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Direito-Ambiental-e-Crimes-Ambientais

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Direito Ambiental e Crimes Ambientais
Descrição:
As questões ambientais são tidas atualmente como tema de singular importância em todo o mundo. Por isso, torna-se necessário o estudo de assuntos correlacionados ao tema.
Do ponto de vista jurídico, vários são os desdobramentos e situações em que o meio ambiente, bem jurídico de titularidade difusa, está inserido. E, sendo o JurisWay um site eminentemente jurídico, nos reservamos ao estudo do meio ambiente, enquanto bem jurídico tutelado.
Assim, o estudo temático a que ora nos propomos, tem como escopo apresentar ao leitor, os crimes ambientais, estes por sua vez previstos, no Brasil, através da Lei 9.605/98, popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA.
Em última análise, o presente Estudo Temático, visa esclarecer, orientar e informar sobre as questões relativas à prática dos crimes ambientais, como por exemplo, quem pode ser tido como sujeito ativo na prática do crime ambiental, quais são as modalidades de penas restritivas de direitos que o legislador colocou à disposição da sociedade, dentre outros. 
Por isso, o importante do curso não será somente apreender regras ou decorar artigos de lei, e sim, muito especialmente, entender o verdadeiro sentido de cada um dos tantos reflexos irradiados pela norma.
Carga Horária Estimada: 18 horas
Tipo de Certificado Escolhido: Ornamental
Conteúdo Programático:
Sujeitos do crime ambiental (sujeito ativo, sujeito passivo, concurso de pessoas); a responsabilidade penal da pessoa jurídica; crime de perigo e de dano; elemento subjetivo do tipo (dolo e culpa); elemento normativo; Princípio da Legalidade (Reserva Legal); as penas na Constituição Federal; as penas previstas na Lei dos Crimes Ambientais; a pena privativa de liberdade; as penas restritivas de direito (prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total das atividades, prestação pecuniária, recolhimento domiciliar); circunstâncias atenuantes das penas; circunstâncias agravantes das penas; causas de excludentes de ilicitude; os crimes em espécie (crimes contra a fauna, a flora, o ordenamento urbano e patrimônio cultural, crimes de poluição).
Orientações 1ª Semana
1º) Seja bem vindo (a)!
Em primeiro lugar, receba nossos cumprimentos pelo seu cadastro no Sistema de Estudos Temáticos do Jurisway com expedição de certificados. 
Meu nome é Ana Rodrigues e sou a coordenadora dos Cursos de Direito Ambiental.
Nosso objetivo é focar os crimes ambientais, legalmente previstos na Lei 9605/98. 
A partir desta data estarei lhe indicando material atualizado, como doutrina, jurisprudência, notícias e um rol de informações que poderão lhe ser úteis no exame desta matéria tão importante. 
Todas as informações que serão indicadas a partir do tema escolhido já se encontram disponíveis no Jurisway e podem ser acessadas gratuitamente. Sugiro que comece por ler o seu conteúdo, depois passe a imaginar a aplicação de cada artigo da lei em um caso específico qualquer. 
O JurisWay e eu esperamos lhe proporcionar algum acréscimo de conhecimento ou, no mínimo, conseguir tornar mais fácil a sua tarefa de entender como funcionam as sociedades modernas globalizadas, as relações jurídicas privadas e públicas, bem como os caminhos para o efetivo exercício do direito.
2º) Considerações gerais sobre a Lei dos Crimes Ambientais 
Diante da ausência de um Código Ambiental, as leis de cunho ambiental, no Brasil, se apresentam de forma esparsa, isto é, difundida em várias leis.
A Lei dos Crimes Ambientais teve por mérito dispor sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, o que, em termos práticos, significa afirmar que em um único diploma legislativo, passamos a ter disciplinados os crimes contra o meio ambiente de forma sistematizada.
A Lei dos Crimes Ambientais ou LCA (Lei 9.605/98) foi divida em diferentes seções, as quais estipularam os crimes contra a fauna, flora, contra o ordenamento urbano e cultural, além dos crimes de poluição e outros crimes ambientais.
A LCA ainda pune a ação e a omissão em relação ao dano ambiental. Entenda-se, pune aquele que sabendo da conduta criminosa de outrem não impede sua prática, quando podia agir para evitar o fato.
A LCA prevê tanto tipos penais apenados a titulo de dolo quantos tipos penais aonde a modalidade culposa é admitida.
Em vários tipos penais presentes na LCA, optou o Legislador por utilizar a norma penal em branco, de modo que a conduta proibida está vagamente prevista, isto é, pendente de uma complementação por outros dispositivos legais ou atos normativos.
Podem ser ainda, os crimes ambientais classificados em crimes de perigo, bastando a existência da mera probabilidade do dano para que o mesmo seja configurado; em crimes de mera conduta, para os quais a consumação se dará com a simples ação ou omissão, não sendo necessário a ocorrência de nenhum resultado naturalístico da ação.
Mas, não restam dúvidas de que a grande polêmica da LCA diz respeito à inclusão da pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental, atacando frontalmente o principio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.
Portanto, pesquise, estude, formule questionamentos e entenda a sua matéria temática, uma vez que se trata de assunto corriqueiro na vida dos cidadãos. 
À vontade e a persistência são os elementos que o conduzirão pelos caminhos do direito e também, sem qualquer dúvida, por todos os momentos da sua vida em sociedade.
3º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo I 
Segue relacionando material vinculado com o tema para você comece a se orientar e sanar algumas dúvidas e curiosidades.
Sugiro que você inicie examinando o curso Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo I, que é a base para você ampliar seus conhecimentos sobre o tema "Crimes Ambientais".
Veja um trecho do curso:
"No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, tipificando os crimes ecológicos. 
Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º), superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais."
1 - Introdução ao estudo dos Crimes Ambientais- Módulo I
1.1 - Comentários Iniciais
A legislação ambiental é bastante recente no Brasil e, de modo geral, pode ser caracterizada como esparsa, devido à ausência de um diploma legal único (Código Ambiental), disciplinando as questões ambientais.
É bem verdade que existem e vigoram até hoje leis anteriores ao advento da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), como é o caso do Código Florestal (Lei 4.771/65), do Código de Pesca ((Decreto- Lei nº 221/67), dentre outras, mas sem dúvida alguma, as mais importantes leis ambientais brasileiras, cronologicamente são:
- Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente);
- Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública);
- Constituição Federal de 1.988 (Art. 225);
- Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais- LCA).
No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a popularmenteconhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, tipificando os crimes ecológicos.
Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º), superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime ambiental?).
O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime, culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).
O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do crime ou instrumentos e produtos do crime.
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Art. 74- A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Art. 76- Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da seguinte maneira:
 Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);
 Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
 Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
 Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos entre os Artigos 62 ao 65);
 Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao 69).
O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas. O Capítulo VII cuida da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as disposições em contrário.
Eis um breve apanhado do que seja a Lei dos Crimes Ambientais.
1.2 - Os Sujeitos do Crime Ambiental
Os sujeitos do crime ambiental abrangem o sujeito ativo, o sujeito passivo, o concurso de pessoas e a controversa questão da responsabilidade penal da pessoa jurídica.
1.2.1 - O Sujeito Ativo
Consoante o Artigo 2º da Lei dos Crimes Ambientais, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física imputável. Uma pessoa imputável é aquela que tem capacidade de entender a licitude do fato e se agir em conformidade com o referido entendimento.
No caso das pessoas físicas, podem ser a elas aplicadas como sanções as penas privativas de liberdade, as restritivas de direitos e as multas.
Art. 2º- Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de Conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o mandatário de pessoa jurídica, que sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Ainda, de acordo com a LCA, mais precisamente seu Artigo 3º, a pessoa jurídica também pode ser sujeito ativo nos crimes ambientais, a despeito da Teoria Clássica do Direito Penal, acima aludida.
Art. 3º- As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou beneficio de sua entidade.
Parágrafo Único: A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou participes do mesmo fato.
A pessoa jurídica pode ser compreendida como um ente fictício, cujos estatutos estão previamente arquivados nas Juntas Comerciais competentes (Junta Comercial Local) e que desenvolve uma atividade econômica.
Como as pessoas físicas, as pessoas jurídicas também possuem sanções penais ambientais especificas, a saber: penas de multa, restritivas de direito (prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão total ou parcial das atividades e prestação pecuniária).
1.2.2 - Sujeito passivo
O sujeito passivo dos crimes ambientais pode ser a União, os Estados, os Municípios e o titular do bem jurídico lesado.
Exemplo de titular do bem jurídico lesado está expresso no Artigo 49 da LCA: um dos sujeitos passivos do tipo penal previsto é o proprietário do imóvel que teve suas plantas de ornamentação destruídas, danificadas, lesadas ou ainda maltratadas.
Estes são considerados os sujeitos passivos diretos.
Também pode figurar como sujeito passivo dos crimes ambientais a coletividade, que por sua vez é tida como sujeito passivo indireto.
1.2.3 - Concurso de pessoas
O concurso de pessoas é admitido pela Lei dos Crimes Ambientais, conforme se comprova da leitura do Artigo 2º acima transcrito.
De se notar, entretanto, que o Artigo 2º é praticamente apenas uma transcrição do Artigo 29 do Código Penal, exceto no que tange às pessoas diretamente responsáveis pela empresa (dirigentes) ou aqueles que indiretamente tem poder de decisão (os prepostos ou mandatários).
Art. 29- Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º- Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada à pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Não há dúvidas com relação ao concurso de pessoas quando o crime ambiental é praticado por pessoas físicas, onde se aplica subsidiariamente a regra acima transcrita: a do Artigo 29 do Código Penal.
Entretanto, há controvérsias quanto à responsabilidade da pessoa jurídica e seus dirigentes e mandatários, já que o Artigo 3ºda LCA, ao prever a responsabilidade da pessoa jurídica, não subtraiu a das pessoas físicas, autoras, co-autoras e participes do fato.
Em suma: tem-se a responsabilidade penal cumulativa entre a pessoa jurídica e a pessoa física.
De acordo com a Lei, todas as pessoas que tiverem conhecimento da conduta criminosa de outrem e, não impedir sua prática, quando podia fazê-lo, também serão responsabilizadas, tendo em vista a conduta omissiva em relação ao dano ambiental praticado.
1.3 - Crime de perigo e de dano
Classifica-se o crime de perigo em:
 Concreto (perquirido caso a caso);
 Abstrato ou presumido (por vontade da lei).
O crime de perigo é consubstanciado na mera expectativa de dano, isto é, reprime-se para evitar a prática de danos ao meio ambiente, bastando à mera conduta independentemente de ser o resultado produzido ou não.
Os crimes de perigo abstrato marcam os crimes previstos na tutela penal ambiental, vez que há a preocupação de se antecipar a proteção penal, reprimindo-se, inclusive, as condutas preparatórias.
Como observação, vale destacar que somente o dano efetivo poderá ser objeto de reparação na esfera civil e não o mero perigo abstrato ou presumido. A Doutrina tem se firmado no sentido de que a maioria dos delitos praticados é de mera conduta, sendo certo que sua inobservância configura o delito de desobediência, este também plausível de punição, consoante o disposto no Artigo 330 do Código Penal.
Art. 330- Desobedecer à ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
1.4 - Elemento Subjetivo do Tipo: O dolo e a culpa
O Código Penal é o diploma legal responsável pelo conceito de dolo e culpa.
Segundo o Artigo 18:
Art. 18- Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
O Principio da Culpabilidade é a estrutura da responsabilidade penal. A Lei dos Crimes Ambientais também reflete tal afirmação, pois contem tipos penais punidos a título de dolo e de culpa.
Logo, existem tipos penais descritos que somente serão consumados se o crime for praticado dolosamente, isto é, se o agente ou infrator tinha vontade e consciência de querer praticar o delito: a intenção subjetiva deve estar harmonizada com a conduta exteriormente observada.
A despeito que ninguém pode se escusar da lei, um parênteses deve ser aberto em se tratando da legislação ambiental, posto que o Brasil possui uma legislação ambiental muito recente e é ainda desprovido de uma educação ambiental condizente.
A culpa é caracterizada pela imprudência, imperícia ou negligencia.
Na Lei dos Crimes Ambientais todos os crimes são praticados a titulo de dolo, salvo quando a lei expressamente admitir a modalidade culposa.
4º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II 
Concluído o Módulo I, você se torna apto a prosseguir seus estudos. Assim, para dar uma continuidade lógica, sugiro agora, a leitura do Módulo II que é mais amplo e se aprofunda em alguns temas importantes da matéria.
Veja um trecho do curso:
"Segundo o Código Penal, as penas comportam as seguintes modalidades: privativas de liberdade, restritivas de direito e multa".
"Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser cumuladas com as penas de multa."
1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II
1.1 - Elemento normativo
Os tipos penais ambientais, via de regra, exigem a presença do elemento normativo.
Deste modo, não há como se falar em crime se o agente possui previamente permissão, licença ou autorização da autoridade ambiental competente para matar, perseguir, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, consoante o Artigo 29 da Lei, por exemplo.
De outro modo, é considerado crime a ação do agente que extrai de florestas de domínio público ou as consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização do órgão ambiental competente, areia, pedra, cal ou qualquer espécie mineral, de acordo com o Artigo 44 da Lei.
Segundo Sirvinskas, é crime ainda receber ou adquirir, para finalidade comercial ou industrial, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente (...), Artigo 46, assim como comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas (...) sem licença ou registro da autoridade competente, Artigo 51, e também penetrar em unidades de conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para a caça ou para a exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente, Artigo 52. É crime, por fim, executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou produzir, processar, etc. substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana, ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos regulamentos, ou construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando normas legais e regulamentos pertinentes, vide Artigos 55, 56 e 60 da Lei 9.605/ 98.
1.2 - Princípio da Legalidade ou Principio da Reserva Legal
Antes de adentrar propriamente na questão penal ambiental, se faz necessário tecer comentários acerca do Principio da Legalidade.
Diz o Artigo 5º, XXXIX da Constituição Federal:
Art. 5º- (...)
XXXIX- Não há crime sem que lei anterior o defina. Não há pena sem sua previa cominação legal.
O Artigo supramencionado define o Principio da Legalidade ou Principio da Reserva Legal, a mais importante conquista política, tida como norma basilar do Direito Penal moderno, retratada também no Artigo 1º do Código Penal (Decreto- Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1.940).
Pelo Princípio da Legalidade ("Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege"), é assegurado que não pode ser considerado crime o fato que não estiver previsto na lei e, da mesma maneira, não pode ser aplicada sanção penal alguma que não aquela cominada abstratamente nessa regra jurídica, por mais imoral ou danoso que possa parecer.
Em suma: não há como imputar ao suposto autor a prática de um crime ou aplicar-lhe uma sanção penal, se a lei assim não estipular.
Na lição de Mirabette:
"(...) Principio da Reserva Legal relativo ao crime e à pena, têm, entre vários significados, o da reserva absoluta da lei (emana do Poder Legislativo, por meio de procedimento estabelecido em âmbito constitucional, Artigos 61 e seguintes) para a definição dos crimes e a cominação das sanções penais, o que afasta não só outras fontes de direito, como as regras jurídicas que não são leis em sentido estrito (decretos, regulamentos, portarias, etc.), mesmo as que tenham o mesmo efeito, como ocorre, por exemplo, com a medida provisória, instrumento jurídico totalmente inadequado para tais finalidades diante do principio constitucional. É vedada, portanto, a aplicação da analogia "in malam partem" no direito penal incriminador, bem como a interpretação integrativa ou ampliativa. Ao contrario, devem ser interpretadas estritamente as disposições incriminadoras e cominadoras de pena. Exige o Principio da Legalidade que lei defina abstratamente um fato, ou seja, uma conduta determinada, de modo que se possa reconhecer qual o comportamento considerado ilícito."
Segundo a Jurisprudência:
Princípio da Legalidade em crime de sonegação fiscal- TRF da 4ª Região:
I- É vedada a interpretação integrativa de norma penal em prejuízo de acusado.
II- II- Principio Constitucional da Legalidade (Artigo 5º, XXXIX, CF/88), insculpido no Artigo 1º do Código Penal/ 1940: "não há crime sem lei anteriorque o defina, nem pena sem prévia cominação legal."
III- III- (...)
IV- IV- (...)
V- (Ap. nº 95.04.13085- PR, DJU de 16/11/95)
Principio da Legalidade em crime militar- STF
"Ofende o Principio da Reserva Legal "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem sua previa cominação legal" (Art. 5º, XXXIX da CF/88)- a construção jurisprudencial castrense baseada na aplicação subsidiaria da norma contida no § 2º do Art. 190 do COM, concluindo que não obstante o dispositivo referido não expressar reprimenda para os desertores que retornem em lapso de decênio, o militar faltoso teve que ultrapassar os dez dias de ausência previsto no tipo penal incursionado."
(HC 73.257-7- RJ- DJU de 03/05/02).
Principio da Legalidade em Crime Ambiental- STF
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. CRIME PERMANENTE VERSUS CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. SÚMULA 711. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. INOCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
1. A conduta imputada ao paciente é a de impedir o nascimento de nova vegetação (art. 48 da Lei 9.605/1998), e não a de meramente destruir a flora em local de preservação ambiental (art. 38 da Lei Ambiental). A consumação não se dá instantaneamente, mas, ao contrário, se protrai no tempo, pois o bem jurídico tutelado é violado de forma contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-se, portanto, de crime permanente.
2. Não houve violação ao princípio da legalidade ou tipicidade, pois a conduta do paciente já era prevista como crime pelo Código Florestal, anterior à Lei n° 9.605/98. Houve, apenas, uma sucessão de leis no tempo, perfeitamente legítima, nos termos da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.
3. 3. Tratando-se de crime permanente, o lapso prescricional somente começa a fluir a partir do momento em que cessa a permanência. Prescrição não consumada. 4. Recurso desprovido.
(RHC 83.437/ SP, Relator: Min. Joaquim Barbosa, DJU 18/02/2004)
3 - Apontamentos sobre as penas na Constituição Federal
A Constituição de 1988 estabeleceu através de seu Artigo 5º que as normas infraconstitucionais deverão regular a individualização da pena.
Vejamos:
Art. 5º- (...)
XLV- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI- A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) Privação ou restrição da liberdade;
b) Perda de bens;
c) Multa;
d) Prestação social alternativa;
e) Suspensão ou interdição de direitos.
O inciso XLVI é responsável por apontar alguns exemplos de penas, entretanto, a Constituição autorizou o legislador infraconstitucional federal a estabelecer outras hipóteses, como bem aponta o inciso I do Artigo 22:
Art. 22- Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
Assim, foi possível que o Legislador infraconstitucional estabelecesse os critérios e modalidades das penas na Lei dos Crimes Ambientais, o que vamos efetivamente, começar a tratar.
1.4 - Breves considerações sobre as penas
Segundo o Código Penal, as penas comportam as seguintes modalidades: privativas de liberdade, restritivas de direito e multa.
Art. 32- As pensa são:
I- Privativas de liberdade;
II- Restritivas de direito;
III- De multa.
Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser cumuladas com as penas de multa.
1.5 - As penas previstas na Lei dos Crimes Ambientais
A autoridade competente se vale de certos critérios para impor e gravar uma pena ao infrator ambiental. Tais critérios estão previstos nos incisos I, II e III do Artigo 6º da Lei 9.605/98 e são os seguintes:
 A gravidade do fato, observados os motivos da infração e suas conseqüências tanto para a saúde publica e o meio ambiente;
 Os antecedentes do infrator ambiental, especificamente com relação ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
 No caso de multa, a situação econômico-financeira do infrator ambiental.
Quando se tratar de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a 04 (quatro) anos ou a culpabilidade, os antecedentes a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstancias do crime indicar que a substituição seja modo hábil para a reprovação e prevenção do crime, é possível a aplicação das penas restritivas de direitos.
As penas restritivas de direitos são autônomas, ou seja, não são aplicadas conjuntamente com a pena privativa de liberdade (reclusão e detenção). Também não são cominadas abstratamente para cada tipo penal, mas aplicáveis às infrações penais, em substituição à pena privativa de liberdade, desde que preenchidos os pressupostos legais.
Em um caso concreto, o juiz, após fixar a pena privativa de liberdade cominada de modo abstrato para o ilícito penal decide sobre a possibilidade de substituí-la por uma pena restritiva de direitos ou multa.
A substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos não é um direito subjetivo assistido ao condenado, mas caso o juiz não a conceda, deverá quando da individualização da pena expuser em sua sentença as razões que o motivaram a não conceder a substituição da pena. Deste modo, pode o condenado, via recurso defender o cabimento da medida de substituição.
A multa é também meio hábil para substituir a pena privativa de liberdade, conforme o Artigo 44, § 2º do Código Penal, pelo qual se a condenação for igual ou inferior a um ano, a substituição poderá ser realizada por uma multa ou uma restritiva de direitos. Sendo a pena superior a um ano, a pena privativa de liberdade poderá ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
As penas restritivas de direito terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída por ocasião do cumprimento dos requisitos ou critérios acima aludidos.
Mais uma vez, fazendo uns parênteses com a legislação penal comum, temos que as penas restritivas de direitos, que como veremos a seguir, são exaustivamente utilizado nos casos de infrações ambientais, são autônomas e comportam as seguintes modalidades, como aponta o 
Artigo 43 do Código Penal:
Art. 43- As penas restritivas de direito são:
I- Prestação pecuniária;
II- Perda de bens e valores;
III- (Vetado)
IV- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
V- Limitação de fim de semana.
Assim nos ensina Mirabete:
"Diante da falência da pena privativa de liberdade, que não atende aos anseios de ressocialização do condenado, a tendência moderna é procurar substitutivos penais para essa sanção, ao menos no que se relaciona com os crimes menos graves e ais criminosos cujo encarceramento não é aconselhável. No Brasil, vigoram tais idéias e a Lei 7.209/ 84 inseriu no Código Penal, ainda que timidamente, o sistema de penas alternativas (ou substitutivas) da pena privativa de liberdade, denominadas penas restritivas de direitos, classificadas no Artigo 43 como prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, acrescentou a elas as penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores e aumentou extraordinariamente sua incidência (Artigo 44). No projeto desse diploma legal, previam-se também as penas de recolhimento domiciliar e de advertência, mas os dispositivos correspondentes foram vetados pelo Executivo por se considerar não terem elas o mínimo necessário de força punitiva, afigurando-se desprovidas da capacidade de prevenir nova prática delituosa.
Como já visto, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penasrestritivas de direitos as penas de prestação de serviços à comunidades, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar. Vale lembrar que as penas de suspensão parcial ou total de atividades, de interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade e a pena de proibição de contratar, obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu turno, plausíveis de responsabilização penal, civil e administrativa, nos casos em que a infração for cometida por seu representante legal ou contratual, bem como de órgão colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da organização.
Segundo o Artigo 8º da Lei de Crimes Ambientais- LCA, as penas restritivas de direitos são:
Art. 8º- As penas restritivas de direitos são:
I- Prestação de serviços à comunidade;
II- Interdição temporária de direitos;
III- Suspensão parcial ou total de atividades;
IV- Prestação pecuniária;
V- Recolhimento domiciliar.
5º) Próxima Semana 
Na Próxima semana passarei para você algumas outras dicas de estudos. Contudo, para há primeira semana, estes dois cursos são suficientes. 
Comece agora. Invista bem o seu tempo, tenha bons estudos e garanta todo o sucesso do mundo. Não deixe de ler a Lei 9.605/98, popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais.
Orientações 2ª Semana
1º) A Segunda Semana 
Nessa segunda semana, nossa tarefa continua sendo o exame da parte introdutória para a correta compreensão do estudo dos crimes ambientais.
Assim, seguem mais materiais e orientações para que juntos continuemos a prosseguir em nosso intuito.
Bons estudos!
2º) Considerações gerais sobre as Penas Restritivas de Direito 
Avançando em nossas considerações, chegamos neste momento, aos debates sobre as penas restritivas de direito, que diante da falência da pena privativa de liberdade, se tornam uma tendência, na qual se procura substitutivos penais para os crimes menos graves, aonde o encarceramento não é aconselhável. 
Já é notória a idéia de que com o advento da Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, passou a se ter em uma lei ordinária a disposição sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente.
Estabeleceu-se como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
As penas de suspensão parcial ou total de atividades, de interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade e a pena de proibição de contratar, obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu turno, plausíveis de responsabilização penal, civil e administrativa, nos casos em que a infração for cometida por seu representante legal ou contratual, bem como de órgão colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da organização
3º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo III 
Veja um trecho do Curso que você estudará agora:
"Conforme já tratado, as penas restritivas de direito, muito aplicadas na esfera penal ambiental, comportam as seguintes modalidades: prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar."
1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo III
1.1 - Comentários iniciais
Antes de adentrar aos novos temas, vale reforçar que de acordo com o Artigo 8º da Lei de Crimes Ambientais- LCA, as penas restritivas de direitos são:
Art. 8º- As penas restritivas de direitos são:
I- Prestação de serviços à comunidade;
II- Interdição temporária de direitos;
III- Suspensão parcial ou total de atividades;
IV- Prestação pecuniária;
1.2 - A Pena Privativa de Liberdade
A Pena Privativa de Liberdade (PPL) subtrai do condenado o direito constitucional da liberdade.
Estipula o Artigo 33 do Código Penal:
Art.33- A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi- aberto ou aberto, salvo necessidade para transferência a regime fechado.
§ 1º- Considera-se:
a) Regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) Regime semi- aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) Regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º- As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) O condenado à pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito) anos, poderá desde o principio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o inicio, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º- A determinação inicial de cumprimento da pena far-se-à com observância dos critérios previstos no Artigo 59 do Código.
De acordo com Mirabette, ainda que presente o a tendência moderna de se abolir a diversidade de espécies de penas privativas de liberdade, na última reforma penal, esta datada de 1.984, manteve-se no código Penal a distinção entre a reclusão e a detenção. Essa diferença, porém, é puramente formal no que diz respeito à execução de não se possibilitar, na pena de detenção, o regime inicial fechado, permitindo-se, porém, a regressão a tal regime nos termos do Artigo 118 da LEP.
Ainda explica que a lei, ao adotar o sistema progressivo na execução das penas privativas de liberdade, estipula três regimes, a saber: fechado, semi- aberto e aberto, de acordo com o estabelecimento penal em que a pena é executada. Logo, cumpre-se a pena em regime fechado em penitenciarias de segurança máxima ou media, em regime semi- aberto em colônias agrícolas, industriais ou estabelecimento similar, e em regime aberto em casa do albergado ou estabelecimento adequado. Por regra especial, a pena de prisão simples, aplicada ao autor de contravenção só pode ser cumprida em regime semi- aberto ou aberto, sendo impossível ser fixado para ela o regime fechado.
1.3 - As Penas Restritivas de Direitos
Conforme já tratado, as penas restritivas de direito, muito aplicadas na esfera penal ambiental, comportam as seguintes modalidades: prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar.
1.3.1 - Prestação de serviços à comunidade
A prestação de serviços à comunidade ou prestação social alternativa é prevista constitucionalmente no Artigo 5º, XLVI, d:
Art. 5º- (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Consiste em trabalho gratuito em determinadas instituições, sejam tais organizações criadas pelo Estado ou pela própria sociedade, como as Organizações Não- Governamentais (ONGS).
Deve-se ressaltar que no caso de ser o infrator condenado à prestação de serviços à comunidade não será configurada, em nenhuma hipótese, relação de emprego ou trabalho forçado, mas ônus imputado ao condenado para afastar-lhe a pena privativa de liberdade.
Via de regra, as tarefas são estipulas pelo juiz competente, de acordo com as aptidões do condenado.
Esta modalidade de pena restritiva de direitos está prevista no Artigo 46 do código Penal.
A Lei Ambiental Penal (Lei 9.605/98) disciplinou a questão em seu 9º Artigo o qual afirma que a prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado se tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, se for o casode dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
Exemplo disso é a condenação à prestação de serviços ambientais, por si, pelo período de 10 (dez) horas a serem cumpridas em 01 (um) mês, em entidade púbica a ser indicada pela Fundação de Parques Municipais.
Este exemplo foi extraído de processo real, no qual, a infratora, uma dona de casa que matinha em cativeiro ave silvestre, sem a devida autorização da autoridade competente, teve que varrer o Parque Municipal da Cidade de Belo Horizonte, obedecendo o período acima citado.
1.3.2 - Interdição temporária de direitos
A interdição temporária de direitos também possui assento Constitucional, vide Artigo 5º, XLVI, alínea "e", supra transcrito.
No Código Penal está expressa no Artigo 47, pelo qual:
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV - proibição de freqüentar determinados lugares.
Com relação à primeira das interdições, a proibição do exercício de cargo, função, atividade pública e mandado eletivo, temos que o cargo público é o lugar instituído dentro do serviço público com denominação própria e atribuições especificas. Já a função pública é atribuição ou conjunto de atribuições que a Administração Pública a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para a execução de serviços eventuais. Por seu turno, a atividade pública é tida como aquela efetuada em beneficio do Estado, mediante ou ausente remuneração, e que dependa de nomeação, escolha, designação, dentre outras, por parte do Poder Público, estando incluídos nesta categoria os chamados empregos públicos, onde ocorre à admissão de servidores para serviços temporários em regime especial, etc.
Os mandatos eletivos são aqueles exercidos pelos membros do Legislativo ou do Executivo, eleitos por prazos pré-determinados na lei. Uma vez aplicada à pena de interdição temporária de direitos, ocorrerá uma suspensão dos direitos políticos, isto é, o de ser o condenado vetado ou proibido de continuar ou passar a exercer qualquer mandato púbico, mesmo que regularmente eleito, durante certo período.
Entretanto, não se confunde tal pena com as interdições, proibições ou suspensões aplicadas através de medidas administrativas ou políticas, tampouco com a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo como efeito de condenação.
Com relação à proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio, que para efeito do presente estudo é tida como segunda modalidade de interdição temporária de direitos, temos que a mesma consiste na proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio que dependam de habilitação especial, licença ou autorização do Poder Público.
Uma vez aplicada à referida pena, o condenado se torna privado de exercer a profissão, atividade ou oficio, enquanto durara a pena, ainda que legalmente apto para a referida execução.
Todavia, são diferentes a pena de interdição temporárias de direitos, modalidade proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio com as medidas que possam acarretar as mesmas conseqüências, porém, advindas de processos administrativos dos respectivos conselhos de classe.
A suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo figura como a última das modalidades dentro da pena de interdição temporária de direitos.
A título de uma breve elucidação, temos que a referida pena só poderá ser aplicada nos crimes culposos de trânsito, em substituição à pena privativa de liberdade, quando se tratar de infração cometida em veículo automotor. Assim, tal interdição só poderá ser aplicada ao agente que, habilitado para dirigir veículo automotor, pratica crime de trânsito na condução de veículo, inclusive os de tração humana e animal.
De volta à seara da Lei dos Crimes Ambientais, assim dispõe o Artigo 10 da referida Lei:
Art. 10- As penas de interdição temporária de direitos são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, o de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de 05 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 03 (três) anos no de crime culposos.
Portanto, são modalidades de interdição temporária de direitos, sob a ótica do Direito Ambiental Penal:
Proibição de contratar com o Poder Público;
Proibição de recebimento de incentivos fiscais e demais benefícios;
Proibição de participar de licitações, por 05 (cinco) ou 03 (três) anos, de acordo com o caso.
Como ensina o Professor Paulo Affonso Leme Machado, as penas de interdição temporária de direitos são a de proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos e três anos nos crimes culposos.
Tal pena, descrita no Artigo 10 é semelhante com a pena descrita no Inciso III, do Artigo 22 da Lei.
A proibição de o condenado receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios pode ser entendida como sendo uma vedação de receber doações, subvenções e subsídios de todos os órgãos públicos, inclusive de bancos e agências de financiamentos estatais.
Utilizando a interdição temporária de direitos estará ocorrendo o explicito impedimento do condenado contratar com o Poder Público e por conseguinte, o de participar de licitações.
1.3.3 - Suspensão parcial ou total de atividades
A Lei dos Crimes Ambientais estabeleceu em seu Artigo 11:
Art. 11- A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
A suspensão parcial ou total das atividades é modalidade de pena restritiva de direitos direcionadas às pessoas jurídicas que desenvolvem suas atividades, ao revés da legislação ambiental vigente.
Neste sentido, aponta o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG):
MEIO AMBIENTE. OFENSA. IMPOSSIBILIDADE DE PROIBIÇÃO DE ATIVIDADE LEGAL. - É possível impor-se proibição concreta a atividades que possam afetar o meio ambiente, mas nunca proibir atividades que a lei não proíbe. - Recurso a que se dá parcial provimento.
(1.0012.05.003395-5/001, Desembargador Ernane Fidélis, 25/11/2005).
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATIVIDADE POLUIDORA. INOBSERVÂNCIA DAS CONDICIONANTES DEFINIDAS PELO ÓRGÃO AMBIENTAL, QUANDO DO LICENCIAMENTO. IMPOSIÇÃO DE MULTA DIÁRIA. DESNECESSIDADE, POR HORA. PODER DE POLÍCIA QUE COMPETE À ADMINISTRAÇÃO. POSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO SUPLETIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELAS VIAS PRÓPRIAS, SE FOR NECESSÁRIO.
(1.0027.92.00210- 7/ 002, Desembargador Brandão Teixeira, 27/01/2006)
1.3.4 - Prestação pecuniária
A prestação pecuniária, de acordo com o Artigo 12 da Lei dos Crimes Ambientais, consiste no pagamento em dinheiro a vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a 01 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários- mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
A prestação pecuniária conforme consta da LCA modificou a destinação da condenação do dinheiro, previsto pelo Artigo 13 da Lei 7.347/ 85 (Lei da Ação Civil Pública).
Art. 13- Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representante da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.
Pela Lei da Ação Civil Pública só era possível destinar a indenização ao Fundo de Defesa dos Interesses Difusos.
Tome-se comoexemplo, o caso da infratora ambiental, residente em Belo Horizonte, que mantinha sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, espécie da fauna silvestre em cativeiro.
Além da composição cível, prevista no Artigo 27 da Lei 9605/98, foi condenada a infratora no pagamento da prestação pecuniária, no valor de R$ 380, 00 (trezentos e oitenta) Reais, em 03 (três) parcelas mensais e consecutivas, através de deposito judicial, a ser destinado ao Projeto Ambiental "Águia não é Galinha", desenvolvido pela Fundação de Parques Municipais de Belo Horizonte- MG.
1.3.5 - Recolhimento domiciliar
O recolhimento domiciliar é também uma das modalidades de penas restritivas de direitos possibilitando a pena privativa de liberdade.
A Lei dos Crimes Ambientais a prevê em seu Artigo 13 sendo que a mesma é baseada na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido em sentença condenatória.
Ensina Paulo Affonso Leme Machado que nos comportamentos que revelem manifesta inadaptação social do condenado a pena de recolhimento domiciliar poderá apresentar-se como uma tentativa de evitar-se a prisão. É pena cuja aplicação será mais eficaz se somada à outra pena restritiva de direitos, se diretamente voltados para a recuperação do meio ambiente.
Segundo o Penalista Damásio de Jesus, é admissível a substituição da pena privativa de liberdade por uma ou duas pena (s) restritiva (s) de direitos.
4º) Notícias dos Tribunais 
No Jurisway, no ícone "Notícias dos Tribunais", localizamos também algumas informações que são oportunas para a nossa matéria. 
5º) TJ/ SC- 09/07/2008- Madeireira tem atividades suspensas por crimes ambientais 
Veja um trecho da notícia:
"O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra a empresa, que resultou em sua condenação em 1º Grau. A ré apelou sob alegação de insuficiência de provas. O relator do processo, desembargador Sérgio Paladino, entretanto, constatou que o conjunto probatório demonstrou que a apelante é contumaz na prática de crimes ambientais e, por este motivo, manteve a condenação de um ano e quatro meses de suspensão total de suas atividades. (Apelação Criminal n. 2008.017595-4)".
A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, em decisão unânime, confirmou sentença da Comarca de Rio do Campo que suspendeu por um ano e quatro meses as atividades da Industrial Elisa Ltda - empresa atuante no ramo da exploração madeireira na cidade de Santa Terezinha - pela prática contumaz de crimes ambientais. Conforme apurado no processo, a empresa funcionava sem a indispensável Licença Ambiental de Operação - LAO, fornecida pela Fundação do Meio Ambiente (Fátima). Segundo os autos, em julho de 2002, a Polícia Ambiental registrou a apreensão de um lote de toras nas dependências da empresa sem qualquer documentação que atestasse sua legal extração por parte dos fornecedores. Ao retornar ao local, em agosto daquele ano, praticamente toda a madeira nativa apreendida havia desaparecido. O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra a empresa, que resultou em sua condenação em 1º Grau. A ré apelou sob alegação de insuficiência de provas. O relator do processo, desembargador Sérgio Paladino, entretanto, constatou que o conjunto probatório demonstrou que a apelante é contumaz na prática de crimes ambientais e, por este motivo, manteve a condenação de um ano e quatro meses de suspensão total de suas atividades. (Apelação Criminal n. 2008.017595-4)
6º) TJ/ RS- 06/07/2007- Levantado segredo de justiça em processo criminal por crimes ambientais em Estância Velha
A 4ª Câmara Criminal do TJRS decidiu que não há segredo de justiça nas denúncias criminais a que respondem o Curtume Paquetá Ltda. e outras empresas acusadas de crimes contra o meio ambiente, no Foro de Estância Velha. As denúncias buscam a condenação de possíveis causadores da grande mortandade de peixes ocorrida no Rio dos Sinos, em outubro de 2006.
"A decretação de sigilo profissional, que é medida excepcional, requer a comprovação de relevante interesse social ou necessidade de preservação da intimidade, principalmente das vítimas." Com esse entendimento, o Colegiado denegou o Mandado de Segurança impetrado pelo Curtume Paquetá Ltda. em que pedia que o processo criminal nº 207900000068 tramitasse em segredo de justiça, com resguardo do sigilo e vedação de divulgação do nome da empresa, até o julgamento da ação.
O pedido de liminar foi deferido. O curtume Kern Mattos S/A e a PSA Indústria de Papel S/A requereram habilitação como litisconsortes ativos. As empresas requereram o estabelecimento de segredo de justiça sob a alegação de prejuízo à imagem, diante da gravidade das imputações.
Relatou o Desembargador Gaspar Marques Batista que o Curtume Paquetá foi acusado da prática de crimes contra o meio ambiente, descritos nos ares. 54, § 2º, V, art. 58, inc. I, e art. 60, c/c art. 15, inc. II, alíneas "a" e "o", da Lei nº 9.605/98.
Para o magistrado, "não há direito líquido e certo para que a ação penal ajuizada tramite em segredo de justiça, uma vez que, a priori, o direito à informação e à publicidade sobrepõe-se ao direito de preservação da imagem". Ressaltou também que a decisão que autorizou o segredo de justiça na seara cível não vincula o juízo criminal.
O Desembargador considerou também que a publicidade dos atos processuais é a regra, exatamente como se infere da leitura dos arts. 5º, inc. LX e art. 93, inc. IX da Constituição Federal. "Em casos extremos, quando houver interesse social e para a defesa da intimidade, possível a restrição do princípio", afirmou. "Mas não é o caso dos autos."
"Inexiste fundamento a ensejar a medida, ou seja, não há demonstração de interesse público relevante, tampouco necessidade de preservação da intimidade", considerou. "Este caso é daqueles que exige publicidade, para que o tema seja submetido a debate e a população tome consciência da severa degradação ambiental imputada à empresa." 
Os Desembargadores Constantino Lisboa de Azevedo e Vladimir Giacomuzzi acompanharam o voto do relator.
O Desembargador Giacomuzzi, que havia concedido à liminar inicialmente, na condição de plantonista do Tribunal de Justiça, também entende que a decisão determinando o segredo de justiça na esfera civil, não vincula as decisões na esfera criminal.
"Decorridos mais de seis meses desde então, hoje a realidade é outra, tendo-se ultrapassado a etapa das investigações ou levantamento de dados na esfera administrativa, ingressando-se na fase judicial, estando à empresa a responder ação penal intentada pelo Ministério Público", ressaltou o Desembargador Vladimir.
A decisão do Colegiado é de 28/6 e foi unânime.
Proc. 70018874735 (João Batista Santafé Aguiar)
7º) STF- 11/11/2006- Deferida a liminar a empresário denunciado por crimes ambientais 
"O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações, segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.
Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma."
O ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar no Habeas Corpus (HC) 89878, impetrado por sócio de uma empresa do setor de minérios, em Taubaté (SP), para suspender o andamento de ação penal que tramita na 1ª VaraFederal da Subseção Judiciária de Taubaté (SP), até o julgamento final do HC. O empresário M.F.A. foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos supostos crimes de extração de substâncias minerais, no caso, areia, e exploração de matéria-prima pertencente à União, sem autorização legal.
O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações, segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.
Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma.
Dessa forma, M.F.A. entende que o único delito que lhe poderia ser imputado deveria ser o de usurpação de matéria-prima pertencente à União, previsto no artigo 55 da Lei dos Crimes Ambientais, que, segundo a defesa, estaria prescrito. Por fim, o HC aponta a nulidade do processo, desde o recebimento da denúncia, em razão da tipificação dos fatos.
Em sua decisão, o ministro Eros Grau entendeu haver plausibilidade jurídica nas razões da impetração, bem como a demonstração do perigo na demora [periculum in mora], mas considerou satisfatório (que antecipa o provimento final) o pedido liminar de trancamento da ação penal. Assim, deferiu a liminar tão-somente para suspender o andamento da ação penal, até a decisão final do habeas.
RS/EC
Processos relacionados : HC-89878
8º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo IV 
O Módulo IV encerra a fase introdutória ao estudo dos crimes ambientais.
Veja um trecho do curso ora sugerido: 
"Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal, quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente."
1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo IV
1.1 - Circunstâncias atenuantes das penas
O Artigo 14 da Lei dos Crimes Ambientais, assim prevê:
Art. 14- São circunstâncias que atenuam a pena:
I- Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II- Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
III- Comunicação prévia do agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV- Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
O Artigo 14 da LCA tomou por seu paradigma os Artigos 65 e 66 do Código Penal, abaixo transcritos:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
1.2 - Circunstâncias agravantes das penas
A pena será sempre agravada, quando não constituir ou não qualificar o crime, tal como preconiza o Artigo 15 da LCA.
Segundo Mirabette:
"(...) uma circunstância elementar (elemento) ou qualificadora, que faz parte da estrutura do tipo básico ou qualificado, não pode ao mesmo tempo, torná-lo mais grave, com o reconhecimento dessa circunstância como agravante genérica da pena, o que é vedado pelo princípio do non bis in idem".
Art. 15- São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
O Artigo 15 da LCA tem por correspondente os Artigos 61 e 62 do Código Penal, abaixo descritos:
Art. 61- São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Poderão ocorrer ainda as causas de aumento de pena, conforme o Artigo 58 da Lei dos Crimes Ambientais:
Art. 58- Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.
Nelson Bugalho afirma que:
"(...) tais causas somente são aplicáveis aos crimes dolosos previstos na Seção III e dispostos nos Artigosanteriores (Artigos 54, 55 e 56), posto que se pretendesse o legislador incidissem também nos crimes definidos nos Artigos 60 e 61, teria disposto os Artigos de forma diversa. (...) São resultados que advêm a título de culpa, respondendo o autor pelo resultado mais grave quando podia prever sua ocorrência (Artigo 19 do Código Penal. Outra não poderia ser a conclusão face o se resulta e o resultar insculpidos nos incisos. Ocorrendo uma daquelas circunstâncias por culpa do sujeito ativo, obrigatório será o aumento da pena. Cuida-se, pois, de crime preterdoloso (preterintencional), em que a ação causa um resultado mais grave que o pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e seu comportamento produz um majus, de forma que há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado."
1.3 - Causas excludentes de ilicitude
O fato típico (fato que se amolda ao conjunto de elementos descritivos do crime, contidos na lei) perde a ilicitude (antijuridicidade: é antijurídico, a não ser que se configure em uma da causas de excludentes) quando diante de causa excludente da antijuridicidade.
A Lei Ambiental é subsidiaria a Lei Penal, como estabelece o Artigo 79 da LCA, e, portanto, indispensável à leitura do Artigo 23 do Código Penal.
Art. 23- Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Segundo o Parágrafo Único do Artigo 23, o excesso de punível se dá quando, o agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, age dolosa ou culposamente.
Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal, quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
A despeito de toda a evolução na legislação ambiental vigente no Brasil, uma curiosidade: O inciso III do Artigo 37 da Lei dos Crimes Ambientais foi vetado, impedindo a legitima defesa contra ataque de animais ferozes.
Uma vez aceito o inciso III, estaria o Brasil sendo o pioneiro em todo o mundo a reconhecer como sujeito de direitos e deveres os animais ferozes, já que a legitima defesa pressupõe agressão humana.
Em suma: se o inciso III fosse aprovado, estaríamos diante de uma aberração jurídica sem precedentes.
9º) Próxima Semana
Acabamos de concluir a fase introdutória dos crimes ambientais. Aproveite para revisar algum ponto que possa ter-lhe causado alguma dúvida.
Orientações 3ª Semana
1º) A Terceira Semana
Tendo em vista a conclusão da parte introdutória, nas próximas duas semanas nos dedicaremos arduamente ao estudo dos crimes ambientais em espécie.
Você deverá ler atentamente esse material, pois o conteúdo é realmente interessante e imprescindível para quem pretende conhecer os crimes ambientais. 
2º) Considerações gerais sobre a Lei 9.605/98
Como já visto nos cursos introdutórios da matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime ambiental?).
O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime, culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).
O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do crime ou instrumentos e produtos do crime.
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da seguinte maneira:
Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);
Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos entre os Artigos 62 ao 65);
Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao 69).
O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas.
O Capítulo VII cuida da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as disposições em contrário. 
3º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo I: Crimes contra a Fauna
Prosseguindo nossos estudos, vamos adentrar-nos tão comentados crimes contra a fauna.
Veja um trecho do Curso que você estudará agora:
"Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre."
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie - Módulo I
1.1 - Considerações Iniciais
Após vencidos os quatro Módulos denominados "Introdução ao Estudo da Lei dos Crimes Ambientais", aonde se pretendeu construir um alicerce para se chegar aos crimes em espécie, propriamente ditos, previstos nesta Lei.
A Lei 9.605/98 foi publicada aos 13 de fevereiro de 1998, permanecendo em vacância (período entre a publicação da lei e sua entrada em vigor) por 45 (quarenta e cinco) dias.
A Lei 9.605/98 é popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, porém, é, na verdade, um instrumento normativo de natureza híbrida, uma vez que se deu tratamento também às infrações administrativas, além de ter cumprido dois importantes papéis perante o cenário de preservação ambiental: efetivou as exigências Constitucionais, no sentido de apenar as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, pelo Artigo 225, bem como, atendeu as recomendações constantes da Carta da Terra e da Agenda 21, ambas aprovadas no Rio de Janeiro, na ECO/ 92.
Como já visto nos cursos introdutórios à matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços às comunidades, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
Vale lembrar que as penas de suspensão parcial ou total de atividades, de interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade e a pena de proibição de contratar, obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu turno, plausíveis de responsabilização penal, civil e administrativa, nos casos em que a infração for cometida por seu representante legal ou contratual, bem como de órgão colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da organização.
Também é relevante a inclusão da pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º), superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos,a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime ambiental?).
O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime, culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).
O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do crime ou instrumentos e produtos do crime.
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese à observação de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da seguinte maneira:
Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);
Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos entre os Artigos 62 ao 65);
Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao 69).
O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas.
O Capítulo VII cuida da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as disposições em contrário.
Passemos agora ao estudo dos Crimes contra a Fauna, previstos na Seção I da Lei dos Crimes Ambientais.
1.2 - Dos Crimes contra a Fauna
A Seção I, do Capítulo V, da Lei dos Crimes Ambientais substituiu o Código de Caça (Lei 5.197/67) e o Código de Pesca (Decreto- Lei 221/67), cujas penas consideravam inafiançáveis os delitos empreendidos contra a fauna silvestre, estabelecendo sanções tão rigorosas, a ponto de inviabilizar e comprometer a própria execução da pena, se tornando instrumentos pouco hábeis para atender as necessidades ambientais atuais, em especial, a questão do desenvolvimento baseado na sustentabilidade.
Como afirma Edis Milaré:
"(...) por não haver uma justa relação de proporcionalidade entre a falta cometida pelo infrator e a sanção prometida, via de regra os juízes, para evitar uma punição desarrazoada, acabavam por se socorrer dos conhecidos Princípios da Insignificância e da Irrelevância Penal do Fato ou Delito de Bagatela, desconsiderando como crime o abate de um ou alguns exemplares de animais silvestres. (...) Daí, a busca do legislador de 1998 em trilhar o entendimento de que a proteção que dispensa à fauna só pode ser efetivada se estendida a cada um de seus exemplares, pois a agressão a cada individuo é que põe risco a própria espécie."
Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre.
Faz-se necessário e oportuno abrir um parêntese para definir o que seja considerado fauna.
Fauna, conforme o Glossário Ambiental de Milaré é considerado o conjunto de animais que vivem em um determinado ambiente, região ou época. A existência e conservação da fauna estão vinculadas à conservação dos respectivos "habitats".
No entendimento de Sirvinskas, a fauna é tida como o conjunto de animais próprios de um país ou região que vive em determinada época.
Também necessário estabelecer a diferenciação do que é considerado como animal silvestre, animal em rota migratória, animal exótico e animal doméstico.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA:
Animais Silvestres: são aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do Território Brasileiro e suas águas jurisdicionais.
Exemplos: mico, morcego, quati, onça, tamanduá, ema, papagaio, arara, canário-da-terra, tico-tico, galo-da-campina, teiú, jibóia, jacaré, jabuti, tartaruga-da-amazônia, abelha sem ferrão, vespa, borboleta, aranha e outros. O acesso, uso e comércio de animais silvestres são controlados pelo IBAMA.
Animais exóticos: são aqueles cuja distribuição geográfica não inclui o Território Brasileiro. As espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive domésticas, em estado selvagem, também são consideradas exóticas. Outras espécies consideradas exóticas são aquelas que tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas jurisdicionais e que tenham entrado espontaneamente em Território Brasileiro.
Exemplos: leão, zebra, elefante, urso, ferret, lebre-européia, javali, crocodilo-do-nilo, naja, píton, esquilo-da-mongólia, tartatuga-japonesa, tartaruga-mordedora, tartaruga-tigre-d'água, cacatua, arara-da-patagônia, escorpião-do-Nilo, entre outros.
Animais domésticos: são aqueles animais que através de processos tradicionais e sistematizados de manejo e melhoramento zootécnico tornaram-se domésticas, possuindo características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem, podendo inclusive apresentar aparência diferente da espécie silvestre que os originou.
Exemplos: gato, cachorro, cavalo, vaca, búfalo, porco, galinha, pato, marreco, peru, avestruz, codorna-chinesa, perdiz-chucar, canário-belga, periquito-australiano, abelha-européia, escargot, manon, mandarim, entre outros.
O controle de animais domésticos é feito pelas Secretarias e Delegacias vinculadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e das Gerências de Zoonoses, por sua vez, vinculadas ao Ministério da Saúde ou às Secretarias Estaduais de Saúde. Casos de animais domésticos que estejam causando problemas à saúde pública ou à agricultura devem ser comunicados a esses órgãos.
O IBAMA poderá controlar animais domésticos em casos em que seja verificada possibilidade de causarem danos à fauna silvestre e aos ecossistemas, quando em vida livre.
Entretanto, nem todos os animais são protegidos pela Lei dos Crimes Ambientais, que optou por proteger seguintes espécies:
Fauna silvestre;
Fauna aquática;
Animais domésticos ou domesticados;
Exóticos;
Em rota migratória.
Diz a LCA, em seu Artigo 29, que comete crime ambiental, cuja pena é a de detenção de seis meses a um ano e multa, quem mata, persegue, caça, apanha e utiliza espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, exceto aos atos de pesca, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Incorre nas mesmas penas:
Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar à pena.
Em sua decisão, o Desembargador Edivaldo George dos Santos (TJMG), no processo 1.0024.04.395265-4/001, publicado em 05/06/2007, assim entendeu:
Apelação Cível - Lei de Crimes Ambientais - Médico Veterinário que resgatou animal silvestre maltratado na intenção de salvá-lo - Análise das circunstâncias fáticas trazidas aos autos - Situação de exceção - Ausência de comprovação de dano efetivo - Aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. - A busca pela efetividade do art. 225 da Constituição da República não pode fechar os olhos à realidade demonstrada nos autos, cumprindo atribuir o valor que se deve à adequada avaliação, sob pena de se promover o desequilíbrio entre a aparente boa fé do agente em salvar animal abandonado, e a preservação do meio ambiente. - A análise

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