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1 
 
 
PSICOLOGIA POSITIVA 
1 
 
 
Sumário 
 
Psicologia Positiva ........................................................................................... 3 
Breve histórico da Psicologia Positiva .......................................................... 4 
Importância da resiliência para a psicologia ................................................ 9 
O bem-estar subjetivo na Psicologia Positiva ............................................ 14 
Bem-estar ............................................................................................... 16 
Felicidade e a Psicologia Positiva .............................................................. 17 
A psicologia positiva no trabalho ................................................................ 21 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Psicologia Positiva 
 
 
 
A psicologia positiva é descrita como um movimento que nos últimos anos tem 
ganhado espaço dentro das ciências sociais e do comportamento, considerando, 
entre outros, aspectos como a felicidade e outras emoções positivas, os seus 
benefícios e as formas de desenvolvê-los. 
Atualmente os autores têm considerado a Psicologia Positiva como um 
movimento recente dentro da ciência psicológica. A história da Psicologia está ligada 
a uma necessidade em diagnosticar, enquadrar os sujeitos em determinadas 
patologias, olhando para a doença e não para a saúde. 
A Psicologia Positiva visa fazer com que os psicólogos percebam e adotem 
uma visão mais aberta e apreciativa dos potenciais, das motivações e das 
capacidades humanas, enfatizando a potencialidade inerente aos sujeitos e não só 
as suas patologias e dificuldades. Então as outras Psicologias são negativas? Não! A 
Psicologia Positiva apresenta o positivo da existência humana, focando no lado bom 
das experiências e quebrando um paradigma em relação ao olhar da Psicologia que 
tem como objetivo diagnosticar, medir e tratar, ao se voltar para as potencialidades, 
buscando a felicidade para cada sujeito. 
 
 
4 
 
 
Breve histórico da Psicologia Positiva 
 
O movimento da Psicologia Positiva emerge como tentativa de romper o viés 
negativo sobre o desenvolvimento humano através do estudo dos aspectos positivos 
presentes nos indivíduos. Nesse sentido, temáticas como as emoções positivas 
destacam-se nos atuais estudos científicos da psicologia. Tendo ganhado destaque 
na última década, a psicologia positiva é o estudo científico dos fatores e processos 
que conduzem à optimização do funcionamento humano, focando a atenção nas 
forças, em vez de se debruçar sobre as fraquezas; construindo e solidificando o que 
de melhor a vida oferece, em vez de tentar reparar o pior; e preocupando-se em 
promover na pessoa comum a forma mais proveitosa de viver a vida, em vez de se 
concentrar num processo de cura de pessoas perturbadas. 
Desta forma, e desviando-se da tendência da psicologia clínica, de se 
concentrar na patologia, este recanto da psicologia trata os traços positivos que 
incorporam o nosso repertório humano. Tendo por base o conceito de resiliência, a 
psicologia positiva pretende explicar como em situações benignas do dia-a-dia as 
pessoas usufruem o melhor da sua vida e de si mesmas. Este interesse não é, 
contudo, novo. 
Sobre o surgimento da Psicologia Positiva há controvérsias. Em 1998, Martin 
Seligman era presidente da American Psychologist Association (APA), e suas 
pesquisas estavam voltadas para o bem-estar, a satisfação, a esperança, o otimismo 
e a felicidade. Em 2000, Seligman e Csikszentmihalyi, publicaram na American 
Psychologist, um artigo intitulado “Positive Psychology: An Introduction”. Nesse artigo 
os autores criticam o fazer da Psicologia voltado para a cura e reparação de danos, 
desde a segunda guerra mundial (1939-1945), e dizem que, com esse olhar, não era 
possível identificar aspectos positivos nos sujeitos, tampouco em sua comunidade. 
Esse teria sido o início da discussão e o aparecimento da Psicologia Positiva 
junto à comunidade acadêmica. A quebra de um paradigma, em lugar do qual o olhar 
para o positivo e para o bem-estar do homem se estabelece, a Psicologia Positiva se 
interessa pelas qualidades das pessoas e em como essas promovem seu 
funcionamento de forma positiva. Além disso, tem seu interesse voltado para o que 
dá certo com as pessoas. 
5 
 
 
Há quem diga que sua origem se deu a partir das ideias de autores humanistas 
como Abraham Maslow, Carl Rogers, Erich Fromm e William James. William James 
é considerado por alguns autores como o primeiro psicólogo positivo, pois, em 1902, 
já escrevia sobre a determinação da mente em ser saudável. As ideias da Psicologia 
Humanista tiveram início nos anos 1950, com teorias e práticas envolvendo a 
felicidade e novos olhares para o comportamento humano, enfatizando aspectos 
positivos do desenvolvimento, mas tiveram críticas no mundo acadêmico, as quais 
apontavam a falta de cientificidade de seus achados. 
A Psicologia Positiva não deve ser confundida com autoajuda, pois é uma área 
que estuda os fundamentos psicológicos do bem-estar, da felicidade e as virtudes 
humanas. Essa área não ignora o sofrimento humano, mas busca direcionar seus 
estudos para as características humanas positivas. Não é um novo saber, mas é um 
exercício teórico/metodológico que orienta a visão sobre a compreensão da 
subjetividade humana e que possui três pilares essenciais, ou níveis de atuação, 
sendo eles: 
1) O nível básico ou subjetivo, que diz respeito ao estudo dos elementos da 
felicidade, bem-estar e outros construtos relacionados; 
2) O nível individual, que diz respeito a traços e características individuais positivas; 
3) O nível grupal, que se refere a virtudes cívicas e instituições com características 
e traços de funcionamento positivos, que induzem os indivíduos à felicidade. 
Com esse novo olhar, compreender e estudar a felicidade humana tem 
ganhado espaço. Falar sobre a felicidade é algo que nos acompanha desde a Grécia 
Antiga. Sócrates, Platão e Aristóteles já escreviam e discutiam o tema, entendiam a 
felicidades como levar uma vida boa, virtuosa e devotada à intelectualidade. Para 
Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) felicidade era um bem supremo da vida. 
No Brasil, o interesse pelo tema é crescente e fica difícil precisar a chegada da 
Psicologia Positiva por aqui. Em 1996, Hutz, Koller e Bandeira publicaram o artigo 
“Resiliência e Vulnerabilidade em crianças em situação de risco”, considerada a 
primeira referência próxima a outras produções sobre a área. Outros temas já eram 
abordados, como bem-estar, qualidade de vida, resiliência,equilíbrio, entre outros, 
mas sem o contorno dado pelo o que veio a ser chamado de Psicologia Positiva. 
6 
 
 
O início dos estudos no Brasil se deu a partir dos estudos sobre resiliência, 
considerando os fatores de vulnerabilidade e das situações de riscos existentes no 
contexto brasileiro. O primeiro livro escrito por autores brasileiros sobre a temática foi 
“Resiliência e Psicologia Positiva: interfaces do risco à proteção” dos autores 
Dell´Aglio, Koller e Yunes (2006). Um marco importante para a expansão da 
Psicologia Positiva no Brasil foi a criação da Associação de Psicologia Positiva da 
América Latina (APPAL), em 2010, e com a realização da 1ª Conferência Brasileira 
de Psicologia Positiva no Rio de Janeiro, em 2011. Mas vemos que a Psicologia 
Positiva está em processo de expansão dentro da ciência psicológica no Brasil e no 
mundo. 
Muitas das atividades e avanços junto às ações comunitárias se dão a partir 
da resiliência dos sujeitos frente à realidade de vulnerabilidade em que vivem. É 
importante ressaltar que vulnerabilidade não está voltada apenas às questões 
socioeconômicas. Em alguma medida todos somos ou estamos vulneráveis. 
Mesmo quando falamos de resiliência, não somos resilientes o tempo todo ou 
em todas as áreas de nossas vidas. O que nos deixa vulneráveis são os riscos e a 
desproteção, que se apresentam com sentidos bastante singulares para cada pessoa, 
considerando sua identidade ou local onde vive. Com esse mesmo propósito, a 
Psicologia da Saúde faz suas pesquisas na mesma linha da Psicologia Positiva, pois 
visa à prevenção do processo saúde-doença, fazendo uso do modelo biopsicossocial, 
que se caracteriza por compreender o corpo de forma integral. Suas pesquisas 
tangem, além do tratamento a enfermidades, melhoria da qualidade de vida dos 
usuários. 
A resiliência se destaca no processo de proteção à saúde, pois os indivíduos 
conseguem lidar melhor com as adversidades quando desenvolvem essa 
característica, considerando o processo saúde-doença. Com isso, percebe-se que a 
espiritualidade ganha força nesse processo, pois a partir de suas crenças as pessoas 
têm conseguido grandes resultados em seus tratamentos. 
Neste sentido Psicologia da Saúde e Psicologia da espiritualidade têm muitos 
pontos convergentes. Diversas são as áreas e teorias que convergem em seu pensar 
e fazer, pois o foco sempre está na qualidade de vida dos sujeitos e em trabalhar o 
desenvolvimento deste enquanto sujeito no mundo, num processo interno e externo. 
7 
 
 
Compreender o sujeito de forma integral, é fundamental para entender e contribuir 
com seu desenvolvimento e sua qualidade de vida. Nesse sentido faz-se necessário 
considerar, também, a dimensão espiritual no desenvolvimento das pessoas. 
A Psicologia da Saúde não tem mais a ênfase apenas na cura, mas tem focado 
seus estudos no desenvolvimento sadio. Para tanto suas pesquisas também 
caminham para compreender o processo saúde-doença. E com o advento da 
Psicologia Positiva, essa área tem buscado ampliar seu olhar e sua aplicação no 
modelo biopsicossocial, desenvolvendo pesquisas e fazendo uso de conceitos como 
bem-estar, resiliência, coping, espiritualidade e apoio social, temas esses que estão 
diretamente ligados a melhoras dos pacientes. 
A psicologia positiva trata do estudo das experiências positivas subjetivas, dos 
traços positivos do ser humano e das instituições que permitem a experiência e a 
manifestação destes traços positivos. A psicologia positiva tenta levar os psicólogos 
a adoptarem uma postura mais apreciativa dos potenciais, das motivações e das 
capacidades dos indivíduos, procurando transformar as antigas questões em novas 
oportunidades de compreender eventos psicológicos como optimismo, altruísmo, 
esperança, alegria, satisfação, e outros tão importantes para a investigação quanto 
depressão, ansiedade, angústia e agressividade. 
Pérez-Ramos e Pérez-Ramos (2004) consideram o início da Psicologia 
Positiva a partir das décadas de 1960 e 1970 com as contribuições dos principais 
teóricos da Psicologia Humanista: Abraham Maslow e Carl Rogers, que preconizaram 
a autossatisfação e os estados mentais de excelência, com foco na valorização das 
qualidades humana e, em nenhum momento, em seus aspectos negativos, diferente 
do que ocorria nas produções da ciência psicológica da época. Para esses autores, 
o mérito da Psicologia Positiva está na organização metodológica, possibilitando 
modelos mais realísticos para balancear e integrar os polos positivos e negativos da 
personalidade, das identidades, do eu, bem como a possibilidade de delineamento e 
inclusão de novos conceitos para estudo, como os conceitos de otimismo, esperança, 
autoeficácia e felicidade. 
8 
 
 
 
Considerar, entender e aplicar o potencial e o bem-estar em diversos campos 
pode auxiliar o indivíduo a construir uma vida mais prazerosa e com mais qualidade. 
Albuquerque e Tróccoli (2004) apresentam o estudo do Bem-Estar Subjetivo (BES) 
como a compreensão e a avaliação que fazemos de nossas vidas. O bem-estar 
subjetivo é uma experiência pessoal, privada, que considera a saúde física e 
cognitiva, as relações sociais e familiares, a espiritualidade e as influências culturais. 
O bem-estar subjetivo inclui a satisfação com a vida e a satisfação referenciada com 
as emoções, onde cada um tem suas referências e valores considerados positivos ou 
negativos. Os estudos têm utilizado as mais diversas nomeações para descrever as 
emoções que impactam o bem-estar para chegar na qualidade de vida, tais como 
felicidade, satisfação, estado de espírito e afeto positivo. Como falar de emoções 
envolve considerar aspectos socioculturais, as definições desses conceitos, e 
consequentemente as pesquisas sobre esses termos enquanto medidas, ainda são 
confusas e deturpadas. 
A Psicologia Positiva, foca em aspectos relacionados à resiliência e às forças 
no desenvolvimento humano. O trabalho se centra na sabedoria e no conhecimento, 
na coragem, no amor, na justiça e na transcendência. Isso tudo numa perspectiva do 
campo clínico e, deste campo do fazer, salientam a importância na ênfase da 
prevenção, mantendo a atenção à conotação otimista como forma de prevenir 
patologia, dentre elas a depressão e a ansiedade, patologias tão crescentes em 
crianças e adultos, na atualidade. 
9 
 
 
Essa prática avança no que estamos acostumados a ter na área da saúde 
vigente, pois estimula o desenvolvimento de sentimentos e das forças positivas 
inerentes à pessoa. Como Rogers já trouxe, as tendências atualizantes das pessoas 
referem-se à tendência que todos os seres vivos têm de crescimento e de atualização, 
pois essas são as possibilidades de avançar em seu desenvolvimento pessoal, que, 
consequentemente melhoram sua saúde. 
Paralelo a esse conceito, a Psicologia Positiva tem utilizado um novo termo 
para sua nova visão: o “florescimento (flourishing) das pessoas, comunidades e 
instituições”. Segundo alguns autores, esse conceito trata-se de condições que 
permitem o desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, 
biológicos e sociais das pessoas e estaria relacionado ao sentir emoções positivas 
pela vida. 
 
Importância da resiliência para a psicologia 
 
A psicologia positiva é apresentada como um movimento de investigação de 
aspectos potencialmente saudáveis dos seres humanos, em oposição à psicologia 
tradicional e à sua ênfase nos aspectos psicopatológicos. Entre os fenómenos 
indicativos de vida saudável destaca-se a resiliência, por referir-se a processos que 
explicam a superação de adversidades, cujo discurso hegemónico foca o indivíduo. 
Resiliência é frequentemente referida por processos que explicam a "superação" de 
crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações (Yunes & Szymanski, 
2001, Yunes, 2001, Tavares, 2001). Por tratar-se de um conceito relativamente novo 
nocampo da Psicologia, a resiliência vem sendo bastante discutida do ponto de vista 
teórico e metodológico pela comunidade científica. 
 Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenómeno comum e 
presente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e outros enfatizam a 
necessidade de cautela no uso "naturalizado" do termo. 
10 
 
 
 
A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e 
Engenharia, sendo um dos seus precursores o cientista inglês Thomas Young, que, 
em 1807, considerando tensão e compressão, introduz pela primeira vez a noção de 
módulo de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão 
de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a 
deformação que esta força produzia. Esse cientista foi também o pioneiro na análise 
de stress trazido pelo impacto, tendo elaborado um método para o cálculo dessas 
forças (Timosheibo, 1983). 
Silva Jr. (1972) denomina como resiliência de um material, correspondente a 
determinada solicitação, a energia de deformação máxima que ele é capaz de 
armazenar sem sofrer deformações permanentes. Dita de uma outra maneira, a 
resiliência refere- se à capacidade de um material absorver energia sem sofrer 
deformação plástica ou permanente. Nos materiais, portanto, o módulo de resiliência 
pode ser obtido em laboratório através de medições sucessivas ou da utilização de 
uma fórmula matemática que relaciona tensão e deformação e fornece com precisão 
a resiliência dos materiais. 
É importante ressaltar que diferentes materiais apresentam diferentes módulos 
de resiliência. 
Em Psicologia, o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente. 
Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos, mas apenas nos últimos cinco anos 
os encontros internacionais têm trazido este constructo para discussão. A sua 
definição não é clara, tampouco precisa quanto na Física ou na Engenharia, e nem 
poderia sê-lo, haja vista a complexidade e multiplicidade de fatores e variáveis que 
devem ser tidos em conta no estudo dos fenómenos humanos. 
11 
 
 
 
Os precursores do termo resiliência na Psicologia são os termos 
invencibilidade ou invulnerabilidade, ainda bastante referidos na literatura. Segundo 
Rutter (1985, 1993), um dos pioneiros no estudo da resiliência no campo da 
Psicologia, invulnerabilidade passa uma ideia de resistência absoluta ao stress, de 
uma característica imutável, como se fossemos intocáveis e sem limites para suportar 
o sofrimento. Considera que invulnerabilidade passa somente a ideia de uma 
característica intrínseca do indivíduo, e as pesquisas mais recentes têm indicado que 
a resiliência ou resistência ao stress é relativa, que as suas bases são tanto 
constitucionais como ambientais, e que o grau de resistência não tem uma quantidade 
fixa, mas sim, varia de acordo com as circunstâncias. 
Resiliência e invulnerabilidade não são termos equivalentes, afirmam 
Zimmerman e Arunkumar (1994). Segundo estes autores, resiliência refere-se a uma 
"habilidade de superar adversidades, o que não significa que o indivíduo saia da crise 
ileso, como implica o termo invulnerabilidade". Apesar destas considerações, é esta 
versão inicial de resiliência como invulnerabilidade ou resistência às adversidades 
que ainda vem orientando a produção científica de muitos pesquisadores da área. Tal 
perspectiva tem dado lugar à construção de um conceito que define a resiliência como 
um conjunto de traços e condições que podem ser replicados. 
O item a seguir apresenta um sumário dos processos-chave da resiliência 
segundo Walsh (1998). 
 
 
 
12 
 
 
PROCESSOS-CHAVE DA RESILIÊNCIA 
SISTEMA DE CRENÇAS (o coração e a alma da resiliência) 
1. Atribuir sentido à adversidade: 
- Valorização das relações interpessoais 
- Sentido de coerência das crises: como desafios administráveis 
- Percepção da situação de crise: crenças facilitadoras ou constrangedoras 
 
2. Olhar positivo 
- Iniciativa (acção) e perseverança 
- Coragem e encorajamento (foco no potencial) 
- Esperança e optimismo: confiança na superação das adversidades 
- Confrontar o que é possível: aceitar o que não pode ser mudado 
 
3. Transcendência e espiritualidade 
- Valores, propostas e objectivos de vida 
- Espiritualidade: fé, comunhão e rituais 
- Inspiração: criatividade e visualização de novas possibilidades 
- Transformação: aprender e crescer através das adversidades 
 
PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO 
4. Flexibilidade 
- Capacidade para mudanças: reformulação, reorganização e adaptação 
- Estabilidade: sentido de continuidade e rotinas 
 
5. Coesão 
- Apoio mútuo, colaboração e compromisso 
- Respeito das diferenças, necessidades e limites individuais 
- Forte liderança: prover, proteger e guiar crianças e membros vulneráveis 
- Busca de reconciliação e reunião em casos de relacionamentos 
problemáticos 
 
6. Recursos sociais e económicos 
- Mobilização da família extensa e da rede de apoio social 
- Construção de uma rede de trabalho comunitário 
- Construção de segurança financeira 
 
 
 
 
13 
 
 
PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO 
 
7. Clareza 
- Mensagens claras e consistentes (palavras e ações) 
- Esclarecimentos de informações ambíguas 
 
8. Expressões emocionais “abertas” 
- Sentimentos variados são compartilhados (felicidade e dor; esperança e 
medo) 
- Empatia nas relações: tolerar as diferenças 
- Responsabilidade pelos próprios sentimentos e comportamentos, sem 
busca do “culpado” 
- Interações prazerosas e bem-humoradas 
 
9. Colaboração na solução de problemas 
- Identificação de problemas, opções 
- “Explosão de ideias” com criatividade 
- Tomada de decisões compartilhada: negociação, reciprocidade e justiça 
- Foco nos objetivos: dar passos concretos; aprender através dos erros 
- Postura proativa: prevenção de problemas, resolução de crises, preparação 
para futuros desafios. 
 
Falar de felicidade é tocar no coração do homem, pois todos nós desejamos 
ser felizes. Durante muito tempo os psicólogos não se dedicaram a este tema. 
Todavia, mais recentemente, tal tópico começou também a ser alvo de investigação 
a partir da perspectiva psicológica e é certamente o mais estudado juntamente com 
o bem-estar psicológico subjetivo e a satisfação com a vida. 
Ser ou não ser feliz é algo fundamental na vida das pessoas, nas famílias, no 
emprego, na educação, na política, no desporto e noutras manifestações 
socioculturais. A alegria é vida; a tristeza é morte. Pode dizer-se que a busca da 
felicidade constitui o último objetivo da existência humana. Sempre foi assim e mais 
atualmente onde há muitos fatores promotores de bem-estar (como maior 
desenvolvimento económico, mais lazeres, melhor medicina) mas também novos 
perigos ameaçadores da alegria (novas doenças como a sida ou o cancro, maior 
fosso entre ricos e pobres, maior poluição atmosférica, mais competitividade). Neste 
confronto urge promover a felicidade ou o bem-estar. Por isso, recentemente os 
psicólogos atentos à personalidade e ao comportamento humano, investigam esse 
constructo. 
14 
 
 
 
O bem-estar subjetivo na Psicologia Positiva 
 
O bem-estar subjetivo consiste na reação avaliativa das pessoas à sua própria 
vida, quer em termos de satisfação com a mesma (avaliação cognitiva), quer em 
termos de afetividade (reações emocionais estáveis). 
A abrangência do conceito coloca-o numa posição de intersecção de vários 
domínios da Psicologia, designadamente, a Psicologia Social, a Psicologia da Saúde 
e a Psicologia Clínica. A história do conceito, analisada por diferentes investigadores, 
aponta heranças históricas distintas, relacionadas com a convergência de origens 
teóricas diversas. Nesse sentido, identifica-se uma primeira herança nos movimentos 
sociais inspirados no Iluminismo e no Utilitarismo, que impulsionaram a investigação 
na área da Qualidade de Vida. Uma segunda herança,re laciona-se com os 
desenvolvimentos nocampo da Saúde, designadamente, a Segunda Revolução da 
Saúde, na década de 70, cujos princípios centrais consistiram em defender o retorno 
a uma perspectiva ecológica na saúde e mudar o enfoque das questões da doença 
para as questões da saúde. 
Recentemente, a Psicologia Clínica vem abraçar o conceito de Bem- -Estar 
Subjetivo, no contexto da chamada Psicologia Positiva. Qualquer das heranças sócio 
histórica contribuiu para o desenvolvimento da investigação na área de Bem--Estar 
Subjetivo, nas suas várias facetas e aplicações. Paralelamente, o conceito de Bem-
Estar Subjetivo evoluiu através de limites difusos, atravessando dois momentos 
críticos na sua definição: a distinção Bem-Estar Material versus Bem-Estar Global; e 
a distinção Bem-Estar Psicológico versus Bem-Estar Subjetivo. 
Definimos o Bem-Estar Subjetivo, como é entendido atualmente, a partir dos 
principais investigadores da área e observamos um consenso na aceitação de uma 
dimensão cognitiva e de uma dimensão afetiva do conceito. Estas dimensões 
constituem, elas mesmas, conceitos abrangentes, domínios de estudo – o conceito 
de qualidade de vida e o conceito de afeto. 
O Bem-Estar Subjetivo é uma dimensão positiva da Saúde. É considerado, 
simultaneamente, um conceito complexo, que integra uma dimensão cognitiva e uma 
dimensão afetiva, e um campo de estudo que abrange outros grandes conceitos e 
domínios de estudo como são a qualidade de vida, o afeto positivo e o afeto negativo. 
15 
 
 
É um conceito recente, que tem suscitado, nas últimas décadas, o interesse 
generalizado de muitas vertentes da Psicologia e que tem vindo a reforçar a sua 
identidade, à medida que os estudos vão confirmando a sua estrutura e sistema de 
conceitos associados. 
 
A história do conceito de Bem-Estar Subjetivo é recente. Wilson (1967) propôs-
se estudar duas hipóteses do bem-estar, onde relacionou os conceitos de Satisfação 
e de Felicidade numa perspectiva Base-Topo (Bottom Up) – a Satisfação imediata de 
necessidades produz felicidade, enquanto a persistência de necessidades por 
satisfazer causa infelicidade – e Topo-Base (Top Down) – o grau de Satisfação 
necessário para produzir felicidade depende da adaptação ou nível de aspiração, que 
é influenciado pelas experiências do passado, pelas comparações com outros, pelos 
valores pessoais e por outros fatores – como ainda, atualmente, se discute na área 
do Bem-Estar Subjetivo. 
A Psicologia Clínica ainda trabalha, essencialmente, no sentido de trazer os 
indivíduos de um estado doente, negativo, para um estado neutral normal; de um 
estado “menos cinco” da Saúde Mental para um nível zero. Refere que não é 
suficiente anular as condições incapacitantes dos indivíduos e chegar ao nível zero. 
A Saúde Mental deveria ser mais do que a ausência de perturbação mental deveria 
ser algo próximo de um estado vibrante de tonicidade muscular da mente e do espírito 
humano. Embora com uma história recente o conceito de Bem-Estar Subjetivo e as 
suas dimensões têm atraído a atenção da comunidade científica. 
 
 
16 
 
 
Bem-estar 
 
O conceito de Bem-Estar apresenta-se como uma filosofia de “bem- estar”, que 
tem como base o desejo de uma vida mais sã e serena, permitindo ultrapassar as 
“batalhas diárias”, fontes de preocupação de tudo o que nos rodeia, relembrando que 
a “chave da solução” para os problemas pode estar dentro de Nós. Atualmente, o 
Bem-Estar está associado a vários conceitos, dependendo a sua definição da área 
geográfica e social, em que os centros que prestam tais serviços estão inseridos. 
O Bem-Estar é um conceito de prática que engloba todos os aspectos do 
indivíduo, assim, envolve a manutenção de uma boa nutrição, exercício, boas 
relações pessoais, familiares e sociais, e o controle do stress. Este pode ser 
considerado um tipo de medicina preventiva associada ao estilo de vida de cada um, 
podendo assim contemplar programas ou benefícios que são introduzidos para 
encorajar a aptidão física, a prevenção e a detecção precoce de doenças para ajudar 
a reduzir a utilização e os custos de futuros cuidados de saúde. 
Este processo de cuidados de saúde implica uma tomada de consciência e 
alteração de atitudes em direção a estilos de vida saudáveis, de modo a que os 
indivíduos possam fazer escolhas informadas para atingir uma saúde física e mental 
óptima através de serviços focados na promoção ou manutenção da Saúde em vez 
da correção da doença. Os programas de Bem Estar muitas vezes incluem rastreios 
da tensão arterial e outros, bem como educação para a Saúde. 
O Bem-Estar apresenta-se assim como um estado dinâmico de saúde no qual 
o indivíduo progride em direção a um nível elevado de funcionalidade, atingindo um 
equilíbrio óptimo entre o meio interno e externo. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
Felicidade e a Psicologia Positiva 
 
O campo de pesquisa sobre o tema da felicidade, bem estar-subjetivo, 
satisfação com a vida e qualidade de vida tem investigado como as pessoas avaliam 
as suas vidas e inclui o estudo de variáveis como vida satisfatória, satisfação no 
casamento, ausência de depressão e ansiedade, emoções e estados de humor 
positivos e está interessado em sentimentos de bem-estar relativamente duradouros, 
e não em emoções passageiras. 
O termo ‘felicidade’ tem sido utilizado abrangendo significados distintos, entre 
os quais se inclui a alegria momentânea, a satisfação com a vida e o prazer em longo 
prazo, além de ser utilizado pelo senso comum representando o bem-estar subjetivo. 
Embora a felicidade, o bem- estar subjetivo, a satisfação com a vida e o prazer a 
longo prazo sejam estados subjetivos inter-relacionados, podem ser discriminados, 
grosso modo, da seguinte forma, felicidade: como o estado subjetivo em que há a 
preponderância dos afetos positivos sobre os afetos negativos; bem-estar subjetivo: 
como o sentimento de conforto e harmonia; satisfação: como o sentimento 
experimentado quando da conquista de um objetivo, através do uso e da ampliação 
de conhecimentos; e qualidade de vida, de acordo com a Organização Mundial de 
Saúde: como a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto de cultura 
e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações. 
Na literatura têm-se utilizado alguns termos com o objetivo de fazer referência 
ao domínio de estudo: felicidade, moral, satisfação com a vida. Pode-se falar então 
de uma multidimensionalidade do bem-estar subjetivo: dimensão afetiva e dimensão 
cognitiva. A dimensão afetiva representa dois fatores independentes: a afetividade 
positiva e a afetividade negativa. 
A afetividade positiva traduz-se na tendência a experimentar sentimentos e 
emoções agradáveis (como sejam a alegria, o entusiasmo, o orgulho, a felicidade). 
Reflete o quanto uma pessoa se está a sentir entusiasmada, ativa e alerta. Altos níveis 
de afeto positivo representam um estado de alta energia, total concentração e 
satisfação, enquanto baixos níveis de afeto positivo são caracterizados por tristeza e 
letargia. 
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A afetividade negativa exprime-se pela disposição para experimentar 
sentimentos e emoções desagradáveis (do tipo da culpabilidade ou vergonha, da 
tristeza, ansiedade, depressão). O afeto negativo é uma dimensão geral da angústia 
e insatisfação que incluem uma variedade de estados de humor aversivos, como 
raiva, culpa, desgosto e medo. 
O bem-estar subjetivo na dimensão cognitiva parece ser representado por um 
único fator – a satisfação com a vida – que alguns estudos mostraram ser distintos da 
afetividade positiva e negativa. 
Desde os filósofos gregos, ao longo de dois milénios, pouco se progrediu na 
compreensão teórica da felicidade. E se é difícil compreender em que consiste a 
felicidade, mais difícil é ser feliz. Não obstante, este é o objetivo mais profundo e 
último do ser humano. É, por isso, também um problemade educação das novas 
gerações. Mas, durante muito tempo, os psicólogos menosprezaram este constructo, 
talvez por ser menos apreensível empiricamente ou porque estavam mais centrados 
na terapia do que na profilaxia, no remediar do que no prevenir. 
A felicidade trata-se de uma emoção positiva fundamental, muito versada na 
literatura, na filosofia e recentemente na psicologia. É um construto muito 
individualizado ou diferenciado, podendo dizer-se que cada pessoa é feliz ou infeliz à 
sua maneira, baseada nas mais diversas razões. Assim, para uma pessoa religiosa, 
a felicidade consiste em viver conforme a sua fé, enquanto para um hedonista a busca 
do prazer é o primeiro constituinte da felicidade, para um capitalista é o dinheiro ou 
para um político o poder ou o prestígio. Para uma pessoa homossexual, a “alegria” 
consiste em encontrar um par à altura. 
Para uns, a felicidade depende da eficácia, para outros da integridade ou dos 
valores; para uns é algo de muito pessoal e íntimo, para outros baseia-se na saúde, 
nos rendimentos, nos acontecimentos; para uns é algo de duradouro, para outros de 
efémero. Mas parece que a felicidade deve ser considerada mais como um traço 
estável do que um estado emocional transitório. 
Segundo Rojas (1988) a tentativa de produzir uma teoria sobre a felicidade é 
como pretender buscar o sentido da vida, que deve ser comum a todos os homens. 
E daí a felicidade ser “vocação de todos”, pois “todo o homem é chamado a ser feliz”, 
embora poucos a atinjam, parecendo que a felicidade não é deste mundo, que se 
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trata de um “impossível necessário”. Este autor insiste na tendência universal do 
homem à felicidade e procura compreender a sua essência, detendo-se sobre a 
natureza e o objeto da felicidade, aproximando-a do amor, do trabalho e da cultura, 
três colunas onde se apoia a sua teoria da felicidade. Rojas considera que o objeto 
da felicidade “é a plena realização de si mesmo”. O homem feliz é aquele que cumpre 
paulatinamente o princípio de Píndaro: “sê aquilo que és, isto é, sê tu mesmo, 
desenvolve tudo o que há dentro de ti, realizando a tua personalidade e o teu projeto”. 
Hegel dizia “feliz é aquele que goza de si mesmo na própria existência”. 
A cultura leva ao conhecimento, este à verdade e a verdade à liberdade. O mal 
é que a cultura atual é difusa e, de qualquer modo, está doente, afetando outros 
termos. São abordados outros temas que ajudam a compreender melhor, pela 
positiva ou pela negativa, a natureza da felicidade, como o amor, a esperança, a 
alegria, a prudência, a liberdade, e também o sofrimento, a inveja, o ressentimento, o 
desespero. Enfim, o homem constitui um problema e enigma de difícil solução; em 
todo o caso, para ser verdadeiramente feliz, deve descer-se à profundidade de si 
mesmo e não se limitar à superfície (ROJAS, 1988). 
A felicidade é um conceito intercultural e as variáveis que contribuem para a 
felicidade ou os diversos mediadores em causa, como por exemplo, a situação 
familiar ou financeira, podem ter pesos diferentes conforme as diversas culturas. 
A própria terminologia usada (alegria, contentamento, satisfação, bem-estar) 
indica as dificuldades em definir e controlar a felicidade, termo que expressa uma 
grande carga emotiva, mas que tem também uma dimensão cognitiva, pois cada uma 
representa a felicidade e seu modo. O termo “satisfação na/com a vida” realça a 
componente cognitiva. A expressão “bem-estar (subjetivo)” pode ser mais 
abrangente, incluindo a satisfação e pressupondo a felicidade. Geralmente os autores 
consideram equivalentes ou sinónimos o bem-estar e a felicidade, enquanto vêem a 
satisfação como um fator, sobretudo cognitivo do bem-estar. 
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Ter uma atitude positiva para consigo mesmo emerge como uma característica 
central do funcionamento psicológico positivo. Realizações positivas com os outros 
corresponde à capacidade de relações interpessoais calorosas, de empatia e de 
intimidade, as capacidades de amar e de fazer amizades são consideradas também 
como componentes principais de saúde mental, de bem-estar e de maturidade. 
Autonomia equivale ao sentido de autodeterminação, de liberdade e de 
independência, de autocontrolo do comportamento, não se deixando levar pelo 
convencional ou pela pressão social. Controlo do ambiente corresponde à capacidade 
de adaptação, mas também de domínio e até mudança nos condicionamentos 
ambientais. Projeto de vida equivale à capacidade de ter um sentido ou um projeto 
para a vida, de ter uma direção e intencionalidade. Por fim, o crescimento pessoal 
corresponde ao fato de o funcionamento ideal da personalidade requerer não apenas 
a posse das características anteriores, mas a sua continuação e expansão, numa 
constante atualização e desenvolvimento. 
Higgins (1987) refere que a felicidade reflete a congruência entre os diversos 
“eus”, em particular a congruência entre a representação mental do eu num dado 
evento e a sua representação ideal. A felicidade depende da consciência de que o eu 
em presença possui os atributos que a pessoa deseja idealmente possuir. A felicidade 
reflete a presença de resultados positivos ou a consecução dos próprios valores e 
desejos. Mais em concreto, quando o autoconhecimento é congruente com a 
representação do eu ideal, gera-se uma sensação de satisfação e nasce a felicidade. 
 
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A psicologia positiva no trabalho 
 
A Psicologia Positiva, movimento criado em 2000 tenta compreender os 
aspectos positivos do ser humano e o que o leva a sentir-se bem e fornece significado 
à sua vida. Como é natural, este conceito chegou às empresas e organizações e 
ofereceu achados importantes. 
A abordagem positiva poderá, pois, ser usada como alavanca para estimular 
uma forma construtiva de (re)pensar a gestão. Incentivar virtudes, respeitar a 
dignidade humana, prezar a excelência, velar pela busca de felicidade, promover a 
cooperação e a confiança - eis aspectos que poderão gerar consequências desejáveis 
nos indivíduos e nas organizações. Os efeitos da positividade organizacional podem 
mesmo transcorrer para o exterior - gerando impacto positivo na satisfação dos 
clientes e na comunidade circundante. 
Pesquisas demonstram claramente a relação entre a percepção existente no 
ambiente de trabalho e os resultados obtidos pela organização (Harter, Keyes e cols, 
2003). A presença de emoções e sentimentos positivos na unidade de negócio está 
associada com maior satisfação do cliente, maior lucro e menor rotatividade de 
profissionais. 
Não há dúvida quanto ao fato de que a busca pela excelência depende dos 
indivíduos da organização num aspecto sistémico. Indivíduos possuem deferentes 
virtudes e forças; e por consequência diferenças em percepções. A excelência é 
multifacetada e por essa razão devemos compreendê-la a três níveis: 
- Indivíduos (comprometimento, adaptabilidade, bem estar); 
- Grupos (contribuição entre os membros, promoção de capacidade, padrão de 
interação); 
- Organização (qualidade e quantidade de resultados, capacidade do processo 
de aprendizado da organização, crescimento individual das pessoas ao longo do 
tempo). 
Os níveis acima interagem e afetam-se mutuamente. Assim, de uma forma 
geral, excelência é compreender o que desperta “as pessoas à ação”, o que as motiva 
coletivamente, direcioná-las e alinhá-las à visão de excelência da organização, e 
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refletindo como liderança, como podemos despertá-las individual e sistemicamente. 
Para isso, a empresa deve promover uma “revolução positiva”, isto é, deixar de 
atender à metáfora de que a organização é composta de problemas a serem 
solucionados para ser um centro abrangente de forças e virtudes com grande 
potencial visionário criador de um futuro altamente promissor. A organização é um 
ecossistema: muitas vezes nos deparamos com situações onde este habitat é 
corrosivo e poluído, deprime talentose impossibilita o florescimento individual e 
coletivo. 
Nas organizações em que vigora a gestão positiva há equilíbrio entre as 
necessidades económicas e as práticas de um coletivo social saudável: 
encorajamento aos mais fracos, recompensa da lealdade, estímulo da competição 
justa, gestão apropriada do stress. A gestão positiva origina, pois, organizações com 
dinâmicas sociais saudáveis. Nelas é aplicado um princípio básico do comportamento 
organizacional positivo: as forças e as capacidades psicológicas positivas podem ser 
geridas em prol do desempenho organizacional e da realização pessoal dos 
colaboradores. 
É no quotidiano organizacional que o futuro se constrói, desenvolvendo a 
tenacidade, a honestidade, o espírito de rigor, a firmeza, a perseverança, a 
generosidade, a criatividade, a gratidão, o optimismo - e a sabedoria realista! Gerir 
pessoas não é apenas reparar o que está errado nelas - mas, sobretudo identificar e 
desenvolver as suas forças. 
Trabalhar em organizações deflagradoras de experiências negativas não gera 
apenas custos laborais. Também degrada a vida pessoal e a familiar. Uma pessoa 
que vive situações laborais intensas de medo ou stress pode não ser capaz de afastar 
da sua vida privada a esses sentimentos. Essas situações podem decorrer da 
inadaptação à função, da decepção com a carreira, de uma liderança tóxica ou, 
globalmente, de um clima organizacional cínico e "doentio". Os efeitos podem ser a 
fadiga, a preocupação, a irritabilidade e diversas doenças cardiovasculares ou 
endocrinológicas. Distintamente, uma vida de trabalho saudável promove uma vida 
integralmente sã. 
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Em síntese, a Psicologia Positiva surge como uma nova vertente da Psicologia 
que a pouco e pouco, vai conquistando o seu próprio campo de investigação, de 
análise. Vai-se também começando a expandir às diversas áreas da sociedade, tais 
como as instituições organizacionais. Esta temática abrange uma complexa “filosofia” 
de vida que foca a vertente positiva dos acontecimentos, dos traços, da qualidade de 
vida. 
Das principais contribuições da Psicologia Positiva, a construção de 
instrumentos de avaliação, modelos de intervenção e aplicação no curso 
desenvolvimental, são seus pontos altos. Essa teoria cria métodos preventivos e 
aprimora técnicas de avaliação psicológica para identificação das virtudes e dos 
aspectos positivos nos estudos das Ciências Sociais e Humanas. Os instrumentos 
elaborados para avaliação das patologias são vastos ao longo da história da 
psicologia. Muitos são os testes, escalas, inventários, etc. para diagnosticar e 
classificar. Muitos também são os temas e as áreas que precisam de processos 
psicométricos e metodológicos para se sustentarem enquanto ciência. 
Em relação aos instrumentos mais utilizados, Pires, Nunes e Nunes (2015) 
identificaram uma variedade de 67 instrumentos, destacando-se, pela maior 
frequência, a escala de Autoestima de Rosenberg, o WHOQOL-bref, a escala de 
Bem-Estar Subjetivo (EBES), a escala de Satisfação Conjugal, a escala de Bem-Estar 
Espiritual, a escala de Satisfação de Vida para Crianças (Giacomoni & Hutz) e a 
escala de satisfação no trabalho. Os avanços e achados nesse novo campo são 
crescentes e com isso surgem novos conteúdos e métodos próprios, pois novas 
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hipóteses, construtos e paradigmas vão acompanhando essas novidades, assim 
como instrumentos de avaliação e procedimentos de intervenção em benefício da 
saúde psicológica, da valorização humana e do crescimento pessoal. 
Por ser crescente a aplicação da e as pesquisas em Psicologia Positiva, os 
cuidados científicos devem caminhar em consonância com esse crescimento. 
Devemos estar atentos às áreas, também crescentes, que fazem uso das mesmas 
visões e concepções da Psicologia Positiva, inclusive utilizando-as como respaldo 
teórico, porém, além de acompanhar seu uso, também se faz importante e 
fundamental acompanhar quem irá manejar as ferramentas e práticas à luz desse 
conhecimento. 
 
 
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