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Currículos e Projetos Pedagógicos- unidade 2 - ebook

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Currículo: 
Tipos e Concepções
Unidade 2
Marly Savioli
Tatiane Kuckel
Currículos 
e Projetos 
Pedagógicos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
MARLY SAVIOLI
TATIANE KUCKEL
AS AUTORAS
Marly Savioli
Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação 
e pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, 
sou formada em Pedagogia, com especialização em Administração e 
Supervisão Escolar. Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na 
área educacional, durante os quais trabalhei para escolas particulares, 
Prefeituras Municipais e Assessorias Educacionais em geral. Como 
educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora, 
orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e 
diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo 
por meio da educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann 
como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando-
os e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores 
independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
Tatiane Kuckel
Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e 
Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música 
e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade 
Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos 
e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento 
informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de 
Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou 
Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Currículo Escolar ........................................................................................10
Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares .............................. 12
Teoria Tradicional ............................................................................................................................. 14
Teoria Crítica ....................................................................................................................................... 18
Teoria pós-crítica .............................................................................................................................22
Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos .......................25
Currículo formal ................................................................................................................................27
Currículo real ......................................................................................................................................27
Currículo oculto ................................................................................................................................28
As concepções de currículo em políticas públicas (leis, 
diretrizes e orientações curriculares) ................................................ 30
Políticas públicas e avaliação ................................................................................................34
O currículo como produção social e as noções de currículo 
oculto .............................................................................................................. 36
7
CURRÍCULO: TIPOS E CONCEPÇÕES
UNIDADE
02
Currículos e Projetos Pedagógicos
8
INTRODUÇÃO
O currículo é um produto peculiar de cada instituição.
Há órgãos que determinam as bases e fundamentações do que 
os alunos precisam estudar e o que as escolas precisam ensinar, mas a 
forma como isto se dará, a organização curricular e a caracterização deste 
produto, decorrem do contexto em que é produzido.
O currículo deve atender à demanda específica da escola e da 
realidade escolar, indo ao encontro das necessidades de seu público-
alvo.
As Políticas Públicas têm o objetivo de garantir qualidade escolar 
para todos os brasileiros de forma a possibilitar as mesmas condições de 
vida e trabalho, e isto é concretizado na forma curricular.
Siga em frente em seus estudos!
Currículos e Projetos Pedagógicos
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2! Nosso objetivo é 
auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais 
até o término desta etapa de estudos:
1. Explicar a fundamentação teórica do currículo;
2. Reconhecer diferentes tipos de currículos e sua influência na 
aprendizagem;
3. Analisar as concepções de currículo em Políticas Públicas (leis, 
diretrizes e orientações curriculares);
4. Reconhecer o currículo como produção social no processo de 
formação cidadã.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Currículos e Projetos Pedagógicos
10
Currículo Escolar 
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo, estudaremos o conceito de 
currículo, as principais bases que fundamentam a teoria 
de currículo e sua prática.
Sabemos que o currículo ultrapassa os limites de ser um mero 
documento, que geralmente é “engavetado”. E porque as pessoas usam 
o termo “engavetado”?
É comum os profissionais elaborarem documentos de forma 
mecânica, até mesmo pré-moldadas, com modelos já instituídos, ou 
até mesmo copiados, apenas para cumprir uma normatização, uma 
exigência de instâncias superiores. No caso da escola, essa exigência 
viria da Secretaria da Educação, orientada pelo MEC (Ministério da 
Educação e Cultura).
O currículo faz parte da vida escolar e é muito comum, que os 
profissionais da área da educação, apenas o reproduzam todos os anos e 
deixem em suas gavetas, caso alguma autoridade as solicite.
Se pensarmos bem, nenhum documento deveria ter esse fim. Se 
ele existe, foi porque estudiosos o criaram e defenderam sua existência e 
sua importância.
O currículo, em especial, não pode ser esse tipo de documento, 
pois ele deve ser nosso norteador para um Projeto Político Pedagógico e 
sua utilização deve ser constante, sempre com objetivo de guiar as ações 
pedagógicas, tanto quanto acompanhamento e supervisão da prática.
Quando os profissionais da área entenderem sua importância, 
nunca mais será “engavetado”, e provavelmente fixarão em um quadro 
ao alcance da visão de todos, com constante abertura para observação.
Essa percepção erronia da função do documento, provém da falta 
de informação, e até mesmo da influência histórica.
Currículos e Projetos Pedagógicos
11
Muitos profissionais acreditam ainda que é uma mera relação de 
conteúdo a serem seguidos no programa de cada professor.
O currículo escolar, atualmente é entendido como mais um 
seguimento formadorda sociedade, em que seus objetivos andam lado a 
lado com a estrutura sócio-política.
Figura 1- Influência política no currículo escolar
POLÍTICA E 
SOCIEDADE
CURRÍCULO 
ESCOLAR
INFLUÊNCIA
Fonte - Elaborada pela autora (2020).
Dada a sua influência na formação do indivíduo, o currículo começou 
a ser motivo de estudos, e conhecer suas teorias claramente, ajudará na 
percepção do que o fundamenta, e mais que isso, poderemos questionar 
e aperfeiçoar sua efetividade e eficiência.
Na unidade um tivemos uma breve explanação sobre alguns 
períodos históricos e sua influência no currículo, apresentando mais 
claramente, o currículo Tecnicista e o Progressista.
Vamos agora entender melhor a história e os contextos que levaram 
a evolução dessas concepções de currículos.
Lopes (2006, contracapa): 
 [...] o currículo se tece em cada escola com a carga de seus 
participantes, que trazem para cada ação pedagógica de 
sua cultura e de sua memória de outras escolas e de outros 
cotidianos nos quais vive. É nessa grande rede cotidiana, 
formada de múltiplas redes de subjetividade, que cada um de 
nós traçamos nossas histórias de aluno/aluna e de professor/
professora. O grande tapete que é o currículo de cada escola, 
também sabemos todos, nos enreda com os outros, formando 
tramas diferentes e mais belas ou menos belas, de acordo com 
Currículos e Projetos Pedagógicos
12
as relações culturais que mantemos e do tipo de memória que 
nós temos de escola [...]. 
Currículo como campo de estudo: as 
teorias curriculares
Os estudos sobre currículos estão intrinsicamente ligados a história 
e Ao entendimento de como preparar o cidadão e trabalhador.
Você Sabia? O currículo pode ser organizado de forma a manipular 
e formatar as impressões dos estudantes. Por exemplo: são manipulados 
para acreditar que uma determinada postura é correta e não contestável.
Quando se trata do conceito de manipulação observamos que 
o sentimento não é de credibilidade, pois, de acordo com o Dicionário 
Aurélio, manipular, é palavra de origem do latim manipulare, manipule,r e 
significa dar formato a algo, produzir, forjar, maquinar, fazer funcionar; pôr 
em movimento; acionar, controlar, dominar. 
Figura 2- Educação como instrumento de formatação do pensamento
Fonte: Freepik
Currículos e Projetos Pedagógicos
13
Apesar de atualmente muitos profissionais da educação já 
entenderem que foram moldados em uma escola tradicional e as 
posturas ali apresentadas não cabem mais à realidade atual, vários de 
nossos comportamentos podem ser gerados por prévias manipulações. 
Isso significa que ficamos tão condicionados a certos comportamentos 
e paradigmas que mesmo inconscientemente reproduzimos aquilo que 
nos foi incutido.
Isso não descarta a vida escolar, que mesmo, após a idade adulta 
e mais consciente, agimos e acreditamos em determinadas propostas, 
como resquícios da manipulação ocorrida em determinados períodos 
históricos.
SAIBA MAIS:
Quer entender melhor como pode funcionar a manipulação, 
mesmo que de forma subliminar? Recomendamos a 
leitura de: Maquiavel Pedagogo, o Ministério da Reforma 
Psicológica de Pascal Bernardin. Editora Ecclesiae e Vide 
Editorial.
Entendendo que nossos futuros profissionais precisam desmistificar 
esses conceitos arraigados, questionando-os e aprender a suprimir o 
que não vale a pena, devemos nos aprofundar nas teorias de currículo, 
conhecendo-as, entendendo-as e por isso vamos agora nesse caminho.
IMPORTANTE:
O currículo está intimamente ligado a proposta social e 
política. A visão do cidadão que se quer forjar precisa estar 
incorporada a esse currículo.
Silva (2007, p.15, 16) afirma que: “Um currículo busca precisamente 
modificar as pessoas que ‘seguir’ aquele currículo”. Ainda reforça: [...]: 
“Além de uma questão de conhecimento, o currículo é uma questão que 
se concentram também as teorias do currículo”.
Currículos e Projetos Pedagógicos
14
As formas de entender o que é currículo, e como esse entendimento 
é significativo na vida escolar, serão influenciadas por:
 • Ênfase da natureza da aprendizagem;
 • Do conhecimento;
 • Da cultura;
 • Da sociedade;
 • Da natureza humana.
Teoria Tradicional
A palavra “Tradicional” se relaciona a repetição de determinados 
hábitos, costumes, culturas em geral.
É tradicional no Brasil termos em junho as “Festas Juninas”. Estas 
festas celebram São João, São Pedro e São Antônio e são realizadas 
mesmo antes da era Cristã. É isso que chamamos de tradição: repetir 
hábitos e costumes arraigados a nossa cultura. 
Na educação essa teoria refere-se aos preceitos escolares que 
vamos discorrer agora.
O currículo tradicional se concentra no intelecto, no conhecimento, 
considerando o ser humano como imutável.
O ensino é organizado de maneira rígida, mecanizada, 
descontextualizada, valorizando o conteúdo e o conhecimento centrado 
no professor.
Currículos e Projetos Pedagógicos
15
Figura 3 - Ensino é centralizado no professor; conhecimento é via de mão única
PROFESSOR
ALUNOS
Fonte- Elaborada pela autora (2020).
Defendia-se que o ensino era um processo de condicionamento 
onde a aprendizagem consistia em modificar o desempenho.
Todos os estudantes eram iguais e com capacidade de assimilação 
igual a um adulto.
A avaliação tinha por objetivo quantificar o aprendizado do 
estudante, sem gerar nenhuma reflexão quanto ao trabalho do professor. 
Podemos dizer que até hoje muitos professores pensam dessa forma, não 
é mesmo?
A teoria Tradicional se identifica como: “neutras, científicas, 
desinteressadas” (SILVA. 2007, p.16).
Podemos afirmar que essa forma de se identificar é uma contradição, 
já que se efetiva de forma influenciadora. 
A alegação de ser neutra e desinteressada é incompatível com a 
história que ela apresenta.
Vamos relembrar um pouco sobre a visão histórica que a concebia. 
Estamos falando de uma educação voltada para a elite, onde a exclusão 
é evidente e reforçada pelo sistema escolar.
Currículos e Projetos Pedagógicos
16
Figura 4 - Estratificação Social
Fonte: Freepik
Constata-se que esse sistema “funciona como mecanismo de 
exclusão natural dos dominados, que não tendo a sua cultura reconhecida 
acabam conformando-se com o fracasso escolar” (MOITA, 2004, p. 5).
A teoria tradicional reforça a divisão de classes, apresentando 
as disciplinas de forma compartimentada, e os valores exteriorizados 
reforçam ideias da classe dominante. 
Se o ensino é preparado na linguagem de uma classe dominante, 
os poucos estudantes de classes menos favorecidas não aprendem como 
os demais, reforçando mais ainda as diferenças sociais e a manutenção 
das classes.
As verdades apresentadas na escola são inquestionáveis reforçando 
a ideia de imobilidade social, e preparando os estudantes para trabalhos 
repetitivos e inquestionáveis também.
Os estudos de Bobbit (início do sec. XX) apontam para uma 
educação empresarial, comercial ou industrial: 
O que implementa o currículo tem assim duas funções 
importantes a desempenhar – por um lado, determinar quais 
os desejos do mercado de consumo, em termos de produto 
Currículos e Projetos Pedagógicos
17
acabado e, por outro lado, determinar a forma mais eficiente 
de elaborar o produto acabado – funções estas intimamente 
relacionadas com a noção de controle de padrões [...]. (BOBBIT, 
2004, p. 21)
Podemos notar que o currículo tradicional é fechado e aponta para 
um ensino não reflexivo. Silva (2010, p. 24) relata que:
[...] na perspectiva de Bobbit, a questão do currículo se 
transforma numa questão de organização. O currículo é 
simplesmente uma mecânica. [...] Numa perspectiva que 
considera que as finalidades da educação estão dadas pelas 
exigências profissionais da vida adulta, o currículo se resume 
a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica. 
Tal como na indústria, é fundamental, na educação, de acordo 
com Bobbit, que se estabeleçam padrões. O estabelecimentode padrões é tão importante na educação quanto numa usina 
de aços. [...] a educação é um processo de moldagem. (SILVA 
(2010, p. 24)
É deduzível assim, que a educação e seu currículo tradicional 
é uma forma de manter a dominação das classes, é uma estratégia de 
manutenção do poder, e dessa forma, não será um currículo neutro e 
muito menos desinteressado como se auto denomina.
Importante abrir um espaço de reflexão, para que ponderemos 
sobre a influência que sofremos até hoje desse tipo de currículo, que 
vivenciamos fortemente na época do militarismo no Brasil e, que até hoje, 
rege muitas escolas.
Muito comum, professores ainda entenderem o currículo como 
um simples documento e que sua disciplina pode ser desenvolvida 
de forma descomprometida das demais e sua autoridade será sempre 
inquestionável, reforçando assim o sistema social onde predomina a 
divisão de classes e a impossibilidade de diálogo ou ascensão social.
Currículos e Projetos Pedagógicos
18
REFLITA:
Qual a postura de seus professores na educação básica? 
A maioria deles trabalhava de forma interdisciplinar e 
propiciando uma postura crítica do conhecimento? Ou 
simplesmente passavam o conhecimento científico 
de forma estática? Como esses professores foram 
influenciados em sua vida escolar por seus professores? 
Existem resquícios de uma escola Tradicional em sua forma 
de lecionar?
Como tudo evoluiu, vamos agora entender como o currículo evoluiu 
a partir dessa concepção tradicional.
Teoria Crítica
Em negação a ordem pré-estabelecida pela sociedade tradicional, 
onde existe uma verdadeira manutenção das classes poderosas, políticas 
e socialmente, surge a teoria Crítica que busca uma sociedade mais justa.
Influenciada por alemães marxistas, a partir dos anos 20, que 
desenvolveram pesquisas geradas pelo capitalismo contemporâneo, o 
ocidente recebe essas reflexões nos anos 40 aos 70 do século passado.
Max Horkheimer, um filósofo marxista, foi um dos pais fundadores 
da Escola de Frankfurt, a qual incorporava toda a moderna Teoria Crítica da 
Sociedade e que, em grande escala, se caracterizada como neomarxista.  
Horkheimer, junto com  Jürgen Habermas,  Theodor W. 
Adorno,  Herbert Marcuse  e  Erich Fromm, para citar apenas alguns, 
criaram a Escola de Frankfurt e seu  Instituto para Pesquisa Social, uma 
instituição que moldou o pensamento cultural do Ocidente como um todo 
e da Alemanha em particular.
Marx Horkheimer, em 1937, usa o termo “Teoria Crítica” em um de 
seus artigos, fugindo da força que a ideias marxistas se encerravam no 
materialismo histórico usada por ortodoxos, e que era rejeitada por muitos 
na sociedade.
Figura 5 - Intelectuais que fundaram a Escola de Frankfurt
Currículos e Projetos Pedagógicos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Horkheimer
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica_da_sociedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BCrgen_Habermas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_W._Adorno
https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_para_Pesquisa_Social
19
Friedrich Pollock
Herbert Marcuse Walter Benjamin Erich Fromm
Theodor W. Adorno Jürgen Habermas Max Horkheimer
Fonte: Baseada em Todo Estudo (s/d, online).
Explorando o marxismo filosófico, cultural, político e psicológico, 
Horkheimer tenta mostrar que o marxismo poderia não ser extremista e 
economista.
Diz Horkheimer, no ensaio Filosofia e Teoria Crítica, também em 1937:
Os sistemas das disciplinas contêm os conhecimentos de 
tal forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao 
maior número possível de ocasiões. A gênese social dos 
problemas, as situações reais nas quais a ciência é empregada 
e os fins perseguidos em sua aplicação, são por ela mesma 
consideradas exteriores. – A teoria crítica da sociedade, ao 
contrário, tem como objeto os homens como produtores 
de todas as suas formas históricas de vida. As situações 
efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para ela uma 
coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação 
e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado 
não depende apenas da natureza, mas também do poder do 
homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a 
formulação de questões e o sentido da resposta dão provas 
Currículos e Projetos Pedagógicos
20
da atividade humana e do grau de seu poder. (HORKHEIMER, 
1972, p. 188)
Há de se mencionar, que no Brasil, ainda existem um número 
grande de pesquisadores que dialogam com a Teoria Crítica, em suas 
investigações científicas.
Diante desse histórico, o que tudo isso influenciou a escola e seu 
currículo?
Os estudiosos passaram a defender a ideia de que os estudantes 
tinham mais capacidade para aprender, entender, questionar, se posicionar 
diante do conhecimento. Diferente do currículo tradicional, o currículo 
referente a Teoria Crítica propõe conhecimento para ser apropriado de 
forma que seja útil na vida do estudante. Não é mais uma questão de 
decoração. Na Teoria Tradicional a aprendizagem dependia de repetição; 
agora, na Teoria Crítica, a aprendizagem precisa estar contextualizada 
com a realidade do estudante, e transformá-lo em um pesquisador das 
informações, podendo aceitá-la ou mesmo questioná-la e transformá-la.
Figura 6 - Relação dialética entre professor e estudantes.
PROFESSOR
ALUNOS
Fonte - Elaborada pela autora (2020).
Essa forma de ensinar despertará no estudante uma postura social 
mais significativa e em busca de condições melhores de vida, deixando 
de ser assim uma pessoa manipulável e sem esperança de mobilidade 
social.
Currículos e Projetos Pedagógicos
21
Em verdade, a teoria crítica é fundamental na reconstrução da 
educação, que persegue um interesse educativo racional e de formas 
democráticas da vida social (CARR, 1985, 1993; CARR & KEMMIS,1988).
Nesse caso, a teoria curricular crítica explora a reflexão sobre as 
práticas políticas e culturais, trazendo a percepção do currículo como 
instrumento de conflito entre identidade e poder: “será sempre polêmico 
aplicar ao mundo da escolaridade um conjunto de pressupostos prévios 
que não reflitam a natureza dessa mesma escolaridade e não ponderem 
a função social, política e cultural da educação” (PACHECO, 1996, p. 42).
Figura 7- Explicação do professor não compreensível pelo aluno 
Emissão não 
considera a 
recepção das 
informações.
Fonte- Elaborado pela autora (2020).
Como podemos observar na figura, se o professor negligenciar as 
características do aluno, de sua origem, sua cultura, seus conhecimentos 
prévios, correrá o risco de que falem linguagens diferentes dentro da sala 
de aula e o professor pode não atingir seu objetivo pedagógico.
Na Teoria Crítica, defende-se que é mais fácil aprender quando o 
ensino se traduz em verdades, em significativos encaminhamentos.
Antes, a formação cidadã era para aceitar a estrutura imposta. Na 
Teoria Crítica, a formação é de um cidadão pensante, crítico e capaz de 
modificar sua realidade.
Currículos e Projetos Pedagógicos
22
Teoria pós-crítica
Diante da complexidade em que vivemos atualmente, onde as 
verdades são relativas e as certezas são questionáveis, as diferenças se 
acentuam e devem ser relevantes nas ideias de currículos escolares.
As ambiguidades encontradas em sala de aula nos levam a sentir 
saudades de um tempo em que o currículo era construído pensando na 
igualdade e não na singularidade dos sujeitos.
Essa realidade social contemporânea nos leva a compreender 
que hoje é impossível prever um cidadão único que possa transformar a 
sociedade.
Este cenário de incertezas nos direciona a pensar em um currículo 
que atenda toda peculiaridade e fluidez atual, que incorpore a tecnologia 
que se transforma rapidamente. Qualé a verdade que deve ser ensinada?
Se a verdade é questionada, o conhecimento automaticamente 
também é, assim como o Projeto Político Pedagógico.
A Teoria pós-crítica defende a formação da identidade e da 
singularidade, não existindo verdade absoluta. As ideias, conhecimentos 
podem e devem ser analisadas e não estudadas como verdades.
Refletindo sobre essas informações, podemos afirmar que a teoria 
pós-crítica, em oposição a teoria crítica, não acredita em uma sociedade 
de igualdades e estabilidade social. Porém defende a aceitação da 
sociedade composta por diferenças.
Segundo Pacheco (2013, online, apud PRIESTLEY, 2011, p.221-237): 
Com os pressupostos da abordagem realista, o pensamento 
curricular segue parâmetros consensualmente definidos em 
torno de registos universais, perspectivando-se em formas 
de análise crítica de práticas curriculares centradas no 
conhecimento do quotidiano.
Currículos e Projetos Pedagógicos
23
Moreira (2003, p.10) sintetiza características comuns acerca do 
ideário pós-moderno: 
a. O abandono das grandes narrativas;
b. A descrença em uma consciência unitária, homogênea, centrada;
c. A rejeição da ideia de utopia;
d. A preocupação com a linguagem e com a subjetividade;
e. A visão de que todo discurso está saturado de poder;
f. A celebração da diferença. 
Considerando todos esses aspectos, podemos dizer que o currículo 
escolar deve se ajustar a realidade social, étnica, cultural, gênero, e todo e 
qualquer elemento que venha trazer posições diferenciadas de entender a vida.
O currículo, nesse caso, não admite nenhum conhecimento como 
único, precisando ser adaptado às realidades que atende.
Novamente reafirmamos a importância da BNCC (Base Nacional 
Comum Curricular) ser discutida e customizada para o Projeto Político 
Pedagógico da unidade escolar, sendo este fundamento da prática 
pedagógica, atendendo as necessidades, de acordo com a realidade de 
seu público-alvo.
Currículos e Projetos Pedagógicos
24
Figura 8 - Exemplo de diferentes públicos
Etnia: indígena
Classe social: baixa
Sexo: heterossexual
Ritos: pajelança
Alimentação: caça, 
pesca e agricultura
Etnia: 
afrodescendente
Classe social: baixa
Sexo: heterossexual
Ritos: cristianismo
Alimentação: cereais 
e pouca proteína
Etnia: cigano
Classe social: média
Sexo: homossexual
Ritos: candomblé
Alimentação: variada
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
RESUMINDO:
Ao observamos a figura anterior, podemos ver diferentes 
pessoas com características singulares. É possível construir 
um currículo que contemple todas as característica de cada 
uma delas? Ou será preciso entender cada pessoa para 
construir um currículo? A ideia principal da teoria pós-crítica 
é justamente promover um diálogo sobre as diferenças, 
mostrando aos indivíduos que somos diferentes.
Currículos e Projetos Pedagógicos
25
Diferentes tipos de currículo: diálogos e 
conflitos
INTRODUÇÃO:
Nesta etapa de estudo, nos aprofundaremos nos diferentes 
tipos de currículo (formal, real e oculto), permeado pelo 
diálogo e conflito que estes apresentam na jornada de sua 
prática. Vamos lá?
Nessa trilha em que estamos caminhando chamada currículo, nos 
deparamos com a sociedade que é multicultural.
IMPORTANTE:
Relaciono o caminho com uma trilha, pois esse tipo 
de caminho geralmente é incerto, tortuoso, meio que 
inesperado. Se fosse um trilho, seria reto e inflexível.
O povo brasileiro é originado a partir da miscigenação de diferentes 
etnias. Os índios, afrodescendentes, europeus, asiáticos trouxeram junto 
a sua imigração seus hábitos e costumes, gerando assim uma sociedade 
diversa e que só enriquece nossa sociedade.
Abaixo relacionamos algumas questões que trazem influências de 
outras culturas:
 • Junto com a imigração, surgem diferentes concepções de religião, 
sociedade, vestimentas e alimentação etc;
 • Em todas as culturas temos ainda pessoas com deficiências 
variadas, que diferem entre a deficiência física e/ou mental;
 • A preferência sexual de cada indivíduo também tem sido 
reconhecida como um ponto a ser considerado e refletido.
Para além de todas essas características ainda encontramos 
estudantes provenientes de lares diferentes e que trazem consigo além 
Currículos e Projetos Pedagógicos
26
de toda uma cultura, algumas vivências que podem ou não ajudar na 
escola.
A violência está presente na sociedade e cotidianamente em 
algumas famílias, provindas de uso de drogas lícitas ou ilícitas, problemas 
psicológicos etc.
Como vimos nos últimos parágrafos, muitas são as particularidades 
que são silenciadas em nome de uma homogeneização imposta pela 
liberdade capitalista. “Verdade, conhecimento, poder, identidade marcam 
as discussões curricular” (MOREIRA, CANDAU, 2008, p. 25).
Um currículo que considere todas essas condições perpassa pelas 
mãos dos educadores, que também carregam características pessoais. 
“Por bem ou por mal a cultura é agora um dos elementos mais dinâmicos 
e mais imprevisíveis da mudança histórica no novo milênio” (HALL, 1997, 
p. 97).
Como um educador pode ensinar sobre a diversidade sem impor 
sua própria visão de mundo? Como incluir as diferenças em sua prática? 
Como considerar toda a diversidade existente sem desconsiderar posturas 
e entendimentos? O diálogo se faz essencial para que haja uma postura 
neutra e de respeito às diferenças. 
Os conflitos culturais, a violência, a intolerância estará sempre 
presente de formas diferentes, e caberá ao educador se reinventar a 
cada dia para tratar esses assuntos sem impor sua própria forma de ver 
o mundo.
Para isso, a formação de professores é de extrema relevância, onde 
os mesmos aspectos citados acima devem ser trabalhados e incentivados 
pela equipe Técnico-Pedagógica.
Defendendo um currículo que trate de tantos aspectos, conhecemos 
atualmente três tipos de currículos. São eles: 
 • Currículo formal;
 • Currículo real;
 • Currículo oculto.
Currículos e Projetos Pedagógicos
27
Veremos na sequência, de forma mais aprofundada, seus conceitos 
e características.
Currículo formal
O currículo formal é aquele estabelecido pela escola e está 
orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacional, Estadual e Municipal.
 Nesse currículo serão estabelecidos os conteúdos e objetivos a 
serem desenvolvidos pelos professores em sala de aula.
Figura 9- Construção do currículo formal no espaço escolar
BNCC
DIRETRIZES 
ESTADUAIS E 
MUNICIPAIS
PROJETO
POLÍTICO
PEDAGÓGICO
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
A avaliação escolar reflete exatamente o currículo que foi definido.
Currículo real
A partir de um Projeto Político Pedagógico, cabe aos professores o 
desenvolverem em suas salas de aula.
Cada professor trará sua forma de ensinar, sua forma de ver o 
mundo e assim, o currículo formal sofre interferências da dinamicidade 
cotidiana, da experiência do professor, da reação dos estudantes diante 
de um determinado conteúdo.
Dessa forma, o currículo real é aquele que efetivamente acontece 
na sala de aula e como o estudante o recebe.
Currículos e Projetos Pedagógicos
28
Figura 10 - Currículo real
BNCC + DIRETRIZES 
REGIONAIS + PPP
DIDÁTICA
PROFESSOR
ALUNO
SITUAÇÕES DE 
SALA DE AULA
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Currículo oculto
A aprendizagem não ocorre apenas formalmente. Aprendemos 
conversando, brincando, trabalhando, participando interações 
interpessoais, ou mesmo sofrendo algum tipo de prejuízo ou susto.
Muitas vezes, dentro de uma sala de aula o professor abre 
espaço para que as pessoas se expressem e inclusive ele mesmo. 
Nesses momentos cada um traz um pouco de si e que informalmente 
é trabalhado. São as culturas, as visões de mundo que se projetam nas 
falas, nos movimentos e interpretações.
Não é à toa que dizem que nossas ações nos contam como somos. 
O exemplo do professor, do amigo, da família nos ensina cotidianamente.
O currículo oculto geralmente é trabalhado de forma não planejada, 
porém,muitos professores usam desse artifício para reforçar conteúdos e 
reflexões intencionalmente.
Currículos e Projetos Pedagógicos
29
Dessa forma o currículo oculto não está descrito, porém ocorre de 
forma natural ou intencional em sala de aula.
“O currículo está oculto por que ele não é prescrito, não aparece 
no planejamento, embora se constitua como importante fator de 
aprendizagem” (LIBÂNIO, 2001, p.99 a 100).
Figura 11- Currículo oculto
ESCRITO ENSINADO
OCULTO
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Em resumo, estudamos neste capítulo, nas palavras de Libâneo, 
Oliveira e Toschi (2003, p. 362):
O Currículo Formal é instituído pelos sistemas de ensino, onde 
se estipula os conteúdos e objetivos a serem seguidos nas 
instituições escolares. O Currículo Real acontece no cotidiano 
da sala de aula orientado pela rotina da escola e planejamento 
do professor. O Currículo Oculto não se manifesta claramente, 
não é prescrito, não aparece no planejamento, embora 
constitua importante fator de aprendizagem. 
Currículos e Projetos Pedagógicos
30
As concepções de currículo em políticas 
públicas (leis, diretrizes e orientações 
curriculares)
INTRODUÇÃO:
Nesta etapa de estudos, abordaremos as concepções de 
currículo em políticas públicas, perpassando pelas leis 
nacionais, estaduais e municipais que norteiam o trabalho 
escolar e, sobretudo, o currículo escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, foi 
um grande passo para nossas políticas educacional. Ela baliza a forma 
como o Brasil deve pensar sua pedagogia.
Além disso, temos a chegada dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCN) que se identifica através de uma coleção de documentos que 
compõem a grade curricular de uma instituição educativa, claro sempre 
moldado no Projeto Político Pedagógico. Esse material foi elaborado para 
ser um ponto de partida para o trabalho docente, e norteia atividades 
realizadas em sala de aula.
Como esses PCNs foram elaborados por um grupo de estudiosos, 
sempre vão gerar discordâncias e que dependerão de muito diálogo 
dentro das escolas. Mas isso não o faz menos importante.
Por que necessitamos da influência de Políticas Públicas na escola? 
Tentaremos explicar os motivos elencando abaixo algumas situações que 
moldam nosso espaço geográfico e nossa história.
Há de se reconhecer que no itinerário de nossas reflexões, cabe-
nos considerar que existem uma imensidão de escolas em nosso território 
brasileiro. Somos 208.494.900  habitantes no Brasil (2018). Segundo 
divulgação do MEC em 2018, o país conta com 184,1 mil escolas — 
sendo que a maior parte (112,9 mil, o que equivale a dois terços) é de 
responsabilidade Municipal.
Podemos dividi-las da seguinte forma:
Currículos e Projetos Pedagógicos
31
 • Colégios particulares - 21,7%;
 • Instituições de ensino com Ensino Fundamental - 116 mil escolas;
 • Instituições de ensino com Ensino Médio - 28,5 mil escolas.
 Outro aspecto referente a esse assunto diz respeito as diferenças 
da escola particular e pública. De forma geral, estas primeiras oferecem 
uma estrutura diferenciadas aos professores e alunos, além de uma 
diversidade de materiais e recursos, como laboratórios para estudos de 
diferentes áreas, lousas interativas e material em 3D.
Já nas escolas públicas tanto a infraestrutura quanto a disponibilidade 
de recursos são mais escassas. Encontramos escolas de sapé, barro, lata, 
tijolos, a céu aberto. Consideremos também que muitos lugares não têm 
nem saneamento básico, quanto mais acesso à internet.
Figura 12 - Diferentes escolas brasileiras
Fonte: Freepik
A formação dos professores que atendem os diferentes núcleos 
escolares também difere. Existem regiões que, na falta de alguém 
graduado, as aulas são atribuídas as pessoas que apenas aceitam o 
encargo de instruir. 
Segundo Débora Brito, repórter da agência Brasil, relatando sobre 
entrevista realizada com o Ministro da Educação, em maio de 2018, quatro 
em cada 10 professores que estão em sala de aula hoje no nosso país não 
têm a formação adequada para lecionar.
Currículos e Projetos Pedagógicos
32
Qual estudante (da escola pública ou privada) terá mais possibilidade 
de aprender e competir no mercado contemporâneo? O que podemos 
esperar do nosso sistema educacional enquanto preparatório para a 
formação do cidadão?
Dentro dessa realidade ainda as políticas públicas brasileiras 
sempre foram influenciadas pelas ideias curriculares estrangeiras, e hoje, 
entendendo as nossas peculiaridades, os principais autores do currículo 
brasileiro reconhecem as influências e ressaltam a importância de sua 
adequação a nossa realidade. Por outro lado, sustentam que devemos 
ser mais críticos em relação a esse discurso e precisamos desenvolver 
análises mais adequadas ao contexto brasileiro (SANTOS, MOREIRA, 1996).
O Banco Mundial, outro influenciador de nossa educação, também 
oferece subsídios para o desenvolvimento educacional, dando prevalência 
a lógica financeira sobre a social.
Um dos aspectos enfatizados pelo Banco Mundial é o monitoramento 
dos resultados escolares, pretendendo a melhoria na qualidade do 
ensino. As “Avaliações Externas”, propostas pelo MEC, vêm atender essa 
preocupação.
Os últimos governos também sofrem influência das ideologias 
neoliberais e políticas adaptadas à nossa realidade.
A globalização instaurada a partir nos anos 90, também afeta a 
construção curricular.
Diante de todos os estudos que realizamos até agora, e somados 
as diferentes possibilidades locais e formação de professores, podemos 
garantir que todas as escolas garantam as mesmas condições de 
aprendizado para todos os estudantes?
Pensando em todos os aspectos pontuados, é importante entender 
que o currículo de hoje influenciará na postura do cidadão que moverá 
nosso país daqui a 15 anos aproximadamente.
Currículos e Projetos Pedagógicos
33
Figura 13- Evolução da força de trabalho
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Observando a figura anterior, podemos lembrar que mesmo as 
atividades profissionais estão mudando rapidamente em função da 
informatização. Cabe-nos pensar em uma escola que contemple todos 
os fatores que evoluem.
Apesar de ser muitas vezes contestada, não há dúvidas sobre a 
necessidade de uma política educacional que atenda às necessidades 
atuais, mas também preveja o que estará acontecendo no futuro. Qualificar 
a educação no Brasil é fundamental para um futuro mais equilibrado.
Partindo do setor político a legislação educacional, cabe a ele 
também instrumentalizá-lo e fiscalizá-lo.
Tentando evitar que determinados ensinamentos fossem 
esquecidos, ou mesmo subjugados em determinados espaços, o MEC 
definiu a Base Nacional Comum, pensando em garantir aos alunos do 
Ensino Básico de todo o país, as mesmas possibilidades de aprendizagem, 
mesmo que customizados para sua realidade. Isso garante que diante de 
um Exame Nacional, ou uma seleção qualquer, as pessoas possuam as 
mesmas condições de competitividade.
Questionados sobre a importância de se contar com a percepção 
da sociedade e o os representantes do chamado “Chão de escola”, a 
BNCC abriu espaço para o diálogo em várias esferas.
Currículos e Projetos Pedagógicos
34
Políticas públicas e avaliação
As políticas públicas também influenciaram notadamente as 
avaliações, que influenciaram consequentemente os currículos.
Em primeira instância precisamos refletir sobre a importância da 
avaliação e o que ela objetiva no sistema escolar.
A avaliação vem trazer informações sobre os alunos, sua 
aprendizagem, suas dificuldades específicas, e a partir da análise dessas 
avaliações, o planejamento poderá ser norteado.
Como avaliar, é um outro aspecto de extrema profundidade, mas 
não pretendemos esgotar esse assunto aqui, e sim questionar a influência 
das Políticas Públicas na avaliação e no currículo;
Vamos entender melhor? A partir do momento em que são 
implementadas nasescolas públicas o SAEB (Sistema Nacional de 
Avaliação da Educação Básica), SINAES (Sistema Nacional de Avaliação 
do Ensino Superior), os resultados acabam gerando um ranking entre as 
escolas, e para atingir melhores resultados, muitas unidades escolares 
transformam seus currículos em réplicas dessas avaliações, preparando 
os estudantes para realiza-las com maestria. Infelizmente, muitas vezes 
são trabalhados de forma inadequada e não atingem o seu maior objetivo, 
que é a aprendizagem.
O foco do ensino em rankings forjados por avaliações externas tira 
o foco da aprendizagem. Se a escola não souber conduzir e dialogar com 
essas informações, o currículo será transformado para atender somente 
essas exigências, e como já sabemos, a educação trata de questões 
muito mais amplas.
Currículos e Projetos Pedagógicos
35
Figura 14- Página do Site do Qedu.
Fonte: https://bit.ly/3qiKhwP
 No Brasil, a plataforma QEdu reúne os principais dados públicos do 
Ensino Básico.
É uma ferramenta que auxilia o trabalho das Secretarias e das 
escolas na interpretação pedagógica dos resultados gerados a partir da 
Prova Brasil, tendo como foco, principalmente, a melhoria do aprendizado 
dos estudantes e, por consequência, do aumento do índice do Ideb (Índice 
de Desenvolvimento da Educação Básica).
Currículos e Projetos Pedagógicos
https://bit.ly/3qiKhwP
http://www.qedu.org.br/
http://redes.qedu.org.br/
36
O currículo como produção social e as 
noções de currículo oculto 
Vamos considerar que a escola é uma simulação da sociedade e 
que nela aprendemos a dividir espaços, materiais, respeito, obedecer a 
regras entre outras coisas que envolvem nossa vida social.
É através da escola que muitas pessoas tecem seus primeiros 
contatos sociais, e conviver socialmente talvez seja a lição mais importante 
que temos nesse espaço. Essas aprendizagens, que são apreendidas 
no domínio do não-dito, mas da ação, constituem-se nos conteúdos do 
currículo oculto ou escondido, como afirma Perrenoud (1995).
Fonseca e Pinto (2017, online) descrevem que:
A escola é um lugar privilegiado no qual um conjunto de 
atividades é desenvolvido de forma metódica, continuada e 
sistemática, correspondendo à formação inicial do indivíduo, 
dando a ele condições de se posicionar frente ao mundo que 
o cerca. A este conjunto de conhecimentos que emergem da 
escola chamamos currículo.
Valorizando essa verdade, a escola não é mais simples reprodutora 
de conhecimentos, e como abordamos anteriormente, deve abordar em 
seu currículo temas transversais como sexualidade, respeito, convivências, 
meio ambiente etc.
O currículo oculto pode ser entendido como aquela aprendizagem 
informal, que não foi planeja, porém existem correntes que defendem que 
existem aprendizagem que podem ser planejadas para serem apropriadas 
de forma imperceptível pelo aluno.
Notando que um estudante sofre de bullying, o professor poderá 
pensar em trabalhar conteúdos que façam os alunos pensarem sobre o 
assunto, sem mesmo tocar no caso específico desse aluno.
Currículos e Projetos Pedagógicos
37
Dessa forma, existem aspectos que podem constar no currículo 
e que devem ser trabalhados em sala de aula através de um currículo 
oculto e que estes venham contemplar as necessidades específicas da 
escola e da sociedade.
É exatamente dessa forma que o currículo produz pessoas aptas a 
viverem em sociedade e exercerem seus direitos.
Esperamos que nenhuma escola, ou professor negligencie isso em 
seu trabalho.
Figura 15- Expandir reflexões morais através de um conteúdo histórico.
CURRÍCULO REAL
 •Quem eram os escravos?
 •Quem os escravizava?
 •Por quê?
 •Quando foram libertos?
 •Condições de vida de um 
escravo.
CURRÍCULO OCULTO
 •O que era mais importante 
para os donos de escravos?
 •A humanidade das pessoas 
era considerada nesse tipo de 
dominação?
Fonte: Autora
SAIBA MAIS:
Quer conhecer mais sobre isso? Leia o artigo “Currículo 
e Políticas Públicas: reflexões pertinentes aos processos 
contemporâneos de formação e prática docente no 
contexto da interdisciplinaridade”. Ele discorre acerca da 
reflexões acerca da interdisciplinaridade na prática docente 
e a influência que os professores recebem das políticas 
públicas educacionais e da trajetória curricular que os 
conforma. Disponível em: https://bit.ly/3ai3cCF.
Currículos e Projetos Pedagógicos
https://bit.ly/3ai3cCF
38
RESUMINDO:
Por trás dos currículos observamos as influências sócio-
políticas e suas características, seja explícito ou implícito, 
no currículo formal construído, no currículo real praticado 
e também no currículo oculto, implícito nas ações do dia 
a dia.
Muitas questões precisam refletidas sobre isso na educação 
escolar e no processo de ensino-aprendizagem, a fim de 
que esta realmente esteja convergente com um plano de 
formação cidadã, integral e relevante.
Como a família e o professor podem contribuir com esse 
objetivo? 
Na sua vida escolar, você recebeu essa formação?
No caso de uma criança que estuda de forma domiciliar, 
como será o desenvolvimento da interpessoalidade dela?
Continue firme em seus estudos e em suas reflexões acerca 
do currículo escolar.
Currículos e Projetos Pedagógicos
39
REFERÊNCIAS
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Barcelona: Ediciones Martínez Roca, 1988.
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número 1, ano 2017. p. 59. Disponível em: http://revista.faculdadeprojecao.
edu.br/index.php/Projecao3/article/viewFile/862/713. Acesso em: 15 
fev. 2020.
FRANCO, G., & VALE, L. (s.d.). A Importância e Influência do Setor de 
Compras nas Organizações. TecHoje. Disponível em: http://www.techoje.
com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004. Acesso em: 04 jul. 
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Continuum, 1972b. p. 188 - 243. [Traditionelle und kritische Theorie, 1937.].
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza 
Seabra. As áreas de atuação da organização e da gestão escolar para 
melhor aprendizagem dos alunos.___ In: Educação escolar: políticas, 
estrutura e organização São Paulo: Cortez, 2003. p. 355-378.
LIBÂNEO, Antônio Carlos, Organização e gestão da escola: teoria e 
prática – Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
MOREIRA, Antônio Flávio B. Currículo, diferença cultura e diálogo. 
Educação e Sociedade, Campinas: CEDES, v. 23, n. 79, p. 15-38, 2003.
MOREIRA, Antônio Flávio B; CANDAU, Vera Maria (Orgs.). 
Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis, 
RJ: Vozes, 2008.  
Currículos e Projetos Pedagógicos
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PACHECO, José Augusto. TEORIA (PÓS) CRÍTICA: PASSADO, 
PRESENTE E FUTURO A PARTIR DE UMA ANÁLISE DOS ESTUDOS 
CURRICULARES. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.11 n.01 abr.2013, ISSN: 
1809-3876. Programa de Pós-graduação Educação: Currículo – PUC/SP.
SANTOS. L. L.C.P e MOREIRA, A. F. Currículo: questões de seleção 
e organização do conhecimento. In: Caderno Ideias. N.26, FDE. São Paulo, 
1996.
Currículos e Projetos Pedagógicos
Marly Savioli
Tatiane Kuckel
Currículos e Projetos 
Pedagógicos
	Currículo Escolar 
	Currículo como campo de estudo: as teorias curriculares
	Teoria Tradicional
	Teoria Crítica
	Teoria pós-crítica
	Diferentes tipos de currículo: diálogos e conflitos
	Currículo formal
	Currículo real
	Currículo oculto
	As concepções de currículo em políticas públicas (leis, diretrizes e orientações curriculares)Políticas públicas e avaliação
	O currículo como produção social e as noções de currículo oculto

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