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(RE)PENSANDO O ENSINO DAS CIÊNCIAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA E PÓS-PANDEMIA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DOCENTES MAYARA LOPES DE FREITAS LIMA DAVID GADELHA DA COSTA ALZIRA CARLA DE OLIVEIRA DIAS ANGELA RODRIGUES DA SILVA (Organizadores) 1 MAYARA LOPES DE FREITAS LIMA DAVID GADELHA DA COSTA ALZIRA CARLA DE OLIVEIRA DIAS ANGELA RODRIGUES DA SILVA (Organizadores) (RE)PENSANDO O ENSINO DAS CIÊNCIAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA E PÓS-PANDEMIA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DOCENTES 2 2021 by Editora Alfa Ciência Copyright © Editora Alfa Ciência Copyright do Texto © 2021 Os autores Copyright da Edição © 2021 Editora Alfa Ciência Direitos para esta edição cedidos à Editora Alfa Ciência pelos autores. As ilustrações e demais informações contidas desta obra são integralmente de responsabilidade dos autores. Capa: Designed by Editora Alfa Ciência Imagem da Capa: Adaptada de Designed by br.freepik.com Diagramação e Edição de Arte: Editora Alfa Ciência Revisão: Os Autores CORPO EDITORIAL Editor Chefe: Dr. Charlyan de Sousa Lima Editora Adjunta: Me. Bruna Cruz Magalhães Conselho Editorial Dr. Cláudio Gonçalves da Silva Dr. Diego Amorim dos Santos Dr. Ivandro Carlos Rosa Dra. Karlyene Sousa da Rocha Dra. Kaiomi de Souza Oliveira Cavalli Dr. Leonardo De Ross Rosa Dra. Luana Lopes Padilha Dra. Marcele Scapin Rogerio Dra. Mayara da Cruz Ribeiro Dr. Nítalo André Farias Machado Dra. Paula Michele Lohmann Dr. Renato Santiago Quintal Dr. Ricardo Alves de Araújo Dra. Thiessa Maramaldo de Almeida Oliveira Dr. Wellyson da Cunha Araújo Firmo 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) RE)Pensando o ensino das ciências no contexto da pandemia e pós-pandemia [livro eletrônico]: relatos de experiências docentes / Mayara Lopes de Freitas Lima ... [et al.](organizadores). -- Chapadinha, MA: Editora Alfa Ciência, 2021. PDF Outros organizadores: David Gadelha da Costa, Alzira Carla de Oliveira Dias, Angela Rodrigues da Silva Vários autores. Bibliografia ISBN 978-65-994498-8-8 1. Ciências - Estudo e ensino 2. Pandemias I. Lima, Mayara Lopes de Freitas. II. Costa, David Gadelha da. III. Dias, Alzira Carla de Oliveira. IV. Silva, Angela Rodrigues da 21-80473 CDD-507 Índices para catálogo sistemático: 1. Ciências: Estudo e ensino 507 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 O conteúdo do livro, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. O download da obra e o seu compartilhamento somente são autorizados desde que sejam atribuídos créditos aos autores, sem alterá-la e de nenhuma forma utilizá-la para fins comerciais. Editora Alfa Ciência Chapadinha – Maranhão – Brasil (98) 98585-2320 www.editoraalfaciencia.com.br publicacao.alfaciencia@gmail.com contato.alfaciencia@gmail.com Diagramação: Editora Alfa Ciência Edição de Arte: Editora Alfa Ciência Revisão: Os Autores Organizadores: Mayara Lopes de Freitas Lima David Gadelha da Costa Alzira Carla de Oliveira Dias Angela Rodrigues da Silva mailto:contato.alfaciencia@gmail.com 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 7 Capítulo 01 - ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM ENSINO DE FÍSICA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA ............................................................... 14 Adriana Pereira da Silva Daiane Rodrigues Borges Aragão Tiago Nery Ribeiro Divanízia do Nascimento Souza Capítulo 02 - SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ENSINO DE FRAÇÕES E PORCENTAGENS NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO ....................................................................................................... 34 Alberes Lopes de Lima Capítulo 03 - UM JOGO DE MEMÓRIA POR MEIO DA PLATAFORMA DIGITAL MENTIMETER: UMA PROPOSTA INTERATIVA E DIVERTIDA PARA AS AULAS DE CIÊNCIAS ................................. 58 Michelly Morato de Sousa Fama Eduardo Luiz Dias Cavalcanti Capítulo 04 - UM RETRATO DO ENSINO PÚBLICO MEDIADO POR TECNOLOGIAS, EM MANAUS-AM, NO INÍCIO DA COVID-19 ............................................................................................... 76 Carmen Érica Lima de Campos Gonçalves Soraya Farias Aquino Capítulo 05 - ESTATÍSTICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO À LUZ DA METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA ............................................................................................................... 106 Angela Rodrigues da Silva Gabrielle Maria Vicente de Lira Silva Priscilla Santos Alda Marques de Araújo Capítulo 06 - MAPAS MENTAIS E CONCEITUAIS: UMA ESTRATÉGIA PARA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE BIOLOGIA ....................................................................................... 122 Cassia Fernando Yano Selton Jordan Vital Batista Raul de Lima Soares de Andrade Milena Helen Mayer Daiane Francine Meinerz 5 Capítulo 07 - EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NO CONTEXTO DO ENSINO REMOTO: ENSINO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS E A DIDÁTICA ..................................................................................... 138 Jocineia Souza da Conceição Santos Maria Cláudia Silva do Carmo Capítulo 08 - LITERATURA INFANTIL: UMA PROPOSTA PARA O LETRAMENTO CIENTÍFICO EM AULAS REMOTAS ........................................................................................................................ 155 Liliane Oliveira de Brito Lívia Cristina dos Santos Capítulo 09 - O USO DAS PLATAFORMAS GAMIFICADAS NA EDUCAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS POTENCIALIZADORAS DE APRENDIZAGEM E INTERATIVIDADE DISCENTE NAS AULAS REMOTAS DE BIOLOGIA ....................................................................................................... 170 Natanael Manoel da Silva Brunna Rafaely Lino da Silva Marcos André Mendonça da Silva Washington Ribeiro de Almeida Filho Yêda Maria Silva de Lima Bruno Severo Gomes Capítulo 10 - ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE LIMOEIRO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 ....................................... 189 Dijaci Rosa Ferreira Iane Rodrigues de Almeida Demétrius Rodrigues de Freitas Ferreira Capítulo 11 - TECNOLOGIAS DIGITAIS: MEIOS ALTERNATIVOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE AULAS NA PANDEMIA ................................................................................................................. 215 Alex Michel Silva Araújo Danilo Rafael Silva de Souza Gabriela Carla de Moura Lidiane Quérolin Macena da Silva Capítulo 12 - A SEMANA DO MEIO AMBIENTE E A MOSTRA FOTOGRÁFICA DO CEJAD COMO INSTRUMENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO, BEM COMO ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO A CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JOSÉ ALOÍSIO DIAS, MUTUÍPE-BA ....................................................................................................................................... 230 Rafael da Silva Santos Joildes Santos de Sousa Rosiane dos Santos de Assis 6 Capítulo 13 - COMO USAR AS PRÁTICAS DA SALA DE AULA INVERTIDA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS EM UM CONTEXTO PANDÊMICO? ............................................................................. 239 Pedro Vitor Vieira da Cunha de Miranda Janaina de Albuquerque Couto Capítulo 14 - PRAT´SCIENCE: UMA CARTILHA DIGITAL ENCANTADORA PARA O ENSINO DE BIOLOGIA ............................................................................................................................................255 Washington Ribeiro de Almeida Filho Mário Maxmiliano Liberato da Silva Barros Abigail Mariane Couto Barros Mayara Lopes de Freitas Lima Marcos Alexandre de Melo Barros Capítulo 15 - PROJETO DIDÁTICO E INCLUSÃO DE ESTUDANTES SURDOS/AS: MANUAL DE CIÊNCIAS EM LIBRAS EM UMA TURMA DO 9º ANO ................................................... 268 Jobson Jorge da Silva Miriam Paulo da Silva Oliveira Maria do Carmo da Silva Souza Rosilene Pedro da Silva Capítulo 16 - O ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: RESSIGNIFICANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA ................................................... 288 Jobson Jorge da Silva Miriam Paulo da Silva Oliveira Maria do Carmo da Silva Souza Rosilene Pedro da Silva Capítulo 17 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA GRADUAÇÃO .................................................................................... 301 Marcia Silva de Oliveira Antonio da Costa Cardoso Neto Thiessa Maramaldo de Almeida Oliveira Maria Helena da Silva Castro Davyson Vieira Almada Flavia Holanda de Brito Feitosa Gracilene Oliveira da Silva Wemerson Leandro dos Santos Meireles Capítulo 18 - O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS: UMA ANÁLISE DA REALIDADE DENTRO DO MODELO DE ENSINO REMOTO .................................................................................... 327 Vanessa de Cassia Pistóia Mariani ORGANIZADORES ................................................................................................................... 338 7 APRESENTAÇÃO O advento da pandemia que vem assolando o mundo desde o final do ano de 2019 trouxe pânico, impactos de diversas ordens, gerando vítimas e sequelas ao longo desse período nefasto. Durante esse decurso, houve, entretanto, o reconhecimento pela sociedade de algumas categorias profissionais que sempre foram importantes, mas que agora, nesse contexto da pandemia, adquiriram maior visibilidade. Inicialmente, os profissionais de Saúde, atuando na linha de frente do combate à Covid-19, evidenciaram a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e revelaram para a sociedade o esforço desenvolvido, mesmo sem as condições de trabalho ideais. Em situações de extrema gravidade, a forma como atuaram os profissionais de saúde mereceu um olhar de respeito, reconhecimento e gratidão por parte da população. Devido à necessidade do distanciamento social, como medida de contenção ao contágio da doença, deu-se a suspensão das atividades escolares presenciais. Tal situação, incomum, tem exigido um urgente debate em torno da formulação de políticas públicas de educação que atendam às necessidades das escolas e das famílias em situações de distanciamento social e similares, visto que o Brasil apresenta grande diversidade de contextos escolares e heterogêneos perfis de estudantes. A suspensão das aulas nas escolas tem exigido de professores, gestores, estudantes e suas famílias a criação de regimes não presenciais de aulas e novas rotinas de estudos. Essa rotina caracteriza-se, prioritariamente, pelo desenvolvimento da modalidade Educação à Distância (EaD) como previsto no Parecer nº 5/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que reforça essa modalidade citando o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017 e a Portaria Normativa MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019, os quais indicam também que a 8 competência para autorizar a realização de atividades a distância é das autoridades dos sistemas de ensino federal, estaduais, municipais e distrital. O Parecer nº 5/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovado em 28/04/2020, ainda dispõe sobre a reorganização do calendário escolar e o cômputo de atividades pedagógicas não presenciais, com a finalidade de garantir o cumprimento da carga horária mínima anual, durante o período pandêmico. Quanto aos professores coube o desafio de traduzir os momentos de aula presencial em atividades virtuais, ou em atividades de aulas inteiras impressas. Diante desse quadro, com tantas questões incomuns, o esforço desenvolvido por eles para evitar a interrupção das atividades de ensino mostrou-se uma atitude louvável. A transição para o ensino remoto, muitas vezes abrupta e carente de uma formação contínua adequada, logo foi reconhecida pela sociedade como um compromisso da classe de trabalhadores da Educação com a sociedade. Entretanto, os professores não se restringiram a ministrar aulas remotas. Eles (re)pensaram possibilidades de, mesmo em momentos tão difíceis para muitas famílias, não apenas apresentar conteúdos, mas propor situações de aprendizagem que evidenciassem uma busca por ensino de qualidade. Essa preocupação dos docentes pode ser evidenciada na medida em que identificamos significativa produção desses sujeitos: pesquisas, relatos de experiência, workshops têm apresentado o resultado de seus esforços. A palavra que evidencia a atitude dos professores durante o período de pandemia é resiliência. Por mais que dificuldades tenham surgido, eles sempre buscaram adaptarem-se às situações adversas, dedicando-se, fazendo o melhor que podiam. Não ficaram indiferentes aos imprevistos. Em seus corações sempre reinou a empatia e o amor ao próximo. Foi nessa missão que os professores não se cansaram de produzir alternativas didáticas para melhorar suas aulas. Elas podiam ser remotas, mas nunca distantes do aluno. Mesmo através da interface do computador, tablet ou celular ficou registrada a importante posição ocupada pelo docente nos processos de ensino e aprendizagem. 9 No sentido de reconhecer os esforços de professores que, durante esse período, em todo o país, se engajaram em prol de uma melhor qualidade de ensino para seus alunos, não se deixaram abater pelas intempéries e (re)pensaram a construção do saber, a Editora Alfa Ciência apresenta aos educadores brasileiros a presente obra. Ela é uma construção coletiva de muitas mãos imbuídas do propósito de compartilhar experiências, vivências, soluções e alternativas pedagógicas apreendidas e desenvolvidas pelos sujeitos da sala de aula, em tempos de pandemia. A presente obra conta com a contribuição de professores de vários Estados deste país. Ao todo são 18 capítulos, abordando as diversas áreas do conhecimento. Esses relatos de experiência se unem e se completam, posto que há uma linha que desencadeia todos eles: alternativas para o período pandêmico, mas que permanecem igualmente válidas no pós-pandemia. O que os distingue e lhes confere originalidade é a disposição de não se deixar vencer pelas dificuldades, não se abater pelo desânimo, mesmo com o infortúnio batendo à porta. Trata-se de uma contribuição de amor à Educação. O capítulo 1 traz as percepções de estudantes estagiários do curso de Licenciatura em Física frente ao processo de Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) no período pandêmico, visando possibilitar aos licenciandos experiências no âmbito da Educação Básica a partir de vivências diretas na escola. No capítulo 2, tem-se a apresentação de um relato de experiência sobre uma sequência didática, para estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental, enfatizando uma metodologia para o ensino de frações e porcentagens a partir da utilização de recursos tecnológicos (especificamente, da plataforma Khan Academy e do aplicativo Kahoot!) com o propósito de favorecer os processos de ensino e aprendizagem em aulas de Matemática. O capítulo 3 traz relato de experiência acerca de trabalho sobre alguns dos biomas brasileiros: Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica através do uso de jogos de memória, utilizando-se da plataforma digital Mentimeter, a fim de proporcionar um ambiente mais divertido nas aulas de Ciências, desmistificando que estudar não seja divertido. 10 No capítulo 4, sãoanalisadas emergências formativas de professores sujeitos à obrigatoriedade do ensino virtual, refletindo acerca das ações que poderiam minimizar as dificuldades encontradas pelos professores no ambiente virtual de ensino e aprendizagem, destacando o que deveria ser mantido ao se considerar a escola pós pandemia. O capítulo 5 trata da metodologia conhecida como Sala de Aula Invertida utilizada no processo de ensino e aprendizagem de conceitos estatísticos. Apresenta a Sala de Aula Invertida como uma alternativa educacional capaz de promover uma aprendizagem mais autônoma, de estimular a motivação dos estudantes ao protagonismo na busca de conhecimentos prévios. No capítulo 6, encontramos uma abordagem sobre as potencialidades da construção de mapas mentais e conceituais ancorados na Teoria da Aprendizagem Significativa e a oportunidade para o desenvolvimento de diferentes competências por parte dos estudantes. O capítulo 7 apresenta uma experiência relacionada à formação de professores e ao projeto didático-pedagógico no contexto escolar, via componente curricular, com o objetivo de promover reflexões sobre os processos metodológicos e formativos na construção e desenvolvimento de projetos em Educação Ambiental. Tem-se no capítulo 8 uma discussão sobre o papel da Literatura Infantil no processo de Letramento Científico de crianças em tempos de aulas remotas, estimulando a sensibilização e a conscientização sobre a temática do descarte correto do lixo eletrônico. O capítulo 9 apresenta e discute algumas estratégias potencializadoras de aprendizagem e da interatividade discente durante o contexto das aulas remotas de biologia. A experiência docente relatada neste capítulo foi vivenciada em turma do Ensino Médio de escola técnica da rede estadual e evidencia a utilização das ferramentas digitais Mentimeter e o Kahoot como recursos capazes de estimular a interatividade discente, além de proporcionar aulas mais dinâmicas e contribuir com a apreensão de conceitos científicos por parte dos estudantes. 11 No capítulo 10, apresenta-se um estudo que teve o objetivo de identificar os desafios enfrentados por professores no processo de adaptação ao ensino remoto, bem como, compreender como estes sujeitos desenvolveram as aulas não presenciais, em cidade do interior de Pernambuco. O estudo revelou, portanto, algumas das possibilidades e limitações experienciadas por estes sujeitos no que concerne ao processo de ensino remoto emergencial. O capítulo 11 traz a apresentação do site do Projeto BioEssência, criado como requisito avaliativo na disciplina de Práticas de Laboratório para o Ensino de Ciências (PLEC), no âmbito do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, visando a criação de alternativas empreendedoras para os professores atuantes e futuros licenciados. No capítulo 12, são apresentados os resultados da realização da I Semana de Biologia do CEJAD (SEMBIO) e da 3ª edição da Mostra Fotográfica do CEJAD. Destaca-se que a importância atribuída à realização dos referidos eventos, na medida em que puderam contribuir para o engajamento, a motivação, o desenvolvimento do senso crítico em torno do reconhecimento da degradação e perda de biodiversidade no município de Mutuípe–BA. O capítulo 13 apresenta um relato de experiência que discute torno do como usar as práticas da Sala de Aula Invertida no ensino de ciências em um contexto pandêmico. Além disso, reflete sobre a posição ocupada pela instituição e pelo professor, diante das novas necessidades impostas pelo ensino remoto. No capítulo 14, discute-se as potencialidades do ensino pela experimentação e da cultura maker para os processos de ensino e aprendizagem de temas científicos. No âmbito deste capítulo, as referidas metodologias são apontadas como formas de tornar o ensino significativo, interativo e dialógico, na medida em que os estudantes se tornam protagonistas no seu processo de construção de conhecimentos. Além disso, é apresentada proposta que pretende contribuir com o trabalho do professor durante a promoção de atividades práticas, para que o docente possa ter de maneira simplificada uma metodologia possível de ser aplicada em diferentes contextos sociais e em diferentes espaços de aprendizagem. 12 O capítulo 15 pretende contribuir com o processo formativo dos professores de Ciências e Biologia, na medida em que apresenta o desenvolvimento de um projeto didático interdisciplinar que objetiva relacionar o ensino de Ciências da Natureza à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), promove inclusão social e discute um modelo de escola bilíngue. O capítulo 16 apresenta uma pesquisa que teve como objetivo geral: desenvolver trabalho interdisciplinar acerca dos cuidados com meio ambiente, com foco na reciclagem e utilização das garrafas PET, no sentido da não poluição, ornamentação e organização dos canteiros da horta escolar, integrando as formas geométricas, perímetro e áreas das figuras construídas. Participaram da referida pesquisa, estudantes do 7º ano A (Anos finais do Ensino Fundamental) de uma escola pública municipal de Vicência-PE. O capítulo 17 explana o processo de interação entre professores e alunos de universidade, através dos valores, planejamento do ensino- aprendizagem, da cooperação mútua e o desenvolvimento do trabalho coletivo, apontado a pesquisa como um meio de estreitar a interação professor/aluno. O capítulo 18 trás reflexões quanto ao ensino remoto da ciências nos anos iniciais no período de utilização do modelo de ensino remoto durante a pandemia da covid 19. Observaram-se as ferramentas de ensino, suas aplicações e o impacto no processo de aprendizagem dos alunos. Nesse contexto, gerado pela pandemia da Covid-19, todos: famílias, professores e profissionais da escola, estudantes, foram colocados diante de questões com as quais não estavam acostumados e preparados. No caso dos professores, o conjunto das experiências somado ao processo de formação, tem requerido, nesse momento, reinvenção, criatividade, reflexão, pesquisas e abertura a novas aprendizagens. Este e-book reflete, portanto, um “movimento de esperançar”, um esforço criativo, uma superação otimista dos sujeitos professores, ao mesmo tempo em que aponta para o entendimento de que, como diria o Professor Paulo Freire em sua Pedagogia da Autonomia, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”, mesmo em contextos um tanto quanto desfavoráveis. Reiteramos 13 nossa profunda gratidão e reconhecimento aos autores de cada capítulo desta obra por suas valiosas contribuições, como também, pelas reflexões que advirão a partir da leitura atenta de cada página. Mayara Lopes de Freitas Lima David Gadelha da Costa Alzira Carla de Oliveira Dias Angela Rodrigues da Silva 14 Capítulo 01 ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM ENSINO DE FÍSICA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA Adriana Pereira da Silva1; Daiane Rodrigues Borges Aragão2; Tiago Nery Ribeiro3; Divanízia do Nascimento Souza4 1 Graduada em Matemática, mestranda do PPEGECIMA, UFS, Lattes: http://lattes.cnpq.br/2170474882418314 2 Graduada em Física, mestranda do PPEGECIMA, UFS, Lattes: http://lattes.cnpq.br/6619209383497337 3 Doutor em Educação Matemática, PPEGECIMA, UFS, Lattes: http://lattes.cnpq.br/5802530832181530 4 Doutora em Tecnologia Nuclear, PPEGECIMA, UFS, Lattes: http://lattes.cnpq.br/3897283209013869 Resumo A declaração da pandemia de COVID-19 pela Organização Mundial de Saúde – OMS resultou em mudanças em todo o cenário educacional. Diante disso, o Ministério da Educação emitiu portarias, reafirmadas pelo Conselho Nacional da Educação - CNE, que possibilitaram a substituição das aulas presenciais na EducaçãoBásica e Ensino Superior por aulas em meios digitais, durante o período. Assim, perguntamos: quais as percepções de estudantes estagiários do curso de Licenciatura em Física frente ao processo de estágio supervisionado obrigatório no período pandêmico? Para responder este questionamento, realizamos um estudo qualitativo e descritivo com o objetivo de analisar as percepções de licenciandos estagiários, através de um questionário contendo 5 quesitos, aplicado por meios digitais, com finalidade de investigar o impacto da substituição das atividades de regência presenciais do estágio pela modalidade remota e o quanto isso impactou no processo de formação desses futuros professores. Os resultados mostraram o quanto desafiador foi concretizar a atividade curricular, contudo houve ganhos pessoais e profissionais. Observamos ainda, que tal estágio possibilitou aos licenciandos a aquisição, ou ao menos a compreensão, de habilidades necessárias ao novo cenário educacional. Palavras-Chave: Estágio Supervisionado. Ensino de Física. Pandemia. INTRODUÇÃO Nos anos de 2020 e 2021 o impacto da pandemia de COVID-19 influenciou nas diversas áreas da atividade humana; na escola não poderia ser diferente, pois em todos os níveis de escolarização os processos de ensino e http://lattes.cnpq.br/2170474882418314 http://lattes.cnpq.br/6619209383497337 http://lattes.cnpq.br/5802530832181530 15 aprendizagem passaram por importantes modificações. No nível superior, como resposta à pandemia, as instituições iniciaram adequações em seus modelos educacionais, ofertando a modalidade remota ou online e o modelo híbrido. Segundo o Censo da Educação Superior, do total de matrículas de estudantes na rede pública federal do Brasil em 2019, a modalidade de presencial representou 71,5% (BRASIL, 2019), o que demonstra que esse ensino é predominante presencial. Além disso, 64,2% das matrículas da graduação no Brasil foram em universidades públicas. Dessa forma, na tentativa de controlar a propagação do novo coronavírus foi necessário substituir as atividades presenciais, empregando para isso métodos e recursos para educação online e à distância, o que significou submeter todo um público docente e discente de um país de dimensões continentais a uma nova realidade educacional. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a partir de março de 2020, quando decretado estado de emergência de saúde pública devido à pandemia de COVID-19, foram encerradas atividades presenciais em todos os campi da (UFS). Nos meses seguintes, definiram um novo calendário acadêmico e o primeiro período letivo do ano somente foi iniciado em outubro de 2020. Para atender às demandas do ensino remoto nesse período, os docentes do ensino superior tiveram que passar por cursos de formação, assim como participar de discussões acerca da transição do ensino presencial para aquele que ocorreria em uma sala de aula online e a distância. Normalmente, durante um processo de mudança instrucional as atividades a serem realizadas são cuidadosamente planejadas pelos docentes. Porém, a pandemia de COVID-19 foi uma situação atípica, que obrigou a mudanças repentinas, significando um processo de adaptação difícil para os docentes, logicamente sem ainda citar os grandes desafios referentes à situação econômica, humana, intelectual e técnica dos discentes, ou seja, um território ainda bastante desconhecido. Assim, durante a transição para o ensino remoto, mesmo com tantas incertezas, os docentes puderam, por exemplo, selecionar entre artefatos 16 digitais disponíveis os diferentes recursos que consideravam pertinentes para apoiar o ensino, considerando as metodologias e estratégias mais adequadas. Porém, nos cursos de Licenciatura, o cenário pareceu ainda mais complexo para o estágio supervisionado, pois a realidade do estágio significa inserir o discente licenciando na realidade educacional da Educação Básica que também estava acontecendo com atividades online e em situações mais complexas do que no Ensino Superior. No referido contexto, a dinâmica da Educação Básica envolveu decisões que incluíam situações individualizadas, pois cada escola desenvolveu um sistema diferente de gerenciamento de conteúdo, síncrono ou assíncrono. Por isso, as metodologias utilizadas não seguiam um único padrão e as redes de colaboração entre os professores e estudantes eram distintas em cada escola; assim as atividades de avaliação e/ou critérios avaliativos modificaram-se a cada realidade. A partir da experiência de estágio supervisionado em um curso de Licenciatura em Física durante a pandemia, surgem as seguintes questões: quais os impactos da vivência do estágio supervisionado nas condições de ensino remoto para a formação acadêmica dos futuros professores de Física? Essa experiência foi bem-sucedida para eles? Buscando responder a essas questões, o presente trabalho tem como objetivo trazer relatos dos estagiários do curso de Licenciatura em Física do campus Prof. Alberto Carvalho da UFS durante o período da pandemia de COVID-19, bem como analisar suas concepções sobre as modificações e adaptações necessárias dos estágios frente a esse período. Assim, considerando as medidas restritivas adotadas devido ao momento pandêmico e sua repercussão, especialmente no cenário educacional, julgamos necessário verificar os impactos, as consequências e as alternativas para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem de estudantes matriculados na disciplina estágio supervisionado desse curso. De acordo com Avelino e Mendes (2020), devido à pandemia de COVID- 19, o sistema educacional enfrentou um grande desafio e precisou se reinventar buscando novas possibilidades para garantir os trabalhos 17 pedagógicos. Artefatos e plataformas digitais, assim como a inovação metodológica, passaram a fazer parte do cotidiano educacional. Foram expedidos Decretos, Resoluções e Pareceres Oficiais, tanto no âmbito federal quanto estadual e municipal, com a intenção de direcionar as atividades educacionais, em especial. Dentre essas normativas, destaca-se o Parecer CNE/CP-05/2020, que orientou o desenvolvimento do estágio obrigatório em consonância com as práticas educacionais da educação básica, que deveriam ocorrer de modo remoto (BRASIL, 2020). O Estágio Curricular Supervisionado proporciona ao estudante o contato com o ambiente profissional e suas particularidades, levando ao desenvolvimento de habilidades necessárias ao ofício do professor (SARAIVA; SANTOS, 2015). Dessa forma, sabendo da obrigatoriedade da prática do estágio curricular para a formação do licenciando, e em meio às dificuldades decorrentes desta fase de pandemia, nos perguntamos: Quais as percepções dos estudantes estagiários do curso de Licenciatura em Física sobre processo de estágio supervisionado obrigatório no período pandêmico? Essa pergunta direcionou a nossa investigação, por meio da análise das respostas a um questionário aplicado aos estudantes da Licenciatura em Física do respectivo campus, matriculados em diferentes níveis do estágio curricular obrigatório (Estágio I, II, III e IV) durante os períodos letivos 2020.1 e 2020.2. CONTEXTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL O estágio supervisionado no processo de formação docente Uma das preocupações dos alunos que estão aptos a ingressar no ensino superior é qual carreira seguir. Dentre muitas opções está a de “Professor”. “Tornar-se professor é um processo particular, que experimenta cada indivíduo, assim, cada docente tem suas representações sobre a profissão, afetadas pelo contexto social e histórico em que o sujeito está inserido” (LÓPEZ; NARDI, 2020, p. 445). Ao escolher a docência como profissão, o sujeito passará por processos de ensino e aprendizagem, sendo os conhecimentos científicos, práticos e 18 técnicos trabalhados durante sua formação. Dentre as etapasque compõem esses processos, o futuro professor é submetido a voltar para a escola, e desta vez não só como aluno, mas também como professor. “O contato com a escola é um processo importante para continuar reconstruindo a identidade docente, pois é aí que é estabelecida a interação com os estudantes, colegas professores, [...]” (LÓPEZ; NARDI, 2020, p. 445). O estágio supervisionado promove uma gama de conhecimento e experiências primordiais ao licenciando, além de proporcionar um relacionamento mais próximo com a realidade escolar da Educação Básica. Esta prática é um diferencial na formação do estudante de licenciatura. “Nesse contexto evidencia-se que o estágio tem como objetivo proporcionar ao estagiário a oportunidade de aplicar os seus conhecimentos acadêmicos de forma prática dentro de uma realidade totalmente profissional” (CARVALHO et al., 2020, p. 69). O curso de Licenciatura em Física, como as demais licenciaturas, apresenta em seu componente curricular o estágio supervisionado. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (9394/96) exige o estágio nos cursos de Licenciaturas e o Parecer CNE/CES nº 28/2001 (BRASIL, 2001) versa sobre essa obrigatoriedade e o direciona. No estágio, o licenciando tem a oportunidade de compreender a estrutura econômica, social e cultural da comunidade escolar, o que contribui para que ele desenvolva habilidades necessárias ao professor. Borssoi (2008) destaca essa questão quando diz que: Pensar no papel do estágio nos cursos de formação de professores é uma tarefa difícil, porém deixa-se claro que um bom professor não se faz apenas com teorias, mas principalmente com a prática, e mais ainda, pela ação reflexão, diálogo e intervenção, em busca constante de um saber teórico e saber prático. Como também, o saber docente não é só formado pela prática, mas nutrido pelas teorias. (BORSSOI, 2008, p.10). É na escola, junto aos alunos e professor supervisor, que são identificadas as primeiras dificuldades e habilidades do professor em formação, e é nesse estágio que ele conhece de fato a realidade da profissão escolhida. Sendo assim, o estágio é representado por "momento de partilha, socialização, trocas de experiências e conhecimentos vivenciados e apreendidos [...]" (RAYMUNDO, 2013, p. 363). Nesse sentido, a experiência do estágio 19 supervisionado representa também a possibilidade da ação reflexiva, em torno da responsabilidade que é ser professor, sendo uma etapa de formação necessária para a atuação docente frente a um cenário diverso e complexo. O estágio supervisionado e a pandemia do novo coronavírus O estágio curricular, como afirma Carvalho et al. (2020), é um momento de contato direto e essencial entre os estagiários e o ambiente escolar. Mas, isso foi comprometido devido à suspensão temporária das aulas presenciais nas redes de ensino pública e particular, como forma de combater a pandemia de COVID 19. A alternativa apontada para a continuidade das atividades educacionais foi adotar o ensino remoto, que demandou dos alunos e professores processos de adaptação, como já comentado. Considerando a emergência do ensino remoto e a diferença clara entre esse e o ensino presencial, temos um espaço completamente desconhecido no design de aprendizagem. Para orientar sobre isso, o Ministério da Educação emitiu portarias, reafirmadas pelo Conselho Nacional da Educação - CNE, que possibilitaram a substituição das aulas presenciais na Educação Básica e Ensino Superior, por aulas em meios digitais, durante o período, incluindo a prática do Estágio obrigatório, que ficou submetido à condição do ensino básico, como descrito no Parecer 05/2020. No caso dos cursos de licenciatura ou formação de professores, as práticas didáticas vão ao encontro de um amplo processo de oferta de aprendizado não presencial à educação básica, principalmente aos anos finais do ensino fundamental e médio. Produz, assim, sentido que estágios vinculados às práticas na escola, em sala de aula, possam ser realizados de forma igualmente virtual ou não presencial, seja a distância, seja por aulas gravadas etc. (BRASIL, 2020, p.17). Dessa forma, a prática do estágio supervisionado foi repensada de modo a se adequar “ao novo normal” imposto pelo cenário pandêmico, objetivando dar continuidade à formação docente. Metodologia 20 Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, o qual foi realizado a partir das vivências com estudantes de Licenciatura em Física nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Ensino de Física do Campus Prof. Alberto Carvalho da UFS, ofertadas nos períodos 2020.1 e 2020.2. Esse tipo visa contribuir para o entendimento de um fenômeno, um fato, uma situação existente, de maneira a comparar, analisar e avaliar o que está sendo desvelado (GIL, 2008). O Estágio do curso de Licenciatura em Física desse campus tem carga horária de 420 horas, dividida em quatro estágios de 105 horas cada um. O principal objetivo desses é possibilitar ao licenciando experiências docentes na Educação Básica a partir de vivências diretas na escola. Nesses dois períodos, o estágio presencial foi substituído por atividades remotas desenvolvidas a partir da realidade dos professores supervisores das escolas parceiras. Um total de oito licenciandos cumpriu essa atividade. Para investigar a percepção dos estudantes estagiários frente ao processo de estágio supervisionado obrigatório, foi pedido que eles respondessem a cinco questões, por meio do google formulários. A partir das respostas dos oito licenciandos, buscou-se conhecer as suas concepções frente a questões peculiares do ensino remoto. Acreditamos que esse relato de experiência possa descrever a vivência do estágio curricular nesse momento em particular, apontando reflexões sobre essa situação, que pode ser classificada como peculiar e demasiadamente complexa para a comunidade acadêmica. Corroborando com Lopes (2012), consideramos que tal relato tem o potencial de pertencer a um domínio social e fazer parte de uma importante experiência humana. RELATO DA PRÁTICA PROFISSIONAL Sem dúvida nenhuma, ao longo do processo de formação do professor, é no momento do estágio que ele vivencia a escola, estabelecendo conexões com inúmeras relações presentes no cotidiano escolar, o que representa uma experiência que vai desde o observar até à prática da regência de classe. Refletir sobre essa experiência é imprescindível, e isso deve fazer parte do 21 exercício contínuo e fundamental do processo de formação do professor, principalmente nesse momento da pandemia, em que todos nós fomos tanto exigidos. As quatro etapas da disciplina Estágio Supervisionado em Ensino de Física do campus Prof. Alberto Carvalho da UFS têm como principal objetivo proporcionar ao aluno de Licenciatura em Física a oportunidade de desenvolver atividades relativas à docência na realidade social do seu campo de trabalho. Nesse estágio, o foco é conhecer os diferentes espaços existentes no ambiente escolar a partir da observação e da vivência na experenciação de seus aspectos, como os administrativos, pedagógicos, comportamentais e humanos; enfim, possibilitar observar e viver a prática educacional no espaço educativo. Porém, com a pandemia nos deparamos com um contexto de distanciamento social e, por isso, nos questionamos: Como aproximar essa realidade, que tanto queremos que se faça concreta ao longo do estágio, a partir de um ambiente de aula remotas? Como o estagiário iria agir na sala de aula a partir dessa realidade? Como fazer o estágio supervisionado em um ambiente no qual nós docentes de tal disciplina também somos adventícios? Por isso, para enfrentar esse momento, precisamos realizar algumas adaptações na disciplina de estágio supervisionado considerando o contexto do distanciamento social. Inicialmente,foi necessário adequar as atividades às resoluções normativas da UFS e Secretaria de Estado da Educação de Sergipe. Também, contar com a cooperação de professores supervisores de estágio supervisionado que estivessem dispostos a receber nossos estagiários para regência nesse momento. Sendo isto possível, dividimos o estágio em etapas. Na primeira etapa, foi realizado com os licenciandos um estudo teórico a partir da análise de documentos oficiais como Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Base Nacional Comum Curricular (BNCC), considerando as principais contribuições desses documentos para a formação inicial de professores. Ainda na primeira etapa, tínhamos as discussões iniciais sobre as estratégias de ensino e ferramentas a serem utilizadas nos ambientes de sala de aula remota. 22 Na segunda etapa, os estagiários, durante o período de no mínimo 06 horas/aulas, observaram as atividades de regência de classe realizadas pelos professores supervisores da disciplina Física nas turmas de Ensino Médio. As observações serviram para identificar e analisar coletivamente aspectos relevantes do andamento das atividades realizadas no ambiente escolar e da prática profissional do docente. Na terceira etapa foi realizada a regência de classe, respeitando a especificidade de cada realidade escolar. Vale salientar que nenhuma atividade foi desenvolvida sem o planejamento adequado ou sem a autorização devida do professor supervisor. Ao longo das semanas dos estágios, foram realizados encontros síncronos entre estagiários e supervisor para discussão acerca das atividades realizadas durante as regências de classe. Nas discussões foi abordado sobre o trabalho com o conteúdo curricular, os métodos avaliativos, as estratégias e ferramentas de ensino, os aspectos pedagógicos da disciplina Física no trabalho remoto, aspectos positivos e negativos das atividades e o que deveria ser aprimorado; enfim, sobre situações pertinentes a experiência do estágio durante a pandemia. Na quarta e última etapa, como atividade avaliativa, os estagiários elaboraram um relatório acerca da experiência de estágio. As reflexões retratadas neste trabalho consideram as respostas dos estagiários às cinco questões apresentadas por meio do google formulários. RESULTADOS E DISCUSSÕES - PERCEPÇÃO DOS ESTAGIÁRIOS O instrumento de pesquisa, enviado por meios digitais, preservava o anonimato dos autores das respostas. Dessa forma, identificaremos os estagiários por L, adicionando os índices de 1 a 8 de acordo com a ordem presente no formulário. No primeiro questionamento levantamos qual ou quais estágios foram realizados pelos licenciandos nos períodos 2020.1 e 2020.2. Tabela 1. Disciplinas de estágios realizadas pelos oito licenciandos (L) nos períodos 2020.1 e 2020.2 Nível do Estágio Licenciandos 23 E1 L1 L3 L5 L6 - E2 - - - - - E3 L1 L2 L4 L5 L7 E4 L2 L4 L5 L8 - Fonte: Elaborado pelos autores. De acordo com as respostas, percebemos que das quatro disciplinas de estágio, somente Estágio Supervisionado em Ensino de Física II (E2) não ocorreu nos períodos observados. Vale salientar que o pré-requisito para a realização dos estágios II, III e IV é o Estágio Supervisionado em Ensino de Física I e a disciplina Instrumentação para o Ensino de Física I. Desse modo, a maioria dos estudantes realizaram dois estágios, não necessariamente na ordem crescente, como foi o caso de L1, que realizou o E1 e o E3. No caso de L5, ele concluiu os estágios E1, E3 e E4 durante esses dois períodos. Além disso, perguntamos também sobre os meios de interação utilizados ao longo dos estágios, uma vez que o ensino não presencial ficou autorizado a ser desenvolvido em diferentes formatos, de acordo com o parecer CNE/CP- 05/2020, Assim sendo, as atividades pedagógicas não presenciais podem acontecer por meios digitais (videoaulas, conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino aprendizagem, redes sociais, correio eletrônico, blogs, entre outros); por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de material didático impresso com orientações pedagógicas distribuído aos alunos e seus pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados nos materiais didáticos. A comunicação é essencial neste processo, assim como a elaboração de guias de orientação das rotinas de atividades educacionais não presenciais para orientar famílias e estudantes, sob a supervisão de professores e dirigentes escolares. (BRASIL, 2020, p.8). As respostas sobre os meios empregados podem ser visualizadas na tabela 2. Apenas um estagiário teve contato presencial com a turma ao longo de um de seus estágios. Outro estagiário teve contato presencial e remoto com a turma. Como é perceptível, a maioria dos estagiários ministraram aulas remotas ao vivo (síncronas) ou aulas gravadas (assíncronas), vivenciando um 24 ambiente de aula a distância de maneira intensiva, sem contato presencial com os alunos. Tabela 2. Regime de ensino utilizado Regime de Ensino Licenciandos Presencial L2 - - - Híbrido (presencial e remoto) L4 - - - Remoto síncrono (aulas ao vivo) L2 L3 L6 L8 Remoto assíncrono (aulas gravadas) L1 L3 L4 L6 Remoto síncrono e assíncrono L5 L7 - - Fonte: Elaborado pelos autores. Diante disso, cabe analisar quais as percepções e os entraves encontrados na vivência dos estágios. De acordo com Carvalho et al. (2020), o estágio supervisionado além de proporcionar a relação entre a teoria e a prática, traz também a problemática que envolve essa ação, revelando os problemas concretos que envolvem a profissão. Percebemos isso nas respostas à terceira questão, que solicita ao licenciando para enumerar as dificuldades encontradas por ele ao estagiar no período pandêmico. A ausência dos alunos nas aulas remotas representou a maior dificuldade, de acordo com a fala dos entrevistados, porque causou falta de comunicação. A pouca frequência dessa comunicação, de acordo com L2, deve-se ao fato de muitos alunos não possuírem acesso à internet. Os licenciandos L1, L3 e L5 ainda citaram a desmotivação e a carência de diálogo com os alunos nas atividades síncronas, por falta de participação deles nas aulas, o que dificultava saber se o aprendizado estava ocorrendo como esperado nas turmas em que esses licenciandos estavam estagiando. Vale salientar outras respostas dos estagiários, por exemplo: L5 relatou a “falta de experiência de lidar com a situação de aulas remotas”, o que foi repetido por L6 e por L7. L1 destacou a carência de foco para o planejamento das atividades, enquanto L4 relatou a pouca habilidade para elaborar “materiais 25 atrativos"; L6 citou a “falta de ambiente adequado para estudar”. Além disso, L7 e L3 sentiram “falta de orientações por parte do professor supervisor ou até mesmo da escola para a realização das aulas”. Esses comentários revelam que o momento foi difícil não só para os estagiários, mas para a escola como um todo. Os futuros professores ainda citaram como dificuldades a impossibilidade de trabalhos em grupos, atrasos nas entregas das atividades, o desafio de avaliar durante o processo e a falta de contato com a sala de aula, com os alunos e com o corpo docente da instituição (L2, L3 e L6). Dessa forma, identificamos que, embora delicado, o momento oportunizou aos estagiários situações que permitiram que se colocassem no lugar do professor e, nessa perspectiva, os fez de alguma forma se envolverem com a práxis pedagógica complexa do cotidiano escolar. Mas não seria essa a finalidade do estágio? Evidentemente que sim. Isso seria uma constatação indissociável da relação entre a formação do aluno e o mundo do trabalho, uma vez que, sendo o Estágio um processo de experiência prática, que possibilita ao acadêmicoa aproximação com a realidade na sua área de formação, e o auxilia na compreensão de diversas teorias que o conduz ao exercício da profissão, é um componente essencial para o desenvolvimento dos futuros profissionais, considerando que ali há a aproximação verdadeira entre a universidade e a sociedade, a integração à realidade social, e a possibilidade de vivenciar na prática toda a teoria adquirida (SCALABRIN E MOLINARI, 2013). Na resposta à questão 4 do questionário, os alunos apresentaram suas considerações a respeito da seguinte afirmação: “Meus estudos na Universidade me proporcionaram as habilidades necessárias para cumprir o estágio supervisionado a distância e enfrentar os problemas vivenciados em tal experiência de formação docente durante a pandemia”. Dos oito estagiários que participaram da pesquisa, cinco afirmaram discordar da afirmação acima. Os alunos L2, L3, L5, L7 e L8 relataram que os estudos na Universidade não ofereceram preparação para desenvolverem as habilidades que o ensino a distância demanda. A seguir, apresentamos as respostas desses estudantes: 26 L2: Não preparou para um estágio a distância, até porque ninguém esperava por uma pandemia. L3: A frase tem um caráter negativo, para mim. Pois, as disciplinas anteriormente cursadas não proporcionaram habilidades em lidar com um ensino puramente a distância, ou remoto melhor dizendo. L5: Não, pois éramos formados para atuarmos de forma presencial. L7: Discordo. Na Universidade, através de aulas presenciais, somos ensinados a dar aulas presenciais. L8: Não, na verdade nem os alunos nem os docentes estavam preparados para vivenciar as aulas de forma remota. Tais concepções demonstram que, para esses licenciandos, as atividades do curso de Licenciatura em Física da UFS não proporcionaram habilidades para o Ensino a Distância – EAD. Possivelmente, isso acarretará dificuldades para esses futuros professores, assim como para outros estudantes desse curso, que optarem por trabalhar em tal modalidade de ensino. Contudo, devido à pandemia e às declarações dos alunos, fica evidente que essas deficiências não foram encontradas apenas por eles, mas também pelos docentes das escolas onde ocorreram os estágios, como citado por L7: L7: Nesse novo contexto é evidente a falta de experiência tanto da nossa parte quanto de alguns professores perante as estratégias utilizadas para esse tipo de aula. Mesmo com a inaptidão de professores para a docência no modo remoto durante o período pandêmico, muitos foram os seus esforços para auxiliar os discentes objetivando prepará-los para enfrentar problemas demandados da EAD. “Diante de uma situação tão atípica quanto a de uma pandemia, o professor é obrigado a sair de sua zona de conforto e a ingressar em um sistema totalmente diferente do que está acostumado [...]” (CHAVES; CORRÊA; GOMES, 2020, p. 6). Assim, nesse contexto cheio de experiências com adaptações, aprendizados e desafios, todos se envolveram, trabalhando conjuntamente em prol de adaptações para o “novo” momento. Os alunos reconheceram essas ações quando afirmaram que: 27 L2: ...quando as aulas de maneira remota voltaram os professores tentaram nos auxiliar da melhor maneira para contornar os problemas que enfrentaríamos no estágio a distância. L5: Mas, no decorrer do tempo, o professor da disciplina de estágio nos apresentou a proposta "criação técnicas" para criação de vídeos curtos. L8: Todos trabalharam em conjunto para se adaptarem a essa nova realidade. Ao utilizar de uma diversidade de estratégias para lidar com o estágio supervisionado a distância, L6 descreve na sua resposta que o momento de “dar aula” foi mais cansativo e pouco motivante, pois a frequência de alunos durante as aulas era mínima. Isso já era esperado, uma vez que muitos dos alunos da Educação Básica, principalmente os de escolas públicas, ainda não dispõem de recursos adequados para acompanhar as aulas remotas. Contudo, mesmo frente a esses empecilhos, foi possível completar as atividades da disciplina Estágio, principalmente por ações do docente, como foi expresso por L1: L1: Devido ao esforço do professor de estágio, em sempre nos ensinar ferramentas para lidar com a situação do ensino remoto, foi possível cumprir essa disciplina obrigatória.‟ No último ponto explorado, questão 5, buscamos identificar aspectos das experiências desses licenciandos, durante os seus estágios curriculares nesse período da pandemia, que contribuíram para o desenvolvimento de suas competências profissionais. A mudança na metodologia de ensino foi uma das mais citadas pelos alunos, pois eles comentaram que aprenderam a lidar com novas ferramentas de ensino e se reinventaram para tornar as aulas mais dinâmicas e atrativas. Apresentamos a seguir respostas dos licenciandos sobre as estratégias ou artefatos de ensino que eles utilizaram ao longo dos seus estágios. L4: utilização de plataformas e novos meios para elaboração de material didático (vídeo aulas, formulários, simulações, animações etc.). L5: desenvolvi habilidades em criação de vídeos e formulários online. 28 L7: Do ponto de vista técnico, foi necessário aprender a utilizar ferramentas como software e programas computacionais para o planejamento de aulas. Os estudantes ressaltaram que se adaptaram às múltiplas metodologias de ensino e aprenderam a utilizar variados recursos educacionais. L8, em suas contribuições para a pesquisa, revelou os ganhos desse tipo de ensino, e demonstrou sua preocupação sobre a aprendizagem dos alunos do Ensino Médio, vejamos: L8: A experiência no ensino remoto contribuiu principalmente para que eu me reinventasse no modo como eu interagia com os alunos em sala, desenvolvendo estratégias para prender a atenção dos alunos e promover uma maior interação. Pois, no ensino presencial podemos ver quais alunos não estão prestando atenção, sendo então mais fácil atraí-los de volta para a aula. Esse método de ensino também revelou a forma como os alunos do Ensino Médio vivenciam suas realidades, como apontado por L7 em suas observações: foi também possível observar as diferentes realidades enfrentadas por cada aluno. Pontos importantes e positivos foram relatados pelos licenciandos; no entanto, L6 destacou um como caráter negativo: a implementação dessas ferramentas demanda muito tempo para torná-las corriqueiras. Ele afirmou, ainda, que a experiência adquirida durante o estágio não é o suficiente para abraçar por completo o ensino à distância. Considerando a opinião deste aluno, chegamos à conclusão que o caminho a ser trilhado nesse novo contexto de ensino e aprendizagem ainda é longo. Mas, a EAD “tem se mostrado bastante eficiente em possibilitar a existência do processo de construção do conhecimento de inúmeros alunos, fazendo-se assim, um importante método de ensino.” (CHAVES; CORRÊA; GOMES, 2020, p. 7). Diante das concepções dos estagiários, identificadas nas respostas aos questionamentos e a partir da experiência de estágio supervisionado durante esse momento de pandemia, podemos evidenciar que se faz necessário gerar condições para se reinventar e superar os desafios da docência, de forma a possibilitar ao professor condições de compreender e experenciar situações no 29 processo de ensino e aprendizagem que estejam cada vez mais próximas à realidade social. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo desenvolvido neste artigo buscou relatar experiências vividas por licenciandos do curso de Licenciatura em Física do campus Prof. Alberto Carvalho da UFS durante o estágio supervisionado ao longo do período da pandemia do Covid-19. O estudo buscou também analisar as concepções desses estudantes sobre as modificações e adaptações necessárias, frente a esse momento, para a realização das atividades de seus estágios. As concepções dos licenciandos deixaram claroos desafios vivenciados por eles, pelos professores e alunos da Educação Básica. Percebemos que o estágio supervisionado nesse contexto contribuiu para que os licenciandos refletissem sobre os desafios da educação formal, assim como presenciassem o processo de adequação da escola a esse período pandêmico. O estudo das concepções dos alunos revelou o quanto desafiador foi para eles concretizar a atividade curricular; contudo houve ganhos pessoais e profissionais. Acreditamos, diante das falas dos discentes, que o estágio possibilitou a aquisição de habilidades necessárias ao novo cenário educacional. Além disso, eles estiveram em contato com uma modalidade de ensino que mobilizou a manipulação de vários artefatos digitais e metodologias que poderão se tornar cada vez mais presentes na realidade do trabalho do professor, uma vez que a EAD é uma realidade que tende a se expandir. Concluímos que a EAD, mobilizada pelo momento pandêmico, possibilitou que tanto alunos como professores fossem além de seus limites habituais, aprendendo, ressignificando e reinventando estratégias de ensino ou de aprendizagem, mesmo não estando preparados para tal contexto. Isso nos permite considerar o ensino remoto como um método eficiente de educação formal. No futuro livre de pandemia, esse ensino poderá fazer parte da Educação formal de forma mais frequente, e não apenas para auxiliar em alguns trabalhos. 30 REFERÊNCIAS AVELINO, W. F.; MENDES, J. G. A realidade da educação brasileira a partir da COVID-19. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 2, n. 5, p. 56–62, 2020. DOI: 10.5281/zenodo.3759679. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/137. Acesso em: 27 jun. 2021. BORSSOI, B. L. O estágio na formação docente: da teoria à prática, ação- reflexão. In: 1° Simpósio Nacional de Educação. XX Semana da pedagogia. Cascavel/Pr 2008. Disponível em: <https://www.academia.edu/7952151/O_EST%C3%81GIO_NA_FORMA%C3% 87%C3%83O_DOCENTE_da_teoria_a_pr%C3%A1tica_a%C3%A7%C3%A3o_ reflex%C3%A3o>. Acesso em 20 jun. 2021. BRASIL, INEP. Censo da Educação Superior, notas estatísticas de 2019. https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2 020/Notas_Estatisticas_Censo_da_Educacao_Superior_2019.pdf. Acesso em 07 de julho de 2021. BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 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Tem experiência na área de Educação, tendo atuado em temas como interações discursivas e aspectos epistêmicos em salas de aula de ciências. TIAGO NERY RIBEIRO Vínculo institucional: Universidade Federal de Sergipe. Doutor em Educação Matemática pela Universidade Anhanguera de São Paulo e licenciado em Física pela UFS. É professor do Departamento de Física, do Programa de Pós- Graduação em Ensino de Ciências e Matemática e Programa de Pós-Graduação 33 Profissional em Ensino de Física da Universidade Federal de Sergipe. DIVANÍZIA DO NASCIMENTO SOUZA Vínculo institucional: Universidade Federal de Sergipe. Doutora em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo. É professora do Departamento de Física, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática e Programa de Pós- Graduação Profissional em Ensino de Física da Universidade Federal de Sergipe. 34 Capítulo 02 SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA ENSINO DE FRAÇÕES E PORCENTAGENS NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO Alberes Lopes de Lima Licenciado em Matemática, UNIMES Lattes: http://lattes.cnpq.br/9078909779152078 Resumo O presente relato de experiência tem o objetivo de apresentar uma proposta de sequência didática, a qual utiliza uma metodologia de ensino de frações e porcentagens com uso de recursos tecnológicos para favorecer o processo de ensino-aprendizagem em aulas de Matemática para alunos do 6º. Ano do Ensinofundamental. Na metodologia empregada, visando uma prática voltada para o ensino remoto, necessidade exigida pelas condições de pandemia existentes no país, foi desenvolvida uma sequência didática com aulas a partir da plataforma Khan Academy e do aplicativo Kahoot! No contexto, também foi dada ênfase a prática com calculadoras eletrônicas e atividades relacionadas a problemas do cotidiano, contextualizados e factíveis. A sequência didática se mostrou satisfatória. Convém destacar que ela foi construída solidamente baseada na legislação educacional e na literatura relevante acerca do tema. Percebeu-se que a utilização de recursos tecnológicos influenciou fortemente na motivação dos estudantes, na percepção de que os alunos demonstraram ter se envolvido no processo. Finalmente, a sequência utilizada permitiu aos discentes discutir aspectos ligados aos problemas, posto que, considerando os meios usuais, o tempo costuma ser um empecilho para o desenvolvimento de determinadas ações. Palavras-Chave: Matemática. Educação Matemática. Tecnologias na Educação. INTRODUÇÃO O advento da pandemia do SARS-CoV-2 colocou os educadores brasileiros diante de uma situação sui generis. Em pouquíssimo tempo, eles precisaram colocar em prática diversas metodologias remotas, que já existiam, porém foram incorporadas à epistemologia do professor de modo abrupto e repentino. Esse processo não foi devidamente amadurecido, colocando os docentes, portanto, numa situação que exigia deles um extremo esforço de aprimoramento e de atualização. 35 Nessa linha de raciocínio, o docente se aprofundou, particularmente, em metodologias que facilitam o ensino remoto, síncrono ou assíncrono, e favorecem a interação entre docentes e discentes (softwares educacionais, plataformas de gamificação e ambientes virtuais de aprendizagem, por exemplo). Nesse ponto, cumpre destacar que a tecnologia passou a ocupar na práxis do docente um espaço significativo, porém trazendo consigo uma repentina mudança no seu cotidiano. A legislação educacional brasileira também norteia o uso de tecnologias no ensino-aprendizagem. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) tratam do assunto, esclarecendo que alguns recursos como calculadoras, computadores e outros elementos tecnológicos trazem significativas contribuições para se repensar sobre o processo de ensino e aprendizagem de Matemática, com mais dinamismo e maior desenvolvimento cognitivo (BRASIL, 1998, p. 43). A legislação também pressupõe que o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) como recurso didático no desenvolvimento da aprendizagem contribui para a melhoria na qualidade de ensino. Com relação a isto a BNCC preconiza, em sua competência geral 5, a necessidade de se: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BRASIL, 2017, p. 9). Convém destacar que, também na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), é previsto o uso de tecnologias com o objetivo de que os alunos a utilizem de maneira crítica e responsável ao longo da Educação Básica. Desse modo, deve-se deixar clara a imprescindibilidade do uso de TDICs como elementos provedores de ensino-aprendizagem. Não se pretende questionar sua utilidade. Apenas, chama-se a atenção para o fato de os docentes terem de se acostumar a algumas delas de modo célere e, em alguns casos, carecendo de formação continuada específica. No contexto de pandemia e diante da necessidade de inserção de ensino remoto nas aulas, em particular de Matemática, o presente relato 36 propõe apresentar uma experiência desenvolvida no ensino-aprendizagem de frações e porcentagens utilizando recursos tecnológicos adequados à aprendizagem desejada e ao nível de desenvolvimento dos alunos (estudantes do 6º. ano do Ensino Fundamental). O presente relato está estruturado da seguinte forma: esta breve introdução, seguida pelo contexto da prática profissional e o devido relato propriamente dito da experiência. Após isto, será realizada uma discussão e avaliação da implementação da prática e, ao final, serão apresentadas as considerações finais. CONTEXTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL O presente relato constitui-se numa sequência didática direcionada ao ensino de frações e porcentagens mediada por recursos tecnológicos (plataformas, softwares, calculadoras etc.). A previsão de que as aulas deveriam ser desenvolvidas de forma 100% virtual exigiram criatividade e um planejamento adequado para um paradigma bem diferente daquele no qual o processo de ensino-aprendizagem estava usualmente inserido. O objetivo geral da proposta foi propor interação com dispositivos eletrônicos e softwares educacionais como estratégia de ensino- aprendizagem de frações e porcentagens, num contexto de pandemia. Como objetivos específicos da proposta, pode-se destacar os seguintes: Promover atividades desafiadoras que possam levar a compreensão dos conceitos de fração e porcentagem em diferentes contextos da significação; Estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas; Desenvolver habilidades de estimar, criar estratégias e calcular; Proporcionar a aquisição de novos conhecimentos, através da interação com novas situações didáticas. Considerando a legislação em vigor, no contexto da BNCC, a sequência didática tem como meta que os estudantes desenvolvam as seguintes habilidades (BRASIL, 2017, p. 301): 37 (EF06MA07) Compreender, comparar e ordenar frações associadas às ideias de partes de inteiros e resultado de divisão, identificando frações equivalentes. (EF06MA08) Reconhecer que os números racionais positivos podem ser expressos nas formas fracionária e decimal, estabelecer relações entre essas representações, passando de uma representação para outra, e relacioná-los a pontos na reta numérica. (EF06MA09) Resolver e elaborar problemas que envolvam o cálculo da fração de uma quantidade e cujo resultado seja um número natural, com e sem uso de calculadora. (EF06MA11) Resolver e elaborar problemas com números racionais positivos na representação decimal, envolvendo as quatro operações fundamentais e a potenciação, por meio de estratégias diversas, utilizando estimativas e arredondamentos para verificar a razoabilidade de respostas, com e sem uso de calculadora. (EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros RELATO DA PRÁTICA PROFISSIONAL Sequência didática: Números e suas diversas representações: frações, decimais e porcentagens Aula 1: Conhecendo as formas de representação numérica a) Levantamento prévio do conhecimento dos alunos. Nesse primeiro momento, o professor deve instigar os alunos a apresentarem seus conhecimentos acerca do assunto de frações. Deve-se também identificar as dificuldades que eles possuem e que se apresenta como um obstáculo ao aprendizado sobre o assunto. Desse modo, será possível desenvolver adequadamente uma estratégia capaz de atingir os objetivos da aula. O recomendável nesse levantamento é utilizar a técnica de tempestade de ideias. Todavia, pode ser que os alunos se sintam tímidos no início. Logo, o professor pode estimulá-los a interagir, direcionando perguntas específicas. Por exemplo: Você come uma pizza inteira? Quanto você come de uma pizza? O dízimo corresponde a que parte do salário? 38 Como representamos uma fração através de uma figura? Vamos desenharas representações? Figura 1. Representações de frações Fonte: Elaborada pelo autor. E agora? Quanto dá ? ? E quanto dá ? Como representar esse resultado? Quanto dá ? Como representar esse resultado? Com isto, o professor poderá perceber o que os alunos já aprenderam e o que necessita ser melhorado na conceituação do que eles entendem de fração. b) Formas de representação de um número. Após o primeiro momento de levantamento prévio, o professor pode optar por reforçar os conceitos apresentados no levantamento prévio antes de prosseguir. Feito isto, ou não, conforme a necessidade, o professor pode desenvolver a seguinte atividade: i) Exibição do vídeo educativo “Como escrever números decimais mostrados em malhas quadriculadas” (duração de 3:48). Esse vídeo, disponível na plataforma Khan Academy, pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico: https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/numeros- https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/numeros-sistema-de-numeracao-decimal-6ano/introducao-aos-numeros-decimais/v/decimal-intuition-with-grids?modal=1 39 sistema-de-numeracao-decimal-6ano/introducao-aos-numeros- decimais/v/decimal-intuition-with-grids?modal=1. Esse vídeo aborda a representação de números decimais a partir de uma malha quadriculada e seu conteúdo é importante para o desenvolvimento das habilidades dos alunos em representar os números de formas diferentes. ii) Após a exibição do vídeo, o professor pode apresentar as seguintes perguntas associadas ao conteúdo apresentado: 1) Considere que, cada quadrado grande abaixo representa um inteiro: Figura 2. Malha quadriculada Fonte: Khan Academy. a) Expresse a área sombreada como uma fração: Ou ainda, ou, em forma de fração mista, , ou ainda, b) Expresse a área sombreada como um número decimal: 2,74 2) Cada quadrado abaixo representa um inteiro. Qual o valor que representa as áreas sombreadas? Há duas respostas corretas. https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/numeros-sistema-de-numeracao-decimal-6ano/introducao-aos-numeros-decimais/v/decimal-intuition-with-grids?modal=1 https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/numeros-sistema-de-numeracao-decimal-6ano/introducao-aos-numeros-decimais/v/decimal-intuition-with-grids?modal=1 40 Figura 3. Malhas de retângulos Fonte: Khan Academy. a) 1 décimo b) 11 décimos c) 11 centésimos d) 1,1 e) 11 As duas respostas corretas são 11 décimos (representação extensa) e 1,1 (representação decimal). 3) Cada quadrado a seguir representa um inteiro. Figura 4. Malhas de retãngulos Fonte: Khan Academy. Expresse a área sombreada como um número misto e como um número decimal. Número misto = 1 + 1 + = ; Número decimal = = 2,7 4) Cada quadrado grande a seguir representa uma unidade. Expresse a área sombreada como uma fração e como um número decimal. 41 Figura 5. Malhas quadriculadas Fonte: Khan Academy. Fração mista = = Número decimal = 1,05 Concluídas as atividades propostas, o professor pode estabelecer uma discussão acerca das representações desenvolvidas e, caso ache necessário, voltar ao vídeo. Numa segunda apresentação, podem ser dirimidas eventuais dúvidas. Aula 2: Trabalhando as formas de representação numérica (fração e porcentagem) a) Calculando porcentagens i) Exibição do vídeo educativo “Exemplo de conversão de porcentagens em números decimais e frações” (duração de 3:36). Esse vídeo, disponível na plataforma Khan Academy, pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico: https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-ratios- rates/pre-algebra-percent-decimal-conversions/v/representing-a-number-as-a- decimal-percent-and-fraction. Esse vídeo aborda a representação de números decimais a partir de uma malha quadriculada e seu conteúdo é importante para o desenvolvimento das habilidades dos alunos em representar os números de formas diferentes. ii) Após a exibição do vídeo, o professor pode encaminhar as seguintes perguntas associadas ao conteúdo apresentado: 42 70% de um número é que fração desse número? ou Joãozinho comeu 35% dos pães de queijo que sua mãe fez. Que fração dos pães de queijo Joãozinho comeu? = Expresse esse valor em decimais. 0,35 24% de um número é que fração desse número? = = Zequinha ganha 50% do seu salário por hora normal quando faz hora extra. Que fração de seu salário por hora ele ganha, quando faz hora extra? 50% = = ½ A seguir, seguem as atividades complementares, visando um aprofundamento da discussão, utilizando desta feita o recurso tecnológico de uma calculadora eletrônica. Aula 3: Operações com números racionais e irracionais com o uso de calculadoras. a) Representação de números racionais e irracionais na forma de números decimais. Inicialmente, deve-se resumir com os alunos o que eles já aprenderam. Por exemplo, eles já devem saber que: i) Podemos representar a fração como sendo 10% ou, então, 0,1 ou 0,10. ii) Também podemos representar ¾ por 75% ou 0,75. iii) Números irracionais podem ser escritos em forma decimal. Numa calculadora, podemos verificar que , π = 3,14. b) Atividades propostas: Problema 1: 43 Um comerciante precisava fazer uma reforma em seu pequeno comércio. Ele percebeu que o piso estava trincado em alguns lugares. A figura a seguir mostra como estava o piso. As partes em verde estavam boas e, as em rosa, trincadas. Figura 8. Representação do piso quadriculado Fonte: Elaborada pelo autor. O comerciante percebeu que poderia economizar na reforma trocando apenas as cerâmicas que estavam trincadas e aproveitando as que ainda estavam em bom estado. a) Que fração representa a parte do piso que não está trincada? E a que está trincada? Os alunos poderiam multiplicar 6 colunas por 4 linhas e perceber que o total de cerâmicas é igual a 24. A quantidade de cerâmicas trincadas é igual a 16 e, a não trincada, 8. Logo, Fração trincada: Fração não trincada: b) Represente essas frações em números decimais: = 0,3333333.... = 0,33 = 0,6666666.... = 0,67 Aqui podemos discutir o arredondamento e a escolha da quantidade de casas decimais na representação. 44 c) Qual a porcentagem do piso que corresponde à parte trincada? Nesse caso, os alunos devem perceber que 0,33 + 0,67 = 1,00 = 100% e que a parte trincada corresponde a 67%. Isso pode ser visto de outra forma: (16/24) x 100 % = 67% d) Considere agora a seguinte situação: o preço de cada cerâmica, que será utilizada na reforma, custa no comércio local R$ 40,00. Quanto o comerciante economizou na reforma, reaproveitando os pisos que não estavam trincados? A quantidade de pisos reaproveitados foi igual a 8. Logo, ao preço unitário de R$ 40,00, o comerciante economizou R$ 320,00. e) Supondo que a loja tenha oferecido um desconto de 15% na compra da cerâmica para pagamento em dinheiro, quanto o comerciante economizaria fazendo essa opção? Notemos que agora devemos verificar que o preço total seria 16 unidades de cerâmica vezes R$ 40,00, o que resulta em 640,00. O desconto oferecido par esse valor foi de 15% (640) = ( ) x (640) = = 96. Logo, o comerciante economizou R$ 96,00. Problema 2: Uma senhora pediu ao filho que fosse comprar alguns produtos no mercado. Ela fez uma lista de compras e entregou ao menino uma nota de R$ 50,00. Ela também avisou para ele que o dinheiro não poderia ser suficiente e que ele escolhesse os produtos mais baratos. Quadro 1. Preços unitários mais baratos e produtos solicitados Quantidade solicitada Produto Preço unitário (R$) Preço total (R$) 1
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