Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 1 Semana 03 N2 Reservatórios INTRODUÇÃO A ENGENHARIA DO PETRÓLEO Tatiany de Almeida Fortini Britto 2 Objetivos da Engenharia de Reservatório Estimativa das reservas de petróleo Desenvolvimento das reservas de petróleo Otimização da produção Conhecimentos necessários: Propriedades dos fluidos Propriedades das rochas Fluxo de fluidos nos meios porosos Mecanismos de recuperação 3 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 4 Propriedades básicas RESERVATÓRIO Permeabilidade Saturação Compressibilidade Porosidade 5 Compressibilidade da rocha Também chamada de compressibilidade efetiva da formação. É a relação entre a variação fracional dos volumes dos poros e a variação da pressão. 1 ∂ Vp Cf = Vp ∂P Cf : compressibilidade efetiva da formação Vp : volume poroso P : pressão 6 6 Saturação dos fluidos Definição: Sf = Vf / Vp = [(Vf / Vp) x 100%] É o percentual de volume poroso ocupado pelo fluido. Se temos óleo, água e gás: So + Sw + Sg = 1 Saturação de água conata (Swi): saturação de água no momento da descoberta do reservatório. Métodos para determinar a saturação: DIRETOS: a partir de amostras da formação INDIRETOS: perfilagem de poços 7 q μ L k = A ∆P Permeabilidade Medida da capacidade de uma rocha permitir o fluxo de fluidos. Quando existe apenas um único fluido saturando a rocha (Sf =1) - ABSOLUTA. MEDIÇÃO LABORATORIAL: utiliza-se geralmente gás inerte (N2, H2) que proporciona rápida estabilidade, não interage com a matriz e satura 100% do volume poroso. q = 1cm3/s, μ = 1cp, A = 1cm2 , L = 1cm e ∆P = 1atm k = 1 Darcy 8 Curvas de permeabilidade relativa Sw = 100% kw = k krw= 1 e kro = ko = 0 Swi = saturação de água irredutível (pára de fluir). Soc = saturação crítica (óleo começa a fluir). Para meios porosos contendo dois ou mais fluidos, a capacidade de transmissão de cada um desses fluidos chama-se PERMEABILIDADE EFETIVA do meio poroso ao fluido considerado. 9 Porosidade Mede a capacidade da rocha de armazenar fluido. Porosidade absoluta: Φ = Vp / Vt Porosidade efetiva: relação entre os espaços vazios interconectados de uma rocha e o volume total da mesma. Engenharia de reservatório: quantificação da porosidade efetiva. MEDIÇÃO: através de amostragem, perfilagem e análise de testes de pressão. 10 Porosidade das principais rochas-reservatórios ARENITOS: cerca de 80% dos reservatórios de óleo são constituídos de arenitos “inconsolidados”. FOLHELHOS: desde que fraturados. 11 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 12 Regimes de fluxo O fluxo radial é o que melhor caracteriza o movimento de fluidos do reservatório para o poço. PREMISSAS: Reservatório com espessura constante Isotrópico com relação à permeabilidade Homogêneo Saturado com um único fluido Poço completado em todo intervalo produtor 13 Fluxo radial Quando se coloca um poço em produção demora-se um pouco para atingir as condições de fluxo estabilizado. Este período caracteriza-se pelo REGIME DE FLUXO TRANSIENTE. Após o reservatório produzir por um período de tempo suficiente para atingir o limite externo do sistema (re) estabelece-se o REGIME DE FLUXO PSEUDOPERMANENTE. Quando mantêm-se a pressão do reservatório constante (influxo natural de água) estabelece-se o REGIME FLUXO PERMANENTE. 14 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 15 Classificação dos reservatórios É feita de acordo com o comportamento da mistura de hidrocarbonetos nele contida. Apenas a composição da mistura não é suficiente para determinar o seu estado físico, sendo necessário também o conhecimento das condições de pressão e temperatura as quais as misturas está submetida. Para se entender a classificação dos reservatórios a partir dos fluidos neles contidos, faz-se necessário conhecer o comportamento das misturas de hidrocarbonetos em função das alterações na temperatura e na pressão, como também estabelecer algumas definições. 16 Vaporização de uma substância pura Aquecimento da substância a pressão constante 17 Aquecimento: Ponto de bolha (T2). Resfriamento: Ponto de orvalho (T3). Para substância pura: T2 = T3 ( ponto de bolha = ponto de orvalho). Ponto crítico (Pc): maior pressão e temperatura em que as duas fases coexistem. Nos reservatórios de petróleo os processos de vaporização ocorrem com temperatura constante. Curva de vaporização de uma substância pura. 18 Vaporização de uma mistura Aquecimento da mistura a pressão constante 19 A mudança de fase não ocorre a temperatura constante. T2 < T3 (mistura de componentes com diferentes pressões de vapor). Cada mistura, dependendo de sua composição, apresenta um diagrama de fases particular. Curva de bolha Curva de orvalho Ponto bolha ≠ Ponto orvalho Diagrama de fases 20 Diagrama de fases: comportamento de uma mistura de hidrocarbonetos. CRICONDENTERMA: linha reta tangente a curva de orvalho que representa a maior temperatura em que coexistem duas fases em equilíbrio. CRICONDENBÁRICA: linha reta tangente a curva de bolha que indica a maior pressão em que ainda coexistem as duas fases em equilíbrio. 21 Tipos de reservatórios Tipos de reservatórios: ÓLEO e GÁS TR1 < Tc < TR2 R1 óleo e R2 gás. 22 Reservatório de óleo Ponto 1: óleo saturado (P = Pb). Ponto R: óleo subsaturado (P > Pb) Curva RS: transição do fluido desde as condições iniciais do reservatório (R) até as condições de superfície (S). Em S: 60% dos hc na fase líquida 40% dos hc na fase gasosa Comportamento do fluido que fica no reservatório é representado por uma linha vertical (T constante = TR). 23 Reservatório de gás Jazida de petróleo contendo uma mistura de hc no estado gasoso. Temperatura da mistura maior que a temperatura crítica. A mistura gasosa, ao ser levada para a superfície, passa por um separador onde os componentes mais pesados (líquido) são separados dos mais leves (gasoso). A classificação dependerá não só da composição original da mistura, mas também dos processos de separação. Classificação: Reservatórios de gás seco Reservatórios de gás úmido (ou gás condensado) Reservatórios de gás retrógrado 24 Reservatório de gás seco No processo de separação produz uma quantidade desprezível de líquido. 25 Reservatório de gás úmido No processo de separação produz uma certa quantidade de líquido . 26 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 27 Fluidos produzidos Reservatório de óleo: produção de óleo, gás natural e água. Reservatório típico: vazão de produção de óleo, gás e água. Vazões sempre expressas nas condições de superfície (padrão). 28 Fator volume de formação de gás Inicialmente, quando se encontra dentro do reservatório (pR, TR), o gás ocupa um certo volume. Quando é levado à superfície, o gás fica sujeito a outras condições de pressão e temperatura (pamb, Tamb), o que acarretará numa alteração considerável no volume por ele ocupado. Volume gás (p, T) Bg = Volume gás (std) 29 Fator volume de formação de óleo Mistura líquida nas condições de reservatório: óleo + gás dissolvido. 246 →176 atm (psat): pequeno aumento de volume do líquido (compressibilidade). A partir de 176 atm, qualquer redução de pressão acarretará em vaporização das frações mais leves. Volume de 1,33 m3 de óleo (246 atm, 71ºC) para se obter 1 m3 óleo (std). 30 Volume óleo + gás dissolvido(p, T) Bo = Volume óleo no tanque (std) Volume de óleo a pressão inicial (Voi) > Voi (std) → Bo > 1 Acima da pressão de bolha (pb), não há liberação de gás. Abaixo da pressão de bolha: Vo(p,T) < Vb → Bo diminui quando p diminui. 31 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 32 Mecanismos de produção Para que haja produção é necessário que outro material venha preencher o espaço poroso ocupado pelo fluido produzido. MECANISMO DE PRODUÇÃO: conjunto de fatores que fazem desencadear os processos de descompressão e deslocamento de fluido no reservatório. PRINCIPAIS TIPOS DE MECANISMOS: gás em solução capa de gás influxo de gás combinado segregação gravitacional 33 Gás em solução A produção é o resultado da expansão do gás que inicialmente encontrava- se associado ao óleo e é liberado da solução após a queda de pressão do reservatório, decorrente da perda de massa do sistema. Ocorre em reservatórios de óleo isolados, ou seja, toda energia disponível para produção se encontra na própria zona de óleo. Produção antes da psat: decorrente da expansão dos líquidos e diminuição do volume dos poros da formação. Após a psat: expansão do gás liberado desloca o óleo para fora do meio poroso. 34 DESVANTAGENS DO MECANISMO: Constantes quedas de pressão aumentam quantidade de gás liberado havendo a formação de fase contínua, fazendo com que o gás flua juntamente com o óleo, provocando queda na energia do reservatório. Baixas taxas de recuperação (cerca de 20% do volume original da jazida). A energia do reservatório se esgota rapidamente, impactando nas vazões de produção, levando ao abandono do reservatório ainda com quantidades significativas de óleo. RGO cresce rapidamente até atingir um valor máximo (baixas pressões) e começa a declinar decorrente do início do fluxo de gás (produção). As quedas de pressão são bem acentuadas, geralmente em um curto período de tempo (pequena vida útil do reservatório). 35 Capa de gás A zona de óleo é colocada em produção, o que causa a redução da pressão do reservatório, devido a retirada de fluido. Essa queda de pressão se transmite para a capa de gás, que se expande penetrando na zona de óleo e auxiliando na sua expulsão dos poros da rocha. Como o gás tem uma compressibilidade muito alta a sua expansão ocorre sem que haja queda substancial da pressão no reservatório. Quanto maior for o volume de gás da capa comparado ao volume de óleo, maior será sua atuação no sentido de manter a pressão do reservatório em níveis elevados, estimulando a produção por um período maior. 36 A pressão cai continuamente, porém de forma mais lenta do que no mecanismo de gás em solução. Existe uma grande instabilidade da RGO, sendo comum intervenções nesses poços para correções da razão gás-óleo. Baixas taxas de recuperação (de 20% a 30% do volume original da jazida). É necessário um certo tempo para que a queda de pressão se transmita da zona de óleo para a capa de gás e para que esta se expanda, o que não ocorre apropriadamente com uma vazão de produção mais alta. DESVANTAGENS DO MECANISMO: 37 Influxo de água Processo contínuo que consiste na expansão de volume do aquífero, decor- rente da queda de pressão provocada pela produção. Como o espaço poroso do aquífero não é mais suficiente para conter a água, ocorre a invasão da zona de óleo (influxo), o que acarreta na produção de mais óleo. Para que o mecanismo ocorra é necessário que a formação portadora de óleo ou gás tenha contato direto com grandes acumulações de água (aquífero). Apenas grandes volumes de água e rocha, ao sofrerem os efeitos de redução de pressão, podem produzir grandes influxos de água. O influxo de água mantém a pressão do reservatório constante e elevada, o que garante boas vazões de produção por um longo período de tempo. 38 Comportamento típico do mecanismo de influxo de água. A pressão permanece alta por mais tempo. A RAO cresce continuamente, começando dos poços localizados nas partes mais baixas da estrutura. Alto fator de recuperação (de 30% a 40%, podendo chegar a 75% do volume original da jazida). Estes valores altos devem-se principalmente à estabilidade da pressão do reservatório e aos elevados valores de vazão de produção, o que permite manter as características dos fluidos produzidos próximas às originais. Os poços devem ser completados na zona de óleo e numa posição um pouco afastada do contato óleo-água para evitar o fluxo prematura de água. 39 Combinado Ocorre quando um reservatório produz pela ação de efeitos causados por mais de um mecanismo de produção. É importante lembrar que em algum momento da vida produtiva de um reservatório haverá formação de gás. Mesmo que o mecanismo proporcione boa manutenção de pressão, em um determinado momento ela decairá abaixo da pressão de saturação (bolha), o que acarretará no aparecimento de gás livre na zona de óleo. 40 Segregação gravitacional A gravidade é responsável pela melhoria do desempenho dos mecanismos de produção, fazendo com que ocorra a segregação de fluidos, ou seja, os fluidos tendem a se arranjar dentro do reservatório de acordo com suas densidades. MECANISMO DE GÁS EM SOLUÇÃO: com a atuação da gravidade sobre os fluidos, uma grande parte do gás que sai da solução migra para a parte mais alta da estrutura, provocando o aparecimento de uma capa de gás secundária. INFLUXO DE ÁGUA: a atuação da gravidade permite que o óleo seja deslocado sempre à frente da água em direção aos poços produtores, isto devido à diferença de densidade entre esses dois fluidos. 41 Propriedades básicas Regimes de fluxo Classificação dos reservatórios Fluidos produzidos Mecanismos de produção Estimativas de reservas Sumário 42 Estimativas de reservas È a atividade dirigida à obtenção de volumes de fluidos que se pode retirar do reservatório até que ele chegue à condição de abandono. São feitas não só no momento da descoberta da jazida, mas também ao longo de toda sua vida produtiva. Não existe uniformidade plena de critérios sobre definição, classificação e métodos de estimativas de reservas petrolíferas. No entanto, cada vez mais, as empresas tendem a se basear nos critérios do código internacional da SPE (Society of Petroleum Engineers), de modo que suas reservas possam ser reconhecidas por instituições internacionais e comparadas com as de outras empresas e países. 43 Definições VOLUME ORIGINAL: quantidade de fluido existente no reservatório na época de sua descoberta. VOLUME RECUPERÁVEL: quantidade de óleo ou gás que se espera produzir de uma acumulação de petróleo. FATOR DE RECUPERAÇÃO: é o quociente entre o volume recuperável e o volume original. PRODUÇÃO ACUMULADA: é a quantidade de fluido que já foi produzida de um reservatório até uma determinada época. FRAÇÃO RECUPERADA: é o quociente, a cada instante, entre a produção acumulada e o volume original. RESERVA: é a quantidade de fluido que ainda pode ser obtida de um reservatório de petróleo. 44 No início da vida produtiva do reservatório a produção acumulada é igual a zero e a reserva é igual ao volume recuperável. No final, quando estabelecida a condição de abandono do poço, a produção acumulada será igual ao volume recuperável e a reserva será igual a zero. CONDIÇÃO DE ABANDONO: ocorre quando o declínio da produtividade diminui a receita proveniente da venda do petróleo, que se torna insuficiente para cobrir as despesas de manutenção das operações. 45 Métodos de cálculo Métodos Volumétrico Análise de risco Analogia Performance 46 Analogia Nessa época, as únicas informações a respeito do reservatório são oriundas de métodos indiretos. As estimativas são feitas a partirde dados sísmicos e de reservatórios localizados nas proximidades, os quais se acredita tenham características semelhantes às do reservatório que está sendo estudado. É um tipo de procedimento utilizado em uma época que precede à perfuração do poço pioneiro. 47 Análise de risco Como no método anterior, também é um processo utilizado antes da perfuração do poço descobridor. As estimativas também são feitas da mesma forma que no método de analogia. A diferença entre os dois métodos reside no fato de que na análise de risco existe uma certa sofisticação no tratamento estatístico dos dados e os resultados são apresentados não como um valor único, mas como uma faixa de resultados possíveis. 48 Volumétrico Este método para cálculo de volume original pode ser usado tanto para reservatórios de óleo quanto para de gás. INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS: volume total da rocha (VR), obtido através da sísmica de reflexão; porosidade média da rocha (Φ) e saturação dos fluidos (Sw), obtidos tanto por meio da interpretação de perfis como por ensaios laboratoriais; fator volume de formação de óleo (Bo), obtido através de análise laboratorial. 49 Performance São modelos em que a previsão do desempenho (performance) do reservatório se baseia no seu histórico de produção. A análise do declínio de produção, a utilização da equação de balanço de materiais e a simulação matemática de reservatórios são métodos que se inserem neste grupo. DECLÍNIO DE PRODUÇÃO: baseia-se apenas na observação do comportamento das vazões de produção ao longo do tempo. BALANÇO DE MATERIAIS: é uma relação que associa o balanço de massa dos fluidos do reservatório com as reduções de pressão no seu interior. SIMULAÇÃO MATEMÁTICA: utilização de simuladores numéricos e computacionais em estudos de reservatório.
Compartilhar