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Avaliação clínica do idoso 1 � Avaliação clínica do idoso Características da população idosa: Heterogeneidade → cada pessoa envelhece de uma forma tanto psiquicamente, quanto clinicamente. O envelhecimento é heterogêneo. A genética contribui 30%, os outros 70% ao ambiente, qualidade de vida e condições socioculturais, por isso a avaliação tem que ser individualizada! Comorbidade/Multimorbidade: 1. Comorbidade: uma doença precedendo a outra, como, por exemplo, paciente com diabetes, hipertensão e essas comorbidades são fatores de risco para o AVC que ele também teve; 2. Multimorbidade: existência de várias doenças em simultâneo. Isso indica que as políticas públicas não são eficientes, aumenta a longevidade, mas não a qualidade de vida; Apresentação atípica de doenças → entre todas as populações é a que mais aparece. Os idosos podem não ter febre nos processos infecciosos e podem não apresentar leucocitose, diferentemente da população adulta. Lembrete: nem sempre onde o problema aparece é onde ele está → Um exemplo é um fecaloma com processo confusional; Farmacologia → a forma mais comum de iatrogenia nos idosos. Dificuldades técnicas: Dificuldades de comunicação: quem informa (incapacidade comunicativa), como informa (confiabilidade), por que informa (expectativas e agenda oculta) e onde informa (limitações); Desconforto físico na consulta; Queixas numerosas e mal caracterizadas, sinais e sintomas inespecíficos; Interferência de acompanhantes; Maior tempo na consulta; Inversão do roteiro da anamnese. Avaliação clínica do idoso 2 Princípios essenciais no cuidado do idoso: Avaliação multidimensional e uma abordagem multidisciplinar; Acompanhamento longitudinal e continuado do cuidado; Programa de prevenção e promoção à saúde; Suporte à família; Decisões éticas → não decidir condutas se baseando puramente pela IDADE, mas sim pela avaliação clínica do paciente e das informações colhidas na sua anamnese; Utilização adequada de recursos. Indicadores de saúde no idoso: Autonomia + independência = funcionalidade: Autonomia: capacidade de decidir e gerir → depende da cognição; Independência: capacidade de execução → depende da motricidade. AGA — Avaliação geriátrica ampla: Processo diagnostico multidimensional, usualmente multidisciplinar, capaz de avaliar o perfil clínico e psicossocial do idoso, as modalidades de intervenções necessárias e a possibilidade de resposta; Engloba questões clínicas, funcionais, psicossociais; Utiliza escalas e testes de rastreio; Considera a complexidade, vulnerabilidade e identifica as síndromes geriátricas e outros agravos subjacentes que muitas vezes não é relatado pelo paciente. Quem é este idoso? Hígido ou doente? Qual o caráter da doença (cronico, agudo)? Quais as repercussões na capacidade funcional? Que tipo de serviço necessitará? Quais suas necessidades prioritárias? Pontos importantes na anamnese: Avaliação clínica do idoso 3 Lista de medicamentos: inclui fitoterápicos, como chás, homeopáticos; Queixa do idoso e queixa da família - explorar bem, assim como o interrogatório sistemático; Avaliação funcional: mobilidade, equilíbrio, comunicação, avaliação sensorial e nutricional; Evolução das doenças; Histórico vacinal; Internamentos; Antecedentes médicos e familiares: história de demência, depressão, câncer, e doença de Parkinson. Objetivos: 1. Determinar perfil clinico: se é um paciente robusto, pré-frágil ou frágil; 2. Melhorar sensibilidade diagnóstica; 3. Intervenções e resolução de problemas; 4. Monitorizar mudanças durante o tempo; Domínios analisados na AGA: Funcionalidade: influenciada pelas condições de saúde do idoso e tem valor prognóstico e na qualidade vida; As principais escalas utilizadas são: → Atividades básicas de vida diária (ABVD) de Katz; → Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) de Lawton; → Questionário de Pfeffer; Avaliação clínica do idoso 4 → Medida de independência funcional; → Índice de Barthel. Equilibrio e mobilidade e risco de quedas: É avaliada assim que o paciente entra no consultório através da marcha e do equilíbrio; Teste Get Up and Go (TUG): mede a habilidade do paciente de se levantar de uma cadeira, andar 3 metros e voltar para se sentar novamente. Caso o idoso leve mais de 12 segundos, principalmente se mais de 20 segundos, apresenta maior risco de quedas. A avaliação também pode ser qualtiativa, considerando ritmo lento e hesitante, passos curtos, braços com pouco ou nenhum balançar, uso de paredes para apoio, sinais de desequilíbrio, etc; Escala de equilibrio e marcha de Tinetti; Cálculo da velocidade da marcha: o ideal é que seja >0,8m/s em uma caminhada de 6 metros; Circunferência da panturrilha: normalmente é >31cm, sendo que um valor menor pode indicar sarcopenia; Medida da força de preensão palmar com dinanômetro; Teste de sentar e levantar o máximo de vezes em uma cadeira em 30 segundos; Humor: Escala de depressão de Yesavage; O rastreio de depressão também pode ser feito através de duas perguntas: → No último mês você tem se sentido deprimido, mais para baixo, sem esperanças? → No último mês você tem tido pouco interesse ou prazer em fazer as coisas? Cognição: Miniexame do estado mental (MEEM); MoCA; Mini-cog: teste do relógio + evocação de 3 palavras que iniciam com a letra F; Sendo que na investigação de quadros demenciais os testes mais curtos são mais utilizados preferencialmente. Deficiências sensoriais: Avaliação da audição por meio da anamnese e pelo teste do sussurro; Avaliação clínica do idoso 5 A avaliação visual é feita por consulta oftalmológica periódica e pela tabela de Snellen; Incontinência urinária: o rastreio pode ser feito com uma simples investigação no momento da anamnese, pergutnando se no último ano chegou a perder urina sem querer, se sim, qual a frequencia, como acontece (causada por tosse, espirro, riso ou esforço físico com pouca perda de volume ou de urgência com grande perda de volume), se usa fraldas e se houve impacto na qualidade de vida; Estado nutricional: O IMC normal para idosos é de 22 a 27kg/m2; A miniavalição nutricional (MAN) é uma escala também utilizada para rastrear a desnutrição em idosos; Perda de peso no idoso é um sinal de alarme! É importante também a promoção e a avaliação da saúde bucal. Polifarmácia: Revisão de todos os medicamentos em uso pelo apciente com o objetivo de identificar polifarmácia (uso de 5 ou mais medicamentos), medicamentos inapropriados, efeitos adversos, duplicidade terapêutica e cascatas iatrogênicas; Fatores socioambientais: Utiliza-se o APGAR familiar e de amigos para avaliar o suporte familiar e social: Em caso de idosos incapazes de exercer as suas atividades civis e financeiras é importante orientar a família para que providencie um cuidador; Caso o idoso já tenha um cuidador, avaliar o nível de estresse - Atenção aos sinais de violencia e maus tratos; Interessante estimular a vida social e religiosa para evitar a solidão e depressão. Condições ambientais: checklist para avaliar a segurança nos ambientes domiciliares, coletivos e urbanos. Os “Is” geriátricos: Avaliam o risco de dependência que o idoso pode ter; Não é um instrumento clínico de avaliação; Nem sempre um idoso sem Is geriátricos é um idoso robusto, mas todo idoso com Is geriátricos é considerado frágil; Quais são os “Is”? Avaliação clínica do idoso 6 Insuficiência cerebral; Instabilidade postural; Imobilidade; Incontinência fecal e urinária; Iatrogenia; Insuficiência familiar; Incapacidade de comunicação. Queixas muito frequentes: Alterações sensoriais; Dispneia;Alterações urinárias; Obstipação; Tontura e queda; Sintomas dispépticos; Esquecimento; Dor (+ osteoarticular); Fadiga/astenia; Perda ponderal; Distúrbios do sono; Alterações psíquicas. Calendário vacinal do idoso: Avaliação clínica do idoso 7 Vacinas obrigatórias: Herpes Zoster (dose única) → vírus atenuados, muitos efeitos colaterais, alto custo, não tem no SUS; Pneumocóccica (VPC 13, VPP 23); Difteria e Tétano → renovada a cada dez anos; COVID (4 doses). Exame físico: Exame físico geral: Atitude/Fácies: parkinsoniana (sem mímica facial), hiper/hipotireoidismo, paralisia facial, depressão e demência; Dados vitais: Aferir a PA sentado, em pé e nos dois braços; Frequência respiratória normal: até 24 irpm; Avaliar frequência, ritmo e volume de todos os pulsos periféricos; Avaliação clínica do idoso 8 Temperaturas normais não afastam infecções e inflamações, sendo que hipertermia e hipotermia quando encontradas refletem maior significado patológico. Peso, altura, IMC, status de hidratação (mede pela PA e pelo volume urinário); Em caso de sobrepeso investigar a obesidade sarcopênica; Temperaturas normais não afastam infecções e inflamações, sendo que hipertermia e hipotermia quando encontradas refletem maior significado patológico. Dor: deve ser avaliada através da escala de 0 a 10; Pele, mucosas e fâneros: sempre observar, pois dermatopatias são comuns nessa população. Segmento cefálico: Cranio → hiperostose frontal (Doença de Pauget — espessura do osso frontal maior); Olhos → tamanho, motricidade, presença de edema, cor da conjuntiva, escleras, pálpebras, reação pupilar; Nariz → úlceras, sangramentos e obstrução nasal; Orelhas → tampão de cerume e eczema; Boca/dentes → assimetria facial, discinesias, ulceras, aftas, gengivites, periodontite, estomatite, glaucoma de dentadura, observar deglutição; Língua → atrofia e glossite; Pescoço → exame de tireoide e auscultar as carótidas; Retirar próteses dentárias, auditivas e óculos. Tórax: Aumento do diâmetro ântero-posterior e cifose dorsal: tórax em barril fisiológico; Diminuição da amplitude dos movimentos respiratórios: expiração mais duradoura e crepitação em bases; Ginecomastia; Nevralgia intercostal. Aparelho cardiovascular: Ictus cordis desviado tem pouca sensibilidade para cardiomegalia em idosos, pois normalmente é fisiológico; Avaliação clínica do idoso 9 Pressão arterial: pseudo-hipertensão (pode ou não vir acompanhada de hiato auscultatório), hiato auscultatório (silencio), fenômeno de Osler (artérias palpáveis durante a insuflação do esfigmomanômetro em nível superior a PAS), hipertensão do jaleco branco, hipotensão ortostática (em casos que há queda de <20mmHg na PAS); Pode haver a presença de 4ª bulha e, quando presente, é fisiológica. Por outro lado, a 3ª bulha é sempre patológica e representa um sinal de insuficiência ventricular esquerda; Sopro sistólico em foco mitral é considerado fisiológico em algumas situações; A causa mais comum é a calcificação valvar — sopros apicais; Edema sacral: investigar insuficiência cardíaca; Interpretação da temperatura de MMII mais difícil. Úlceras venosas: 1/3 inferior das pernas; Arredondada, oval ou policíclica; Fundo escuro com tecido de granulação avermelhado ou róseo; Bordas elevadas; Seca ou exsudativa; Descamativa de cor ocre, endurecida, infiltrada, com atrofia, edema pálido e mole, estendendo- se ate dorso do pé; Normalmente não é dolorosa. Úlceras arteriais: Muito dolorosas; Leito fibrótico ou necrótico pálido com exsudação e edema local. Aparelho digestório: Concentração de gordura no abdômen; Avaliação clínica do idoso 10 Limite superior hepático pode estar mais baixo por conta do abaixamento do diafragma; Atenção com hérnias, tumores, aneurismas, fecalomas; Exame perianal e toque retal para rastreio de câncer de cólon e câncer de próstata. Aparelho geniturinário: Mamas flácidas e com hipotrofia dos tecidos glandular e gorduroso; Infecções fúngicas são comuns em regiões inframamárias, inguinais e perineais; Hipertrofia prostática e hipotrofia dos testículos; Retenção urinária e desempenho sexual diminuídos podem ser queixas frequentes em homens; Mulheres apresentam maiores queixas de incontinência urinaria devido à flacidez do períneo; Caso paciente tenha queixa de sangramento retal, sintomas de obstrução prostática = fazer toque retal; Mulher acima de 80 anos, sem queixas, com exame normal, não está mais recomendada a fazer mamografia. Aparelho locomotor: Sarcopenia: é fisiológica e não causa alteração de força e nem de função; Sarcopenia + dinapenia: sarcopenia patológica acompanhada de perda de força. Identificação de deformidades; Atenção às osteoartrites, artrite reumatoide, joanetes, calosidades, neuropatias periféricas e osteoporoses. Sistema nervoso: Marcha lenta, cautelosa, de passos curtos, com postura rígida e inclinação do tronco para frente; Convém investigar alterações de marcha comuns em doenças, como: AVC, Parkinson; Tônus muscular aumentado; Reflexo aquiliano pode estar abolido; Diminuição da sensibilidade vibratória; Avaliação clínica do idoso 11 Movimentos involuntários; Aparecimento de delirium em doenças infecciosas, cardiovasculares, reações adversas de medicamentos, substâncias toxicas ou maus tratos; Deve ser aplicado o mini mental; Em alterações de consciência transitórias deve-se pensar em AIT’s, crises convulsivas, doença cerebrovascular, massas cerebrais e alterações metabólicas. Anne Caroline Marques | 7º périodo
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