquico (MUSSEL, 2008). Melancolia I, Alberto Durero PSICOPATOLOGIA Melancolia I, Alberto Durero Estar internada é ficar todo dia presa, Eu não posso sair, não deixam eu passar pelo portão Maria do Socorro não deixa eu passar pelo portão Seu Nelson também não deixa eu passar lá no portão Eu estou aqui há vinte e cinco anos ou mais Stella do Patrocínio. Colônia Juliano Moreira, RJ. Sims (2001) existem 2 grupos de entendimento da psicopatologia: • Psicopatologia explicativas: atribuem explicações de acordo com seus conceitos teóricos ( base psicodinâmica, comportamental ou existencial, etc) • Psicopatologia descritivas: descreve e realiza categorizações precisas de experiências anormais, informadas pelo paciente ou observadas em seu comportamento. Psicopatologia: Diferentes Enfoques PSICOPATOLOGIA • Campo especifico do conhecimento: Estudo do sofrimento psíquico, neste sentido é uma área que envolve definições, concepções e descrições do que seja doença mental, delimitação das categorias e montagem das classificações (BEZERRA, 2013). PSICOPATOLOGIA - Ao longo de mais um século, a expressão adquiriu outro sentido: - “Psicologia Patológica” (Jeremy Bentham); - “Psicopatologia” - “Psicopatologia Geral” - “Psicologia anormal” - “Psicopatologia Clínica” - “Psicologia da anormalidade” - “Psicologia do patológico” Melancolia Domenico Fetti Controversas de terminologia - caminho árduo- disciplina autônoma- influências (Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia) BREVE CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA PSICOPATOLOGIA Estudo Sobre o Corpo Humano de Francis Bacon • Paim (1993): • Possível criador do termo tenha sido Jeremy Bentham, filósofo inglês (Londres, 1748- 1832), que ao preparar uma lista das motivações humanas, reconheceu a necessidade da organização de uma psicopatologia patológica. SÉCULO XVIII • Medicina: discurso autorizado sobre os fenômenos patológicos, rompendo a visão religiosa da idade média. PINEL (1745-1826) - Médico Francês - Considerado por muitos o pai da psiquiatria. - Loucura não é uma perversão moral, mas uma doença causada por experiências emotivas demasiado fortes, pelas influências nefastas do ambiente, por distúrbios orgânicos. SÉCULO XIX • Loucura é uma doença- Médico e a Psiquiatria são especialistas no tratamento das doenças mentais. • CHENIAUX (2002): • Refere que Esquirol (Das Doenças Mentais) e Griesing (Tratado sobre patologia e terapêutica das doenças mentais), com seus trabalhos publicados, respectivamente na França (em 1837) e na Alemanha (em 1845), é que seriam considerados os criadores da psicopatologia. Griesing Pai da Psiquiatria Biológica - Esquirol SÉCULO XIX • Loucura é uma doença- Médico e a Psiquiatria são especialistas no tratamento das doenças mentais. Emil Kraepelin (1856-1926) - Psiquiatria Alemão • Doenças psiquiátricas- desordens genéticas e biológicas. • Psiquiatria descritiva (Nosologia- descrição das entidades mórbidas/ Nosografia- classificação, experiência clínica e observação dos fatos. • Método científico ao estudo da loucura (por exemplo: aplica a estatística). CORTE EPISTEMOLÓGICO • Dimensão da subjetividade; • Não isenção do observador em relação ao fato observado. • Contribuições nosológicas- neurose de angústia , neurose obsessivo-compulsiva e da histeria de conversão. • Esmeceu a dicotomia entre normal e patológico. Freud PSICOPATOLOGIA ENQUANTO DISCIPLINA NÃO MÉDICA Karl Jasper 1883-1969 Filosofo, médico • “Psicopatologia Geral” de jasper, em 1913. • É uma ciência autônoma inteiramente independente da psiquiatria (PAIM, 1993). • Produção de proposições de caráter geral • Fenômenos psíquicos (Husserl): descreve aquilo que o sujeito vivencia, mergulhada no particular da experiência intima do sofrimento individual. SÉCULO XX • Medicina • Psicocirurgiia • ECT (Eletroconvulsoterapia) • Psicofarmacologia (1950)- lucratividade • Psicólogos e outros profissionais (Assistência Psiquiátrica); • Mov. Antipsiquiatria (Déc. 60) •DSM e CID –ateóricos (Déc. 70)-varrendo a influência da fenomenologia e psicanálise • Sintoma: Não importa os sentidos, sintomas são sinais e devem ser descritos DSM I- 160 diagnóstico /DSM IV-375 Diagnósticos SÉCULO XX • Resgatar a essencial epistemológica • Interface com outras disciplinas • Posição: Escuta de um sujeito que porta uma única voz que fale de seu sofrimento, para um interlocutor, e que essa narrativa se transforme em experiência (BERLINCK, 2000). Psicopatologia Fundamental Surto VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Cotidiano: Absorvemos conceitos, palavras que usamos nas nossas relações sociais, cada vez mais recorremos ao vocabulário psiquiátrico e isto não é sem consequências. • Bezerra (2013): Psicopatologia não é eminentemente científica, exercício constante de demarcação do que é normalidade, do que é diferença, e não patologia, e o que é diferença patológica que exige intervenção. Vermee -A moça com brinco de Pérolas VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Psicopatologia: todos nos participamos, uma vez que caucionamos palavras que nomeiam certas experiências, determinadas condutas, ou criticam estas palavras, classificamos negativa ou positivamente. • Não há categoria na atualidade que seja construída eminentemente de forma objetiva e cientifica, que não se preste a um tributo subjetivo, que interrogue o social. Vermee -A moça com brinco de Pérolas VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Demarcação das fronteiras entre normalidade, diferença e patologia: Exercício de toda a sociedade. • Ex: diagnóstico criados que se extinguiram- espinhas ferroviárias, parafilias (sexualidade de crianças e idosos), treptomania, homossexualidades. • Ex. Epidemia de diagnóstico. Personalidade múltipla- EUA, Histeria- Freud, Depressão (2% da pop. Salta para 1 a cada 4 pessoas).Vermee -A moça com brinco de Pérolas VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Demarcação das fronteiras entre normalidade, diferença e patologia: Vária conforme a época histórica. • Ex: Psicose maníaco-depressivo que transformou-se em Transtorno Bipolar- mais aceitável. Vermee -A moça com brinco de Pérolas VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Diagnóstico Atéorico- tornou-se excessivamente biológico. • Medicalização excessiva na contemporaneidade- relacionadas a expansão de diagnósticos. • Quem mais faz diagnósticos na atualidade? Clínicos gerais, professores, pais. • SUS pede categorização para os financiamentoVermee -A moça com brinco de Pérolas VIDA COTIDIANA E PSICOPATOLOGIA • Diagnósticos em excesso: Ex: Luto, transtorno misto de ansiedade e depressão, transtorno de personalidade desafiadora, transtorno parafínico coercitivo. • Psicopatologia: Exercício cultural, reflete o contexto sócio-cultural Vermee -A moça com brinco de Pérolas • Alguns conceitos e termos utilizados na psicopatologia A porta da Eternidade- Van Gogh ETIOLOGIA • Etiologia: É o estudo das causas (ciência das causas). A porta da Eternidade- Van Gogh SEMIOLOGIA • Semiologia ou semiótica: estudo dos sintomas e sinais da doença, que permite ao profissional de saúde, identificar alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas. • Ex: a febre pode ser um sinal/signo de uma infecção ou inflamação. • Signos de maior interesse- sinais comportamentais objetivos, as vivências subjetivas relatadas pelo paciente e suas queixas. A porta da Eternidade- Van Gogh NOSOLOGIA E NOSOGRAFIA • Nosologia: trata das enfermidades em geral e as classifica do ponto de vista explicativo • Nosografia: ordena a enfermidade desde o aspecto meramente descritivo. A porta da Eternidade- Van Gogh SINAIS • Alteração objetiva, que é passível de ser percebida pelo examinador Ex. um tique, um gesto repetitivo A arte Melancolica de Anke Merzbac MORBIDADE • A palavra morbilidade provém da palavra latina morbus, que significa tanto doença física, enfermidade, como doença do espírito, paixão. • É a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. A arte Melancolica de Anke Merzbac SINTOMA Van Gogh Dr. Gachet • Da palavra grega Simptoma, coincidir • É toda informação descrita pelo paciente, a partir de suas vivencias, sensações e impressões. • Não é passível de confirmação pelo examinador, já que é uma sensação do paciente Ex: sensação de insegurança em uma dada situação • O SINTOMA EM PSICANÁLISE FREUDIANA TEM UMA FUNÇÃO REVELADORA DE CONFLITOS PSÍQUICOS, MENSAGEM DO INCONSCIENTE. FORMAS E CONTEÚDO DOS SINTOMAS • Forma do sintoma: estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, etc) • Conteúdo: aquilo que preenche a alteração estrutural ( conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc). É mais pessoal e depende da história de vida do paciente. Estão relacionados aos temas centrais da existência humana, como a sobrevivência, segurança e a sexualidade. (DALGALARRONDO, 2000) DIFERENTES ABORDAGENS NA PSICOPATOLOGIA O sabor da lágrima René Magrite 1948 DIFERENTES ABORDAGENS NA PSICOPATOLOGIA 1. Psicopatologia experimental: Estudo experimental do comportamento patológico. 2. Psicopatologia behaviorista: Comportamento (normal e anormal) mantidos por mecanismos idênticos e segundo leis gerais de aprendizagem-Ambiente do sujeito (Rejeita causas internas). 3. Psicopatologia Biológica: Afecções mentais possuem um substrato orgânico. 4. Psicopatologia cognitivista: Visa explicar os transtornos mentais levando em consideração os processos pelos quais uma pessoa adquire informações sobre ela e seu meio e as assimila para pautar seu comportamento Construtores cognitivos (recebe, seleciona, armazena e transforma dados)- determinantes principais do comportamento anormal. DIFERENTES ABORDAGENS NA PSICOPATOLOGIA 5. Psicopatologia Existencial: Ser humano, ser no mundo e não como uma simples projeção de nossas teorias sobre ele, podendo influir no seu destino. 6. Psicopatologia fenomenológica: Descritiva. 7. Psicopatologia Psicanalítica: inconsciente, transferência, pulsão, e a repetição. 8. Psicopatologia Social: Papel dos fatores sociais na etiologia das manifestações psicopatológicas e as repercussões da doença mental sobre as relações do paciente com seu meio. REFERÊNCIAS • BERLINK, M.T. Berlinck, Manoel Tosta, Psicopatologia Fundamental, São Paulo, Escuta, 2000. • CECCARELLI, Paulo. O sofrimento psíquico na perspectiva da psicopatologia fundamental. Psicol. estud. [online]. 2005, vol.10, n.3 [cited 2015-08-10], pp. 471-477 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 73722005000300015&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1807-0329. http://dx.doi.org/10.1590/S1413- 73722005000300015. • CHENIAUX, E. Manual de psicopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koognan, 2002, p.01 • DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos transtornos Mentais, 2000, Artmed, Porto Alegre. • MUSSEL, E. Apostila de Psicopatologia. Instituto de Psicologia- PUC Minas, 2008 • PAIM, I. História da Psicopatologia. São Paulo: EPU, 1993 • PEREIRA, M.E.C. A paixão nos tempos de DSM. In: Ciência, pesquisa, representação e realidade em Psicanálise. SP: Casa do Psicológo: EDUC, 2000. • SIMS, A. Sintomas da Mente. Introdução a psicopatologia Descritiva. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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