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Ana Perpétua Ellery Corrêa Elisabeth Gomes Pereira Germânia Kelly Furtado Estágio Supervisionado em Computação I ComputaçãoArtesBiologiaQuímica Física Matemática PedagogiaComputação Artes Plásticas Ciências BiológicasQuímica Física Matemática Pedagogia Computação 2016 Fortaleza Estagio_Super_Comp_I.indd 1 10/08/16 17:35 Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro Presidente da CAPES Carlos Afonso Nobre Diretor de Educação a Distância da CAPES Jean Marc Georges Mutzig Governador do Estado do Ceará Camilo Sobreira de Santana Reitor da Universidade Estadual do Ceará José Jackson Coelho Sampaio Vice-Reitor Hidelbrando dos Santos Soares Pró-Reitor de Pós-Graduação Jerffeson Teixeira de Souza Coordenador da SATE e UAB/UECE Francisco Fábio Castelo Branco Coordenadora Adjunta UAB/UECE Eloísa Maia Vidal Direção do CED/UECE José Albio Moreira de Sales Coordenação da Licenciatura em Computação Francisco Assis Amaral Bastos Coordenação de Tutoria da Licenciatura em Computação Maria Wilda Fernandes Felipe Editor da UECE Erasmo Miessa Ruiz Coordenadora Editorial Rocylânia Isidio de Oliveira Projeto Gráfico e Capa Roberto Santos Diagramador Francisco Oliveira Conselho Editorial Antônio Luciano Pontes Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes Emanuel Ângelo da Rocha Fragoso Francisco Horácio da Silva Frota Francisco Josênio Camelo Parente Gisafran Nazareno Mota Jucá José Ferreira Nunes Liduina Farias Almeida da Costa Lucili Grangeiro Cortez Luiz Cruz Lima Manfredo Ramos Marcelo Gurgel Carlos da Silva Marcony Silva Cunha Maria do Socorro Ferreira Osterne Maria Salete Bessa Jorge Silvia Maria Nóbrega-Therrien Conselho Consultivo Antônio Torres Montenegro (UFPE) Eliane P. Zamith Brito (FGV) Homero Santiago (USP) Ieda Maria Alves (USP) Manuel Domingos Neto (UFF) Maria do Socorro Silva Aragão (UFC) Maria Lírida Callou de Araújo e Mendonça (UNIFOR) Pierre Salama (Universidade de Paris VIII) Romeu Gomes (FIOCRUZ) Túlio Batista Franco (UFF) Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECE Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – Ceará CEP: 60714-903 – Fone: (85) 3101-9893 Internet: www.uece.br – E-mail: eduece@uece.br Secretaria de Apoio às Tecnologias Educacionais Fone: (85) 3101-9962 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados desta edição à UAB/UECE. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. Editora Filiada à Estagio_Super_Comp_I.indd 2 10/08/16 17:35 Sumário Apresentação ....................................................................................................5 Capítulo 1 - Natureza do curso e documentos norteadores .....................7 Introdução .............................................................................................................. 9 1. Licenciatura em Computação .........................................................................11 2. Tecnologias educativas e formação de professores ..................................... 13 Capítulo 2 - Perfil do egresso: competências e campo de atuação profis- sional ................................................................................................................ 19 Introdução ............................................................................................................ 21 Capítulo 3 - Estágio curricular supervisionado do Curso de Licenciatura em Computação a Distância ........................................................................ 37 Introdução ........................................................................................................... 39 1. Dificuldades na realização do Estágio .......................................................... 43 Capítulo 4 – Organização e funcionamento da Educação Básica ........ 47 Introdução ............................................................................................................ 49 1. Diretrizes Curriculares Nacionais .................................................................. 51 1.1. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil ................. 51 1.2. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental ........... 52 1.3. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio ....................... 55 1.4. Demais Diretrizes da Educação Básica ................................................. 56 2. Diretrizes Curriculares da Educação Básica e o campo de atuação para pro- fissionais de Informática ...................................................................................... 61 2.1. Uma boa razão para atuar no ensino infantil ......................................... 62 2.2. Uma boa razão para atuar no ensino fundamental de nove anos ....... 63 2.3. Uma boa razão para atuar no ensino médio .......................................... 65 Capítulo 5 – Licenciatura em Computação x Educação Básica: diálogos didáticos .......................................................................................................... 73 Introdução ............................................................................................................ 75 1. Diálogo didático com o ensino infantil ............................................................ 76 2. Diálogo didático com o ensino fundamental .................................................. 79 3. Diálogo didático com o ensino médio ............................................................ 83 Capítulo 6 – Planejamento de Ensino ........................................................ 93 Introdução ........................................................................................................... 95 1. O Planejamento de Ensino ............................................................................. 97 2. O Plano de Ensino ........................................................................................... 99 Estagio_Super_Comp_I.indd 3 10/08/16 17:35 3. O Plano de Curso/Disciplina ......................................................................... 100 4. O Plano de Unidade ...................................................................................... 101 4.1. O Plano de Aula ..................................................................................... 101 Sobre as autoras .......................................................................................... 107 Estagio_Super_Comp_I.indd 4 10/08/16 17:35 Apresentação Destinado a iniciar os alunos da Licenciatura em Computação no seu campo de atuação: a Escola, apresenta-se aqui o Livro de Estágio Supervi- sionado I. Buscou-se nesse primeiro contato, uma abordagem mais voltada para a apresentação do curso e dos espaços de atuação do licenciado em Computação. Para tanto, o livro apresenta-se dividido em seis capítulos. O capítulo 1 trata da oferta de ensino pelas Universidades, detendo-se na licenciatura em pauta. Para tanto, apresenta a natureza, os documentos norteadores do curso e seus aspectos pedagógicos. Segue, trazendo um breve histórico das licenciaturas no Brasil, os diversos formatos que a Graduação em Compu- tação assume a partir do Parecer do CNE/CES n° 136/2012 e a diversidade de possibilidade de atuação do profissional da Licenciatura em Computação. Em seu capítulo 2 aborda os modelos acadêmicos adotados na for- mação inicial dos professores brasileiros, apresentando uma ação que ainda caminha no sentido de reproduzir práticas acadêmicas onde o "falar sobre" prevalece sobre o "fazer com". Traz também o conjunto de competências que deve compor o repertório do licenciado em computação. Para tratar da essência pedagógica do estágio, além da localização e do formato destas disciplinas na Licenciatura em Computação, apresenta-se o Capítulo 3. Nele você encontrará a distribuição da carga horáriado estágio ao longo do curso, da sua importância no processo de formação docente e das dificuldades que podem ocorrer ao longo da oferta em pauta. Os capítulos 4 e 5 destinam-se a apresentação da organização e do funcionamento das etapas e fases de ensino da Educação Básica, estabe- lecendo de um diálogo entre a licenciatura em computação e o seu principal campo de atuação. Contempla também os principais documentos que regem essa etapa do ensino. Compreendendo que para desenvolver os processos de ensino e apren- dizagem é imprescindível uma organização mínima, o capítulo 6 destina-se a apresentar os conceitos de planejamento na Educação, em suas diferentes perspectivas. Estagio_Super_Comp_I.indd 5 10/08/16 17:35 Acredita-se que o conjunto disponibilizado no Livro de Estágio Super- visionado I possa contribuir para a construção de uma visão geral sobre a Licenciatura em Computação, bem como do profissional a ser formado e de seu campo de atuação, preparando o aluno para as demais etapas do estágio, previstos no decorrer do curso. As autoras Estagio_Super_Comp_I.indd 6 10/08/16 17:35 Natureza do curso e documentos norteadores 1Capítulo Estagio_Super_Comp_I.indd 7 10/08/16 17:35 Estagio_Super_Comp_I.indd 8 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 9 Objetivos • Compreender aspectos técnicos, legais e pedagógicos relacionados à Li- cenciatura em Computação. • Identificar as competências e o perfil envolvidos no processo de formação do licenciado em Computação. • Reconhecer a importância do Estágio Supervisionado na formação de pro- fessores. Introdução As Universidades estão habilitadas para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa. No tocante ao ensino, este pode se apresentar com a oferta de gra- duações, pós-graduações e cursos de extensões, sendo as pós-graduações também destinadas ao campo da pesquisa. Para as graduações temos as licenciaturas e os bacharelados, sendo o primeiro destinado à formação de professores e o segundo à formação de nível superior das diversas profissões, como engenharia, química industrial e outros. De maneira simplificada, pode- mos entender a oferta do ensino universitário da seguinte forma: Figura 1 - Oferta do Ensino Superior e Pós-Graduações pelas Instituições de Ensino Superior do Brasil. Estagio_Super_Comp_I.indd 9 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.10 Sobre as licenciaturas, que é nosso objeto de estudo e formação, trata- -se de um curso de ensino superior que habilita aos licenciados a prática do magistério, ou seja, permite ao concludente dar aulas dentro da área de estu- do e nível de ensino para o qual se habilitou (Educação Básica = Educação Infantil, Ensino Fundamental e/ou Médio). Em comparação aos cursos de bacharelado, os cursos de licenciatu- ra possuem, normalmente, as mesmas disciplinas, diferenciando-se pela in- clusão de estudos voltadas para o campo pedagógico, abordando questões didático-metodológicas sobre o ensinar e o aprender. A licenciatura está disponível em diversos cursos de graduação, como Artes Cênicas, Artes Visuais, Ciências Biológicas, Ciências Naturais, Ciên- cias Sociais, Educação Física, Filosofia, Física, Química, Geografia, História, Letras, Matemática, Música, Pedagogia, entre outras. No Brasil, a questão da formação do professor passa a compor a pauta política e pública de medidas a partir da independência (1808), onde a ins- trução popular é vista como um dos caminhos para o fortalecimento do País. O trabalho é iniciado com a instituição de escolas normais, a exemplo dos países europeus. Na caminhada, algumas escolas normais são elevadas a Institutos de Educação e na década de 1930 passam a categoria de curso de nível superior. A condução das políticas desde a criação das escolas normais até ao lançamento dos cursos superiores para a formação de professores foi marcada por sucessivas descontinuidades e retomadas, imprimindo um cará- ter de prejuízo em todo o processo (SAVIANI, 2009). Na legislação brasileira (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei Nº 9.394/1996), a formação inicial corresponde a uma obrigatoriedade para o exercício do magistério, podendo ser realizada pelo curso de pedagogia (licenciatura) e pelo curso normal (Ensino Médio), para os professores com atuação na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental I. Para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio a exigência é da licenciatura na área do currículo a qual pretende lecionar. O fato é que, independente da licenciatura que você tenha escolhido fazer, este processo exige contatos profícuos com os conhecimentos e habi- lidades da profissão que se pretende seguir, deve contribuir com a edificação de uma base conceitual que permita ao educador, ao longo de sua carreira docente, ser flexível o suficiente para encontrar alternativas factíveis para a superação dos desafios próprios da ação docente. Deve-se aliar, portanto, o conhecimento específico da área pretendida com as melhores práticas de en- sino para este conteúdo. Observe que não se trata apenas de afinidade com o conteúdo, mas também com as diversas formas de como se pode socializar os saberes relacionados a área do ensino. Estagio_Super_Comp_I.indd 10 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 11 É nesta perspectiva que se tem a inclusão das disciplinas pedagógicas nos cursos de licenciatura. São elas que orientam, teoricamente, aspectos do ensinar e aprender, apresentando estudos filosóficos1 e cognitivos2 cons- truídas ao longo dos anos. Para as questões práticas do magistério, tem-se o Estágio Supervisionado. É nesta etapa da licenciatura que o aluno pode se aproximar do ambiente de trabalho para o qual está sendo preparado. Tardif (2002), citado em Almeida e Biajone (2007), diz que o estágio supervisionado "visa habituar os alunos, futuros professores, à prática profissional dos profes- sores de profissão e fazer deles práticos reflexivos” (p. 292). 1. Licenciatura em Computação No Brasil a Licenciatura em Computação é uma das mais recentes habilita- ções da área em pauta. A oferta tornou-se efetiva em 1997, quando a Universi- dade Nacional de Brasília, após quase uma década de discussão, implementa a oferta. Atualmente a Graduação em Computação encontra-se disponível em cinco especialidades, conforme apresentado a seguir: Bacharelado em Ciências da Computação Bacharelado em Engenharia da Computação Licenciado em Computação Responsáveis pelo desenvolvimento científico (teorias, métodos, línguagens, modelos, entre outras) e tecnológico da Computação. Disponibilizam para a sociedade produtos de eletrônica de consumo, de comunicações e de automação (industrial, bancária e comercial). Criam Sistemas de Informação suportado por Tecnologias de Informação e Comunicação para gerenciar as mais diversas áreas de um negócio. Preparam professores para formar cidadãos com competências e habilidades necessárias para conviver e prosperar em um mundo cada vez mais tecnológico e global GRADUAÇÕES EM COMPUTAÇÃO Responsáveis pelo desenvolvimento de softwares (parte lógica) que interagem com o hardware dos computadores (parte física). Bacharelado em Engenharia de Software Bacharelado em Sistemas da Informação Figura 2 - Oferta das Graduações em Computação, conforme Parecer CNE/CES n° 136/2012. No caso específico da Licenciatura em Computação, trata-se do reco- nhecimento acadêmico da necessidade de se ter um suporte teórico e prático mais efetivo para o trabalho com as tecnologias computacionais no desenvol- vimento do ensino e da aprendizagem. Isto porque os professores que encontraremos em pleno exercício do magistério receberam uma formação cujos documentos orientam uma prática 1Destinado ao entendimento de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. 2Voltado para a compreensão do ato ou processo da aquisiçãodo conhecimento que se dá através da percepção, da atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Estagio_Super_Comp_I.indd 11 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.12 educativa inovadora, mas que muitas vezes fica só no discurso. Tem-se ainda a prática dos professores formadores, aqueles responsáveis pela nossa for- mação, que também podem carecer de um maior conhecimento quanto ao uso das tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem. Nos documentos brasileiros que orientam a Educação Básica, especifi- camente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e nas Diretrizes Cur- riculares do Ensino Médio (DCNEM), a inserção das tecnologias educativas no currículo é mencionada nos módulos destinados a cada área específica do saber (Ex.: Matemática, Geografia, Língua Portuguesa e demais áreas), apresentando a importância e as possibilidades de uso do computador na aprendizagem de conteúdos específicos. Bonilla e Pretto (2000), ao analisarem os parâmetros, com ênfase no uso das tecnologias educativas, observam que num primeiro momento o as- sunto é tratado percebendo a tecnologia como promotora de possibilidades diferenciadas de ensino e aprendizagem, onde permite o olhar singular e plu- ral do mundo, respeitando as individualidades, sem desconsiderar o todo en- volvido no complexo fazer educacional. Uma das concepções presentes no documento explicita que as TIC, além de serem veículos de informações, possibilitam novas formas de orde- nação da experiência humana, com múltiplos reflexos na área cognitiva e nas ações práticas, ao possibilitar novas formas de comunicação e produção de conhecimento, gerando com isso transformações na consciência individual, na percepção de mundo, nos valores e nas formas de atuação social. Uma concepção que entende que a escola faz parte do mundo e que para cumprir sua função de contribuir para a formação de indivíduos que possam exercer plenamente sua cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade, deve estar aberta e incorporar novos hábitos, com- portamentos, percepções e demandas (Bonilla & Pretto, 2000). Os PCN e as DCNEM advertem ainda que a simples presença de tec- nologias no contexto escolar não pode ser relacionado diretamente à melhoria da qualidade de ensino. Reforça que é preciso refletir sobre que educação se quer oferecer e, a partir daí, direcionar o uso das tecnologias, tendo como re- ferência os interesses e as necessidades da comunidade escolar, bem como a do seu entorno. Contudo, na sequência dos documentos em pauta, onde em trechos ocorre a sinalização para um uso contextualizado das tecnologias educativas, alinhado com o contexto local, em outras o mesmo documento apresenta um conjunto de recomendações de uso dos computadores, chegando ao ponto de orientar que os alunos não coloquem o dedo direto no monitor do equipa- mento, quando quiserem apontar algo na tela. Desta forma, Estagio_Super_Comp_I.indd 12 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 13 Dentre os aspectos que “devem” ser considerados, o documento (BRA- SIL, 1998. p. 150-2) destaca a forma como os professores devem orga- nizar os alunos e a dinâmica de trabalho no laboratório de informática, o tipo de postura que o professor deve adotar frente aos alunos e às máquinas. Visivelmente pode-se perceber que nada mudou. Continua sendo um receituário imposto aos professores, como se estes fossem incapazes de construir sua própria dinâmica de trabalho. Os “velhos” manuais dos livros didáticos parecem estar em pleno uso (BONILLA & PRETTO, 2000). Continuando a análise aos documentos oficiais que orientam o uso das tecnologias educativas na educação brasileira, tem-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), apontando o direito das crianças a uma educação de qualidade, onde todas as tecnologias disponíveis devem ser utilizadas a favor de uma comunicação livre e sem preconceitos. Para Fantin e Rivoltella (2012), Tais considerações evidenciam que a inserção curricular da mídia- -educação nas escolas do Brasil deixa muito a desejar, e o fato de não existir "oficialmente", seja como disciplina obrigatória ou como tema transversal, faz com que, na maioria das vezes, ela seja vista apenas como recurso pedagógico e não como objeto de estudo articulado com outras áreas do saber. Isso não apenas reflete certo descompasso em relação ao contexto internacional, como também as tensões entre o conteúdo curricular atual da formação de professores e as questões emergentes da cultura contemporânea (p. 77). Quanto a formação inicial de professores para educação infantil e séries iniciais, no documento que orienta os cursos de pedagogia, é dito que os que concluírem este nível de ensino devem "relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação, nos processos didático-pedagógicos, demons- trando domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas ao desenvolvimento de aprendizagens significativas" (Brasil, 2006). Porém, não existe uma explicitação de como a licenciatura deve promover esta compe- tência. O mesmo ocorre para as demais licenciaturas, nas quais existe uma sinalização para a importância do uso, algo mencionado. 2. Tecnologias educativas e formação de professores O fato é que o desafio de se inserir a discussão sobre tecnologias educativas no currículo inicial demonstra-se como necessário, face ao desafio que os professores têm de compreender e dialogar com o contexto digital. Porém, não existe uma determinação mais forte quanto a inclusão deste conteúdo Estagio_Super_Comp_I.indd 13 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.14 nas licenciaturas, quer por força dos documentos legais que norteiam a edu- cação básica, gerando uma provocação nas licenciaturas, ou ainda na própria legislação dos cursos de formação inicial de professores. O que se percebe é um conjunto de intenções dispersas e difusas, sem trazer à tona um caráter mais incisivo que promova uma maior oferta deste estudo nas licenciaturas, conforme comprova pesquisa realizada por Gatti e Barreto, citada em Fantin e Rivoltella (2012): Ao investigar diversos aspectos que tratam da formação de professo- res no Brasil, Gattie Barretto (2009, pp. 118 - 152) destacam a quase inexistência de disciplinas sobre tecnologias nas licenciaturas de diver- sos cursos no país. As autoras destacam que nos cursos de pedagogia sua presença se restringe a 0,7% das disciplinas obrigatórias e 3,2% das disciplinas optativas. Nos cursos de letras e ciências biológicas, apenas 0,2% entre as obrigatórias; nos cursos de matemática, 1,6% entre as disciplinas obrigatórias e 2% entre as optativas. Tais dados demonstram o imenso desafio que a temática da inserção curricular da mídia-educação significa na formação de professores, ainda que algu- mas experiências nesse sentido se desenvolvam a partir de diferentes perspectivas de inserção curricular (p. 78). Associado a este cenário difuso quanto a inserção das tecnologias no cenário educacional, tem-se ainda os resultados de algumas pesquisas que nos dizem que após décadas de trabalho, a caminhada ainda se apresenta com um grande distanciamento entre o publicado nos documentos oficiais e o que acontece em sala de aula. Em pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) em 2013, é apresentado que, De maneira geral, os resultados da pesquisa indicam que ainda existem muitas barreiras a serem superadas para a integração efetiva das TIC aos processos pedagógicos, que vão além das dificuldades associadas a questões de infraestrutura das TIC nas escolas. Dentre essas barreiras estão a capacitação dos professores e a mudança dos currículos dos programas de formação inicial docente (Cetic.Br, 2014, p. 28 - 29). O trabalho revela também a existência de uma infraestrutura de tecnolo- gias educativas razoávelnas escolas e que parte significativa dos professores faz um uso do computador e da internet, sobretudo na preparação das aulas. Relata ainda que tais professores dizem ter adquirido competência para tanto por iniciativa própria e por contatos informais com os demais professores da escola, ficando a formação de professores para o uso das tecnologias educa- tivas com baixíssima pontuação quando relacionada diretamente a autonomia para uso pedagógico dos recursos pelos professores. Desta forma, Estagio_Super_Comp_I.indd 14 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 15 Esse indicativo reforça a importância das redes de prática e da cons- trução do conhecimento coletivo a fim de fomentar a autonomia do pro- fessor em relação ao uso de tecnologias. Além de indicar a limitação das iniciativas de formação inicial em TIC no Ensino Superior, os dados revelam que a capacitação de professores se dá em grande parte por meio de redes informais – e, que, portanto, esse aspecto merece ser considerado na formulação de políticas públicas que visem à integra- ção das TIC em contextos educacionais (Cetic.Br, 2014, p. 153). Portanto, após este breve relato sobre o cenário nacional quanto à for- mação inicial dos professores para o uso das tecnologias educativas, tem-se na Licenciatura em Computação como um caminho a mais na perspectiva de redução do fosso que separa o ideal do real, ou seja, das orientações pe- dagógicas para práticas acerca do uso dos computadores nos processos de ensino e aprendizagem. Vejamos! De acordo com o Parecer CNE/CES n° 136/2012, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cur- sos de graduação em Computação, Os cursos de Licenciatura em Computação têm como objetivo prin- cipal preparar professores para formar cidadãos com competências e habilidades necessárias para conviver e, prosperar em um mundo cada vez mais tecnológico e global e que contribuam para promover o desenvolvimento econômico e social de nosso País. A introdução do pensamento computacional e algorítmico na educação básica fornece os recursos cognitivos necessários para a resolução de problemas, transversal a todas as áreas do conhecimento. As ferramentas de edu- cação assistida por computador e os sistemas de educação à distân- cia tornam a interação ensino-aprendizagem prazerosa, autônoma e efetiva, pois introduzem princípios e conceitos pedagógicos na intera- ção humano-computador. Essas ferramentas são desenvolvidas com a participação de Licenciados em Computação. Genericamente, todo sistema computacional com funcionalidade pedagógica ou que neces- sita de assistência para seu uso, requer a participação dos Licenciados em Computação. Para tanto, a Licenciatura em Computação deve preparar profissionais que estejam aptos a atuar nas mais diversas formas, conforme é apontada no Projeto Pedagógica da Licenciatura em Computação a Distância da Universi- dade Estadual do Ceará (UECE): • Pesquisa em tecnologia na área da computação e Informática; • Criação, utilização e avaliação de software educacional; • Elaboração e participação em projetos na área de Ensino a Distância (EAD); Estagio_Super_Comp_I.indd 15 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.16 • Desenvolvimento de materiais instrucionais através do emprego da infor- mática; • Assessoria e serviço de suporte técnico às instituições em processos admi- nistrativos que impliquem utilização do computador; • Organização e administração de laboratórios de informática, mais especifi- camente: • Coordenação de laboratórios de Informática; • Coordenação das atividades e projetos pedagógicos e de aprendi- zagem desenvolvidos nos laboratórios de Informática, em sintonia com coordenadores e professores da escola ou órgão público. • Atuação em aulas de informática para os alunos. • Capacitação de professores e comunidade escolar, segundo crité- rios das escolas para trabalho com informática educativa. • Assessoria às instituições educativas que constroem Propostas Pedagógi- cas numa perspectiva intercomplementar dos conhecimentos; • Coordenação de Programas de Educação Alternativos; • Assessoria à Educação nos Movimentos e Organizações Sociais que de- senvolvem práticas inclusivas. • Elaborar materiais didático-pedagógicos. Observe que o campo de atuação é amplo, exigindo, portanto, uma pre- paração técnica e pedagógica forte o suficiente para lhe proporcionar a realiza- ção de atividades que transitam entre o que há de mais moderno num mundo tecnológico em constante transição e o tempo da escola, que exige, por vezes, paciência para se compreender que a velocidade do computador não é a mes- ma dos processos educativos. E é diante destes descompassos, limitações e desafios que lhe convidamos ao exercício do magistério, entendendo que a cer- teza da escolha pode lhe proporcionar agradáveis descobertas. Síntese do Capítulo Destinado à apresentação inicial do Curso de Licenciatura em Computação, o capítulo trata da oferta de ensino pelas Universidades, detendo-se na licen- ciatura em pauta. Aborda natureza e os documentos norteadores do curso, trazendo um breve histórico das licenciaturas no Brasil, os diversos formatos que a Graduação em Computação assume a partir do Parecer do CNE/CES n° 136/2012 e a diversidade de possibilidade de atuação do profissional da Licenciatura em Computação. Estagio_Super_Comp_I.indd 16 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 17 atividades de avaliação Elabore um infográfico (gênero jornalístico que utiliza recursos gráfico- -visuais para apresentação sucinta e atraente de determinadas informações) sobre o percurso pessoal e profissional que lhe trouxe até o Curso de Licen- ciatura em Computação, registrando no mínimo três conteúdos que se de- monstrem fundamentais neste processo, bem como os meios de acesso. Para tanto, recomendamos a utilização do Canva.com. Trata-se de um sof- tware online gratuito que te permite criar materiais gráficos, como o infográfico em questão. Feito o infográfico, disponibilize no ambiente da disciplina, pro- porcionando aos demais alunos a partilha da reflexão que a atividade propor- ciona. Olhares diferenciados de um mesmo objeto contribuem na ampliação das compreensões acerca do mundo. Vamos lá?! Leituras, filmes e sites @ Leituras Parecer do CNE/CES nº 136/2012 (Conselho Nacional de Educa- ção/Câmara de Educação Superior), aprovado em 9 de março de 2012 - Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Com- putação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=11205-pces136-11-pdf&category_ slug=julho-2012-pdf&Itemid=30192. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação Licenciatura em Compu- tação a Distância. Disponível em file:///C:/Users/Germania/Downloads/pcc_ computacao%20(2).pdf. referências ALMEIDA, P. C., & BIAJONE, J. Saberes docentes e formação inicial de pro- fessores: implicações e desafios para as propostas de formação. Educação e Pesquisa, 281-295, 2007. BONILLA, M. H., & PRETTO, N. D. Políticas brasileiras de educação e in- formática. Disponível em Universidade Federal da Bahia: http://www2.ufba. br/~bonilla/politicas.htm. Acesso em 14 de julho de 2016. Estagio_Super_Comp_I.indd 17 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.18 Cetic.Br, C. G. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comu- nicação nas escolas brasileiras. São Paulo, São Paulo, Brasil: Comitê Gestor de Internet no Brasil - Cetic.Br., 2014. FANTIN, M., & RIVOLTELLA, P. C. Cultura digital e escola: pesquisa e for- mação de professores. Campinas-SP. Papirus, 2012. SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do pro- blema no contexto brasileiro. Revista brasileira de educação. pp. 143-155, 2009. Estagio_Super_Comp_I.indd 18 10/08/16 17:35 Perfil do egresso: competências e campo de atuação profissional 2Capítulo Estagio_Super_Comp_I.indd19 10/08/16 17:35 Estagio_Super_Comp_I.indd 20 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 21 Objetivos • Apresentar os modelos formativos adotados nas licenciaturas brasileiras. • Identificar as competências e o perfil envolvidos no processo de formação do licenciado em Computação. Introdução De acordo com o International Development Research Centre (IDRC), as ini- ciativas na área de tecnologias educativas na América Latina vêm se consoli- dando ao longo dos últimos 30 anos, cujo principal objetivo tem sido a eleva- ção da qualidade de ensino (Cetic.Br, 2014). Sobre o atendimento da melhoria da qualidade de ensino em função da inserção das tecnologias educativas, ainda existem muitas controvérsias, uma vez que, metodologicamente, a separação da variável tecnologia torna-se quase que impossível, impedindo uma leitura mais assertiva sobre seu potencial na melhoria dos indicadores de aprendizagem. Deste trecho da história, pelo menos dois fatos podem se configurar como ponto de consenso: ainda que as tecnologias sozinhas não possam resolver os problemas educacionais enfrentados na atualidade, sem ela a caminhada fica bem mais complexa. O segundo pensamento está na atuação dos professores como diferen- cial positivo no processo de inserção das tecnologias educativas, entendendo que compete a este profissional dispor de condições favoráveis para um uso qualificado dos diversos recursos, promovendo um ensinar e aprender mais dinâmico e efetivo. Em pesquisa realizada sobre o uso do computador e da internet na es- cola pública, identificou-se, dentre outros elementos, que as escolas que dis- põem de um professor lotado em seus laboratórios escolares de informática, o desempenho quanto ao uso pedagógico dos equipamentos é bem maior, significando dizer que este profissional proporciona uma melhoria não só nos indicadores de utilização dos laboratórios, mas também na qualidade do uso (CIVITA, 2009). No momento atual das tecnologias educativas (2016), especificamen- te no Ceará, a rede estadual de ensino possui uma infraestrutura adequada, com cobertura de laboratórios em 98% de suas escolas, todos com conexão Estagio_Super_Comp_I.indd 21 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.22 à internet, demonstrando a preocupação em oportunizar acesso às novas tec- nologias. Contudo, cientes de que só dispor de equipamentos não basta e pensando numa utilização mais efetiva, é necessário que tenhamos de manei- ra mais precisa o desenho dos profissionais que precisamos para o trabalho com as tecnologias educativas. O Estado sinalizou o seu desejo político em fazer acontecer o processo, uma vez que oportunizou uma boa logística para tanto, disponibilizando equi- pamentos, acesso à internet e profissional qualificado para orientar os traba- lhos nos laboratórios de informática. Isso deveria implicar no menor número possível de laboratórios fechados, que numa visão mais econômica pode ser interpretado como um benefício equiparado ao custo. Contudo, o uso real das tecnologias educativas ainda precisa melho- rar muito quando o assunto é o impacto destas na elevação da qualidade de aprendizagem, sendo o professor o profissional responsável, primeiro pela sua transformação e, num segundo momento, na revolução da qualidade que o ensino anseia ver traduzida em aprendizagem. Portanto, muitos avanços são verificados. Mas quais são os atuais de- safios? Qual o estágio atual do uso das tecnologias educativas e como o pro- fessor pode ser articulador deste processo? Que competências precisam ser desenvolvidas pelos professores? Em conversa com vários professores e coordenadores do Proinfo da região do Cariri-Ce, realizada em função de um evento de formação de pro- fessores (2011), ficou explícito que os docentes ampliaram suas percepções quanto ao uso das tecnologias, compreendendo que não se trata de uma questão de modismo, mais de ajustes às necessidades atuais, onde o aluno espera que o professor ultrapasse a figura de mero reprodutor de informa- ções, incorporando o uso das tecnologias como meio para aulas mais atraen- tes. Conforme transcrito abaixo: Continuar aprendendo mesmo depois de formados"... Esse deve ser o nosso lema. E é com certeza, isso que nós professores devemos ter de base na nossa vida profissional, vida essa, que está fortemente baseada na "arte de ensinar". "Mudanças... Verificamos ela, não só na área da Educação, mais como pode ser comprovada com fatos reais, vê-se em qualquer outra área. Em qualquer outro serviço que façamos, pode ter certeza disso, há mudanças!!! Estamos ciente que os desafios aparecem todos os dias, e por isso precisamos estar preparados para enfrentá-los, ou pelos menos, preparados para nos adaptarmos a esses desafios que veem sempre acompanhados com "mudanças", como percebem é esse o nosso foco, "adaptação". Estagio_Super_Comp_I.indd 22 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 23 As novas tecnologias têm grande potencial para trazer grandes mudan- ças na Educação. Porém, "nem tudo que cheiramos são flores", essas tecnologias estão chegando de forma bem rápida e percebemos que boa parte de nós, educadores, não estamos acompanhando de manei- ra paralela. Esse é, sem dúvida, o grande problema. O que devemos fazer para nos livrar desse devorador "avanço tecnológico"? Por um lado, podemos concluir que esses recursos que fazem parte das TIC's (Tecnologias de Informação e Comunicação), são as salva- doras da pátria. Pois, temos como argumento para dizer que a edu- cação com essas ferramentas só tem a melhorar. Mas por outro lado, precisamos de profissionais preparados para controlar e manusear essas "benditas ferramentas" de forma produtiva para com os alunos, precisa-se então, de preparo dos nossos educadores, para que eles, que são o centro da educação, possam se familiarizar com as TIC's, deixando assim seus alunos com a certeza que o "novo trabalho", com a "nova educação" está sendo feita de forma correta no despertar da "sabedoria tecnológica" (SILVA, 2011). Assim, por toda a região do Ceará e também na literatura, é visível a compreensão teórica quanto às vantagens do uso das tecnologias na educa- ção. Porém, em conversa com coordenadores municipais do PROINFO, pro- fessores de laboratórios e multiplicadores dos NTE do Estado, fica o registro que a grande dificuldade é da transposição didática da teoria para a prática, ou seja, sabe-se dos benefícios do uso, mas ainda se encontram muitos obs- táculos para tal feito, sendo alguns deles: 1. Calendário escolar incompatível com os projetos que envolvem o uso das tecnologias educativas; 2. Inviabilidade na realização de momentos formativos e/ou troca de ideias que venham a favorecer o ensino na escola; 3. A visão de que o laboratório de informática é apenas um passatempo dentro da escola, observando que, quando um professor falta, a coor- denação da escola vem logo com a prática “manda para o laboratório de informática, pois não tem o que fazer agora”; 4. Professor utiliza o laboratório de informática com despreparo da aula, sem conhecer softwares e links que podem auxiliar na prática educativa; e ainda, professor que tem receio de utilizar os meios tecno- lógicos por desconhecer e não possuir domínio do uso do computador (BEZERRA, 2011). Segundo os formadores, a dificuldade inicial é a básica, de utilização do computador e das ferramentas que a Internet disponibiliza. Ainda que saibam utilizar na sua vida particular, a transposição didática ou ainda a percepção de uso de tais tecnologias para o desenvolvimento do currículo ainda é um desafio. Estagio_Super_Comp_I.indd 23 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.24 Outro fator que causa surpresa é o desconhecimento, por parte de pro- fessores e formadores na área de tecnologias educativas, quanto às ferramen- tas disponibilizadas pelo Governo Federal. Indagadosquanto ao uso do Portal do Professor e do Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE), raro o profissional que diz conhecer. Assim, o MEC só consegue chegar a estes professores na forma física, com a entrega dos computadores. Quando a ini- ciativa é virtual fica o distanciamento entre a oferta e o uso real. Tem ainda a compreensão dos Gestores Escolares quanto à utilização dos laboratórios escolares de informática que, muitas vezes sem saber o que fazer frente ao absenteísmo dos professores, visualizam no laboratório esco- lar de informática uma alternativa para não recomendar o retorno do aluno a sua casa, caracterizando o tempo no laboratório como hora aula. Sabe-se que isso não deve ocorrer, pois falta a intervenção do professor para mediar o processo a ser desenvolvimento, caracterizando-o com aula. Uma análise superficial das percepções acima descritas acaba por des- considerar a rotina pesada a qual é submetida o professor, inviabilizando uma apropriação adequada das tecnologias educativas. Porém, mesmo com essa sensibilidade, registra-se, no mínimo, um descompasso entre aqueles que es- tão para apoiar o uso das tecnologias na escola e os professores das salas de aulas regulares. Para alteração mais radical deste cenário, tem-se a ação formativa como um dos caminhos, pois, como já foi dito anteriormente, o sucesso do uso pedagógico das tecnologias passa, invariavelmente, pela ação docente, sendo a formação uma possibilidade para maior conhecimento e discussão crítica das tecnologias educativas permitindo, então, uma atitude consciente quanto ao uso, efeito e desafios. Neste sentido, a Seduc lançou, em 2013, um conjunto de orientações para o suporte pedagógico (CEARÁ, 2013), se- guindo uma movimentação nacional iniciada em função da regulamentação das horas de planejamento pedagógico normatizada pela Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, onde destinava 1/3 da carga horária dos professores para planejamento e outras atividades. Tomando como referência um professor de 40 horas aula, a escola passa a dispor, em seu calendário permanente, de um dia e meio por semana para o trabalho com os docentes. O objetivo de trazer à tona a Lei que permite a disponibilidade de tempo pedagógico para o desenvolvimento de estudos, dentre eles os de práticas de informática educativa, e a quantidade de escolas que possuem laboratório de informática, se dá em função da eliminação de pontos identificados pelos próprios professores como elementos impeditivos do trabalho com as tecnolo- gias educativas e que, uma vez resolvidos, o trabalho poderia fluir com maior qualidade. Estagio_Super_Comp_I.indd 24 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 25 Em pesquisa realizada por Filho (2012) nas escolas estaduais de Forta- leza em 2012, percebe-se que mesmo com a oferta de formação, conforme é apresentado no gráfico abaixo, o uso efetivo ainda é baixo. Vejamos: Gráfico 1 - Percentual de educadores das escolas estaduais de Fortaleza com forma- ção continuada em informática educativa. Fonte: (Filho, 2012, p. 48) Na continuidade da análise dos dados coletados em sua pesquisa, Filho (2012) prossegue, constatando que (...) a grande maioria dos professores planeja as aulas e utiliza as TIC apenas esporadicamente (56,5%). Também é grande a quantidade de professores que, por quaisquer dos motivos apresentados, nunca faz uso dessas tecnologias (26,1%), o que representa 36 dos 138 profes- sores pesquisados. Apenas uma parcela mínima de 10,15%, o que cor- responde a 14 professores, planeja e executa aulas frequentemente com o uso dessas tecnologias (p. 61). Pode-se inferir aqui que a atuação do professor como articulador e transformador da aprendizagem, quando o assunto é tecnologias educativas, está para além dos itens existência de equipamentos, disponibilidade de tem- po para planejamento e estudo sobre a temática e participação em forma- ções no tema em questão. Trata-se de uma percepção mais ampla sobre os processos de ensino, aprendizagem, avaliação, currículo e ação docente. Reporta-se ao ensinar e aprender como compromisso não só profissional, mas também social. Em encontro com docentes realizado recentemente, foi pedido aos participantes que listassem problemas sobre educação que lhes viesse à cabeça. De modo geral, os problemas mencionados diziam respeito a características institucionais dos sistemas de ensino público e das escolas privadas, a aspectos sociais, geracionais e culturais de alunos e docentes e também às relações escola, família e territórios/comuni- dades. É inevitável que tenham surgido temas de natureza abrangente, Estagio_Super_Comp_I.indd 25 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.26 dado que a educação envolve processos sociais da mais alta comple- xidade (PADILHA, 2014, p. 81). Portanto, é fundamental que educadores, gestores e técnicos educa- cionais, motivados pelas constatações acima apontadas, gerem um movi- mento que impliquem numa alteração de padrões, de modelo mentais. Neste sentido, concorda-se com Padilha (2014), quando a mesma afirma que A hipótese que aqui sustentamos é de que não bastará continuarmos oferecendo mais e melhores formações nos mesmos modelos que já vimos fazendo. Faz-se necessário criar desenhos disruptivos de forma- ção para que docentes e escolas incorporem uma verdadeira mudança de cultura, de modelo mental, incorporando e ampliando característi- cas que já se observam de forma incipiente nas práticas espontâneas dos professores apontadas nos dados da pesquisa TIC Educação. Do contrário, a predisposição verificada entre docentes para a adoção das tecnologias não será revertida em melhoria da qualidade educativa (p. 84). Professores que conseguem realizar trabalhos diferenciados em sala de aula o fazem por protagonismo docente. Mas não é assim que deveria ser sempre? Afinal, cada sala de aula possui um desafio diferenciado, sendo a mesma sala diferentes ambientes para cada professor. Assim, Necessitamos modelos formativos que permitam abolir ou matizar as noções tradicionais de autoria, as relações hierárquicas, valorizar o erro como fator de aprendizagem e o ensaio como método produtivo, reconsiderar os processos e os atores legítimos para criar conheci- mento, rever a organização de tempos e de espaços de aprendizagem, apostar no colaboracionismo e no compartilhamento, reinventar o pa- pel do docente e do discente com base em conceitos como autonomia e autorregulação de grupos e comunidades. É preciso avançar em de- senhos de formação que considerem os novos paradigmas “embebi- dos” na cultura digital e que possibilitem o domínio simbólico do mundo digital (PADILHA, 2014, p. 84). A articulação e a transformação almejada para a educação deve ser compromisso de todos, ainda que o professor configure como personagem mediador de processos, é importante reconhecer que o protagonismo é de quem aprende. Portanto, a ideia é da escola aprendente, da escola que se permite ousar e do professor que ao se deixar levar pela cultura digital promo- va o diálogo da escola com o mundo, com os interesses dos alunos e com a construção de um espaço capaz de dialogar com seu tempo. Para tanto, algumas atitudes podem contribuir com o processo formati- vo dos docentes, sendo eles: Estagio_Super_Comp_I.indd 26 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 27 a) Participar da elaboração do projeto político pedagógico da escola (PPP), observando a oportunidade de discussão que está inserido neste processo. Caso o documento já exista na escola, provocar uma leitura com olhar ava- liativo quanto ao seu entendimento e aplicação ou ainda uma atualização. O documento em questão representa o registro das concepções que ges- tores, professores e comunidade mantem sobre currículo, avaliação, práti- cas didáticas, disciplina e outras variáveis tão presentes na rotina escolar. Portanto, a atuação de um professorarticulado com seu tempo e espaço passa pelo conhecimento dos processos no qual ele está inserido, trata-se de conhecer para intervir, tomando como referência o pensamento coleti- vo. Além disso, representa mais uma oportunidade formativa, pois o debate se caracteriza como um momento de confronto de ideias, de divergências e convergências, de interação entre os pares e, portanto, de crescimento profissional. Neste sentido, Raposo e Maciel, baseado em António Nóvoa, acrescentam que o aprender contínuo, essencial para o professor, deve se concentrar em dois pilares: a própria pessoa do professor, como agente, e a es- cola, como lugar de crescimento profissional permanente. Deve colo- car, portanto, a pessoa do professor, com suas singularidades e afetos, como central na reflexão educacional e pedagógica, uma vez que a formação, para ele, depende do trabalho de cada um. Afirma, então, que mais importante do que formar é formar-se, pois, segundo ele, todo conhecimento é autoconhecimento e toda formação é autoformação (RAPOSO & MACIEL, 2005, pp. 310 - 311). Ainda enquanto ganho, este momento consolida a percepção do gru- po quanto aos objetivos em comum, ou seja, pode funcionar como um pac- to, um projeto coletivo, como deve ser. Laurizete Ferragut Passos, citado no trabalho de Raposo e Maciel (2005), ao refletir sobre a construção coletiva do PPP, diz que (...) a interação dos membros do grupo deve ser valorizada, pois os professores podem se apoiar mutuamente, sustentar o crescimento uns dos outros e olhar para os seus problemas compreendendo que têm uma relação com os de outros professores, com a própria estrutura da escola ou do sistema educativo. Além disso, ele indica uma tendên- cia democrática e emancipatória em algumas decisões do professor que podem se originar de uma prática reflexiva (p. 310). Assim, discutir o PPP pode contribuir na formação do professor e no trabalho com as tecnologias educativas, a partir do momento que se constitui como espaço de debate sobre a sociedade atual e o impacto e espaço das tecnologias nas relações, implicando em mudanças da sala de aula. Estagio_Super_Comp_I.indd 27 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.28 b) Elaboração de um projeto de utilização não só do laboratório, mas das tec- nologias educativas como um todo, incorporando as Tecnologias Móveis Sem Fios (TMSF). Esta ação deve representar também um momento de reflexão sobre o impacto das tecnologias na sociedade, permitindo o dese- nho de atividades práticas para o desenvolvimento do currículo e trazendo para o momento de discussão a rápida evolução das tecnologias educati- vas e as questões de base que devem permanecer, ou seja, independente da mobilidade e realidade virtual que tais tecnologias podem imprimir, é fun- damental que se discuta e defina, criticamente, onde se quer chegar a par- tir do seu uso, esclarecer os argumentos que os justificam. Trata-se de uma abordagem mais direta, focada e consciente quanto à utilização. Contudo, ressalta-se a importância da construção coletiva do projeto, caso contrário, pode-se ter um documento gerador de discórdia, ao invés de norteador de uma prática crítica, integradora de pessoas e processos. Para Silva (2011) As novas tecnologias estão influenciando o comportamento da so- ciedade contemporânea e transformando o mundo em que vivemos. Entretanto, é fato já comprovado que elas, desconectadas de um pro- jeto pedagógico, não podem ser responsáveis pela reconstrução da educação no país, já que por mais contraditório que possa parecer, a mesma tecnologia que viabiliza o progresso e as novas formas de organização social também têm um grande potencial para alargar as distâncias existentes entre os mundos dos incluídos e dos excluídos (p. 539, grifo nosso). Outro aspecto merecedor de atenção está na necessidade de um certo conhecimento técnico no momento da elaboração do projeto de utilização do laboratório, contribuindo no dimensionamento das atividades em função da tecnologia disponível (hardware, software e conectividade). A noção destes elementos evita descompassos entre o ideal, real e possível e, consequen- temente, reduz frustrações. É neste estágio também que professores podem buscar alternativas de uso que superem limitações técnicas, além de permitir a construção de um plano de expansão do laboratório ou ainda de up-grade das máquinas e do acesso à internet. c) Utilização de um terço da carga horária do professor para planejamento pode representar um excelente espaço para a realização não só do plane- jamento coletivo, mas também de sessões de estudo, sendo as tecnologias educativas uma das temáticas que podem surgir, uma vez que seu uso deve estar precedido de um conhecimento crítico. Isto porque Para que a utilização de tecnologias no processo ensino-aprendiza- Estagio_Super_Comp_I.indd 28 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 29 gem rompa as barreiras do tecnicismo e do modismo, é necessário se ter clareza das intenções e objetivos pedagógicos, ou seja, da inten- cionalidade das ideologias que estruturam os Projetos Pedagógicos e que determinam a práxis pedagógica. É preciso que os professores se apropriem da importância de seu papel social e tomem as rédeas do fazer pedagógico, trazendo para a sua prática tanto o novo quanto as mudanças necessárias para assimilá-lo de forma seletiva e crítica (SILVA, 2011, p. 541). Assim, aproveitar o espaço de planejamento na promoção de estudos teóricos e práticos quanto ao uso das tecnologias educativas, pode contribuir na revelação do professor articulador e transformador, uma vez que provoca, excita, instiga o pensar crítico e criativo. Apela para a reflexão como força motriz do agir. As questões pontuadas aqui acerca das atitudes que podem contribuir com o processo formativo dos docentes para o uso das tecnologias educati- vas têm como intenção provocar uma percepção de caminhos pelos quais se pode construir uma educação transformadora com e para o uso das tecnolo- gias. Dessa forma Pode-se dizer, em síntese, que o panorama da utilização do potencial dos computadores em situações de ensino e aprendizagem continua a não corresponder às expectativas e promessas de mudanças substan- ciais da escola e do que nela os alunos são estimulados a fazer, justifi- cando-se por isso a necessidade de aprofundamento destas questões, em particular a de perceber como se pode tirar partido efetivo do po- tencial transformador das TIC e do papel que aí pode desempenhar o modo como é equacionada a formação de professores (COSTA, 2013, p. 53). Para Fernando Costa (2013) o cenário de não utilização das tecnolo- gias educativas corresponde, em parte, a "desadequação das práticas de for- mação". Em seu trabalho, o autor alerta sobre Práticas de formação de professores que seguem claramente um mo- delo tradicional, semelhante ao utilizado nas restantes áreas cientí- ficas, assentes em sequências de ações mais ou menos pontuais e quase sempre organizadas numa lógica de transmissão do conheci- mento sobre como funcionam as aplicações informáticas. Práticas de formação em que se privilegia a aquisição de saberes técnicos e não a sua exploração em função de um determinado objetivo de aprendiza- gem ou conteúdo curricular específico e, portanto, sem qualquer tipo de ajustamento ou adequação a um campo novo que justificaria a ex- perimentação e a exploração de novas modalidades de trabalho. Uma Estagio_Super_Comp_I.indd 29 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.30 formação em que o professor é visto como o especialista que aplica, mais tarde, o que aprendeu, mas sem garantias de o fazer com os seus alunos, uma vez que, terminada a formação, não há qualquer tipo de acompanhamento ou supervisão (p. 54). Costa (2013) faz considerações ainda acerca das formas de incorpora- ção das tecnologias na educação. Observe que omodelo adotado pode ser revelador da compreensão que a escola mantém sobre o potencial transfor- mador das tecnologias, ou seja, ao passo que ainda se registram desafios no tocante a formação dos professores, a própria dinâmica de utilização das tec- nologias retroalimenta o cenário das formações, reforçando modelos que não contribuem para o fortalecimento de seu potencial transformador. Segundo o autor, tem-se, nas escolas, cenários de "aprender da tecnologia", caracteriza- do por um paradigma instrucionista3 ; "aprender sobre a tecnologia", carac- terizado por uma proposta tecnicista e, por fim; "aprender com a tecnologia", podendo ser compreendido pelo viés construcionista4 e conectivista5. Fonte: Costa, 2013, p. 61 Assim, fortalecer o papel transformador das tecnologias corresponde ao processo permanente de formação dos professores, não qualquer formação, mas a uma que potencialize o "aprender com as tecnologias", na qual o professor competente neste caso será exatamente aquele que guia, mo- dela e dá suporte ao processo de construção individual do conhecimento (Jonassen 2007). Um professor que é capaz de colocar “bons” problemas, que estimula a sua resolução criando atividades que favorecem a cola- boração e a troca de pontos de vista entre os alunos e a exploração de interpretações alternativas (Newby, 1996) (COSTA, 2013, p. 60). Ainda neste sentido, Marco Silva (2009) sinaliza para a necessidade de formação de professores para a docência online, com ênfase nos aspectos descritos abaixo: 3O professor instrucionista é o detentor do conhecimento e, portanto, responsável por seu "repasse". 4O professor construcionista é o colaborador do processo de ensino, investigando os conhecimentos prévios dos alunos e seus estágios para, então, criar situações destinadas à aprendizagem do aluno. 5O professor conectivista é o mobilizador de novas conexões entre áreas, ideias e conceitos. Estagio_Super_Comp_I.indd 30 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 31 1. "O professor precisará se dar conta de que transitamos da mídia clássica para a mídia online", sendo a primeira caracterizada pelas atividades de (...) fixar, reproduzir e transmitir a mensagem, buscando o maior alcance e a melhor difusão. Na mídia clássica, a mensagem está fechada em sua estabilidade material". Enquanto que a online, além de fazer a difusão da mensagem, permite a sua manipulação e, consequentemente, novas interpretações, diálogos e conjecturas diversas. Abaixo segue tabela comparativa proposta por Levy apud Silva. M, (2009, p. 27), na qual se é possível verificar vários aspectos distintos entre as mídias aqui tratadas: Após uma breve leitura no quadro acima já é possível dimensionar o desafio imposto à educação em função da transição de uma mídia a outra. É sair da solidez e inércia do impresso para a liquidez6 e transitoriedade própria da sociedade digital. É lecionar diante de "certezas provisórias e dúvidas tem- porárias" (FAGUNDES, 1999, p. 17). 6Termo utilizado tomando como referência o trabalho de Zygmunt Bauman sobre modernidade líquida (2001). Estagio_Super_Comp_I.indd 31 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.32 2. "O professor precisará se dar conta do hipertexto, próprio da tecnologia digital", na qual a leitura e a escrita estão pautadas em dinâmicas múltiplas enquanto forma e caminhos. Para Silva (2009) O hipertexto se apresenta como um novo paradigma tecnológico que liberta o usuário da lógica unívoca, da lógica da distribuição arbores- cente, próprias da mídia de massa e dos sistemas de ensino predo- minantes no século XX. Ele permite a reinvenção da própria natureza e materialidade das velhas tecnologias informacionais em novas tec- nologias informatizadas conversacionais. Ele permite democratizar a relação do indivíduo com a informação, permitindo que este ultrapasse a condição de consumidor, de espectador passivo, para a condição de sujeito operativo, participativo e criativo (p. 29). Mais uma vez se interpela ao professor sobre práticas pedagógicas próprias para o tempo do hipertexto. Questiona-se sobre os padrões metodo- lógicos ancorados no impresso, quando se vive no digital. Trata-se da neces- sidade de se transpor o conhecimento sobre a temática para agir conforme o contexto do online. E mais uma vez o desafio imposto a sala de aula se reflete na formação inicial e continuada do professor. 3. "O professor precisará se dar conta da interatividade enquanto mu- dança fundamental do esquema clássico da comunicação, promovendo uma linguagem própria da cibercultura, na qual se (...) Exprime a disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressamente complexo presente na mensagem e previsto pelo emissor, que abre ao receptor possibilidades de responder ao sis- tema de expressão e de dialogar (SILVA, 2009, p. 31). É a liberdade que chega ao processo criativo, é a fala, seja oral, escrita ou em outros símbolos, que se democratiza no sentido bilateral, ou seja, per- mitindo a sua audiência as honras de quem dita. Ao passo que isso trás para a educação inúmeras oportunidades metodológicas, pode ser também fonte de angústia para aqueles que planejam e executam o ensino, pois se tem agora um contexto onde a participação é potencializada, exigindo revisão de para- digmas centrados na oralidade unilateral, onde um professa, enquanto o outro apenas escuta, sem lhe ser gerada oportunidades de expressão. 4. "O professor precisará se dar conta de que pode potencializar a comuni- cação e a aprendizagem utilizando interfaces da internet", tomando como referência o hipertexto e a interatividade o docente pode, a partir destes dois conceitos, desenhar um repertório de práticas pautado no online. Estagio_Super_Comp_I.indd 32 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 33 A internet comporta diversas interfaces. Cada interface reúne um con- junto de elementos de hardware e software destinados a possibilitar aos internautas trocas, intervenções, agregações, associações e sig- nificações como autoria e coautoria. Pode integrar várias linguagens (sons, textos, fotografias, vídeo) na tela do computador. A partir de íco- nes e botões, acionados por cliques do mouse ou de combinações de teclas, janelas de comunicação se abrem, possibilitando interatividade usuário-tecnologia, tecnologia-tecnologia e usuário-usuário. Seja na di- mensão "um-um", do "um-todos", seja no universo "todos-todos" (SIL- VA, 2009, pp. 34-35). Portanto, diante dos aspectos apontados por Fernando Costa e Marco Silva, precedido por Nóvoa e outros, não se tem a pretensão de agir, neste ca- pítulo, com a publicação de um receituário de boas práticas, mas de socializar o cenário e seus desafios, bem como algumas possibilidades, na certeza de que o caminhar mostrará outras trilhas no processo de aquisição das compe- tências e habilidades necessárias ao Licenciado em Computação. Síntese do Capítulo O capítulo aborda questões sobre as formações de professores para o uso das tecnologias educativas, apresentando uma ação que ainda caminha no sentido de reproduzir modelos acadêmicos, onde o "falar sobre" prevalece sobre o "fazer com". Refere-se a modelos colaborativos, de compartilhamento de saberes e de construção coletiva, tão comuns na sociedade digital, explicitando que tal formato e movimento ainda não conseguiram espaços nas práticas formativas destinadas aos professores, constituindo-se, portanto, como desafios para a formação de professores, aqui com ênfase na Licenciatura em Computação. Assim, ao mesmo tempo que se discuti caminhos e possibilidades, tem- -se como pano de fundo o conjunto de competências que deve compor o repertório do licenciado em computação. atividades de avaliação Como o Curso de Licenciatura em Computação pode contribuir na superação de muitos dos desafios apontados ao longo do Capítulo 2? Que articulação é possívelse fazer entre os campos de atuação dos profissionais licenciados em Computação, disponíveis no Capítulo 1, e os desafios apresentados até Estagio_Super_Comp_I.indd 33 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.34 aqui? Em equipe, elabore um vídeo de divulgação da Licenciatura na qual está matriculado, apresentando os impactos que a atuação de seus profis- sionais pode trazer para a melhoria dos aspectos educacionais do município. Aproveite o material e publique no youtube, contribuindo para o debate sobre a temática. Leituras, filmes e sites @ Leituras Dez tendências da tecnologia na educação, disponível em http://www.bbc. com/portuguese/noticias/ 2014/12/141202_tecnologia_educacao_pai Quais habilidades um professor precisa ter para ensinar no mundo digital? Disponível em http://www.desafiosdaeducacao.com.br/ quais-habilidades- -um-professor-precisa-ter-para-ensinar-mundo-digital/ Filmes Mário Sérgio Cortella. A era da curadoria na educação e formação das pessoas. Duração: 39min 21s. Acesso em: https://www.youtube.com/ watch?v=xKmzke6qH5A referências BEZERRA, R. E. (14 de Julho de 2011). O professor e o uso do laboratório escolar de informática na Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra. (G. K. Ferreira, Entrevistador). CEARÁ, G. d. (2013). Secretaria da Educação. Acesso em 15 de março de 2015, disponível em Orientações para oSuporte Pedagógico: http://www.se- duc.ce.gov.br/images/cogep/cartilha_atualizada_07_01_2013.pdf Cetic.Br, C. G. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras. São Paulo, São Paulo, Brasil: Comitê Gestor de Internet no Brasil - Cetic.Br., 2014. CIVITA, F. V. (2009). O uso dos computadores e da internet nas escolas públicas de capitais brasileiras. São Paulo: Fundação Victor Civita. COSTA, F. A. (2013). O potencial transformador das TIC e a formação de professores e educadores. In: (. O. Almeida, P. Dias, & B. D. Silva, Cenários de inovação para a educação na sociedade digital (pp. 47-72). São Paulo: Loyola Jesuítas. Estagio_Super_Comp_I.indd 34 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 35 FAGUNDES, L. d. (1999). Aprendizes do futuro: as inovações começaram. Brasília: Ministério da Educação. FILHO, L. N. (2012). O uso das tecnologias da comunicação e da informação pelos professores da rede pública estadual do estado do Ceará. Dissertação de Mestrado. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil: Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. PADILHA, M. (2014). Das tecnologias digitais à educação: nova cultura e no- vas lógicas para a formação docente. In: C. G. Brasil, Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas brasileiras: TIC Educação 2013 [livro eletrônico] (pp. 81-86). São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil. RAPOSO, M., & MACIEL, D. A.. As Interações Professor-Professor na Co- -Construção dos Projetos Pedagógicos na Escola. Psicologia: Teoria e Pes- quisa , p. 309-317. 2005. SILVA, Â. C. (2011). Educação e tecnologia: entre o discurso e a prática. En- saio: avaliação de Políticas Públicas Educacionais , 527-554. 2011 SILVA, A. R. (15 de julho de 2011). Proinfo de Nova Olinda. (G. K. Ferreira, Entrevistador) SILVA, M. Formação de professores para a docência online. X Congresso Internacional Galego¬ Português de Psicopedagogia. pp. 25-40. Braga: Universidade do Minho, 2009. Estagio_Super_Comp_I.indd 35 10/08/16 17:35 Estagio_Super_Comp_I.indd 36 10/08/16 17:35 Estágio curricular supervisionado do Curso de Licenciatura em Computação a distância Capítulo 3 Estagio_Super_Comp_I.indd 37 10/08/16 17:35 Estagio_Super_Comp_I.indd 38 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 39 Objetivos • Apresentar a oferta das disciplinas de estágio supervisionado no curso de Licenciatura em Computação. • Promover a compreensão acerca da importância do Estágio Supervisiona- do na formação de professores. Introdução Como modelos adotados para as formações iniciais no Brasil desde sua in- dependência, tem-se, segundo Saviani (2009), o dos conteúdos culturais- -cognitivos e o modelo pedagógico-didático. No primeiro caso, a formação do professor se restringe ao domínio da cultura geral e do conteúdo específico da disciplina para a qual o professor se habilita. No segundo modelo, se agrega à formação conteudista, questões de ordem pedagógico-didática, constatando que somente o domínio do conteúdo não dá conta da dimensão da sala de aula, ou seja, para ensinar outras competências são necessárias, além do conteúdo. Tais modelos, ao longo da história da formação inicial de professores, foram distribuídos da seguinte forma: para os professores primários, o padrão pedagógico-didático. Para os professores do nível secundário de ensino, atu- almente séries finais do ensino fundamental e ensino médio, o modelo dos conteúdos culturais-cognitivos (Saviani, 2009). Pesquisa realizada por Gatti e Barreto (2009) contribui com a explicita- ção deste fato, apontando que (...) destaca-se o desequilíbrio na relação teoria-prática, em favor do pretenso tratamento de fundamentos e teorizações. Note-se que a es- cola é objeto quase ausente nas ementas, o que leva a pensar numa formação de caráter mais abstrato e pouco integrado ao contexto con- creto em que o profissional-professor deve atuar, haja vista que, dentre as ementas examinadas, pode-se encontrar referência explícita à pala- vra escola em apenas 8% delas (p. 130 - 131). Independente das questões de ordem social que conduziram a adoção destes dois modelos na formação inicial dos professores brasileiros, o que Estagio_Super_Comp_I.indd 39 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.40 se pretende enfatizar aqui é a importância da vivência escolar no processo de construção do professor. Sabe-se que não se pode ter professores sem o domínio do conteúdo da mesma forma que se reconhece que a atuação de professores sem a devida competência didático-pedagógica gera, para a escola de uma maneira geral, sérios prejuízos, sobretudo na sua essência (ensinar e aprender). Cientes de que o modelo atual de profissionalização do professor aca- ba por dividir estas duas situações como se uma não dependesse da outra (forma e conteúdo), acredita-se que a alternativa mais produtiva seria bus- car propostas cujo teor não desmerecesse tais aspectos quando o tema é aprendizagem, se aprende conteúdos cujas formas de ensino demonstrem competência. O ato de ensinar, por si só, já implica na definição de uma forma para tanto. Assim, parece impossível conceber um modelo onde ambas as propostas não estejam entrelaçadas em prol do desenvolvimento, indepen- dente da área do ensino, sobretudo quando se procura trabalhar com as tec- nologias educativas, onde a reflexão do fazer pedagógico constitui-se como pedra basilar, devendo compor uma tríade de ação-reflexão-ação, ou ainda, teorização-ação-teorização, contanto que ocorra a discussão e o uso efetivo. É com este pensamento que a Licenciatura em Computação possui uma carga horária de 3264 horas-aulas, distribuídas em 190 créditos, integrali- zadas em 8 (oito) módulos ou semestres, ocorrendo dois por ano letivo. Desta forma, o curso tem a duração total de 4 (quatro) anos. Segundo o Projeto Pedagógico da Licenciatura em Computação (2014), O egresso do Curso de Graduação Licenciatura em Computação a distância é um educador, capacitado para o ensino de computação e informática no ensino fundamental, médio e profissionalizante; detém uma formação favorecida pela utilização da informática educativa. É um profissional com sólida e ampla qualificação científica e pedagó- gica, capacitado a acompanhar a evolução das novas tecnologias na área de computação e informática educacional. Para tanto, este aluno deve dispor de um desenho curricular que o habi- lita a transitar entre as competências próprias da computação (conhecimentoespecífico da área) e as competências da pedagogia associadas ao ensinar e aprender, passando pelas etapas de avaliação deste processo. A partir dessa ideia é que se tem a organização do componente curricular, conforme quadro a seguir: Estagio_Super_Comp_I.indd 40 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 41 Fonte: PPC da Licenciatura em Computação na modalidade EaD, Uab/UECE, 2014. Para o desenvolvimento das disciplinas que integram os núcleos dis- postos acima, a Licenciatura está alicerçada em princípios pedagógicos e po- líticos que contribuem para tal feito. Contudo, dois deles merecem destaque quando o tema é Estágio Curricular Supervisionado, que são: Autonomia: este princípio não poderia deixar de estar internalizado na organização curricular do Curso por ser o participante adulto já en- gajado no mercado de trabalho, com visão de mundo que extrapola explicações meramente discursivas e explicativas. A autonomia será construída ao longo do Curso numa perspectiva crítica onde ação- -reflexão-ação se transforme em atitude que possibilite ultrapassar o senso comum e se torne o fio condutor do processo de aquisição e produção conhecimento. Teoria-prática: a teoria dissociada da prática tem contribuído para o desenvolvimento de uma ação docente improvisada, pouco consisten- te. Daí a importância de considerar-se a articulação entre os objetivos educacionais e as possibilidades para a realização de práticas signifi- cativas, produtivas e desafiadoras. A reflexão teórica e a prática esta- rão presentes de forma dialetizada, com vistas a propiciar um sentido menos acadêmico e mais orgânico à teoria. A integração entre a teoria e a prática é uma exigência do processo de formação do professor, na sua “práxis” por ser uma mediação entre o “saber teórico” e o “fazer concreto”, na construção histórica e interdisciplinar do conhecimento (PPC, p. 74, 2014). Especificamente para o desenvolvimento destes dois princípios, o Está- gio está amplamente contemplado, pois é a partir dele e com ele que o aluno exercita, em seu processo formativo, a autonomia e o diálogo entre a teoria e a prática, o contato mais aproximado ou ainda a reflexão acerca de uma prática já estabelecida, possibilitando assim o amadurecimento e a dinâmica transformadora que todo fazer pedagógico exige. Estagio_Super_Comp_I.indd 41 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.42 Ainda quanto aos aspectos pedagógicos do curso, podemos dispô-lo da seguinte forma: Todas as disciplinas constantes no Núcleo Pedagógico e no Estágio contribuem efetivamente para a formação do professor. Contudo, é no estágio que se vivencia a Escola em suas diversas dimensões (pedagógica, social e política). É também lá que o aluno da Licenciatura se dá conta dos desafios e prazeres que enfrentará ao longo da carreira profissional pretendida. O estágio curricular supervisionado representa uma excelente proposta de articulação entre os conteúdos teóricos trabalhados ao longo do curso e a sua aplicação em sala de aula. Para Roesch (1996), “o estágio curricular não é simplesmente uma experiência prática vivida pelo aluno, mas uma oportuni- dade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos e ferramentas técnicas durante o curso de graduação”. É nessa vivência que o professor em formação participa de experiên- cias voltadas para a resolução de problemas, avalia e sugeri mudanças nas organizações e aprofunda conhecimentos em sua área de interesses, dentre outras possibilidades. É ainda no estágio que ele deve garantir a consolidação dos saberes trabalhados ao longo do curso, aproveitando para dar um caráter sólido ao seu perfil profissional, sem, contudo, deixar de perceber as flexibili- zações que se impõem ao mundo do magistério. Isso porque sólido não deve ter sinônimo de rigidez, mas de conceituação acerca da prática com base em teorias que lhe deem suporte. Portanto, o estágio pelo qual o aluno de licenciatura passa, corresponde a um período de práticas que envolve, ainda supervisão, revisão, correção e acompanhamento constante. Para tanto, a Licenciatura em Computação a Distância da Uab/UECE oferta 408 horas de estágio curricular supervisionado, iniciados a partir da se- Estagio_Super_Comp_I.indd 42 10/08/16 17:35 Estágio Supervisionado em Computação I 43 gunda metade do curso e subdividido em 4 (quatro) ofertas: • Estágio Supervisionado I: ofertado no 5º semestre, cujo objetivo é trazer para o aluno uma visão geral do curso e, de maneira específica, do Estágio Supervisionado, localizando-o dentro do processo formativo do professor, com suas características, estrutura, campo profissional de atuação e suas articulações com os níveis de ensino da educação básica, bem como com os instrumentos básicos de planejamento da ação docente; • Estágio Supervisionado II: ofertado no 6º semestre é destinado as discus- sões sobre as mudanças de paradigmas educacionais ocorridos em fun- ção da Sociedade Digital. Aborda o uso das tecnologias no cenário escolar e sua inúmeras possibilidades de desenvolvimento curricular; • Estágio Supervisionado III: ofertado no 7º semestre, tem por objetivo traba- lhar o uso de softwares no desenvolvimento do currículo, bem dos jogos on-line. Traz uma leitura do uso dessas tecnologias à luz das teorias cogni- tivas; • Estágio Supervisionado IV: ofertado no 8º semestre, traz para a prática do professor as questões relacionadas a utilização da Web 2.0 e dos equipa- mentos/dispositivos pós-PC. Oportuniza ainda a prática do aluno nos pro- cessos de formações continuadas dos professores na área de tecnologias educativas. 1. Dificuldades na realização do Estágio No decorrer do estágio, algumas dificuldades podem acontecer. Rela- cionamos aqui algumas delas na perspectiva de melhor prepará-los para esta etapa, frisando que não se trata de uma crítica ou tentativa de assustá-lo, mas como uma alerta para a necessidade de planejamento que deve anteceder a sua chegada à escola e acompanhá-lo ao longo da participação nas demais disciplinas do estágio supervisionado. A seguir, um breve ensaio sobre algu- mas dificuldades: 1. O número de escolas existentes no município pode ser reduzido para o número de estagiários que a licenciatura demanda, por semestre. Portanto, um planejamento envolvendo coordenadores de cursos e professores da disciplina pode contribuir na definição mais adequado do número de esta- giários, por escola; 2. A inexistência de uma articulação com a secretaria municipal de educa- ção ou ainda a regional responsável pela coordenação da escola na qual pretende realizar o estágio, pode dificultar seu processo de aceitação. Por- tanto, recomenda-se que a coordenação local da licenciatura busque as instâncias aqui mencionadas para articular os estágios. Além de ser uma Estagio_Super_Comp_I.indd 43 10/08/16 17:35 Corrêa, a. P. E.; PErEIra, E. G.; Furtado, G. K.44 ótima estratégia para facilitar a entrada do estagiário na escola, esta inicia- tiva dispõe de melhores condições para fazer do estágio uma contribuição efetiva da licenciatura, e portanto da Universidade, junto a melhoria dos processos educacionais desenvolvidos pelas instituições de ensino; 3. As instalações físicas da escola podem não dispor, necessariamente, das condições ideais para as práticas de estágio que o curso sugere. Não faça disso um elemento de desânimo para o seu processo formativo. Tome a inadequação como um exercício criativo, reconhecendo que o cenário de adversidade representa uma ótima oportunidade de trabalhar os aspectos cognitivos e lógicos. 4. Alguns acadêmicos não se sentem ainda preparados para a sala de aula e, por este motivo, sentem-se receosos com problemas comuns das escolas. Porém, com a sucessão das disciplinas de estágio programadas para a licenciatura, esta sensação tende a passar, cedendo espaço para a con- fiança em si e no seu processo formativo. 5. A relação
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