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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Especialidades clínicas e cirúrgicas 1 Doenças da hipófise 1 Revisão Hipotálamo - É o termostato do organismo (atua sobre a hipófise regulando a secreção de hormônios) - É composto por aglomerados de corpos celulares de neurônios cujas terminações nervosas alcançam outras regiões hipotalâmicas, cerebrais e hipofisárias - Secreta predominantemente substâncias estimuladoras da hipófise (com exceção da dopamina, a qual inibe a secreção de prolactina) Hipófise/glândula pituritária - Localiza-se na base do crânio (na sela túrcica, na cavidade do osso esfenoide) - É responsável pela produção de hormônios tróficos (tem a função de coordenar o funcionamento das demais glândulas endócrinas através da secreção de hormônios específicos) - Está localizada próxima ao quiasma óptico, portanto se houver um aumento de seu tamanho pode ocorrer comprometimento da visão - Peso = 0,5-1,0 g - Medidas = 13x6x9mm Divisão da hipófise . Adeno-hipófise = é composta por células endócrinas especializadas para a síntese e secreção hormonal (sintetiza e secreta os hormônios tróficos: ACTH, TSH, LH, FSH, GH e PRL) . Neuro-hipófise = é composta pelos axônios de neurônios cujos corpos celulares estão no hipotálamo (apenas armazena e secreta os hormônios hipotalâmicos -> os hormônios ocitocina e vasopressina são produzidos no hipotálamo e transportados até a neuro- hipófise para serem secretados) MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Hormônios hipofisários Hormônios da adeno-hipófise . São chamados hormônios tróficos . Atuam em células endócrinas (não em células alvo) . São eles: 1. Somatototrófos = GH (hormônio do crescimento) -> estimulado pelo GHRH hipotalâmico e inibido pela somatostatina -> estimula o crescimento, regula o metabolismo e induz a produção de IGF-1 pelo fígado 2. Lactotrófos = PRL (prolactina) -> estimulada pelo estrogênio e pelo TRH, e inibida pela dopamina -> induz crescimento mamário e secreção de leite durante a gravidez e lactação 3. Corticotrófos = ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) -> é estimulado pelo CRH produzido no hipotálamo e inibido pelos glicocorticoides -> estimula a síntese de glicocorticoides e androgênios pelas adrenais 4. Tireotrófos = TSH (hormônio tireoestimulante) -> é estimulada pelo TRH produzido no hipotálamo e inibido pela somatostatina e pelo T3 intracelular -> estimula o funcionamento e o crescimento da tireoide 5. Gonadotrófos = FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante) -> são estimulados pelo GnRH secretado pelo hipotálamo e inibidos por estrogênio, testosterona e inibina -> estimulam a secreção hormonal nas gônadas (ovário e testículo), a ovulação e a espermatogênese Hormônios da neuro-hipófise 1. Hormônio antidiurético (ADH/vasopressina) = regula a osmolaridade plasmática por meio do controle da sede e da diurese 2. Ocitocina = estimula as contrações uterinas durante o parto e tem algum efeito antidurético semelhante ao do ADH Regulação hipotalâmica-hipofisária 1. Hormônio de liberação de tireotropina (TRH): estimula a síntese e a liberação do hormônio tireoestimulante (TSH) e da prolactina 2. GnRH: tem como função principal estimular a secreção do hormônio luteinizante (LH) e estimulação hormonal de folículo (FSH) 3. Somatostatina (também conhecida como fator inibidor da liberação de somatotrofina): inibe a secreção de GH 4. Hormônio de liberação da corticotropina (CRH): libera o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que por sua vez leva a secreção de cortisol 5. GHRH (hormônio de liberação do hormônio do crescimento): promove a secreção de GH MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Mecanismo de retroalimentação - O sistema neuroendócrino atua através de uma série de alças de retroalimentação que regulam os níveis dos hormônios da hipófise e dos órgãos alvo - Os hormônios de órgãos direcionais podem realimentar os níveis hipotalâmico e pituitário para finalizar a alça - As alças de retroalimentação podem ser afetadas, resultando em alterações dos pontos de ajuste por determinados fatores, como duração do dia (periodicidade circadiana), estresse, estado nutricional e doença sistêmica Exemplo Retroalimentação negativa . Sem iodo a glândula tireoide não pode produz os hormônios da tireoide (T3 e T4), os quais quando em baixas concentrações no sangue não promovem o mecanismo de retroalimentação sobre o hipotálamo e a hipófise -> na ausência da retroalimentação negativa, a secreção do TSH aumenta gerando uma hipertrofia na glândula tireoide Tumores hipofisários - Os adenomas hipofisários correspondem a aproximadamente 15% dos tumores intracranianos Classificação • Quando aos aspectos morfofuncionais: Tamanho do tumor - Micro (< 10mm) ou macro (>10mm) - A cefaleia é um sintoma comum em pacientes com macroadenomas (pode ser causada pela expansão do diafragma da sela ou por invasão do osso) Extensão do tumor - Intrasselar, suprasselar, parasselar ou extrasselar - Os tumores hipofisários que se estendem superiormente podem afetar os campos visuais (a expansão para a região suprasselar exerce pressão sobre o quiasma óptico, levando á heminopsia bitemporal) Compressão de estruturas adjacentes - Se comprime alguma estruturas, por exemplo: hipófise, quiasma óptico, nervos cranianos, carótidas e outras estruturas SNC Clínica - Tumores clinicamente funcionantes/secretor (causam alguma síndrome de excesso hormonal) ou não funcionantes/não secretor (não causam repercussão clínica decorrente de algum excesso hormonal) - A maioria dos tumores não secretores que causam sintomas é composta por macroadenomas MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Hormônio secretado Manifestações clínicas - Síndromes de excesso hormonal - Deficiência hormonal - Sintomas decorrentes do efeito de massa (cefaleia, hemianopsia, alteração da consciência, náuseas e vômitos) Diagnóstico - O exame de escolha é a RNM: o achado de lesão na região da sela túrcica deve ser monitorado através de pesquisa clínica e laboratorial de disfunções hormonais - Na TC: adenomas hipofisários são hipodensos em relação a hipófise normal Prolactina (PRL) - É o único hormônio hipofisário que aumenta após a secção do pedículo hipofisário - Fatores de liberação: estrogênio, TRH, ADH e VIP/AVP - Fatores de inibição: dopamina - Funções: induz crescimento mamário e secreção de leite durante gravidez e lactação (induz e mantem a lactação) - Estímulo para liberação: sucção (reflexo estimulação-sucção) 1. Hiperprolactinemia - Ocorre por um aumento na secreção de prolactina - Causas mais comuns = 1ª medicamentosa e 2ª prolactinoma Etiologia . Fisiológicas: gestação, lactação, estresse, dor, sono, exercício, estimulação dos mamilos . Patológicas: prolactinoma, hipotireoidismo primário, doenças hipotalâmicas, herpes zóster, uso de me dicamentos que bloqueiam as vias dopaminérgicas (as quais são inibidoras da secreção de prolactina) Manifestações clínicas . Em mulheres: galactorreia, ciclos oligoanovulatórios e perda de libido . Em homens: galactorreia, diminuição da libido, disfunção erétil e infertilidade Diagnóstico MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed 2. Prolactinomas - É o tipo mais comum de adenoma de hipófise (25-40%) - 2ª causa mais comum de hiperprolactinemia - 10x mais comum em mulheres - Até 10% pode secretar outros hormônios junto á prolactina Fatores etiológicos . O estrogênio representa um potente estímulo para a proliferação dos lactotrofos (todavia, não existe nenhuma associação definida entre o uso de estrogênio e a incidência de prolactinoma) . Níveis muito elevados de estrogênio (observados durante a gravidez) podem provocar crescimento tumoral em aproximadamente 30% dos macroprolactinomas . A redução do tônus da dopamina,como pode ocorrer com o tratamento prolongado com agentes antipsicóticos, resulta em aumento dos níveis de PRL (entretanto, não foi constatada nenhuma atuação dessas drogas no desenvolvimento dos prolactinomas) Manifestações clínicas . Hipogonadismo hipogonadotrófico (a hiperprolactina inibe a secreção de GnRH reduzindo a secreção de FSH e LH resultando em hipogonadismo hipogonadotrófico) . Galactorreia e oligoamenorreia . Amenorreia e infertilidade . Diminuição da libido, ressecamento da vagina e dispareunia (decorrente da deficiência de estrogênio) . Cefaleia Tratamento . Tem como objetivo: a diminuição dos níveis séricos de prolactina, diminuição do tamanho do tumor, restauração da função gonadal, prevenção da infertilidade e da osteoporose . A primeira escolha de tratamento é o tratamento clínico feito através de agonistas dopaminérgicos como a cabergolina ou bromocriptina (os quais se ligam aos receptores de dopamina do subtipo D2 inibindo a secreção dos lactotrofos e causando a redução do tumor) . No caso de microprolactinomas ou tumores refratários á medicação pode ser feita um cirurgia por via transesfenoidal * Quando surgem sintomas, deve-se proceder à RM e a um exame formal dos campos visuais. Se houver evidências de comprometimento dos campos visuais ou de crescimento do tumor, deve-se iniciar novamente o tratamento com agonista da dopamina para reduzir o tamanho do tumor 3. Hipoprolactinemia - É rara - Ocorre no contexto de deficiências hormonais combinadas - Possível causa: síndrome de sheehan - Manifestação clínica: agalactia ACTH - Tem como precursor o hormônio adrenocorticotrofo (CRH) - Age nas glândulas adrenais/suprarrenal - Apresenta acentuado ritmo diurno (níveis maiores pela manhã) - Seu aumento gera hiperplasia da suprarrenal e sua diminuição gera atrofia da suprarrenal - Fatores de liberação: stress, infecções, traumatismos graves, hipoglicemia - Fatores de inibição: dexametazona MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed - Funções: estimular a produção de cortisol e a secreção dos androgênios e dos mineralocorticoides pelas suprarrenais 1. Hipocortisolismo secundário - Decorre da deficiência de ACTH - Provoca sintomas de deficiência de glicocorticoides (fraqueza, fadiga e hipotensão) - A causa mais comum é a deficiência de ACTH decorrente do uso crônico de glicocorticoides exógenos que causam supressão do eixo hipotálamo-hipófise- suprarrenal Manifestações clínicas . Fraqueza, fadiga e hipotensão . Redução dos androgênios (em mulheres) Diagnóstico . Dosagem dos níveis de cortisol e seus metabólitos pela manhã (o ACTH é secretado em pulsos discretos e o pico máximo ocorre pela manhã) 2. Doença de cushing - Caracteriza-se por hipercortisolismo decorrente de um adenoma hipofisário secretor de ACTH (geralmente são microadenomas com 5mm e diâmetro) - É responsável por 60-70% dos casos de síndrome de cushing (causa mais comum de síndrome de cushing não medicamentosa) - É 8x mais frequente em mulheres do que em homens Manifestações clínicas . Fáceis em lua cheia . Proptose da gordura supraclavicular . Giba cervical . Pletora facial . Hirsutismo/acne . Estrias violáceas . Fragilidade capilar (hematomas) . Fraqueza muscular proximal . Hipertensão . Diabetes . Osteoporose . Hipocalemia . Psicose/depressão . Amenorreia/oligomenorreia . Obesidade central . Ganho de peso acelerado Diagnóstico 1º Confirmar o hipercortisolismo Teste de supressão com dexametozona . Teste realizado após a administração de 1mg de dexametasona, entre 23 horas e meia noite, com mensuração do cortisol entre 7 e 10 horas da manhã do dia seguinte . Ao dar um corticoide de madrugada, ocorre inibição da secreção do ACTH e, consequentemente, do cortisol pelo feedback negativo (sendo assim, caso após algumas horas o cortisol não tiver suprimido, está evidente que a hiperprodução é autônoma) Dosagem do cortisol plasmático ou salivar à meia noite . Normalmente, o cortisol próximo a hora de dormir está mais baixo, porém, nos portadores de SC encontramos valores mais elevados (decorrente da perda do nadir fisiológico) MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Elevação do cortisol livre na urina de 24 horas . Fornece uma prova de triagem alternativa ou adicional para o hipercortisolismo . Com frequência, são obtidas duas amostras sequenciais, devido a variações diárias na produção do hormônio . A sensibilidade e a especificidade da determinação do cortisol livre na urina são maiores do que as do teste de supressão com dexametasona à noite, particularmente em pacientes hospitalizados 2º Confirmar se hipercortisolismo é ACTH dependente ou independente Dosagem do ACTH . Se ACTH baixo = ACTH independente . Se ACTH alto = ACTH dependente 3º Realizar exames complementares para definir a etiologia . Se ACTH dependente: realizar RNM da sela túrcica (exame de imagem padrão-ouro para visualizar os adenomas) . Se ACTH independente: realizar TC das adrenais Tratamento Clínico . Indicado quando paciente apresenta metástases, não pode ser submetido a procedimentos cirúrgicos ou é de difícil via cirúrgica . Consiste na administração de fármacos que agem no tumor: pasireotide, carbegolina ou ácido retinóico Cirúrgico (cirurgia transfenoidal) . A cirurgia constitui a principal modalidade de terapia para os tumores hipofisários que exigem intervenção (com exceção de prolactinomas) . O tratamento cirúrgico visa redução dos níveis hormonais, descompressão para aliviar os efeitos expansivos e impedir a maior expansão do tumor . A cirurgia tem abordagem endonasal através de um endoscópio GH - Age no tecido adiposo, músculos, fígado e pâncreas - É liberado em grandes picos durante a noite - Seus níveis aumentam durante a puberdade e declinam gradualmente na idade adulta - Muitos dos efeitos metabólicos e sobre o crescimento do GH são transmitidos indiretamente pelas ações de IGF-1 - Fatores de liberação: diminuição da glicose no sangue, diminuição dos ácidos graxos livres no sangue, aumento dos aminoácidos no sangue, privação ou jejum, deficiência de proteínas, traumatismo, estresse, exercícios, testosterona, estrogênio, sono profundo (estágio II e IV), GHRH e grelina - Fatores de inibição: somatostatina e muito IGF-1 (feedback negativo) - Funções: diminui entrada e consumo de glicose, aumenta consumo de lipídeos (estimula lipólise), aumenta entrada de aminoácidos/proteínas/ácidos graxos, aumenta produção de IGF1, aumenta produção de insulina 1. Acromegalia/gigantismo - Síndrome causada pelo excesso crônico de GH - Em 95% dos casos ocorre pela presença de adenoma hipofisário produtor GH (5% podem ocorrer por secreção ectópica de GHRH por carcinoides bronquicos ou gastrointestinais) - Atinge igualmente todos os sexos e é mais comum entre 30-50 anos * O adenoma hipofisário pode produzir apenas GH ou ser um tumor misto (ex: tumor co- secretor de GH e prolactina) MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Manifestações clínicas Na infância/adolescência . Gigantismo (se o excesso de GH ocorre antes do fechamento das cartilagens de crescimento há um ganho excessivo de altura)) Em adultos . Crescimento das mãos e pés . Alargamento dos dedos . Crescimento grosseiro de protuberâncias faciais (orelhas, nariz, queixo, lábios, crista supraorbitária) . Afastamento dos dentes . Macroglossia . Aumento de vísceras (coração, rins, fígado, tireoide) . Hiperidrose . Artralgia Diagnóstico . Dosagem de IGF-1 e GH aumentada . Teste de supressão do GH (TOTG) com 75g glicose (os níveis elevados de glicose são incapazes de suprimir os níveis de GH para menos de 1ng/ml -> uma hipófise normal suprime a secreção de GH após uma sobrecarga de glicose) . RNM de sela túrcica com contraste marcando adenoma hipofisário * IGF-1 é um fator de crescimento de produção hepática e tecidual que aumenta em resposta a secreção de GH. Como seus níveisnão oscilam, sua dosagem fornece um índice integrado da secreção de GH * O padrão ouro para diagnóstico é o teste de supressão do GH com glicose, que deve ser solicitado após dosagem de IGF-1 elevada * Exames complementares: RX de mãos e pés, USG, ecocardiograma Tratamento Clínico . Indicado quando acromegalia refratária ao tratamento cirúrgico . Podem ser usados fármacos análogos de somatostatina (ex: octreotide, lanreotide e pasereotide) ou pegvisomanto (um análogo biossintético do GH que se liga nos receptores promovendo diminuição dos níveis de GH) + radioterapia (para prevenção de hipopituitarismo) Cirúrgico . A cirurgia do adenoma hipofisário por via transfenoidal é a primeira escolha para tratamento Complicações . Hipertensão . IC . Aterosclerose . Osteoartrose . Apneia do sono . Síndrome do túnel do carpo . Diabetes mellitus * A maior causa de morte em pacientes com acromegalia é cardiovascular 2. Deficiência de GH - É encontrada em praticamente todos que tem deficiência de 3 outros hormônios da adeno-hipófise - Pode ocorre na infância e na fase adulta MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Causas . Distúrbios hipotalâmicos/hipofisários . Mutações do receptor de GHRH e do gene de GH . Deficiências combinadas de hormônios hipofisários . Mutações do receptor de GH e do receptor de IGF-1 . Irradiação . Privação psicossocial Manifestações clínicas Na infância . Baixa estatura Em adultos . Fadiga . Alteração da composição corpórea (obesidade central) . Perda de massa muscular . Hipertensão arterial . Hipercolesterolemia . Redução do DC . Astenia . Depressão e isolamento social Diagnóstico . Hipoglicemia induzida por glicose Tratamento . Administração de somatotropina Hormônio antidiurético/arginina vassopressina (ADH/AVP) - É sintetizado no núcleo supra-óptico (nos corpos celulares dos neurônios do hipotálamo) -> migra ao longo do axônio para os terminais nervosos na hipófise posterior e é secretado - Fatores de liberação: aumento da osmolaridade, estresse, aumento do cortisol, diminuição da PA, diminuição de 5-10% no volume sanguíneo circulante, náusea e vômito, hipóxia, exercício, dopamina/ acetilcolina, angiotensina II/histamina - Fatores de inibição: osmolaridade reduzida, aumento do volume plasmático, álcool, opioides e GABA - Funções: conservação da água corpórea e regulação da osmolalidade dos líquidos corporais (formação de urina hipertônica), diminuição da diurese, aumento da volemia, aumento do retorno venoso, aumento do DC, aumento da PA, vasoconstrição e aumento da resistência periférica * Desidratação -> Diminuição do volume sanguíneo e aumento da pressão osmótica do sangue -> Aumento da produção de ADH -> Liberação de ADH no sangue -> Aumento da permeabilidade dos túbulos coletores -> Reabsorção de grandes quantidades de água -> Urina mais hipertônica do que o sangue -> Aumento do volume sanguíneo e diminuição da pressão osmótica MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed 1. Diabetes insipidus - É um síndrome clínica caracterizada pela excreção crônica anormal de grande volume de urina diluída (poliúria) que pode cursar com aumento excessivo de ingesta de líquidos (polidipsia) - É uma doença do sistema endócrino descrita como um distúrbio na síntese ou ação do hormônio antidiurético (ADH), levando a dificuldade de concentração da urina (gerando poliúria com secreção elevada de urina hipotônica) - Decorre da falta do ADH pela falta de secreção neurogênica/central ou nefrogênica Etiologia A) DI central/hipotalâmico . É provocado por doenças que acometem o hipotálamo . Resulta da incapacidade de o hipotálamo- hipófise posterior secretar (e geralmente sintetizar) vasopressina em resposta á osmolalidade aumentada . Um grande volume de urina hipotônica/diluída é excretado, o que produz um aumento secundário da osmolalidade sérica com sede e polidipsia . Os níveis de vasopressina no plasma não são mensuráveis ou são inadequadamente baixos para a osmolalidade plasmática Causas . Ocorre principalmente por uma destruição na parte posterior da hipófise (local de armazenamento do ADH), que pode ocorrer por diversos fatores: tumores (adenomas hipofisários), traumas, infecções (tuberculose, sífilis), doenças autoimunes, fatores hereditários e complicações cirúrgicas Patogênese 1. Deficiência de ADH 2. Não há reabsorção de água do filtrado glomerular 3. Excreção de urina diluída em grande volume (poliúria) 4. Osmolaridade sanguínea alta (sangue concentrado pois falta água) 5. Aumento da sede (polidpsia) * Diminuição na quantidade de ADH circulante, por uma incapacidade de sintetizar e secretar o ADH em resposta a osmolalidade -> o filtrado glomerular diluído não passa pelo processo de concentração ao chegar no ducto coletor renal, levando a excreção de um grande volume de urina -> isso induz um aumento da osmolalidade sérica, gerando sede e polidpsia B) DI nefrogênico . É provocado por defeitos nos túbulos renais . Resulta da incapacidade de um rim responder à vasopressina (falha da resposta renal ao ADH) . O filtrado glomerular diluído que passa pelo ducto coletor é excretado como um grande volume de urina hipotônica, aumentando a osmolalidade plasmática, estimulando a sede e produzindo a polidipsia . Ao contrário do diabetes insípido central, as dosagens dos níveis plasmáticos de vasopressina encontram-se elevadas ou adequadas para a osmolalidade plasmática MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Causas . Pode ter origem congênita (90% são meninos com mutações no gene do receptor tipo 2 da vasopressina) ou adquirida (uso de medicamentos, insuficiência renal crônica, doenças císticas, nefropatias, anemia falciforme) . Em uma gestante o DI pode ocorrer devido a degradação rápida e excessiva de ADH por um aumento das vasopressinas placentárias causando poliúria e polidpsia no 3º semestre da gestação e/ou puerpério Patogênese 1. Há produção adequada de ADH 2. Os rins não respondem ao ADH 3. Não há reabsorção de água do filtrado glomerular 4. Excreção de urina diluída em grande volume (poliúria) 5. Osmolaridade sanguínea alta (sangue concentrado pois falta água) 6. Aumento da sede Quadro clínico Poliúria hipotônica . Caracteriza-se pela ingesta excessiva de água . Volume urinário > 3-18 l/d Polidipsia . É uma alteração compensatória á poliúria . Há uma predileção por água gelada . Ingesta hídrica > 100 ml/kg em 24h Hipernatremia e sinais de desidratação . Mais comum em pacientes com DI sem acesso a água Urina de coloração pálida e aquosa . Ocorre pela excreção de grandes volumes de urina hipotônica Diagnóstico 1. Anamnese e quadro clínico . Paciente com poliúria e polidipsia 2. Exames laboratoriais . Urina I = densidade urinária < 1010, osmolaridade urinária < 300mOs/kg e glicosúria negativa . Dosagem de ácido úrico plasmático = elevado (indicando DI de etiologia central) . Dosagem de ADH plasmático = baixo * O diagnóstico de diabetes insípido pode ser feito com segurança se o paciente apresentar osmolaridade plasmática elevada (>300 mOsm/l) e osmolalidade urinária inferior á do plasma (urina hipotônica) -> o que indica que os rins não estão sendo capazes de reter água para corrigir a hiperosmolaridade plasmática * Caso o que foi descrito acima não aconteça é indicado a realização de testes 3. Testes Teste de privação hídrica . Indicado quando paciente apresenta poliúria moderada . É realizado em ambiente hospitalar e o teste deve iniciar preferencialmente as 8h (opta-se por fazer o teste pela manha devido o risco de desidratação e/ou outras complicações relacionadas ao teste) . Durante o teste, a cada hora é feita a avaliação dos seguintes parâmetros: peso, FC, PA, Osm plasmática, Osm urinária, Na plasmático e volume urinário . O teste é interrompido quando: o paciente apresenta perda ponderal superior a 2% de seu peso; ou a osmolaridade plasmáticaatinge valores >300 mOsm/l; ou ocorre estabilização da osmolaridade urinária (variação < 30mOsm/ kg ou < 10%) em duas amostras consecutivas; ou dosagem de Na > 150mEq/l MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed . Quando o teste for interrompido administra- se 10mcg de DDAVP/desmopressina (análogo sintético do ADH) via nasal e é liberada a ingesta hídrica -> assim observa-se os parâmetros por algumas horas (essa técnica visa diferenciar os quadros neurogênicos e nefrogênicos de DI) . O teste é positivo (DI é confirmado) quando antes da administração de DDAVP o paciente continua com diurese hipotônica (mesmo na presença de depleção volumétrica e/ou hiperosmolaridade plasmática) 4. Exames de imagens . RNM de hipófise para confirmar etiologia do DI Tratamento • Objetiva manter a qualidade de vida do paciente com objetivo de manter a noite de sono adequada e realizações das atividades diárias com o mínimo de interrupções DI central . DDAVP via nasal (solução 10mc/dose ou spray 10mcg/puff), via oral (0,1 e 0,2 mg/dia) ou ampolas (4 mcg/ml) DI nefrogênico . Se completo: tratar as doenças de base, corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e suspender drogas potencialmente relacionadas ao comprometimento nefrogênico . Se parcial: altas doses de DDAVP + dieta hipossódica * O uso de diuréticos tiazídicos (ex: hidroclorotiazida) podem contribuir com o tratamento pois provocam a depleção de sódio e contração volumétrica, reduzindo o volume urinário através do aumento da reabsorção tubular proximal de filtrado glomerular * Amilorida é útil para reduzir a poliúria e pode ser especialmente benéfica em casos de diabetes insípido nefrogênico induzido pelo lítio (uma vez que o medicamento reduz a entrada do lítio nas células do túbulo distal) 2. Polidipsia primária - Caracteriza-se pela supressão de ADH por ingestão excessiva de líquidos - Também provoca polidpsia - Apesar de a função normal da hipófise ou do rim, os pacientes com este distúrbio compartilham muitas das características tanto do diabetes insípido central (ou seja, a secreção de vasopressina encontra-se suprimida como resultado da osmolalidade plasmática diminuída) quanto do diabetes insípido nefrogênico (a expressão da AQP2 renal encontra-se reduzida como resultado dos níveis plasmáticos suprimidos de vasopressina) MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed Causas . Psicogênicas: esquizofrenia, mania, distúrbio obsessivo compulsivo . Dipsogênicas: anomalia do controle osmorregulatório da sede (sede anormal) Patogênese 1. Excesso de líquidos 2. Diminuição da OMS pl/na 3. Diminuição da secreção de ADH Hipopituitarismo - Caracteriza-se pela deficiência de 1 ou mais hormônios hipofisários Etiologia • Disfunções da hipófise ou no hipotálamo que podem ser: Congênitas . Defeitos genéticos do hormônio hipofisário . Defeitos genéticos do receptor do hormônio hipofisário . Anencefalia . Aplasia hipofisária . Síndrome de Kalllmann Adquiridas (mais comuns) . Adenoma hipofisário -> principal causa . Craniofaringioma . Doenças vasculares/isquêmicas (síndrome de sheehan, vasculite) . Doenças infiltrativas/infecciosas (sarcoidose, meningite, tuberculose) . Doenças autoimunes (hipofisite linfocítica) Patogênese . Os adenomas hipofisários causam hipopituitarismo de várias e diferentes maneiras . Em alguns casos, ocorre destruição direta ou compressão da hipófise normal . A compressão do pedículo hipofisário pode comprometer o suprimento sanguíneo da hipófise, bem como reduzir o estímulo dos hormônios hipotalâmicos . A ocorrência de hemorragia dentro de tumores pode resultar em infarto da hipófise Manifestações clínicas • Varia de acordo com a deficiência hormonal: A) Deficiência de GH = atraso na velocidade de crescimento, baixa estatura, micropênis, implantação anômala de dentes, hipoglicemia, lipodistrofia abdominal, hipotrofia muscular, depressão B) Deficiência de ACTH (insuficiência adrenal secundária) = fraqueza, astenia, perda ponderal, hipotensão postural, náuseas e vômitos, diarreia, mialgia C) Deficiência de TSH (hipotireoidismo central ou secundário) = fraqueza, astenia, constipação intestinal, depressão D) Deficiência de LH e FSH (hipogonadismo hipogonadotrófico) = atraso puberal, amenorreia, diminuição da libido, hipotrofia testicular, infertilidade Diagnóstico • Através da avaliação de exames laboratoriais e testes de estímulos: Tratamento . Depende da natureza e da gravidade das deficiências hormonais, bem como dos objetivos clínicos finais almejados MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @junamed . Os objetivos são repor os hormônios de modo fisiológico, procurando evitar as consequências da reposição excessiva Hipogonadismo hipogonadotrófico Etiologia . Tumores selares (pode ocorrer em até 95% dos paciente, principalmente após realização de cirurgia ou radioterapia) . Hiperprolactinemia Manifestações clínicas • Dependem do momento da instalação do hipogonadismo (antes ou após a puberdade) Se após a puberdade: . Homens: perda de pelos corporais, redução volume testicular, disfunção sexual, queda da libido, alteração da massa óssea e muscular, alteração da eritropoiese . Mulheres: oligo ou amenorreia, infertilidade, secura vaginal, dispaurenia, osteoporose, aterosclerose prematura Tratamento • Objetivos: manter os caracteres secundários, restabelecimento da libido, melhora da disfunção sexual, induzir a fertilidade e prevenção de doenças como osteoporose e doenças cardiovasculares prematuras Homens . Terapia de reposição androgênica . Opções: cipionato de testosterona, pripionato de testosterona, undecanoato de testosterona, testosterona em gel (tópico). . Contraindicações: PSA elevado, câncer de próstata ou mama, hematócrito > 50%, Insuficiência cardíaca C classe funcional III e IV Mulheres . Terapia de reposição hormonal (TRH) . Opções: estrógenos (sintéticos e naturais) e progestógenos . Vias de administração: oral, transdérmico, implantes, tópicos vaginais. . Contraindicações: fenômenos tromboembólicos, câncer de mama, câncer de endométrio, cardiopatia grave, hepatopatias, sangramento uterino sem causa
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