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1 PSICOLOGIA POSITIVA 1 Sumário Psicologia Positiva ........................................................................................... 3 Breve histórico da Psicologia Positiva .......................................................... 4 Importância da resiliência para a psicologia ................................................ 9 O bem-estar subjetivo na Psicologia Positiva ............................................ 14 Bem-estar ............................................................................................... 16 Felicidade e a Psicologia Positiva .............................................................. 17 A psicologia positiva no trabalho ................................................................ 21 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 25 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Psicologia Positiva A psicologia positiva é descrita como um movimento que nos últimos anos tem ganhado espaço dentro das ciências sociais e do comportamento, considerando, entre outros, aspectos como a felicidade e outras emoções positivas, os seus benefícios e as formas de desenvolvê-los. Atualmente os autores têm considerado a Psicologia Positiva como um movimento recente dentro da ciência psicológica. A história da Psicologia está ligada a uma necessidade em diagnosticar, enquadrar os sujeitos em determinadas patologias, olhando para a doença e não para a saúde. A Psicologia Positiva visa fazer com que os psicólogos percebam e adotem uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas, enfatizando a potencialidade inerente aos sujeitos e não só as suas patologias e dificuldades. Então as outras Psicologias são negativas? Não! A Psicologia Positiva apresenta o positivo da existência humana, focando no lado bom das experiências e quebrando um paradigma em relação ao olhar da Psicologia que tem como objetivo diagnosticar, medir e tratar, ao se voltar para as potencialidades, buscando a felicidade para cada sujeito. 4 Breve histórico da Psicologia Positiva O movimento da Psicologia Positiva emerge como tentativa de romper o viés negativo sobre o desenvolvimento humano através do estudo dos aspectos positivos presentes nos indivíduos. Nesse sentido, temáticas como as emoções positivas destacam-se nos atuais estudos científicos da psicologia. Tendo ganhado destaque na última década, a psicologia positiva é o estudo científico dos fatores e processos que conduzem à optimização do funcionamento humano, focando a atenção nas forças, em vez de se debruçar sobre as fraquezas; construindo e solidificando o que de melhor a vida oferece, em vez de tentar reparar o pior; e preocupando-se em promover na pessoa comum a forma mais proveitosa de viver a vida, em vez de se concentrar num processo de cura de pessoas perturbadas. Desta forma, e desviando-se da tendência da psicologia clínica, de se concentrar na patologia, este recanto da psicologia trata os traços positivos que incorporam o nosso repertório humano. Tendo por base o conceito de resiliência, a psicologia positiva pretende explicar como em situações benignas do dia-a-dia as pessoas usufruem o melhor da sua vida e de si mesmas. Este interesse não é, contudo, novo. Sobre o surgimento da Psicologia Positiva há controvérsias. Em 1998, Martin Seligman era presidente da American Psychologist Association (APA), e suas pesquisas estavam voltadas para o bem-estar, a satisfação, a esperança, o otimismo e a felicidade. Em 2000, Seligman e Csikszentmihalyi, publicaram na American Psychologist, um artigo intitulado “Positive Psychology: An Introduction”. Nesse artigo os autores criticam o fazer da Psicologia voltado para a cura e reparação de danos, desde a segunda guerra mundial (1939-1945), e dizem que, com esse olhar, não era possível identificar aspectos positivos nos sujeitos, tampouco em sua comunidade. Esse teria sido o início da discussão e o aparecimento da Psicologia Positiva junto à comunidade acadêmica. A quebra de um paradigma, em lugar do qual o olhar para o positivo e para o bem-estar do homem se estabelece, a Psicologia Positiva se interessa pelas qualidades das pessoas e em como essas promovem seu funcionamento de forma positiva. Além disso, tem seu interesse voltado para o que dá certo com as pessoas. 5 Há quem diga que sua origem se deu a partir das ideias de autores humanistas como Abraham Maslow, Carl Rogers, Erich Fromm e William James. William James é considerado por alguns autores como o primeiro psicólogo positivo, pois, em 1902, já escrevia sobre a determinação da mente em ser saudável. As ideias da Psicologia Humanista tiveram início nos anos 1950, com teorias e práticas envolvendo a felicidade e novos olhares para o comportamento humano, enfatizando aspectos positivos do desenvolvimento, mas tiveram críticas no mundo acadêmico, as quais apontavam a falta de cientificidade de seus achados. A Psicologia Positiva não deve ser confundida com autoajuda, pois é uma área que estuda os fundamentos psicológicos do bem-estar, da felicidade e as virtudes humanas. Essa área não ignora o sofrimento humano, mas busca direcionar seus estudos para as características humanas positivas. Não é um novo saber, mas é um exercício teórico/metodológico que orienta a visão sobre a compreensão da subjetividade humana e que possui três pilares essenciais, ou níveis de atuação, sendo eles: 1) O nível básico ou subjetivo, que diz respeito ao estudo dos elementos da felicidade, bem-estar e outros construtos relacionados; 2) O nível individual, que diz respeito a traços e características individuais positivas; 3) O nível grupal, que se refere a virtudes cívicas e instituições com características e traços de funcionamento positivos, que induzem os indivíduos à felicidade. Com esse novo olhar, compreender e estudar a felicidade humana tem ganhado espaço. Falar sobre a felicidade é algo que nos acompanha desde a Grécia Antiga. Sócrates, Platão e Aristóteles já escreviam e discutiam o tema, entendiam a felicidades como levar uma vida boa, virtuosa e devotada à intelectualidade. Para Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) felicidade era um bem supremo da vida. No Brasil, o interesse pelo tema é crescente e fica difícil precisar a chegada da Psicologia Positiva por aqui. Em 1996, Hutz, Koller e Bandeira publicaram o artigo “Resiliência e Vulnerabilidade em crianças em situação de risco”, considerada a primeira referência próxima a outras produções sobre a área. Outros temas já eram abordados, como bem-estar, qualidade de vida, resiliência,equilíbrio, entre outros, mas sem o contorno dado pelo o que veio a ser chamado de Psicologia Positiva. 6 O início dos estudos no Brasil se deu a partir dos estudos sobre resiliência, considerando os fatores de vulnerabilidade e das situações de riscos existentes no contexto brasileiro. O primeiro livro escrito por autores brasileiros sobre a temática foi “Resiliência e Psicologia Positiva: interfaces do risco à proteção” dos autores Dell´Aglio, Koller e Yunes (2006). Um marco importante para a expansão da Psicologia Positiva no Brasil foi a criação da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), em 2010, e com a realização da 1ª Conferência Brasileira de Psicologia Positiva no Rio de Janeiro, em 2011. Mas vemos que a Psicologia Positiva está em processo de expansão dentro da ciência psicológica no Brasil e no mundo. Muitas das atividades e avanços junto às ações comunitárias se dão a partir da resiliência dos sujeitos frente à realidade de vulnerabilidade em que vivem. É importante ressaltar que vulnerabilidade não está voltada apenas às questões socioeconômicas. Em alguma medida todos somos ou estamos vulneráveis. Mesmo quando falamos de resiliência, não somos resilientes o tempo todo ou em todas as áreas de nossas vidas. O que nos deixa vulneráveis são os riscos e a desproteção, que se apresentam com sentidos bastante singulares para cada pessoa, considerando sua identidade ou local onde vive. Com esse mesmo propósito, a Psicologia da Saúde faz suas pesquisas na mesma linha da Psicologia Positiva, pois visa à prevenção do processo saúde-doença, fazendo uso do modelo biopsicossocial, que se caracteriza por compreender o corpo de forma integral. Suas pesquisas tangem, além do tratamento a enfermidades, melhoria da qualidade de vida dos usuários. A resiliência se destaca no processo de proteção à saúde, pois os indivíduos conseguem lidar melhor com as adversidades quando desenvolvem essa característica, considerando o processo saúde-doença. Com isso, percebe-se que a espiritualidade ganha força nesse processo, pois a partir de suas crenças as pessoas têm conseguido grandes resultados em seus tratamentos. Neste sentido Psicologia da Saúde e Psicologia da espiritualidade têm muitos pontos convergentes. Diversas são as áreas e teorias que convergem em seu pensar e fazer, pois o foco sempre está na qualidade de vida dos sujeitos e em trabalhar o desenvolvimento deste enquanto sujeito no mundo, num processo interno e externo. 7 Compreender o sujeito de forma integral, é fundamental para entender e contribuir com seu desenvolvimento e sua qualidade de vida. Nesse sentido faz-se necessário considerar, também, a dimensão espiritual no desenvolvimento das pessoas. A Psicologia da Saúde não tem mais a ênfase apenas na cura, mas tem focado seus estudos no desenvolvimento sadio. Para tanto suas pesquisas também caminham para compreender o processo saúde-doença. E com o advento da Psicologia Positiva, essa área tem buscado ampliar seu olhar e sua aplicação no modelo biopsicossocial, desenvolvendo pesquisas e fazendo uso de conceitos como bem-estar, resiliência, coping, espiritualidade e apoio social, temas esses que estão diretamente ligados a melhoras dos pacientes. A psicologia positiva trata do estudo das experiências positivas subjetivas, dos traços positivos do ser humano e das instituições que permitem a experiência e a manifestação destes traços positivos. A psicologia positiva tenta levar os psicólogos a adoptarem uma postura mais apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades dos indivíduos, procurando transformar as antigas questões em novas oportunidades de compreender eventos psicológicos como optimismo, altruísmo, esperança, alegria, satisfação, e outros tão importantes para a investigação quanto depressão, ansiedade, angústia e agressividade. Pérez-Ramos e Pérez-Ramos (2004) consideram o início da Psicologia Positiva a partir das décadas de 1960 e 1970 com as contribuições dos principais teóricos da Psicologia Humanista: Abraham Maslow e Carl Rogers, que preconizaram a autossatisfação e os estados mentais de excelência, com foco na valorização das qualidades humana e, em nenhum momento, em seus aspectos negativos, diferente do que ocorria nas produções da ciência psicológica da época. Para esses autores, o mérito da Psicologia Positiva está na organização metodológica, possibilitando modelos mais realísticos para balancear e integrar os polos positivos e negativos da personalidade, das identidades, do eu, bem como a possibilidade de delineamento e inclusão de novos conceitos para estudo, como os conceitos de otimismo, esperança, autoeficácia e felicidade. 8 Considerar, entender e aplicar o potencial e o bem-estar em diversos campos pode auxiliar o indivíduo a construir uma vida mais prazerosa e com mais qualidade. Albuquerque e Tróccoli (2004) apresentam o estudo do Bem-Estar Subjetivo (BES) como a compreensão e a avaliação que fazemos de nossas vidas. O bem-estar subjetivo é uma experiência pessoal, privada, que considera a saúde física e cognitiva, as relações sociais e familiares, a espiritualidade e as influências culturais. O bem-estar subjetivo inclui a satisfação com a vida e a satisfação referenciada com as emoções, onde cada um tem suas referências e valores considerados positivos ou negativos. Os estudos têm utilizado as mais diversas nomeações para descrever as emoções que impactam o bem-estar para chegar na qualidade de vida, tais como felicidade, satisfação, estado de espírito e afeto positivo. Como falar de emoções envolve considerar aspectos socioculturais, as definições desses conceitos, e consequentemente as pesquisas sobre esses termos enquanto medidas, ainda são confusas e deturpadas. A Psicologia Positiva, foca em aspectos relacionados à resiliência e às forças no desenvolvimento humano. O trabalho se centra na sabedoria e no conhecimento, na coragem, no amor, na justiça e na transcendência. Isso tudo numa perspectiva do campo clínico e, deste campo do fazer, salientam a importância na ênfase da prevenção, mantendo a atenção à conotação otimista como forma de prevenir patologia, dentre elas a depressão e a ansiedade, patologias tão crescentes em crianças e adultos, na atualidade. 9 Essa prática avança no que estamos acostumados a ter na área da saúde vigente, pois estimula o desenvolvimento de sentimentos e das forças positivas inerentes à pessoa. Como Rogers já trouxe, as tendências atualizantes das pessoas referem-se à tendência que todos os seres vivos têm de crescimento e de atualização, pois essas são as possibilidades de avançar em seu desenvolvimento pessoal, que, consequentemente melhoram sua saúde. Paralelo a esse conceito, a Psicologia Positiva tem utilizado um novo termo para sua nova visão: o “florescimento (flourishing) das pessoas, comunidades e instituições”. Segundo alguns autores, esse conceito trata-se de condições que permitem o desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais das pessoas e estaria relacionado ao sentir emoções positivas pela vida. Importância da resiliência para a psicologia A psicologia positiva é apresentada como um movimento de investigação de aspectos potencialmente saudáveis dos seres humanos, em oposição à psicologia tradicional e à sua ênfase nos aspectos psicopatológicos. Entre os fenómenos indicativos de vida saudável destaca-se a resiliência, por referir-se a processos que explicam a superação de adversidades, cujo discurso hegemónico foca o indivíduo. Resiliência é frequentemente referida por processos que explicam a "superação" de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações (Yunes & Szymanski, 2001, Yunes, 2001, Tavares, 2001). Por tratar-se de um conceito relativamente novo nocampo da Psicologia, a resiliência vem sendo bastante discutida do ponto de vista teórico e metodológico pela comunidade científica. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenómeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e outros enfatizam a necessidade de cautela no uso "naturalizado" do termo. 10 A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e Engenharia, sendo um dos seus precursores o cientista inglês Thomas Young, que, em 1807, considerando tensão e compressão, introduz pela primeira vez a noção de módulo de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que esta força produzia. Esse cientista foi também o pioneiro na análise de stress trazido pelo impacto, tendo elaborado um método para o cálculo dessas forças (Timosheibo, 1983). Silva Jr. (1972) denomina como resiliência de um material, correspondente a determinada solicitação, a energia de deformação máxima que ele é capaz de armazenar sem sofrer deformações permanentes. Dita de uma outra maneira, a resiliência refere- se à capacidade de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente. Nos materiais, portanto, o módulo de resiliência pode ser obtido em laboratório através de medições sucessivas ou da utilização de uma fórmula matemática que relaciona tensão e deformação e fornece com precisão a resiliência dos materiais. É importante ressaltar que diferentes materiais apresentam diferentes módulos de resiliência. Em Psicologia, o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente. Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos, mas apenas nos últimos cinco anos os encontros internacionais têm trazido este constructo para discussão. A sua definição não é clara, tampouco precisa quanto na Física ou na Engenharia, e nem poderia sê-lo, haja vista a complexidade e multiplicidade de fatores e variáveis que devem ser tidos em conta no estudo dos fenómenos humanos. 11 Os precursores do termo resiliência na Psicologia são os termos invencibilidade ou invulnerabilidade, ainda bastante referidos na literatura. Segundo Rutter (1985, 1993), um dos pioneiros no estudo da resiliência no campo da Psicologia, invulnerabilidade passa uma ideia de resistência absoluta ao stress, de uma característica imutável, como se fossemos intocáveis e sem limites para suportar o sofrimento. Considera que invulnerabilidade passa somente a ideia de uma característica intrínseca do indivíduo, e as pesquisas mais recentes têm indicado que a resiliência ou resistência ao stress é relativa, que as suas bases são tanto constitucionais como ambientais, e que o grau de resistência não tem uma quantidade fixa, mas sim, varia de acordo com as circunstâncias. Resiliência e invulnerabilidade não são termos equivalentes, afirmam Zimmerman e Arunkumar (1994). Segundo estes autores, resiliência refere-se a uma "habilidade de superar adversidades, o que não significa que o indivíduo saia da crise ileso, como implica o termo invulnerabilidade". Apesar destas considerações, é esta versão inicial de resiliência como invulnerabilidade ou resistência às adversidades que ainda vem orientando a produção científica de muitos pesquisadores da área. Tal perspectiva tem dado lugar à construção de um conceito que define a resiliência como um conjunto de traços e condições que podem ser replicados. O item a seguir apresenta um sumário dos processos-chave da resiliência segundo Walsh (1998). 12 PROCESSOS-CHAVE DA RESILIÊNCIA SISTEMA DE CRENÇAS (o coração e a alma da resiliência) 1. Atribuir sentido à adversidade: - Valorização das relações interpessoais - Sentido de coerência das crises: como desafios administráveis - Percepção da situação de crise: crenças facilitadoras ou constrangedoras 2. Olhar positivo - Iniciativa (acção) e perseverança - Coragem e encorajamento (foco no potencial) - Esperança e optimismo: confiança na superação das adversidades - Confrontar o que é possível: aceitar o que não pode ser mudado 3. Transcendência e espiritualidade - Valores, propostas e objectivos de vida - Espiritualidade: fé, comunhão e rituais - Inspiração: criatividade e visualização de novas possibilidades - Transformação: aprender e crescer através das adversidades PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO 4. Flexibilidade - Capacidade para mudanças: reformulação, reorganização e adaptação - Estabilidade: sentido de continuidade e rotinas 5. Coesão - Apoio mútuo, colaboração e compromisso - Respeito das diferenças, necessidades e limites individuais - Forte liderança: prover, proteger e guiar crianças e membros vulneráveis - Busca de reconciliação e reunião em casos de relacionamentos problemáticos 6. Recursos sociais e económicos - Mobilização da família extensa e da rede de apoio social - Construção de uma rede de trabalho comunitário - Construção de segurança financeira 13 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO 7. Clareza - Mensagens claras e consistentes (palavras e ações) - Esclarecimentos de informações ambíguas 8. Expressões emocionais “abertas” - Sentimentos variados são compartilhados (felicidade e dor; esperança e medo) - Empatia nas relações: tolerar as diferenças - Responsabilidade pelos próprios sentimentos e comportamentos, sem busca do “culpado” - Interações prazerosas e bem-humoradas 9. Colaboração na solução de problemas - Identificação de problemas, opções - “Explosão de ideias” com criatividade - Tomada de decisões compartilhada: negociação, reciprocidade e justiça - Foco nos objetivos: dar passos concretos; aprender através dos erros - Postura proativa: prevenção de problemas, resolução de crises, preparação para futuros desafios. Falar de felicidade é tocar no coração do homem, pois todos nós desejamos ser felizes. Durante muito tempo os psicólogos não se dedicaram a este tema. Todavia, mais recentemente, tal tópico começou também a ser alvo de investigação a partir da perspectiva psicológica e é certamente o mais estudado juntamente com o bem-estar psicológico subjetivo e a satisfação com a vida. Ser ou não ser feliz é algo fundamental na vida das pessoas, nas famílias, no emprego, na educação, na política, no desporto e noutras manifestações socioculturais. A alegria é vida; a tristeza é morte. Pode dizer-se que a busca da felicidade constitui o último objetivo da existência humana. Sempre foi assim e mais atualmente onde há muitos fatores promotores de bem-estar (como maior desenvolvimento económico, mais lazeres, melhor medicina) mas também novos perigos ameaçadores da alegria (novas doenças como a sida ou o cancro, maior fosso entre ricos e pobres, maior poluição atmosférica, mais competitividade). Neste confronto urge promover a felicidade ou o bem-estar. Por isso, recentemente os psicólogos atentos à personalidade e ao comportamento humano, investigam esse constructo. 14 O bem-estar subjetivo na Psicologia Positiva O bem-estar subjetivo consiste na reação avaliativa das pessoas à sua própria vida, quer em termos de satisfação com a mesma (avaliação cognitiva), quer em termos de afetividade (reações emocionais estáveis). A abrangência do conceito coloca-o numa posição de intersecção de vários domínios da Psicologia, designadamente, a Psicologia Social, a Psicologia da Saúde e a Psicologia Clínica. A história do conceito, analisada por diferentes investigadores, aponta heranças históricas distintas, relacionadas com a convergência de origens teóricas diversas. Nesse sentido, identifica-se uma primeira herança nos movimentos sociais inspirados no Iluminismo e no Utilitarismo, que impulsionaram a investigação na área da Qualidade de Vida. Uma segunda herança,re laciona-se com os desenvolvimentos nocampo da Saúde, designadamente, a Segunda Revolução da Saúde, na década de 70, cujos princípios centrais consistiram em defender o retorno a uma perspectiva ecológica na saúde e mudar o enfoque das questões da doença para as questões da saúde. Recentemente, a Psicologia Clínica vem abraçar o conceito de Bem- -Estar Subjetivo, no contexto da chamada Psicologia Positiva. Qualquer das heranças sócio histórica contribuiu para o desenvolvimento da investigação na área de Bem--Estar Subjetivo, nas suas várias facetas e aplicações. Paralelamente, o conceito de Bem- Estar Subjetivo evoluiu através de limites difusos, atravessando dois momentos críticos na sua definição: a distinção Bem-Estar Material versus Bem-Estar Global; e a distinção Bem-Estar Psicológico versus Bem-Estar Subjetivo. Definimos o Bem-Estar Subjetivo, como é entendido atualmente, a partir dos principais investigadores da área e observamos um consenso na aceitação de uma dimensão cognitiva e de uma dimensão afetiva do conceito. Estas dimensões constituem, elas mesmas, conceitos abrangentes, domínios de estudo – o conceito de qualidade de vida e o conceito de afeto. O Bem-Estar Subjetivo é uma dimensão positiva da Saúde. É considerado, simultaneamente, um conceito complexo, que integra uma dimensão cognitiva e uma dimensão afetiva, e um campo de estudo que abrange outros grandes conceitos e domínios de estudo como são a qualidade de vida, o afeto positivo e o afeto negativo. 15 É um conceito recente, que tem suscitado, nas últimas décadas, o interesse generalizado de muitas vertentes da Psicologia e que tem vindo a reforçar a sua identidade, à medida que os estudos vão confirmando a sua estrutura e sistema de conceitos associados. A história do conceito de Bem-Estar Subjetivo é recente. Wilson (1967) propôs- se estudar duas hipóteses do bem-estar, onde relacionou os conceitos de Satisfação e de Felicidade numa perspectiva Base-Topo (Bottom Up) – a Satisfação imediata de necessidades produz felicidade, enquanto a persistência de necessidades por satisfazer causa infelicidade – e Topo-Base (Top Down) – o grau de Satisfação necessário para produzir felicidade depende da adaptação ou nível de aspiração, que é influenciado pelas experiências do passado, pelas comparações com outros, pelos valores pessoais e por outros fatores – como ainda, atualmente, se discute na área do Bem-Estar Subjetivo. A Psicologia Clínica ainda trabalha, essencialmente, no sentido de trazer os indivíduos de um estado doente, negativo, para um estado neutral normal; de um estado “menos cinco” da Saúde Mental para um nível zero. Refere que não é suficiente anular as condições incapacitantes dos indivíduos e chegar ao nível zero. A Saúde Mental deveria ser mais do que a ausência de perturbação mental deveria ser algo próximo de um estado vibrante de tonicidade muscular da mente e do espírito humano. Embora com uma história recente o conceito de Bem-Estar Subjetivo e as suas dimensões têm atraído a atenção da comunidade científica. 16 Bem-estar O conceito de Bem-Estar apresenta-se como uma filosofia de “bem- estar”, que tem como base o desejo de uma vida mais sã e serena, permitindo ultrapassar as “batalhas diárias”, fontes de preocupação de tudo o que nos rodeia, relembrando que a “chave da solução” para os problemas pode estar dentro de Nós. Atualmente, o Bem-Estar está associado a vários conceitos, dependendo a sua definição da área geográfica e social, em que os centros que prestam tais serviços estão inseridos. O Bem-Estar é um conceito de prática que engloba todos os aspectos do indivíduo, assim, envolve a manutenção de uma boa nutrição, exercício, boas relações pessoais, familiares e sociais, e o controle do stress. Este pode ser considerado um tipo de medicina preventiva associada ao estilo de vida de cada um, podendo assim contemplar programas ou benefícios que são introduzidos para encorajar a aptidão física, a prevenção e a detecção precoce de doenças para ajudar a reduzir a utilização e os custos de futuros cuidados de saúde. Este processo de cuidados de saúde implica uma tomada de consciência e alteração de atitudes em direção a estilos de vida saudáveis, de modo a que os indivíduos possam fazer escolhas informadas para atingir uma saúde física e mental óptima através de serviços focados na promoção ou manutenção da Saúde em vez da correção da doença. Os programas de Bem Estar muitas vezes incluem rastreios da tensão arterial e outros, bem como educação para a Saúde. O Bem-Estar apresenta-se assim como um estado dinâmico de saúde no qual o indivíduo progride em direção a um nível elevado de funcionalidade, atingindo um equilíbrio óptimo entre o meio interno e externo. 17 Felicidade e a Psicologia Positiva O campo de pesquisa sobre o tema da felicidade, bem estar-subjetivo, satisfação com a vida e qualidade de vida tem investigado como as pessoas avaliam as suas vidas e inclui o estudo de variáveis como vida satisfatória, satisfação no casamento, ausência de depressão e ansiedade, emoções e estados de humor positivos e está interessado em sentimentos de bem-estar relativamente duradouros, e não em emoções passageiras. O termo ‘felicidade’ tem sido utilizado abrangendo significados distintos, entre os quais se inclui a alegria momentânea, a satisfação com a vida e o prazer em longo prazo, além de ser utilizado pelo senso comum representando o bem-estar subjetivo. Embora a felicidade, o bem- estar subjetivo, a satisfação com a vida e o prazer a longo prazo sejam estados subjetivos inter-relacionados, podem ser discriminados, grosso modo, da seguinte forma, felicidade: como o estado subjetivo em que há a preponderância dos afetos positivos sobre os afetos negativos; bem-estar subjetivo: como o sentimento de conforto e harmonia; satisfação: como o sentimento experimentado quando da conquista de um objetivo, através do uso e da ampliação de conhecimentos; e qualidade de vida, de acordo com a Organização Mundial de Saúde: como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto de cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Na literatura têm-se utilizado alguns termos com o objetivo de fazer referência ao domínio de estudo: felicidade, moral, satisfação com a vida. Pode-se falar então de uma multidimensionalidade do bem-estar subjetivo: dimensão afetiva e dimensão cognitiva. A dimensão afetiva representa dois fatores independentes: a afetividade positiva e a afetividade negativa. A afetividade positiva traduz-se na tendência a experimentar sentimentos e emoções agradáveis (como sejam a alegria, o entusiasmo, o orgulho, a felicidade). Reflete o quanto uma pessoa se está a sentir entusiasmada, ativa e alerta. Altos níveis de afeto positivo representam um estado de alta energia, total concentração e satisfação, enquanto baixos níveis de afeto positivo são caracterizados por tristeza e letargia. 18 A afetividade negativa exprime-se pela disposição para experimentar sentimentos e emoções desagradáveis (do tipo da culpabilidade ou vergonha, da tristeza, ansiedade, depressão). O afeto negativo é uma dimensão geral da angústia e insatisfação que incluem uma variedade de estados de humor aversivos, como raiva, culpa, desgosto e medo. O bem-estar subjetivo na dimensão cognitiva parece ser representado por um único fator – a satisfação com a vida – que alguns estudos mostraram ser distintos da afetividade positiva e negativa. Desde os filósofos gregos, ao longo de dois milénios, pouco se progrediu na compreensão teórica da felicidade. E se é difícil compreender em que consiste a felicidade, mais difícil é ser feliz. Não obstante, este é o objetivo mais profundo e último do ser humano. É, por isso, também um problemade educação das novas gerações. Mas, durante muito tempo, os psicólogos menosprezaram este constructo, talvez por ser menos apreensível empiricamente ou porque estavam mais centrados na terapia do que na profilaxia, no remediar do que no prevenir. A felicidade trata-se de uma emoção positiva fundamental, muito versada na literatura, na filosofia e recentemente na psicologia. É um construto muito individualizado ou diferenciado, podendo dizer-se que cada pessoa é feliz ou infeliz à sua maneira, baseada nas mais diversas razões. Assim, para uma pessoa religiosa, a felicidade consiste em viver conforme a sua fé, enquanto para um hedonista a busca do prazer é o primeiro constituinte da felicidade, para um capitalista é o dinheiro ou para um político o poder ou o prestígio. Para uma pessoa homossexual, a “alegria” consiste em encontrar um par à altura. Para uns, a felicidade depende da eficácia, para outros da integridade ou dos valores; para uns é algo de muito pessoal e íntimo, para outros baseia-se na saúde, nos rendimentos, nos acontecimentos; para uns é algo de duradouro, para outros de efémero. Mas parece que a felicidade deve ser considerada mais como um traço estável do que um estado emocional transitório. Segundo Rojas (1988) a tentativa de produzir uma teoria sobre a felicidade é como pretender buscar o sentido da vida, que deve ser comum a todos os homens. E daí a felicidade ser “vocação de todos”, pois “todo o homem é chamado a ser feliz”, embora poucos a atinjam, parecendo que a felicidade não é deste mundo, que se 19 trata de um “impossível necessário”. Este autor insiste na tendência universal do homem à felicidade e procura compreender a sua essência, detendo-se sobre a natureza e o objeto da felicidade, aproximando-a do amor, do trabalho e da cultura, três colunas onde se apoia a sua teoria da felicidade. Rojas considera que o objeto da felicidade “é a plena realização de si mesmo”. O homem feliz é aquele que cumpre paulatinamente o princípio de Píndaro: “sê aquilo que és, isto é, sê tu mesmo, desenvolve tudo o que há dentro de ti, realizando a tua personalidade e o teu projeto”. Hegel dizia “feliz é aquele que goza de si mesmo na própria existência”. A cultura leva ao conhecimento, este à verdade e a verdade à liberdade. O mal é que a cultura atual é difusa e, de qualquer modo, está doente, afetando outros termos. São abordados outros temas que ajudam a compreender melhor, pela positiva ou pela negativa, a natureza da felicidade, como o amor, a esperança, a alegria, a prudência, a liberdade, e também o sofrimento, a inveja, o ressentimento, o desespero. Enfim, o homem constitui um problema e enigma de difícil solução; em todo o caso, para ser verdadeiramente feliz, deve descer-se à profundidade de si mesmo e não se limitar à superfície (ROJAS, 1988). A felicidade é um conceito intercultural e as variáveis que contribuem para a felicidade ou os diversos mediadores em causa, como por exemplo, a situação familiar ou financeira, podem ter pesos diferentes conforme as diversas culturas. A própria terminologia usada (alegria, contentamento, satisfação, bem-estar) indica as dificuldades em definir e controlar a felicidade, termo que expressa uma grande carga emotiva, mas que tem também uma dimensão cognitiva, pois cada uma representa a felicidade e seu modo. O termo “satisfação na/com a vida” realça a componente cognitiva. A expressão “bem-estar (subjetivo)” pode ser mais abrangente, incluindo a satisfação e pressupondo a felicidade. Geralmente os autores consideram equivalentes ou sinónimos o bem-estar e a felicidade, enquanto vêem a satisfação como um fator, sobretudo cognitivo do bem-estar. 20 Ter uma atitude positiva para consigo mesmo emerge como uma característica central do funcionamento psicológico positivo. Realizações positivas com os outros corresponde à capacidade de relações interpessoais calorosas, de empatia e de intimidade, as capacidades de amar e de fazer amizades são consideradas também como componentes principais de saúde mental, de bem-estar e de maturidade. Autonomia equivale ao sentido de autodeterminação, de liberdade e de independência, de autocontrolo do comportamento, não se deixando levar pelo convencional ou pela pressão social. Controlo do ambiente corresponde à capacidade de adaptação, mas também de domínio e até mudança nos condicionamentos ambientais. Projeto de vida equivale à capacidade de ter um sentido ou um projeto para a vida, de ter uma direção e intencionalidade. Por fim, o crescimento pessoal corresponde ao fato de o funcionamento ideal da personalidade requerer não apenas a posse das características anteriores, mas a sua continuação e expansão, numa constante atualização e desenvolvimento. Higgins (1987) refere que a felicidade reflete a congruência entre os diversos “eus”, em particular a congruência entre a representação mental do eu num dado evento e a sua representação ideal. A felicidade depende da consciência de que o eu em presença possui os atributos que a pessoa deseja idealmente possuir. A felicidade reflete a presença de resultados positivos ou a consecução dos próprios valores e desejos. Mais em concreto, quando o autoconhecimento é congruente com a representação do eu ideal, gera-se uma sensação de satisfação e nasce a felicidade. 21 A psicologia positiva no trabalho A Psicologia Positiva, movimento criado em 2000 tenta compreender os aspectos positivos do ser humano e o que o leva a sentir-se bem e fornece significado à sua vida. Como é natural, este conceito chegou às empresas e organizações e ofereceu achados importantes. A abordagem positiva poderá, pois, ser usada como alavanca para estimular uma forma construtiva de (re)pensar a gestão. Incentivar virtudes, respeitar a dignidade humana, prezar a excelência, velar pela busca de felicidade, promover a cooperação e a confiança - eis aspectos que poderão gerar consequências desejáveis nos indivíduos e nas organizações. Os efeitos da positividade organizacional podem mesmo transcorrer para o exterior - gerando impacto positivo na satisfação dos clientes e na comunidade circundante. Pesquisas demonstram claramente a relação entre a percepção existente no ambiente de trabalho e os resultados obtidos pela organização (Harter, Keyes e cols, 2003). A presença de emoções e sentimentos positivos na unidade de negócio está associada com maior satisfação do cliente, maior lucro e menor rotatividade de profissionais. Não há dúvida quanto ao fato de que a busca pela excelência depende dos indivíduos da organização num aspecto sistémico. Indivíduos possuem deferentes virtudes e forças; e por consequência diferenças em percepções. A excelência é multifacetada e por essa razão devemos compreendê-la a três níveis: - Indivíduos (comprometimento, adaptabilidade, bem estar); - Grupos (contribuição entre os membros, promoção de capacidade, padrão de interação); - Organização (qualidade e quantidade de resultados, capacidade do processo de aprendizado da organização, crescimento individual das pessoas ao longo do tempo). Os níveis acima interagem e afetam-se mutuamente. Assim, de uma forma geral, excelência é compreender o que desperta “as pessoas à ação”, o que as motiva coletivamente, direcioná-las e alinhá-las à visão de excelência da organização, e 22 refletindo como liderança, como podemos despertá-las individual e sistemicamente. Para isso, a empresa deve promover uma “revolução positiva”, isto é, deixar de atender à metáfora de que a organização é composta de problemas a serem solucionados para ser um centro abrangente de forças e virtudes com grande potencial visionário criador de um futuro altamente promissor. A organização é um ecossistema: muitas vezes nos deparamos com situações onde este habitat é corrosivo e poluído, deprime talentose impossibilita o florescimento individual e coletivo. Nas organizações em que vigora a gestão positiva há equilíbrio entre as necessidades económicas e as práticas de um coletivo social saudável: encorajamento aos mais fracos, recompensa da lealdade, estímulo da competição justa, gestão apropriada do stress. A gestão positiva origina, pois, organizações com dinâmicas sociais saudáveis. Nelas é aplicado um princípio básico do comportamento organizacional positivo: as forças e as capacidades psicológicas positivas podem ser geridas em prol do desempenho organizacional e da realização pessoal dos colaboradores. É no quotidiano organizacional que o futuro se constrói, desenvolvendo a tenacidade, a honestidade, o espírito de rigor, a firmeza, a perseverança, a generosidade, a criatividade, a gratidão, o optimismo - e a sabedoria realista! Gerir pessoas não é apenas reparar o que está errado nelas - mas, sobretudo identificar e desenvolver as suas forças. Trabalhar em organizações deflagradoras de experiências negativas não gera apenas custos laborais. Também degrada a vida pessoal e a familiar. Uma pessoa que vive situações laborais intensas de medo ou stress pode não ser capaz de afastar da sua vida privada a esses sentimentos. Essas situações podem decorrer da inadaptação à função, da decepção com a carreira, de uma liderança tóxica ou, globalmente, de um clima organizacional cínico e "doentio". Os efeitos podem ser a fadiga, a preocupação, a irritabilidade e diversas doenças cardiovasculares ou endocrinológicas. Distintamente, uma vida de trabalho saudável promove uma vida integralmente sã. 23 Em síntese, a Psicologia Positiva surge como uma nova vertente da Psicologia que a pouco e pouco, vai conquistando o seu próprio campo de investigação, de análise. Vai-se também começando a expandir às diversas áreas da sociedade, tais como as instituições organizacionais. Esta temática abrange uma complexa “filosofia” de vida que foca a vertente positiva dos acontecimentos, dos traços, da qualidade de vida. Das principais contribuições da Psicologia Positiva, a construção de instrumentos de avaliação, modelos de intervenção e aplicação no curso desenvolvimental, são seus pontos altos. Essa teoria cria métodos preventivos e aprimora técnicas de avaliação psicológica para identificação das virtudes e dos aspectos positivos nos estudos das Ciências Sociais e Humanas. Os instrumentos elaborados para avaliação das patologias são vastos ao longo da história da psicologia. Muitos são os testes, escalas, inventários, etc. para diagnosticar e classificar. Muitos também são os temas e as áreas que precisam de processos psicométricos e metodológicos para se sustentarem enquanto ciência. Em relação aos instrumentos mais utilizados, Pires, Nunes e Nunes (2015) identificaram uma variedade de 67 instrumentos, destacando-se, pela maior frequência, a escala de Autoestima de Rosenberg, o WHOQOL-bref, a escala de Bem-Estar Subjetivo (EBES), a escala de Satisfação Conjugal, a escala de Bem-Estar Espiritual, a escala de Satisfação de Vida para Crianças (Giacomoni & Hutz) e a escala de satisfação no trabalho. Os avanços e achados nesse novo campo são crescentes e com isso surgem novos conteúdos e métodos próprios, pois novas 24 hipóteses, construtos e paradigmas vão acompanhando essas novidades, assim como instrumentos de avaliação e procedimentos de intervenção em benefício da saúde psicológica, da valorização humana e do crescimento pessoal. Por ser crescente a aplicação da e as pesquisas em Psicologia Positiva, os cuidados científicos devem caminhar em consonância com esse crescimento. Devemos estar atentos às áreas, também crescentes, que fazem uso das mesmas visões e concepções da Psicologia Positiva, inclusive utilizando-as como respaldo teórico, porém, além de acompanhar seu uso, também se faz importante e fundamental acompanhar quem irá manejar as ferramentas e práticas à luz desse conhecimento. 25 REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; AMBONI, Nério. Teoria Geral da Administração: Das origens às perspectivas contemporâneas. São Paulo. 2007. BARROS, J. 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