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práticas pedagógicas na contemporaneidade

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
NA CONTEMPORANEIDADE
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Autoria: Dra. Simone Becher Araujo Moraes
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Joice Carneiro Werlang
Marcelo Bucci
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M827p
 Moraes, Simone Becher Araujo
 Práticas pedagógicas na contemporaneidade. / Simone Becher 
Araujo Moraes. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 151 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-315-3
1. Práticas pedagógicas - Contemporaneidade - Brasil. II. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 372.98161
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Práticas Pedagógicas: Modelos,
Tendências, Abordagens ..............................................................7
CAPÍTULO 2
O Fazer Docente e as Novas Demandas
Contemporâneas .........................................................................55
CAPÍTULO 3
Práticas Pedagógicas Na Era Do Digital ...............................109
APRESENTAÇÃO
Sejam bem-vindos à disciplina de Práticas Pedagógicas na 
Contemporaneidade. Esta disciplina pretende ajudar você a conhecer de uma 
maneira mais aprofundada as práticas pedagógicas na contemporaneidade 
tendo em vista o fazer docente no espaço escolar contextualizado com os 
aspectos sociopolítico, econômico e cultural da nossa sociedade em constante 
transformação.
Nesta disciplina, a expectativa é que você conheça as diferentes perspectivas 
teóricas, práticas curriculares e tendências atuais que circundam a prática 
pedagógica, de maneira a fornecer a você subsídios para a aplicação destes 
conhecimentos no contexto do seu cotidiano escolar.
A fim de guiar você no seu percurso de aprendizagem, este livro didático 
foi preparado trazendo algumas das principais referências das áreas de Práticas 
Pedagógicas e está dividido em três capítulos: Capítulo 1 – Práticas pedagógicas: 
modelos, tendências e abordagens; Capítulo 2 – O fazer docente e as novas 
demandas contemporâneas e Capítulo 3 – Práticas pedagógicas na era do digital.
No Capítulo 1, abordaremos a noção de práticas pedagógicas, bem como 
visitaremos os modelos pedagógicos mais importantes que fundamentam as 
práticas pedagógicas contemporâneas. Ainda neste capítulo, você conhecerá 
com mais profundidade as tendências pedagógicas bem como as abordagens da 
prática pedagógica a partir de grandes nomes das teorias da aprendizagem tais 
como Piaget e Vygotsky. 
No Capítulo 2, abordaremos o fazer docente e as novas demandas 
contemporâneas, inicialmente diferenciando os conceitos de função docente e de 
fazer docente, para posteriormente, investigarmos as novas competências para 
ensinar, elaboradas pelo sociólogo suíço Philippe Perrenoud. 
Por fim, no Capítulo 3, você conhecerá as práticas pedagógicas na era do 
digital, acessando teorias e práticas curriculares juntamente às novas abordagens 
em práticas pedagógicas inovadoras e metodologias ativas.
Conhecer as Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade faz parte do seu 
trabalho como educador e o intuito deste material é ajudá-lo a trilhar este percurso 
de maneira mais objetiva e prática, de forma que, ao final desta disciplina você 
esteja apto a exercer plenamente as suas funções como professor, ciente de 
todas as implicações que isto envolve.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, 
TENDÊNCIAS, ABORDAGENS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Desenvolver competências e habilidades importantes dentro da formação 
docente no tocante às práticas pedagógicas na contemporaneidade. 
 Compreender o conceito de Práticas Pedagógicas, assim como os conceitos 
que se correlacionam dentro do espaço escolar.
 Compreender e identifi car, por meio do estudo dos modelos, tendências e 
abordagens pedagógicas, as ideias e conceitos centrais que constituem as 
práticas pedagógicas elaboradas por importantes pensadores da área. 
 Abordar um panorama geral das tendências, abordagens e modelos 
pedagógicos desenvolvidos ao longo da história e perceber como estes 
produzem efeitos diretos nas práticas pedagógicas da atualidade. 
 Tornar-se agente de mudanças dentro do contexto escolar, bem como realizar 
a atualização das práticas pedagógicas quando necessário, embasado, 
sobretudo, em conhecimentos fundamentados e sólidos.
8
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
9
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Quando tratamos de modelos, tendências e abordagens das Práticas 
Pedagógicas, estamos tratando de estudos, teorias e referenciais teóricos 
pautados nas concepções que visam buscar, conhecer e identifi car como o ser 
humano aprende melhor e como ele constitui seus processos de aprendizagem.
No início deste capítulo, iremos nos deter especifi camente ao estudo dos 
modelos e das tendências das práticas pedagógicas. O intuito é compreender de 
que forma, com o passar do tempo histórico e com o desenvolvimento de novas 
teorias e conceitos, essas práticas sofreram efeitos e também causaram efeitos 
sobre a realidade em que elas foram pensadas, bem como compreender como 
estes modelos e tendências foram e são colocadas em prática no âmbito da 
educação formal. 
Cabe destacar que, mesmo nos encontrando hoje no século XXI, um século 
caracterizado pelo profundo desenvolvimento tecnológico e pelas signifi cativas e 
rápidas mudanças do mundo do trabalho e da forma como os seres humanos 
estabelecem suas relações, muito do que foi construído e pensado em termos 
de teorias e práticas pedagógicas nos séculos anteriores, são, ainda hoje, 
considerados importantes e relevantes.
No fi nal do capítulo, iremos nos concentrar nos estudos e atividades 
referentes às abordagens pedagógicas. Ainda que sejam apresentadas apenas 
duas abordagens dentre tantas que já foram teorizadas e colocadas em prática, 
buscamos aqui resgatar algumas das bases de como os seres humanos 
aprendem e de que forma este aprendizado pode ser estimulado por meio de 
Práticas pedagógicas condizentes com a realidade do mundo contemporâneo.
Ao fi nal deste capítulo, espera-se que você tenha uma visão mais geral e uma 
compreensão mais ampla acerca do que já foi pensado em termos de modelos, 
tendências e abordagens pedagógicas, a fi m de que, a partir deste conhecimento, 
você possa reconhecer, enquanto professor, as suas próprias posições assumidas 
nas suas práticas, identifi cá-las em seu cotidiano escolar e utilizá-las como e 
quando julgar necessário.
2 O QUE SÃO PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS?
Para que você entenda melhor o que queremos dizer com o termo Práticas 
Pedagógicas, termo revisitado e discutido ao longo deste livro, vamos relembrar 
10
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
a defi nição deste conceito dividindo-o nas duas palavras que o compõe: prática e 
pedagógica. 
Qual a defi nição de prática? 
Prática diz respeito ao que não é teórico. É uma forma de agir, de executar. 
Pode até ser concebida como uma espécie de hábito, convenção ou costume. 
Podemos então dizer que prática é aquela ação que executamos no cotidiano 
ou em momentos específi cos. Por exemplo, as práticas religiosas, esportivas e 
pedagógicas - que são o foco do nosso estudo.
Qual seria então a defi nição de pedagógico? 
Pedagogia, como vocêjá deve ter estudado na graduação, nada mais 
é do que a ciência que estuda a educação, ou seja, a pedagogia investiga os 
processos de ensino e aprendizagem visando compreender como o ser humano 
melhor aprende. A pedagogia tem um forte viés teórico e conceitual, assim como 
as outras ciências, mas aliada à prática, ela se torna capaz de ações que visam 
melhorar na prática as relações de ensino e de aprendizagem.
FIGURA 1 - ILUSTRAÇÃO DE PRÁTICA PEDAGÓGICA
FONTE: <http://bit.ly/2CPBcF2>. Acesso em: 29 out. 2018.
11
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Uma das questões que você deve estar se fazendo é: “porque eu preciso 
estudar sobre Práticas Pedagógicas?”. Uma resposta mais curta e informal para 
esta pergunta seria: o professor contemporâneo não pode prender-se ou limitar-
se apenas aos métodos, teorias e fórmulas prontas no processo de ensino, ele 
precisa desenvolver uma Prática pedagógica que contemple as necessidades 
de aprendizagem do aluno, bem como as questões que permeiam o mundo 
contemporâneo, visando uma formação integral do aluno. Se formos responder 
à pergunta do motivo pelo qual você, professor, precisa estudar sobre Práticas 
pedagógicas de uma maneira mais longa e formal, podemos dizer que a educação 
é bastante globalizante e compreende os vários âmbitos da vida dos sujeitos 
enquanto pessoas e enquanto cidadãos. A educação está prevista e defi nida na 
Lei de Diretrizes e Bases da educação - a nossa conhecida LDB de 1996 como 
uma prática muito mais abrangente do que o âmbito da sala de aula. Na LDB 
temos descrito, logo no Art. 1° a ideia de que educação “[...] abrange os processos 
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, 
nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996, p. 1). 
Dessa forma, como o processo formativo envolve muito mais do que a 
memorização e a instrumentalização dos estudantes, é fundamental que o 
professor conheça as Práticas Pedagógicas do passado e as contemporâneas 
a fi m de que este possa, em consonância com as diretrizes da LDB e as outras 
normativas que veremos no decorrer do capítulo, desempenhar seu papel como 
educador de modo efi ciente, efi caz e signifi cativo para o estudante e para a 
comunidade escolar em que a escola está inserida. 
Para se aprofundar na LDB e entender quais as outras diretrizes 
que a compõem, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9394.htm>.
Cabe dizer que, o conceito de Práticas pedagógicas pode variar de acordo 
com os princípios nas quais elas estão fundamentadas. Por exemplo, de acordo 
com um dos grandes pensadores da educação brasileira, Paulo Freire (1986), as 
Práticas pedagógicas devem ser caracterizadas pelo enfoque dialógico, de forma 
que a construção do conhecimento é concebida pela atuação tanto do professor 
quando do aluno e por isso a ideia de dialógico. Que tipo de diálogo é esse? 
Segundo Freire (1986, p. 42): 
12
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo 
mundo, para designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chamar 
ao mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como 
o caminho pelo qual os homens encontram seu signifi cado 
enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade 
existencial.
Para Fernandes, as práticas pedagógicas podem ser concebidas 
como:
[...] prática intencional de ensino e aprendizagem não reduzida à 
questão dialética ou às metodologias de estudar e aprender, mas 
articulada à educação como prática social e ao conhecimento 
como produção histórica e social, datada e situada, numa relação 
dialética entre prática-teoria, conteúdo-forma e perspectivas 
interdisciplinar (FERNANDES, 2006, p. 447).
Assim, o espaço escolar nada mais é do que um palco onde atuam diferentes 
histórias, em que se formam confl itos e relações que contribuem na construção 
do conhecimento. O conhecimento, por sua vez, só pode ser dar por meio de 
relações de dialogicidade. Uma das características deste tipo de relação dialógica 
é a assimetria, ou seja, tanto o professor quanto o aluno estão construindo o 
conhecimento, aprendendo e ensinando o tempo todo colaborativamente. Nesse 
sentido, as práticas pedagógicas correspondem ao processo de mediação 
com um ou mais sujeitos, pois elas só podem se dar na relação com o outro, 
estabelecendo, pois, um jogo de resistência e de ecos entre as forças que se 
estabelecem nesta relação. 
Para Sacristán (1999), se faz necessário ultrapassar o senso comum que 
busca separar as teorias educacionais das suas práticas, pois o fazer docente 
não se reduz ao planejamento e execução de tarefas de maneira que: 
A prática educativa é algo mais do que expressão do ofício dos 
professores, é algo que não lhes pertencem por inteiro, mas 
um traço cultural compartilhado, assim como o médico não 
possui o domínio de todas as ações para favorecer a saúde, 
mas as compartilha com outros agentes, algumas vezes em 
relação de complementaridade e de colaboração, e, em outras, 
em relação de atribuições. A prática educativa tem sua gênese 
em outras práticas que interagem com o sistema escolar e, 
além disso, é devedora de si mesma, de seu passado. São 
características que podem ajudar-nos a entender as razões 
das transformações que são produzidas e não chegam a 
acontecer (SACRISTÁN, 1999, p. 91).
A partir das palavras de Sacristán (1999), podemos inferir que a escola e o 
sistema de ensino, de um modo geral, estão conectados intimamente com outros 
saberes, instituições e práticas que causam efeitos nas práticas pedagógicas. 
O diálogo é o 
encontro entre 
os homens, 
mediatizados 
pelo mundo, para 
designá-lo. Se ao 
dizer suas palavras, 
ao chamar ao 
mundo, os homens 
o transformam, o 
diálogo impõe-se 
como o caminho 
pelo qual os 
homens encontram 
seu signifi cado 
enquanto homens; 
o diálogo é, pois, 
uma necessidade 
existencial.
13
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Para você conhecer melhor o que Freire falou sobre a questão 
da formação do professor e das Práticas pedagógicas, leia sua 
obra intitulada “Medo e ousadia: o cotidiano do professor” de 1986. 
Resumidamente, neste livro o autor discorre acerca do cotidiano do 
professor e também sobre outras questões relativas à educação. 
Esta obra evidencia a falta de motivação que a escola proporciona 
para os alunos em função da difi culdade dos professores em buscar 
conhecimentos e práticas que estejam afi nadas com as necessidades 
e interesses dos alunos. A obra também faz uma crítica à questão da 
memorização e ao estímulo por meio de competição por notas, prêmios 
e recompensas. No fi nal das contas, o aluno acaba por memorizar 
o que lhe é pedido apenas para obter êxito em provas e ganhar 
recompensas, com isso, não conseguindo aprender os conteúdos.
Sabemos todos das más práticas pedagógicas, seja na posição de professor 
ou de aluno, alguma vez na vida já tivemos esta experiência, mas, será que 
podemos falar em boas práticas pedagógicas? Claro que sim! No entanto, é 
importante esclarecermos que certamente não existe uma prática pedagógica 
específi ca considerada a melhor dentre todas as práticas. Entretanto, podemos 
pensar em alguns indicadores que mostram certos elementos fundamentais para 
que uma prática pedagógica possa ser considerada boa ou efetiva. Por exemplo, 
podemos citar as práticas pedagógicas que envolvem um compromisso ético, 
ou seja, que buscam orientar as ações pedagógicas por meio dos princípios da 
justiça, da solidariedade e do respeito, e, sobretudo as que promovem o diálogo 
e a refl exão. 
Para Freire (1986), mais do que disciplinas, o professor ensina por meio de 
gestos e atitudes. Por meio das práticas pedagógicas, se ensina os modos de 
ser e de estar no mundo. Decorre daí a necessidade de que haja um esforço 
por partedo professor no seu planejamento e na execução das suas 
práticas pedagógicas para que estas estejam sempre em consonância 
com a realidade do aluno e também com as diferentes dimensões que 
constituem o conhecimento e a vida na sociedade contemporânea.
Por meio 
das práticas 
pedagógicas, se 
ensina os modos 
de ser e de estar no 
mundo.
14
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
 Após ler e refl etir sobre esta parte introdutória, na qual 
discorremos sobre o que são as Práticas Pedagógicas e qual a 
sua importância, responda:
1 O que são Práticas Pedagógicas?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2 Como você avalia as suas próprias práticas pedagógicas? Caso 
ainda não tenha experiência em sala de aula, quais as boas 
práticas pedagógicas que você observava na sua escola ou na 
sua universidade?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3 MODELOS PEDAGÓGICOS
Neste item, você irá conhecer três modelos pedagógicos importantes e 
que fundamentam as práticas pedagógicas contemporâneas. Ainda que não se 
converse ou se discuta largamente e especifi camente sobre estes modelos no 
cotidiano escolar e no trabalho pedagógico, eles não deixam de existir, e são, 
certamente, alguns dos elementos mais importantes e que dão o norte para toda 
ação pedagógica, mesmo que não tenhamos consciência deles. Entretanto, ao 
conhecer esses modelos, você estará mais apto a fazer as melhores escolhas 
para as suas práticas pedagógicas. 
Assim como as outras áreas e âmbitos da nossa sociedade, a educação 
sempre precisou pensar e construir alguns modelos para que as práticas 
pedagógicas pudessem ser embasadas tanto epistemologicamente, quanto em 
termos teóricos e práticos.
15
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos 
e a validade do conhecimento, sendo também conhecida como 
teoria do conhecimento. FONTE: <https://www.signifi cados.com.br/
epistemologia/>. Acesso em: 13 mar. 2019.
Para iniciar nosso item, precisamos elucidar o conceito de modelo. De acordo 
com o dicionário do Aurélio, modelo é aquilo que serve ou pode servir de modelo 
ou exemplo; reproduz com exatidão (copiando do modelo); contornar, delinear os 
contornos de; planear, dirigir, regular. Dessa forma, é possível afi rmarmos que 
existem basicamente três modelos centrais que podem representar as relações de 
ensino e aprendizagem, a saber: o modelo da Pedagogia diretiva, da Pedagogia 
não diretiva e da Pedagogia relacional. 
O estudo que você irá fazer acerca destes modelos será embasado no livro 
de Fernando Becker (2001) intitulado “Educação e construção do conhecimento”. 
Para aprofundar seu conhecimento sobre esses modelos 
pedagógicos, sugerimos a leitura deste livro de Fernando Becker 
(2001): “Educação e construção do conhecimento”. 
● Pedagogia diretiva
Para ilustrar o modelo chamado de Pedagogia diretiva, vamos iniciar com um 
case hipotético, ou seja, uma situação fi ctícia, contada por Becker (2001) e que 
fi zemos uma pequena adaptação. O autor fornece o seguinte panorama: 
- Em uma sala de aula, o professor observa seus alunos entrarem pela porta 
aguardando até que todos sentem e fi quem quietos, que façam silêncio. Todas 
as carteiras são enfi leiradas, como de costume, bem como afastadas umas das 
outras para prevenir as conversas paralelas entre os estudantes. Se os alunos 
não fazem silêncio, o professor grita: silêncio! Este chama a atenção de mais um 
ou outro aluno que ainda não obedeceu ao comando. A aula só começa quando 
“[...] a palavra seja monopólio seu” (BECKER, 2001, p. 2).
16
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
FIGURA 2 - CHARGE SATIRIZANDO UMA SALA DE AULA DE MODELO DIRETIVO
FONTE: <http://bit.ly/2Vf31ho>. Acesso em: 29 out. 2018.
Na pedagogia diretiva o professor tende a ver o aluno como uma “tábula rasa”, 
mas o que isso quer dizer? Isso quer dizer que o aluno é visto pelo professor como 
um livro em branco, sem conteúdo. O aluno, dentro desta perspectiva é encarado 
como alguém que precisa de um outro sujeito que sabe mais, no caso, o professor, 
para vir a aprender algo. Na pedagogia diretiva professor estaria incumbido de dar 
explicações, de ensinar aos alunos que não sabem. Este é um modelo embasado 
no empirismo, que parte do princípio de que as pessoas são tábulas rasas e que 
precisam de um mestre ou no caso, o professor, que lhes ensine. 
Empirismo: corrente de pensamento que afi rma que todo 
conhecimento é advindo apenas da experiência, ou seja, do que pode 
ser captado do mundo externo por meio dos órgãos dos sentidos ou, 
do mundo interior ou subjetivo.
17
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Paulo Freire caracteriza este tipo de pedagogia como “educação bancária”: 
Nas palavras de Freire (2005, p. 68): 
A concepção bancária de educação nega o diálogo, à medida 
que na prática pedagógica prevalecem poucas palavras, já que 
“o educador é o que diz a palavra; os educandos, 
os que a escutam docilmente; o educador é o que 
disciplina; os educandos, os disciplinados.
Um professor que age como se o aluno fosse um receptáculo de 
informações e conhecimentos, geralmente encara sua prática pedagógica 
como uma espécie de transmissão. Para Becker (2001, p. 3), este tipo 
de professor acredita “[...] no mito da transmissão do conhecimento - do 
conhecimento enquanto forma ou estrutura; não só enquanto conteúdo.” 
Segundo o autor, neste modelo pedagógico, considera-se que o sujeito 
(ou seja, o aluno) seria totalmente determinado ou infl uenciado pelo 
meio que o circunda, seja este físico ou social, onde o representante 
deste mundo é o professor. O aluno só estaria apto a aprender algo se o 
professor lhe ensinar, ou seja, transmitir.
FIGURA 3 - ILUSTRAÇÃO DA “EDUCAÇÃO BANCÁRIA” 
CRITICADA POR PAULO FREIRE
A concepção 
bancária de 
educação nega o 
diálogo, à medida 
que na prática 
pedagógica 
prevalecem poucas 
palavras, já que “o 
educador é o que 
diz a palavra; os 
educandos, os que a 
escutam docilmente; 
o educador é o 
que disciplina; os 
educandos, os 
disciplinados.
FONTE: <http://bit.ly/2WJOL0C>. Acesso em: 29 out. 2018.
Silêncio, atenção, repetição, leitura, escrita, entre outras atitudes e 
comportamentos é o que se espera dos alunos considerados “ideais” dentro deste 
modelo, pois o intuito é que eles “absorvam” o conteúdo dado pelo professor e 
seja capaz de reproduzi-lo nas provas e avaliações. 
18
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
No esquema a seguir, ilustrado por Becker (2001), você pode entender 
melhor como acontece a epistemologia da aprendizagem do aluno. A letra “S” 
corresponde ao sujeito (aluno), a letra “O” corresponde ao objeto ou ao saber que 
lhe é apresentado pelo professor. Temos também a letra “A” que corresponde ao 
aluno (tábula rasa e receptáculo de informações) e a letra “P” que corresponde ao 
professor (autoridade representante do mundo e do conhecimento).
O que então acontece de fato nesta sala de aula? Segundo Becker (2001), 
nada de novo acontece. Seria como se o futuro estivesse na reprodução do 
passado. E que tipo de aluno e de cidadão este modelo forma? Qual o resultado 
deste modelo? Becker (2001) afi rma que o aluno formado neste molde é aquele 
que, na vida adulta será bem absorvido pelo mundo do trabalho, pois “[...] 
aprendeu a silenciar, mesmo discordando, perante a autoridade do professor, a 
não reivindicar coisa alguma, a submeter-se e a fazer um modo de coisassem 
sentido e sem reclamar” (BECKER, 2001, p. 3). Este modelo de ensino nos remete 
ao trecho da música interpretada cantor e compositor Cazuza:
FIGURA 4 - TRECHO DA MÚSICA DE CAZUZA “O TEMPO NÃO PARA”
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cazuza>. Acesso em: 29 out. 2018.
Desta forma, dentro deste modelo, o professor não aprende e o aluno não 
ensina. Este é o modelo da repetição e da reprodução. Sem espaço para refl exão 
ou para o novo. 
19
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
A fi m de promover um maior entendimento e sensibilização para 
este modelo pedagógico, leia com atenção o poema de Status 
Quaestionis (2012) intitulado “Tábula rasa” e responda:
POEMA “TABULA RASA”
Tábula rasa? Eu daquela criança
Incrédula, em profunda ignorância
Perdida no fantasioso mundo infantil
Onde nada escada da simplicidade pueril
Crescem, e crescem as raízes do mal
Estudam, inúteis, o que é legal
E o legalismo adulto lhes tolhe a vida
Tudo se torna uma punição dolorida
O fi m derradeiro do ser humano se aproxima
De tanto que encheu sua tábula rasa
Com lixo da morta modernidade
Defi nhamos com tanto saber
Tolos! Já éramos anciãos
Não se sabe viver
Matagal humano
Plantados no nada
Como ressurgir, então,
Se tudo que restou é inútil?
Onde está nossa moral, nosso conhecer?
Onde é que está a nossa humanidade livre e feliz?
A tábula rasa está cheia de sentimentos robóticos e mecânicos
FONTE: <http://mentaldisorderrr.blogspot.com/2012/11/
tabula-rasa.html>Acesso em: 29 out. 2018.
1 Quais são os possíveis conhecimentos prévios que o aluno já traz 
para a sala e que podem ser levados em consideração dentro das 
práticas pedagógicas do professor?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
20
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
2 Alguma vez você já se sentiu uma “tábula rasa” enquanto aluno? 
Como isso refl ete na sua prática docente hoje?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
● Pedagogia não diretiva: 
Novamente, você lerá um pequeno case para ilustrar como seria uma sala de 
aula com base no modelo de Pedagogia não diretiva:
Em uma sala de aula, o professor observa seus alunos entrarem pela 
porta, enquanto os cumprimenta, pergunta como foi o dia anterior para alguns 
alunos, enquanto cada aluno fi ca livre para sentar-se onde quiser e para pegar 
os materiais e recursos que lhe interessam no momento. O planejamento do 
professor é baseado nos interesses dos alunos, sem uma ordem específi ca ou 
direcionamento. O professor assume o papel de facilitador, ou mediador dentro 
do processo de aprendizagem. O professor já organizou trouxe alguns materiais, 
livros, imagens, objetos, desta forma, mas ele deixa os alunos livres para a 
exploração de acordo com seus interesses. Nada está fi xo e tudo fi ca à critério 
dos interesses e conhecimentos prévios dos alunos, sem sequência ou objetivos 
específi cos a serem alcançados. 
FIGURA 5 - ILUSTRAÇÃO DE UMA SALA DE AULA DENTRO DO MODELO NÃO DIRETIVO
FONTE: <http://bit.ly/2K0Gnbp>. Acesso em: 29 out. 2018.
21
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Dentro deste modelo pedagógico, acredita-se que o aluno traz já consigo os 
saberes que precisam ser estimulados, a fi m trazê-los à tona e para que se façam 
as conexões entre os saberes. A interferência do professor dentro deste processo 
é pouca, pois acredita-se que o aluno é capaz de aprender por si mesmo. Segundo 
Becker (2001), a epistemologia que fundamenta esta abordagem é conhecida pelo 
nome de apriorista, ou seja, o conhecimento vem de antes, como se já estivesse na 
sua bagagem genética ou hereditária. A ilustração deste modelo pedagógico, pode 
ser observada no esquema a seguir, em que o aluno extrairia do objeto o saber que 
já estaria previamente nele, de forma que o conhecimento parte do aluno “A” para 
dar os indícios de interesses e necessidades de aprendizagem ao professor “P”:
Dentro deste modelo, é muito fácil que o professor caia em certas armadilhas, 
pois, ao renunciar a intervenção dentro do processo de aprendizagem do 
aluno, pode tentar buscar outras formas de exercer o poder e o controle sobre 
os alunos, o que torna a relação de ensino e aprendizagem extremamente 
perniciosa. Para Becker (2001), corre-se o risco de ser exercido pelo professor 
numa sala de aula não diretiva, um poder tão predatório quanto na diretiva. 
Core-se também o risco de que o aluno não aprenda, pois, o professor não está 
na posição de ensinar algo ao aluno.
Uma questão importante a ser ressaltada dentro desta abordagem apriorística 
que afi rma ser o estudante o indivíduo a trazer dentro de si hereditariamente os 
conhecimentos necessários, é que o oposto também vale, ou seja, pode-se cair 
na tentação de afi rmar que os estudantes que, por algum motivo não conseguem 
atingir os objetivos educacionais sejam considerados menos capazes. Desta 
forma, segundo Becker (2001, p. 5):
Este défi cit, porém, não tem causa externa; sua origem é 
hereditária - Onde se detecta maior incidência das difi culdades ou 
retardos de aprendizagem? - Entre os miseráveis, os malnutridos, 
os pobres, os marginalizados. [...] Está aí, a teoria da carência 
cultura para garantir a interpretação de quem marginalização 
econômica-social e défi cit cognitivo são sinônimos. 
Ao desautorizar o ensino e ao colocar a aprendizagem como o elemento 
principal, acontece o que Becker (2001) chama de absolutização de um dos 
lados, tornando a relação impossível, uma vez que se encara a aprendizagem 
como autônoma e desconectada do ensino. Desta forma, se o aluno não aprende, 
justifi ca-se que ele tem uma defi ciência herdada.
Na Inglaterra, década de 1920 foi criada a escola Summerhill, uma escola 
com base em ideais libertários e no modelo não diretivo que se tornou referência 
22
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
de ensino entre 1960 e 1970. Esta escola tem como uma das características 
proporcionar aos alunos a autogestão sem nenhum tipo de imposição ou 
repressão. Nesta escola, as regras são estabelecidas coletivamente. Sem 
obrigação de assistir às aulas ou realizar tarefas, os alunos realizam apenas 
aquilo que lhes interessa. Ainda hoje a escola luta para reafi rmar seu espaço junto 
ao sistema educacional britânico, pois ela foge do padrão tradicional de ensino. 
Apesar deste modelo de ensino causar estranhamento, nos Estados Unidos 
existem mais de duzentas escolas que adotam este modelo.
● Pedagogia relacional:
Para entender como funciona o modelo da Pedagogia relacional, leia o case
descrito por Becker (2001) e adaptado para nosso livro: 
- Professores e alunos entram em sala. O professor trouxe algum material 
que acredita ter algum signifi cado para os alunos e sugere, num primeiro 
momento, que estes coloquem-se a explorar o material. Num segundo momento, 
ao fi nal da exploração do material, o professor indaga a turma sobre o material 
para sistematicamente explorar os diferentes aspectos que o envolvem. Num 
terceiro momento, o professor pede que, em forma de desenho, pintura ou escrita, 
os alunos representem os problemas ou as ideias suscitadas pela exploração 
do material. Após esses três momentos, em conjunto com a turma, o professor 
discute os rumos que a problemática e o material irão tomar nas próximas aulas.
FIGURA 6 – ILUSTRAÇÃO DO MODELO DA PEDAGOGIA RELACIONAL
FONTE:<http://bit.ly/2KbeeOK>Acesso em: 29 out. 2018.
23
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
No modelo pedagógico do tipo relacional, o professor considerao aluno como 
sendo portador de uma história e de um conhecimento já adquiridos tanto no âmbito 
familiar, quanto nas vivências em comunidade e ocorrem em paralelo ao convívio 
no espaço escolar. Este modelo não concebe o ser humano com uma tábula rasa, 
como no caso da Pedagogia diretiva, pelo contrário, este modelo entende que, 
além da bagagem hereditária que o aluno traz consigo, ele também traz toda a 
bagagem das relações e vivências acumuladas no meio. Para Becker (2001) o 
aluno compreende melhor a teoria se agir e problematizar sobre ela. Dentro deste 
modelo, existem, portanto, duas condições para que um novo conhecimento possa 
ser adquirido ou construído, a sabe, a assimilação e a acomodação:
1) Assimilação: ocorre por meio da ação do aluno sobre o material 
preparado pelo professor que possui a função de ser interessante para o 
despertar e a aquisição de um determinado saber;
2) Acomodação: uma vez que o aluno assimilou as problemáticas que 
envolvem esse material, ele vai conseguir responder e refl etir sobre ele. 
Mas isso só será possível porque ele agiu sobre o material.
Podemos destacar dentro do modelo Pedagógico relacional que a 
aprendizagem consiste em: ação e tomada de consciência das ações. Este 
é um modelo epistemológico denominado construtivismo. Veremos sobre o 
construtivismo com mais detalhes no item 5 deste capítulo, quando você terá 
acesso aos estudos e leitura acerca das abordagens das práticas pedagógicas. 
Mas por enquanto, busque entender os fundamentos destes três modelos que 
estamos estudando, desta forma, poderá dar um passo adiante quando formos 
tratar das abordagens da prática pedagógica. 
O modelo pedagógico relacional, portanto, pode ser representado pela ação 
do Sujeito (S) sobre o objeto (O) e do objeto sobre o sujeito simultaneamente. 
O mesmo acontece na relação entre professor (P) e aluno (A), uma vez que as 
relações na sala de aula são fl uidas e dinâmicas. 
Nas palavras de Becker (2001, p. 25): 
[...] o que avança mesmo nesse processo é a condição prévia 
de todo aprender ou de todo conhecimento, isto é, a capacidade 
construída de, por um lado, apropriar se criticamente da 
realidade física e/ou social e, por outro, de construir sempre 
mais e novos conhecimentos.
24
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
Nesta sala de aula o professor não assume uma postura autoritária tampouco 
permissiva. É, portanto, criado um campo fértil para que o aluno, a partir dos seus 
conhecimentos prévios e do conhecimento que o professor traz para agregar, 
possa construir novos saberes e novas competências.
1 As formas e maneiras de agir do professor no tocante das suas 
práticas pedagógicas são diretamente relacionadas a um modelo 
pedagógico específi co ou à junção entre diferentes modelos. 
Neste item, estudamos sobre os três modelos pedagógicos: 
a pedagogia diretiva, a pedagogia não diretiva e a pedagogia 
relacional. Com base no exposto, associe os itens utilizando o 
código a seguir: 
 I- Pedagogia diretiva. 
 II- Pedagogia não diretiva.
 III- Pedagogia relacional.
( ) Modelo que considera, durante o processo de ensino e 
aprendizagem a questão da hereditariedade juntamente às 
vivências o aluno no meio.
( ) Modelos caracterizado pela transmissão do conhecimento.
( ) Modelo que dá ênfase às características e tendências 
hereditárias dos alunos.
4 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Neste item você vai aprender sobre as Tendências pedagógicas. Este é um 
tema muito explorado dentro das práticas pedagógicas e aqui você terá acesso a 
um panorama geral para ajudar-lhe a situar-se tanto em termos teóricos quanto 
em termos da sua prática no espaço escolar. 
Para iniciar nosso item, precisamos elucidar um primeiro conceito, o conceito 
de tendência. De acordo com o dicionário do Aurélio, tendência é: “ação ou força 
pela qual um corpo tende a mover-se para alguma parte; propensão; inclinação; 
propósito”. A partir desta defi nição do conceito de tendência, pode-se entender 
que tendência é uma espécie de “moda” ou de padrão de se agir ou pensar. 
25
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Em se tratando de educação, a tendência pode ser encarada como uma 
determinada forma de se pensar e agir dentro das práticas pedagógicas, ou seja, 
tais práticas seguem uma determinada linha de raciocínio, uma certa corrente 
teórica que lhes dão uma identidade. Outro fator que pode “ditar” as tendências 
pedagógicas é a interferência da economia, da política e da sociedade no âmbito 
do que se espera dentro da formação dos sujeitos, ou seja, podemos perceber 
que em termos tanto de modelos de práticas pedagógicas, quanto de tendências 
pedagógicas, não podemos encará-los como neutros e alheios ao que acontece 
no mundo exterior à escola, por mais que, em muitos casos, se busque fazer da 
escola um lugar à parte do mundo. 
No fi nal da década de 1970, o intelectual e educador brasileiro, José Carlos 
Libâneo desenvolveu uma esquematização das tendências pedagógicas, a fi m 
de orientar a prática pedagógica. Para Libâneo (1990) a prática pedagógica diz 
respeito ao cotidiano no espaço escolar. Entretanto, esta não seria apenas uma 
prática estritamente pedagógica, pois sofre inúmeras infl uências de elementos 
sociopolíticos, ou seja, as práticas pedagógicas sofrem infl uência das leis, da 
economia, do cenário social, da justiça etc. Desta forma, a prática pedagógica, 
desde o planejamento do professor, até a parte da organização da escola e de 
todas as atividades que são realizadas no espaço escolar, sofre infl uências dos 
elementos sociopolíticos e econômicos.
 Por esse motivo, você irá estudar sobre as tendências pedagógicas, pois, 
a cada momento histórico ou sociopolítico a escola acaba por buscar se adaptar 
às características e necessidades do cenário vigente, visto que é dentro deste 
cenário maior que a escola está inserida.
Dentro das tendências pedagógicas nós temos basicamente duas tendências 
predominantes, a saber, a Tendências Pedagógicas Liberais e a Tendências 
Pedagógicas Progressistas. Embora existam outras tendências, as mais 
exploradas e citadas são essas duas. 
Cabe salientar que dentro destas duas tendências pedagógicas gerais 
também existem tendências secundárias, ou seja, dentro da Tendências 
Pedagógicas Liberais nós temos mais quatro ramifi cações, a saber: 
a) a Tendência Liberal Tradicional;
b) a Tendência Liberal Renovada Progressivista; 
c) a Tendência Liberal Renovada não diretiva;
d) a Tendência Liberal Tecnicista. 
Temos também, dentro da Tendência Pedagógica Progressista:
26
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
a) Tendência Progressista Libertária;
b) Tendência Progressista Libertadora;
c) Tendência Pedagógica Progressista Crítico-social dos conteúdos. 
A seguir, você irá aprender sobre cada uma delas, juntamente com suas 
características, métodos e pressupostos.
4.1 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
LIBERAIS
Sob a infl uência dos ideais da revolução francesa no século XIX (A revolução 
francesa ocorreu entre 1789-1799 na França. Com essa revolução em três anos a 
monarquia absolutista entrou em colapso e houve uma grande transformação na 
sociedade francesa que repercutiu na Europa toda.
As Tendências Pedagógicas Liberais surgiram, em resposta à grande infl uência 
do liberalismo e do capitalismo. De um modo geral, tais tendências valorizam mais 
os conteúdos ou os saberes do que as vivências e experiências dos alunos no 
processo de aprendizagem. Estas tendências têm como uma das características 
centrais visar a manutenção do status quo da sociedade, ou seja, de preservar a 
situação em que a sociedade se encontra, de forma a perpetuar os privilégios dos 
mais ricos em detrimento dos poucos privilégios e direitos dos mais pobres.
● Tendência Liberal Tradicional:
Uma escola que atua dentro da Tendência Liberal Tradicional, tem como base 
a ideia de que esta serve para preparar os indivíduos para as práticas sociais epara os valores liberais burgueses, ou seja, para o mercado de trabalhado. Esta 
tendência tem como base a preparação intelectual e moral dos alunos para que 
estes possam assumir a sua posição na sociedade (LIBÂNEO, 2006). De acordo 
com Libâneo (2006), os conteúdos trabalhados dentro desta tendência são 
aqueles acumulados e repassados aos alunos como verdades postuladas.
Dentro desta tendência, o papel da escola é fundamental e é concebida como 
o espaço onde os indivíduos serão disciplinados. Se você observar a atentamente 
a estrutura da maioria das escolas, as carteiras enfi leiradas, a formação de fi las 
para as atividades e hora do recreio, o sinal para a troca de aulas e intervalo e a 
fi gura do professor como autoridade, você irá perceber que ela tem características 
muito semelhantes a de uma fábrica.
27
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO REFLEXIVA SOBRE A TENDÊNCIA PEDAGÓGICA LIBERAL
FONTE: <http://bit.ly/2G1w6rD>. Acesso em: 29 out. 2018.
O professor, dentro desta tendência, tem como papel, além de disciplinar 
os alunos, fazê-los memorizar os conteúdos que devem ser aprendidos, ou seja, 
este é um ensino do tipo mecânico e que não necessariamente aborda temas e 
assuntos relativos aos interesses e necessidades de aprendizagem dos alunos. 
A didática exercida pelo professor, lança mão técnicas tais como: generalizações 
(partindo do todo para chegar ao específi co), aplicação de provas escritas ou 
orais para testar os alunos. De um modo geral os conteúdos ministrados são 
enciclopedistas, intelectualista totalmente desvinculados da realidade dos alunos, 
das vivências destes no seu cotidiano. 
Para que você possa entender melhor sobre como funciona esta tendência, 
sugerimos que você assista o vídeo a seguir da fi lósofa e professora Viviane Mosé. 
Neste vídeo ela trata de algumas características importantes que fazem parte das 
Tendências Pedagógicas Liberais, fazendo uma interessante comparação com o 
mundo do trabalho. 
28
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
Assista ao vídeo da fi lósofa Viviane Mosé, sobre as tendências 
pedagógicas liberais. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=GLS1gAwTo0k>.
FIGURA 8 – VÍDEO DA FILÓSOFA VIVIANE MOSÉ SOBRE 
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=GLS1gAwTo0k>. Acesso em: 29 out. 2018.
É interessante relembrar que, no Brasil, quem introduziu as premissas desta 
tendência na educação foram os Padres Jesuítas no século XVI, que além de 
exercerem forte infl uência na sociedade, também trouxeram da Europa uma 
concepção de educação que contribuiu para a perpetuação das estruturas de 
poder hierarquizadas bastante fortes dentro dos ideais burgueses. 
Esta tendência pedagógica possui como uma das características cruciais o 
elitismo e a seletividade, ou seja, ensina-se assuntos, conteúdos e temas que 
são inerentes da vivência de uma determinada classe social (no caso da elite). A 
seletividade diz respeito aos mecanismos - principalmente por meio das provas 
e testes utilizados como ferramentas para separar os alunos que aprenderam o 
conteúdo dos que não aprenderam. 
29
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Quais então seriam os métodos utilizados pelos professores dentro desta 
tendência? O método fundamental é o verbal ou expositivo. Esta é uma tendência 
de ensino que prioriza o caráter demonstrativo, independentemente da fase, da 
faixa etária do aluno, das suas capacidades cognitivas ou recursos que este aluno 
possui. Libâneo (2006), aponta que são seguidos os seguintes passos no método 
de ensino dentro desta tendência adaptados na tabela a seguir:
QUADRO 1 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL
Método de ensino dentro da Tendência Liberal Tradicional
a) Preparação do aluno Defi nição do trabalho, recordação da matéria 
anterior, despertar interesse do aluno.
b) Apresentação Realce de pontos-chave, demonstração.
c) Associação Combinação do conhecimento novo com o já 
conhecido por comparação e abstração.
d) Generalização Dos aspectos particulares chega-se ao conceito 
geral, é a exposição sistematizada.
e) Aplicação Explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 24).
As principais características da Tendência Liberal Tradicional são: 
1 ensinar é sinônimo de transmitir conhecimentos;
2 aprender é sinônimo de reproduzir conhecimentos;
3 são poucas ou nulas as situações em que o aluno recebe estímulo para 
pensar sozinho;
4 predominância de aulas expositivas e fi gura do professor como 
autoridade;
5 o aluno é considerado um indivíduo passivo na aprendizagem;
6 enfatiza-se a aplicação de exercícios de repetição de conceitos para a 
memorização;
7 as provas e testes são elementos centrais para a avaliação do aluno pelo 
professor;
8 rigidez no disciplinamento dos alunos para que atenção e silêncio 
prevaleçam;
9 busca preparar os alunos para a sociedade com uma visão restrita sobre 
as diferenças de classe;
10 supõe-se que os homens são iguais em sua natureza e por isso podem 
ser ensinados dentro do mesmo método.
30
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
1 De acordo com Libâneo (2006), a Tendência Liberal 
“[...] subordina a educação à sociedade, tendo como função a 
preparação de “recursos humanos” (mão de obra para a indústria). 
A sociedade industrial e tecnológica estabelece (cientifi camente) as 
metas econômicas, sociais e política, a educação treina (também 
cientifi camente) nos alunos os comportamentos de ajustamentos a 
estas metas (LIBÂNEO, 2006, p. 22). A busca pelo ajustamento dos 
alunos à sociedade é uma das características da tendência liberal 
conforme Libâneo (2006). Com base no exposto, disserte acerca dos 
efeitos desta tendência que você identifi ca na sua prática pedagógica 
e na formação dos alunos.
FONTE: LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a 
pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 2006
● Tendência Liberal Renovada Progressivista
A Tendência Liberal Renovada Progressivista surge por volta 
do século XX a partir de um anseio por corresponder melhor às 
necessidades individuais dos alunos, ou seja, inaugura a busca no 
âmbito da cultura, atender melhor o desenvolvimento das aptidões 
individuais dos estudantes. Esta tendência não deixa totalmente de 
servir para a preparação do aluno para exercer seu papel na sociedade 
e no mundo do trabalho, mas, para além disso, busca se adaptar às 
necessidades do aluno ao meio social. Tem como premissa, portanto, 
“imitar a vida” e o aprender fazendo. Esta tendência, diferentemente 
da anterior, busca centrar-se no aluno e não no professor de forma a 
considerar, sempre que possível, os interesses do aluno, valorizando a 
atitude experimental, fomentando a pesquisa e a descoberta. 
A escola e a sala de aula são encaradas como “ambiente”, ou seja, o local 
que deve ser propício ao aprendizado do aluno. O ambiente precisa ser estimulante 
para que o aluno possa realizar a aprendizagem e, sobretudo, o auto aprendizado. 
Os conteúdos portanto, devem ser direcionados para a realidade e necessidades 
da vida cotidiana do aluno ao mesmo tempo em que se destinam a uma preparação 
para o mundo do trabalho. A fi m de que as práticas pedagógicas sejam voltadas 
para as necessidades, interesse e realidade do aluno, o professor precisa fornecer 
e proporcionar as “situações problema”. A partir das “situações problema”, o aluno é 
encorajado a exercer uma postura proativa na busca da resolução do problema. Há 
uma grande valorização do trabalho em equipe ou em grupo. 
Esta tendência, 
diferentemente 
da anterior, busca 
centrar-se no 
aluno e não no 
professor de forma a 
considerar, sempre 
que possível, os 
interesses do aluno, 
valorizando a atitude 
experimental, 
fomentando a 
pesquisa e a 
descoberta.
31
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS,ABORDAGENS Capítulo 1 
Dentro da Tendência Liberal Renovada Progressivista, o professor mantém 
sua posição de autoridade, mas deixa de ser autoritário. O professor permanece 
sendo o condutor das atividades de aprendizagem e passa a ter uma postura de 
mediador entre o aluno e o conteúdo, bem como entre o meio e o aluno, a fi m 
de contribuir para que o aluno possa construir seu conhecimento com base nas 
experiências. “Aprender fazendo” é a grande palavra-chave desta tendência, onde 
o aluno é incentivado a aprender a aprender, mesmo que este esteja fora da sala 
de aula. O aluno é incentivado e desenvolver um certo grau de autonomia para 
seguir aprendendo por ele mesmo. 
QUADRO 2 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA 
LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA
Método de ensino dentro da Tendência Liberal Renovada Progressivista
a) Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse por si mesma.
b) O problema deve ser desafi ante, como estímulo à refl exão.
c) O aluno deve dispor de informações e instrução que lhe 
permitam pesquisar a descoberta de soluções.
d) Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas com a ajuda discreta do professor.
e) Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, 
a fi m de determinar a sua utilidade para a ida.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 25).
● Tendência Liberal Renovada não diretiva
Esta tendência foi defendida pelo americano Carl Rogers na década de 40, 
o criador da “abordagem centrada na pessoa”. Ele afi rmava que o conteúdo do 
currículo ensinado na escola não tem tanta importância. O mais importante seria 
no estímulo à capacidade do aluno aprender. Esta tendência atenta para a questão 
de que a escola deve estar mais voltada para as questões psicológicas do que as 
pedagógicas ou sociais propriamente ditas e por isso, o papel da escola dentro da 
concepção desta tendência seria o desenvolvimento ou a formação de “atitudes”. 
Desta forma, a Tendência Liberal Renovada não diretiva visa o fortalecimento 
da dimensão sociopolítica do aluno para que ele não desenvolva transtornos ou 
problemas de aprendizagem e possa fl uir para o auto aprendizado.
Leia um trecho da reportagem da revista Nova Escola (2008) sobre a 
importância da relação entre professor e aluno de acordo com o ponto de vista do 
psicólogo Carl Rogers, exposta na fi gura a seguir:
32
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
FIGURA 9 – CARL ROGERS: REPORTAGEM DA REVISTA NOVA ESCOLA
FONTE: Ferrari (2008) - Revista Nova Escola. Disponível 
em:<http://bit.ly/2FQl1rL>. Acesso em: 30 out. 2018.
De acordo com Libâneo (2006), os métodos de ensino usuais não são levados 
em consideração, pois o que realmente deve acontecer dentro esta tendência é 
um esforço do próprio professor em desenvolver uma atitude para a facilitação da 
aprendizagem do aluno, mas o que faz o professor “facilitador”? Confi ra a seguir 
uma lista das características deste professor: 
a) Aceitação da pessoa do aluno.
b) Capacidade de ser confi ável.
c) Ser receptivo e ter convicção da capacidade do estudante de se 
autodesenvolver.
d) Ajudar o aluno a organizar-se por meio de técnicas de sensibilização.
e) Considerar os sentimentos dos alunos para que estes possam ser 
compartilhados sem que o aluno se sinta intimidado (LIBÂNEO, 2006).
Dentro da perspectiva desta tendência, a escola visa promover a 
auto realização pessoal do aluno, levando mais em consideração as 
questões psicológicas do que as pedagógicas. A avaliação se dá por 
meio de atividades, seminários, debates, experimentos realizados de 
maneira individual e coletiva. 
● Tendência Liberal Tecnicista: 
Esta é uma tendência totalmente voltada para o mercado de trabalho (mais 
especifi camente para o ensino profi ssionalizante). Portanto, o objetivo é moldar os 
indivíduos para o mundo do trabalho, ou seja, a fi nalidade é a produção de mão de 
Dentro da 
perspectiva desta 
tendência, a escola 
visa promover a 
auto realização 
pessoal do aluno, 
levando mais em 
consideração 
as questões 
psicológicas do que 
as pedagógicas.
33
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
obra. Utiliza-se sobretudo de cartilhas, manuais, apostilas e livros que concentram 
o conteúdo mais técnico e científi co. Dentro desta tendência, o professor tende a 
concentrar-se em seguir fi elmente o material didático.
A Tendência Liberal Tecnicista foi uma das tendências amplamente difundida 
no Brasil nos anos 1960 e 1970 e tem até hoje grande infl uência nas Políticas 
Públicas para a Educação. Esta teve grande aderência do período da ditadura 
militar, pois existia todo um movimento que visava o aumento da capacidade 
produtiva do país, a fi m de que ele se tornasse mais autônomo frente às grandes 
potências mundiais que forneciam bens de consumo para o Brasil. Decorreu 
deste momento da história do Brasil a necessidade de formar a força de trabalho, 
do proletariado, ou seja, formar técnicos e pessoas capazes de atuar nas fábricas 
e na indústria nacional.
Conforme Libâneo (2006), a escola nesta tendência tem o papel, de, dentro 
do sistema social, e, por meio de técnicas específi cas, organizar o processo de 
aquisição de habilidades, competências e atitudes que úteis para que os sujeitos 
formados possam integrar a “[...] máquina do sistema social global” (LIBÂNEO, 
2006, p. 29). Desta forma, à escola cabe o papel de atuar para o melhoramento da 
ordem social, no caso, o sistema capitalista, estando esta diretamente articulada 
com o sistema produtivo. O objetivo central, de acordo com Libâneo (2006, p. 
29) é “[...] o de produzir indivíduos ‘competentes’ para o mercado de trabalho, 
transmitindo, efi cientemente, informações precisas, objetivas e rápidas”. 
QUADRO 3 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA
Método de ensino dentro da Tendência Liberal Tecnicista
a) Estabelecimento de comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais.
b) Análise da tarefa de aprendizagem, a fi m de ordenar 
sequencialmente os passos da instrução.
c) Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas 
corretas correspondentes aos objetivos.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 29).
Nesta tendência o professor faz a conexão entre o aluno e o conteúdo a ser 
estudado. O conteúdo é baseado em verdades científi cas que não é questionado 
nem pelo professor nem pelo aluno de forma que, nas palavras de Libâneo (2006, 
p. 30): “Ambos são espectadores frente à verdade objetiva”. A comunicação 
entre professor e aluno é técnica e tem a função de garantir a transmissão do 
conhecimento.
34
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
4.2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
PROGRESSISTAS
A partir das tendências pedagógicas progressistas é que o aspecto político da 
educação passa a ser levado em consideração com um maior afi nco. Como você 
pode estudar anteriormente, a escola tradicional busca desvincular as questões 
sociais, políticas e econômicas das questões pedagógicas. Não obstante, as 
tendências progressistas afi rmam que estas questões estão intimamente ligadas 
e que a escola precisa levar em conta o contexto e a realidade social em que 
ela está inserida, assim como colocam em pauta a crítica a realidade social 
possibilidade por uma educação que abre espaço para a realidade histórico-social. 
O sujeito passa a ser compreendido como aquele que constrói a sua realidade e 
capaz de modifi cá-la. A escola, portanto, precisa considerar a educação dentro de 
um contexto político. Desta forma, o Projeto Pedagógico, instrumento que dá o 
direcionamento de todas as atividades da escola, passa a ser chamado de Projeto 
Político-Pedagógico,o famoso PPP. 
a) Tendência Pedagógica Progressista Libertária:
Esta tendência tem como base os ideais anarquistas. Você deve estar se 
perguntando: mas o anarquismo não é caos, a bagunça? Na verdade, o conceito 
de anarquismo e os ideais que o constituem possuem uma perspectiva um pouco 
mais regrada e nadatem a ver com o caos. Cabe dizer, portanto, que o anarquismo 
não diz respeito à uma sociedade sem ordem, mas sem uma sociedade que é 
organizada por grupos de gestão e não pelo controle, burocracia e domínio do 
Estado, que, de acordo com esta perspectiva é nocivo e exclui a participação da 
população nas decisões. 
Dentro desta tendência, a escola aparece como uma instituição 
autogestionária, ou seja, uma instituição administrada por conselhos que 
decidem regras, métodos, currículos, entre outros aspectos do funcionamento 
da escola. Desta maneira, as regras, leis, diretrizes não chegariam na escola 
por uma imposição estatal, mas por decisão dos membros dos conselhos que 
determinariam o que é melhor ou mais adequado para a sua realidade escolar. 
Desta forma, o trabalho pedagógico e as práticas pedagógicas passam a ser 
propostas e colocadas em prática para que os alunos aprendam a lidar com a 
realidade em que eles estão inseridos, mas qual seria o papel do professor dentro 
da perspectiva desta tendência? O professor teria um caráter de orientador, 
mediador ou até mesmo de catalisador. O professor que atua nesta perspectiva, 
busca oferecer conteúdos e problemas práticos, mas sem a cobrança de 
resultados pontuais sobre o aluno. Esta tendência visa uma educação muito mais 
35
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
voltada para a prática, ou seja, se o aluno aprendeu de fato na prática o que lhe 
foi ensinado. 
Existem dois problemas dentro desta tendência e que são os pontos mais 
criticados pelos opositores desta tendência: um deles diz respeito à questão da 
avaliação. Dentro desta forma de avaliar os alunos de outras formas que não 
por uma avaliação por conteúdos, nem sempre fi cam claras as necessidades de 
aprendizagem dos alunos, as dúvidas que este tem. Tornando assim mais difícil 
diagnosticar se houve ou não o aprendizado. Outro ponto seria a questão do 
distanciamento do Estado regulador, de forma que não é garantido que os grupos 
que tomam as decisões acerca de currículo, metodologias e práticas pedagógicas 
tenham, de fato a formação necessária e os conhecimentos necessários para 
a criação de um sistema completo de ensino que venha a satisfazer todas as 
necessidades dos alunos e da comunidade escolar.
QUADRO 4 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Método de ensino dentro da Tendência Progressista Libertária
a) Vivência grupal e autogestão dos alunos.
b) Os alunos têm a liberdade de trabalhar conforme seus interesses.
c) Sem direcionamento externo do percurso de aprendizagem.
d) Dividida em 4 momentos: 1) oportunização de contatos, aberturas, relações 
informais entre os alunos; 2) o grupo inicia sua organização, de forma que 
todos possam participar das discussões, cooperativas, assembleias. Esta 
participação pode se dar de várias formas e expressão pela palavra; 3) o 
grupo se organiza de forma mais efetiva; 4) Execução do trabalho.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 37).
b) Tendência Pedagógica Progressista Libertadora (ou pedagogia da 
libertação): 
Esta é uma das tendências mais conhecidas e também mais criticadas na 
atualidade. Você já deve ter ouvido falar nela como “Pedagogia de Paulo Freire” 
ou “escola de Paulo Freire”. O Foco desta tendência é uma educação que vai ao 
encontro de uma transformação da sociedade, pois, concebe o homem (no sentido 
de humanidade) como um ser histórico, fruto de um processo histórico. Dentro 
desta tendência o ser humano é visto como um ser em constante transformação, 
fugindo, portanto, da ideia de determinismo. Dizer, por exemplo, que uma pessoa 
analfabeta sempre será analfabeta está equivocado, pois a pessoa analfabeta 
pode se tornar alfabetizada. O ser humano não está determinado única e 
exclusivamente pelas leis naturais como os animais, por exemplo. Um pássaro 
36
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
nasce pássaro e não pode se tornar outra coisa a não ser um pássaro. O pássaro 
está limitado a ser um pássaro. Tanto que, por mais que algumas espécies ainda 
consigam se adaptar às transformações na natureza, muitas entram em extinção 
por não terem a capacidade da técnica, de criar ferramentas e novas formas 
de existência como nós seres humanos, que adaptamos a natureza às nossas 
necessidades.
FIGURA 10 – ILUSTRAÇÃO DO HOMEM COMO SER RACIONAL QUE 
MUDA O SEU MEIO E A SI MESMO POR MEIO DA TÉCNICA
FONTE: <http://bit.ly/2uHs7tD>. Acesso em: 29 out. 2018.
É, portanto, a partir da educação que Paulo Freire acredita na possibilidade 
de transformação do homem e da sociedade. Portador da racionalidade, o homem 
além de se transformar, transforma o meio em que vive. Nesta tendência, acredita-
se que a racionalidade humana pode ser melhor desenvolvida por meio da cultura 
e da educação. 
A escola, por sua vez, dentro desta perspectiva, é encarada com um ambiente 
propício para a transformação social. A escola é considerada muito mais do que 
um prédio, com salas, quadros negros e carteiras, ela é encarada como um espa-
ço promotor de transformação da sociedade por meio do ensino. Mas como são 
trabalhados os conteúdos dentro da tendência libertadora? Dentro deste modelo, a 
ênfase não é no programa curricular formal, ou seja, as disciplinas e conteúdos que 
são estabelecidos pelas normas ou diretrizes nacionais. Para Freire esse modelo 
de programa curricular formal tende a fomentar uma educação do tipo bancária, 
ou seja, um modelo em que os conteúdos são “depositados” dentro da mente dos 
alunos que precisam guardar esses conteúdos, mesmo que eles não consigam ar-
ticulá-los e aplicá-los na sua realidade de maneira crítica, refl exiva e autônoma. O 
aluno, dentro deste modelo criticado por Freire, é um mero depósito de conteúdos. 
37
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Dentro desta tendência, existe uma valorização dos chamados “temas 
geradores” que nada mais são do que temas que têm relação com a realidade 
do aluno, ou seja, temas que tratam de assuntos tais como: a participação social, 
o trabalho, as relações sociais, entre outros pertinentes e que fazem parte do 
contexto do estudante. Para que o “tema gerador” possa acontecer, Freire 
considera importante que as experiências prévias dos alunos sejam consideradas 
e valorizadas, a fi m de que se crie uma conexão entre a vida do aluno e o 
conteúdo a ser estudado. Um dos pontos importantes para que a aprendizagem 
possa ocorrer é o diálogo que deve haver entre o educador e os educandos. 
Quando o professor considera relevante as experiências prévias dos estudantes e 
as situações já vividas por estes, por meio do diálogo, das perguntas e respostas 
criam-se vários caminhos para o acesso ao conhecimento. Este é um tipo de 
relação horizontal entre professor e aluno, ou seja, o professor continua sendo 
autoridade, mas não é autoritário. O professor aprende com o aluno e o aluno 
aprende com o professor. Esta é uma ideia de construção do conhecimento 
(construtivismo - que veremos no próximo item), que ultrapassa a dimensão da 
mera reprodução de textos de livros e apostilas. 
Para Paulo Freire (1986), o professor cria e constrói juntamente com o aluno 
o conhecimento. A relação com o conhecimento e com o aluno não é de mera 
transmissão de conteúdos já preconcebidos por livros ou manuais, que garantem 
que as ideias dominantes sejam sempre reproduzidas e não modifi cadas, criticadas, 
alteradas. A realidade faz a mediação dentro da relação professor-aluno. É ela que 
fornece subsídios para os conteúdos a serem trabalhados pelos estudantes.
 Dentro desta tendência, Freire (1986) pretende que, dentro da 
relação professor-aluno o resultado fi nal seja o desenvolvimento da 
consciência sobre a sociedade, sobre a realidade de forma que esta 
consciência possa fornecer subsídios para o reconhecimento das ideias 
dominantes. Mas porque os alunos precisam reconhecer as ideias 
dominantes? Paulo Freire afi rma que nós vivemosem um Estado de 
Opressão causado pelas classes dominantes que oprimem as classes 
dominadas. Somente por meio da ação-refl exão-ação é que esta lógica 
pode ser rompida. A ação inicia pela observação da realidade. A refl exão 
seria o reconhecimento do indivíduo como oprimido e a ação fi nal 
seria uma ação na direção de uma tomada de posição para a saída da 
situação de opressão. Mas de que forma o oprimido sairia dessa situação? De 
acordo com esta tendência, seria necessária uma negação da cultura e dos ideais 
dominantes, bem como a luta pela inserção da sua própria cultura. Somente 
por meio da educação seria possível esta transformação. Sem a educação, 
de acordo com Paulo Freire as pessoas não teriam condições de reverter esta 
situação, sendo condenados à exploração sem nem mesmo reconhecerem que 
são exploradas e infl uenciadas pela cultura dominante.
Para que o 
“tema gerador” 
possa acontecer, 
Freire considera 
importante que as 
experiências prévias 
dos alunos sejam 
consideradas e 
valorizadas, a fi m 
de que se crie uma 
conexão entre a 
vida do aluno e 
o conteúdo a ser 
estudado.
38
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
Desta forma, dentro da tendência libertadora a fi nalidade da educação é a 
formação da consciência crítica. 
QUADRO 5 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA
Método de ensino dentro da Tendência Progressista Libertadora
a) Educação baseada no diálogo engajador.
b) Utiliza-se de grupos de discussão, a quem cabe autogerir a aprendizagem, 
a defi nição do conteúdo e a dinâmica da atividade.
c) O professor atua como um dinamizador destes grupos.
d) Intervenção mínima do professor, apenas quando necessário 
para dar informações mais sistematizadas.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 37).
FIGURA 11 – CITAÇÃO DE PAULO FREIRE
FONTE: <http://bit.ly/2OLVhAT>. Acesso em: 29 out. 2018.
c) Tendência Pedagógica Progressista Crítico-social dos conteúdos:
Criada entre as décadas de 1970 e 1980, a Tendência Pedagógica 
Progressista Crítico-social dos conteúdos aparece com uma possível solução 
para garantir efi ciência da formação de mão de obra para o mercado de trabalho. 
Desta forma, os chamados conteúdos universais (que conhecemos como base 
comum atualmente), precisariam ser difundidos e ensinados aos alunos, de forma 
que estes pudessem ser educados levando em conta os conteúdos universais e a 
relação destes com a realidade social. 
39
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Dentro desta tendência pedagógica, o professor além de ser mediador e 
contribuir para que o aluno consiga perceber a realidade ao seu redor, também 
busca apresentar exercícios e desafi os aos alunos. Concebe-se nesta perspectiva 
o aluno como uma pessoa com uma visão fragmentada e desorganizada da 
sociedade e da vida, cabendo à escola fornecer, por meio da intervenção do 
professor a orientação aos alunos para que eles possam desenvolver uma visão 
mais global e organizada da sociedade aliado à um posicionamento crítico e 
autônomo. De acordo com Libâneo (2006, p. 39):
[...] a atuação da escola consiste na preparação do aluno 
para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe 
um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da 
socialização, para uma participação organizada e ativa na 
democratização da sociedade. 
Apesar desta tendência buscar garantir que o conteúdo objetivo seja passado 
aos alunos, ao aluno é fornecia a oportunidade de reavaliá-los de maneira crítica. 
QUADRO 6 - MÉTODO DE ENSINO DA TENDÊNCIA 
PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS
Método de ensino dentro da Tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos
a) Privilegia a aquisição do saber vinculado às realidades sociais.
b) Deve haver a correspondência entre os conteúdos e os interesses dos alunos.
c) Não se confi gura em mera transmissão do saber e a livre expressão de opiniões.
d) Busca fazer uma relação direta com a experiência do aluno 
confrontada com o saber trazido de fora.
FONTE: Adaptado de Libâneo (2006, p. 4).
5 ABORDAGENS DA PRÁTICA 
PEDAGÓGICA
Você como professor talvez já tenha algum dia se questionado: como afi nal 
de conta nós construímos nosso conhecimento? Bom, esta foi uma pergunta muito 
recorrente na história da humanidade. Inúmeros fi lósofos e estudiosos antigos, 
modernos e contemporâneos se debruçaram em estudos sobre este tema, na 
tentativa de compreender como nós aprendermos a fi m de ajudar na busca e 
aprimoramento de métodos e práticas pedagógicas. 
40
 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
Neste item você irá conhecer duas grandes teorias ou abordagens que 
estão diretamente ligadas com as Práticas pedagógicas do nosso tempo. 
Tais abordagens dizem respeito mais diretamente aos processos cognitivos 
que envolvem a aprendizagem. Desta forma, ao compreendermos melhor o 
funcionamento da nossa mente e as possibilidades que esta nos oferece, se 
torna mais viável pensarmos em Práticas pedagógicas mais condizentes com as 
necessidades de aprendizagem dos nossos alunos. 
Veja a seguir duas teorias ou abordagens sobre a aprendizagem de dois 
grandes investigadores e estudiosos da mente humana, a saber: Piaget e 
Vygotsky.
5.1 ABORDAGEM INTERACIONISTA E 
CONSTRUTIVISTA - PIAGET
FIGURA 12 – IMAGEM DE JEAN PIAGET
FONTE: <http://bit.ly/2Uv6fAi>. Acesso em: 29 out. 2018
41
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Como nós construímos nosso conhecimento também era uma grande 
dúvida para o psicólogo, biólogo e epistemólogo Jean Piaget, que, na década 
de 40, a partir da observação de crianças, inclusive dos seus próprios fi lhos 
criou a chamada Teoria Cognitiva. Esta teoria, resumidamente afi rma existirem 
quatro estágios de desenvolvimento cognitivo pelos quais todo ser humano 
necessariamente passa, a saber: o sensório-motor, o pré-operatório, o operatório 
concreto, e, operatório formal ou abstrato. No entando, antes de você estudar 
estes estágios do desenvolvimento cognitivo humano, vamos relembrar alguns 
conceitos que permeiam a teoria de Piaget.
É interessante mencionar que, na época em que esta teoria foi inaugurada, 
as discussões sobre o desenvolvimento humano vinham de duas principais bases: 
o materialismo mecanicista (desenvolvida pelo fi lósofo René Descartes) e o 
idealismo (desenvolvido pelo fi lósofo Platão). Resumidamente, estas eram teorias 
buscavam explicar o desenvolvimento humano e a construção do conhecimento, 
ora com base na ideia de que o homem era dividido entre corpo e mente - ideia 
desenvolvida por Descartes, ora com base na ideia da separação entre corpo e 
alma - desenvolvida por Platão. 
Piaget, por sua vez, afi rmava que o desenvolvimento humano pode ser 
explicado através do que ele chamou de interacionismo ou sócio-interacionismo. 
Tal modelo ganhou evidência e notoriedade em função de sua consistência 
epistemológica, pois foi num estudo realizado por meio de observação, com rigor 
científi co e por isso é denominado de psicologia genética. A ideia inicial não era a 
formulação de uma teoria sobre a educação, mas sim de estudar o comportamento 
humano acerca de como ele se desenvolve desde seu nascimento até a vida adulta. 
Não obstante, esta ideia é mais tarde trazida para o campo da educação, a fi m de 
colaborar com a criação de Práticas pedagógicas mais condizentes com a forma 
como nos seres humanos constroem seu conhecimento apontada por Piaget.
Um dos conceitos centrais para Piaget é o de epigênese. Piaget 
(1976, p. 367) afi rma que “[...] o conhecimento não procede nem da 
experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-
formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações 
constantes de estruturas novas”. O sujeito, portanto, não nasce com 
o conhecimento, ou seja, o conhecimento não é inerente ao sujeito, 
tampouco não está apenas nos objetos que ele acessa. Desta forma, 
o sujeito não pode isoladamente conhecer, por meiodo contato com 
os objetos. Para Piaget, o conhecimento é, portanto, uma construção 
conjunta de elaboração com base na experiência e interação, ou em outras 
palavras, uma junção entre o que o sujeito já carrega consigo associado ao 
contato e experienciação do objeto. Isso é o que ele chama de evolução da 
fi logenia humana. Nossa estrutura biológica não traz os processos de estruturação 
“[...] o conhecimento 
não procede nem 
da experiência única 
dos objetos nem de 
uma programação 
inata pré-formada 
no sujeito, mas 
de construções 
sucessivas com 
elaborações 
constantes de 
estruturas novas”
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 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
do conhecimento, é necessária, portanto uma ativação destes processos. Esta 
ativação, de acordo com Piaget, só se dará a partir do processo de interação com 
o meio tanto físico quanto social. Nascemos, portanto, com formas ou estruturas 
primitivas da mente e, no âmbito da socialização essas estruturas ou formas 
primitivas vão sendo reorganizadas pela nossa psique. Existe, portanto, uma 
interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a ser conhecido. 
Panorama:
Antes das teorias de Piaget: se considerava num primeiro momento, apenas 
os fatores internos, biológicos ou hereditários na aquisição do conhecimento e 
desenvolvimento humano. Num segundo momento, apenas os valores externos, 
ou seja, o ambiente, eram levados em consideração na aquisição do conhecimento 
e desenvolvimento humano. 
Com Piaget: temos a consideração da união entre esses dois fatores para a 
aquisição do saber e o desenvolvimento humano.
Durante nossa vida, somos sempre desafi ados a conhecer e ter 
que lidar com o meio que nos rodeia, tanto o fi sco quanto o social. Esses 
desafi os nos exigem uma contínua estruturação e reestruturação do 
pensamento. Esse processo de reestruturação pelo qual nós passamos 
ao longo da nossa vida, desde o nascimento é o processo que Piaget 
denomina de operações mentais. Operações mentais nada mais são do 
que processo pelo qual o pensamento lógico passa de um nível mais 
elementar para um nível mais superior ou complexo. Desta forma, a 
gênese ou origem do conhecimento está no sujeito em interação com o objeto. A 
construção do conhecimento se dá de maneira interna a partir das suas estruturas 
internas e não externamente. Portanto, para que o pensamento lógico possa ser 
elaborado é necessário um processo interno de refl exão. 
Epigênese é o processo evolutivo humano tem uma origem 
biológica. O sujeito já nasce com as estruturas mentais necessárias 
para a construção do conhecimento, mas é necessária a interação 
entre o sujeito e o meio para que as estruturas se desenvolvam.
Operações mentais 
nada mais são do 
que processo pelo 
qual o pensamento 
lógico passa de um 
nível mais elementar 
para um nível 
mais superior ou 
complexo.
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
Como então se dá o processo de desenvolvimento humano diante de 
problemas e da necessidade de conhecer o mundo? Existe um processo chamado 
equilibração, ou seja, o ser humano tenta, por meio dos seus próprios recursos 
cognitivos se adaptar às situações que lhe são apresentadas.
De acordo com Piaget, são dois os fatores cruciais para o desenvolvimento 
humano: os fatores invariantes e os fatores variantes:
● Fatores invariantes são as estruturas biológicas, sensoriais e 
neurológicas que o indivíduo já nasce com elas. Dentro desses fatores 
invariantes, Piaget diz que naturalmente o indivíduo já carrega consigo 
duas marcas inatas: a tendência à organização e à adaptação.
● Fatores variantes: se manifestam na forma de esquemas que são a 
unidade básica do pensamento e da ação estrutural. A inteligência não é 
herdada mas sim construída no processo de interação entre o homem e 
o ambiente em que ele está inserido. Desta forma o nosso cérebro busca 
equilíbrio para que o conhecimento possa ser construído. 
Com isso, é possível perceber que é através da formulação dos esquemas 
mentais que conseguimos aprender coisas novas. Ao nos adaptarmos ou equilibrar-
mos, nós geramos a capacidade de aprender. A adaptação também é um conceito 
do Piaget e se dá na forma de dois mecanismos: a assimilação e a acomodação.
Assimilação é a tentativa de solucionar alguma situação 
cognitiva nova a partir da estrutura que o indivíduo já possui. 
Acomodação é a capacidade de realizar mudanças na estrutura 
mental já existente para que se consiga conhecer o novo e se adaptar a ele.
Desta forma, por meio da assimilação e da acomodação, o indivíduo pode 
construir o seu conhecimento. Por isso, a palavra construtivismo para caracterizar 
a teoria piagetiana.
Agora, rapidamente, vamos explorar as chamadas Etapas do Desenvolvi-
mento de Piaget. Dentro da abordagem piagetiana, são quatro os períodos ou 
momentos do processo evolutivo no que diz respeito à cognição humana. Cada 
período mostra o que o indivíduo consegue realizar de acordo com a faixa etária 
em que se encontra. 
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 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
QUADRO 7 - OS QUATRO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE PIAGET
Os quatro estágios do desenvolvimento humano de acordo com a teoria de Piaget
1º 0 a 2 anos Sensório motor
2º 2 a 7 anos Pré-operatório
3º 7 a 11 ou 12 anos Operatório concreto
4º 11 ou 12 anos Operatório formal ou abstrato
FONTE: A autora.
Segue um breve resumo sobre o que acontece em cada estágio ou períodos 
de desenvolvimento:
● Sensório motor: quando a criança nasce ela tem muito pouco 
conhecimento sobre a realidade que a cerca e poucas habilidades 
motoras. Com o passar do tempo, a criança vai se desenvolvendo, 
sobretudo, a partir dos seus processos e refl exos inatos (tais como 
sucção, movimentação dos olhos, sensação de frio e calor) e, 
naturalmente busca entender o ambiente que a cerca. Neste estágio há, 
portanto, um esforço para o desenvolvimento das habilidades sensório-
motora, sendo de fundamental importância que a criança receba 
estímulos e interaja com o meio para o seu desenvolvimento.
FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO DO ESTÁGIO SENSÓRIO MOTOR
FONTE: <http://bit.ly/2UoCHnX>. Acesso em: 29 out. 2018.
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: MODELOS, TENDÊNCIAS, ABORDAGENS Capítulo 1 
● Pré-operatório: este período é caracterizado pela manifestação da 
função simbólica e da linguagem. Para Piaget, a inteligência é anterior ao 
aparecimento da linguagem, ou seja, a criança já nasce inteligente e possui 
o motor para o desenvolvimento da linguagem e não o contrário. Como 
neste estágio a criança já possui um conhecimento maior do ambiente em 
que ela vive, já consegue identifi car objetos, signifi cados e de realizar a 
representação simbólica (desenhos, sonhos, imitação). Esta também é 
a fase do egocentrismo psíquico, ou seja, a criança é muito voltada para 
o seu “eu” e ainda não consegue reconhecer que as outras pessoas são 
diferentes dela, com interesses e vontades diferentes e independentes. 
Neste período, inicia o chamado jogo simbólico ou o “faz de conta”, ou 
seja, um processo que permite à criança a experimentação de situações 
diferentes por meio do uso da fantasia e imaginação da criança que a auxilia 
na leitura e interpretação do mundo e dos acontecimentos da vida. Neste 
período, a criança tem um período longo de desenvolvimento e existe a 
necessidade de fornecer mais estímulos e diversidade de interação com o 
meio, pois, para Piaget, esta é uma fase em que se desenvolve o âmbito 
afetivo-emocional por meio do jogo simbólico.
FIGURA 14 – ILUSTRAÇÃO DO ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO
FONTE: <http://bit.ly/2YMFMgT> Acesso em: 29 out. 2018.
● Operatório concreto: neste estágio temos o desenvolvimento da 
capacidade do pensamento racional, de forma que a criança passa 
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 Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade
a acessar o conhecimento, além de classifi cá-lo (fazer combinações, 
separar por tipos) e de organizá-lo (essa organização agora pode se dar 
em ordem

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