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AULA 05 - DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

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AULA 05 – TRATADOS INTERNACIONAIS 
1. Planos de um tratado – existência, validade e eficácia:
No plano de existência, tal definição é objeto de estudo do Direito Internacional. Destarte, nenhum direito interno de Estado pode modificar o conceito de tratado.
No que tange aos planos de validade e eficácia, ocorre uma crise com o direito interno dos Estados. Um tratado só é válido ou inválido a luz do Direito Internacional, ou seja, são as normas internacionais que determinam a validade ou invalidade de um tratado. Supondo que o STF brasileiro declare inconstitucional determinado tratado internacional, isso não afeta a ordem internacional em virtude do compromisso entre os países. O tratado é válido de acordo com o Direito Internacional e não a ordem interna. Não cabe, portanto, um Estado, internamente, declarar a inconstitucionalidade de um tratado. 
Caso um Estado identifique uma incompatibilidade entre um tratado internacional e a sua ordem interna, deve esse Estado se retirar do acordo. 
É a inconstitucionalidade formal (competência para pactuar tratado) a única hipótese que a ordem internacional reconhece que o Estado possa se desvincular de um acordo. 
No plano da eficácia, cabe aos tribunais internacionais decidir a respeito dessa dimensão dos tratados. Isso coloca em cheque o instituto denominado Controle de convencionalidade, o qual vem sendo muito estudado recentemente no Brasil. 
Por controle de convencionalidade entende-se o mecanismo de direito internacional que permite a verificação da compatibilidade do direito interno com os tratados internacionais em vigor no país, notadamente os de direitos humanos, mas não somente eles, (...)
Thiago Borges considera o controle de convencionalidade inconclusivo, uma vez que a ordem internacional é a responsável por examinar a eficácia de certo tratado. Em síntese, os tratados, também no plano da eficácia, são regidos pelo Direito Internacional. 
O tratado pode ser feito em único, ou por dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denominação específica (art. 1º, a, Convenção de Viena). Portanto, não há um nome padrão para os tratados (tratado, convenção, pacto, carta, acordo, ato, protocolo...). 
Exemplos: Tratado de Assunção, Convenção de Viena, Pacto de San Jose da Costa Rica, Carta da ONU, Acordo de Paris, Ato Único Europeu, Protocolo de Kyoto...
2. Elementos de um tratado internacional:
· Partes: Estados soberanos (reconhecidos internacionalmente*) e organizações internacionais que apresentam personalidade internacional. Vale ressaltar que existem organizações internacionais que não apresentam personalidade internacional (CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). 
 (CPLP)
*Classificação dos países/Estados:
· Países amplamente reconhecidos – Ex: Brasil; 
· Países pouco reconhecidos – Ex: Taiwan; 
· Estados que sequer chegam a ser separados – Ex: Curdistão; 
· Agentes: Os Estados são representados pelo Chefe de Estado. Às vezes, o Chefe de Governo pode ter competências internacionais de acordo com a Constituição. Esses dois são os representantes mais comuns dos Estados. Contudo, o Ministro das Relações Exteriores também pode exercer tais funções (sujeitos plenipotenciários). 
O Chefe do órgão administrativo – mais conhecido como Secretário Geral – é o representante das organizações internacionais que participam de tratados. Possa ser, apesar de incomum, que uma organização tenha um presidente separado do Secretário Geral. 
· Objeto: Os mais diversos, mas tendem a se vincular a direitos humanos. 
· Forma: Positivação em forma escrita necessária para gerar vínculos jurídicos. 
· Manifestação de vontade: Assinatura + ratificação. Existem, embora raros, tratados monofásicos (que exigem somente a assinatura) – o que não é a regra. A assinatura de um tratado não gera para um Estado a obrigação de cumprir os termos do tratado. A assinatura de um tratado apresenta o sentido principal de afirmar a conclusão das negociações. Um Estado não pode frustrar o objeto e finalidade do tratado (art. 18, Convenção de Viena). 
Art. 18 – Convenção de Viena: Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, quando:
a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado; ou
b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada.
3. Pressupostos constitucionais do consentimento estatal (art. 84, VIII c/c art. 49, I CF/88) 
Art. 84 – CF: Compete privativamente ao Presidente da República:
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
O Presidente da República pode delegar tal competência presente no art. 84, VIII, CF, uma vez que o caput menciona-a como competência privativa e não exclusiva. 
Tratados, convenções e atos são sinônimos. O legislador brasileiro foi redundante na redação do inciso transcrito. 
Art. 49 – CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Compete ao Presidente da República (ou a algum delegatário) assinar e ratificar um tratado. O Poder Executivo negocia com os Estados e assina o texto. Assinado o tratado, se finda a negociação. Cada representante de Estado retorna ao seu país e inicia um processo através de mensagem do Executivo (ou mensagem presidencial) ao Congresso Nacional. Encaminha-se o tratado ao Congresso Nacional, solicitando deliberação e aprovação do texto. 
Se o tratado for um tratado comum, este precisará ser aprovado pelo mesmo quórum das leis ordinárias (maioria simples dos membros de cada casa). 
Se o tratado contiver matéria de Lei Complementar, como, por exemplo, em tratados tributários, o quórum é o mesmo de aprovação de projeto de Lei Complementar (maioria absoluta das duas casas legislativas). 
Se o tratado versar sobre direitos humanos, deve ser observado o parágrafo 3º do art. 5º, que estabelece que o tratado deve ser aprovado por quórum de Emenda Constitucional (3/5 do total de cada casa legislativa em dois turnos). 
No caso de não aprovação, o Legislativo informa ao Executivo, o qual deverá retirar a assinatura do tratado. 
Uma vez não aprovado o tratado, mesmo em outra legislatura, este não pode se submeter a outra votação. 
Os internacionalistas questionam se o Brasil poderia, diante dessas circunstâncias, iniciar um novo processo de adesão, ou seja, em outro momento histórico pedir adesão ao tratado. O país pode ter um interesse futuro que outrora não tinha. 
Caso aprovado, é publicado um Decreto Legislativo. A aprovação pelo Congresso do tratado, emitindo um Decreto Legislativo, não termina o processo. 
A ratificação do tratado é competência do Presidente da República e não do Congresso Nacional. 
Há uma contradição na CF/88 ao mencionar que o Congresso Nacional resolve definitivamente sobre tratados, uma vez que a palavra final compete ao Presidente da República. Thiago Borges enxerga aqui, também, uma desarmonia entre os poderes. 
A CF/88 não menciona prazo para a ratificação do tratado, o que permite, por exemplo, que um Presidente assine e outro ratifique (ou não) o tratado internacional. 
O tratado se finda com a prática de dois atos pelo Presidente da República:
· Ratificação;
· Publicação de um Decreto Presidencial (Ex: Decreto nº 7030/09). 
O Estado é obrigado a cumprir os pressupostos do tratado internacional desde a ratificação. 
4. Nulidade do tratado internacional:
A manifestação da vontade deve ser livre, sem vícios. 
Artigo 48
Erro 
1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em queo tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
O erro para ser invocado precisa ser substancial, isto é, determinante para pleitear a invalidade do consentimento. Ex: Um erro de interpretação de imagem de satélites, ao se constatar, posteriormente, que a mina se encontra em território de um terceiro que não participa do pacto mineral entre os Estados A e B.
Artigo 49
Dolo 
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
Artigo 50
Corrupção de Representante de um Estado 
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
 Ex: Tráfico de influência que macula a liberdade do representante de um Estado. 
As hipóteses citadas referem-se à nulidade relativa.
Artigo 51
Coação de Representante de um Estado 
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
Observa-se a menção à não produção de qualquer efeito na hipótese de coação contra o representante de um Estado (nulidade absoluta). 
Artigo 52
Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força 
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
Ex: Ameaça de uma bomba, do fechamento do espaço aéreo, de bloqueio comercial. 
Tal coação em relação a um Estado também promove a nulidade absoluta. 
Artigo 46
Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados 
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.
Nenhum Estado pode alegar o seu direito interno para descumprir um tratado internacional, a não ser que alegue uma norma do direito interno sobre competência. Ex: A pessoa que manifestou a vontade do Estado não tinha competência para tal (invalidade formal). 
Essa situação é rara, mas pode ocorrer, sobretudo em momentos de golpe de Estado. Ex: Venezuela – instabilidade política no que tange ao representante da Venezuela (Maduro x Guaidó). Estados reconhecem Maduro, outros, Guaidó. Desse modo, Maduro não é obrigado a cumprir tratados internacionais assinados por Guaidó. 
A cláusula pétrea se impõe como limite material ao poder de firmar tratados (como, por exemplo, direitos e garantias fundamentais). O ponto de vista que se dá ao artigo 46 é restritivo, não englobando a competência material, mas somente a formal. Os outros Estados não apresentam a obrigação de conhecer os limites materiais da competência de alguém (não manifesto). Todavia, a doutrina sugere a possibilidade, em determinadas ocasiões, de o Estado alegar a incompetência material para firmar acordos. 
Artigo 47
Restrições Específicas ao Poder de Manifestar o Consentimento de um Estado 
Se o poder conferido a um representante de manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um determinado tratado tiver sido objeto de restrição específica, o fato de o representante não respeitar a restrição não pode ser invocado como invalidando o consentimento expresso, a não ser que a restrição tenha sido notificada aos outros Estados negociadores antes da manifestação do consentimento.
Aqui há menção a uma pessoa com carta de plenos poderes (que não seja o Chefe de Estado nem de Governo). Se esse representante não tinha competência, por exemplo, para firmar tratados que envolvam ambientes. Caso este assine um tratado que envolva Direito Ambiental e os demais Estados sabiam da incompetência do agente para tal (violação manifesta), o Estado pode alegar a invalidade do ato. 
5. O plano da eficácia dos tratados internacionais: 
Artigo 26
Pacta sunt servanda 
Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.
Artigo 27
Direito Interno e Observância de Tratados 
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 
SEÇÃO 2
Aplicação de Tratados
Artigo 28
Irretroatividade de Tratados 
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, suas disposições não obrigam uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, em relação a essa parte.
Um tratado, como regra, só se aplica a fatos posteriores à sua entrada em vigor. A retroatividade só poderá ocorrer se os Estados concordarem expressamente com isso. 
No geral, o tratado se aplica a todo território nacional (Estados-membros + municípios). Pode acontecer, todavia, de um tratado ter aplicação somente em parte do território. Ex: O Brasil faz parte de um tratado que envolve a proteção da Bacia Amazônica e, neste tratado, há a previsão de que, em caso de ataque à região amazônica, os estados-partes devem se defender conjuntamente. Se o ataque se der na Bahia, outros Estados – como Peru, Colômbia, Suriname – não apresentam a obrigação de intervir e defender o estado-membro brasileiro, uma vez que a Bahia não integra a Amazônia. 
Em regra, os tratados produzem apenas efeitos entre as partes, mas a Convenção admite que, eventualmente, tratados criem obrigações para Estados terceiros. 
Artigo 35
Tratados que Criam Obrigações para Terceiros Estados 
Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.
Artigo 36
Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados 
1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente. 
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o trata
Ex: Cessação de fogo na península da Coreia. Estados Unidos e Rússia (terceiros e potências mundiais) poderiam se apresentar como garantidores da paz no território, desde que manifestem expressamente. 
6. Sucessão de tratados: 
Existe a possibilidade dos Estados assinarem um tratado sobre determinado assunto e, posteriormente venham a assinar diversos outros sobre tal questão. 
O tratado anterior permanece em vigor no que for compatível com o posterior. 
O tratado posterior prevalece em relação ao anterior, exceto nas partes mais específicas do anterior. O tratado anterior somente pode utilizado naquilo que for mais específico. 
Ex:
· CANADÁ, ALEMANHA e BRASIL assinam um tratado em 1954 sobre o tema X;
· ALEMANHA e BRASIL assinam um tratado em 2014 sobre o tema X; 
· Para relações envolvendo Brasil e Alemanha, aplica-se o tratado de 2014 como regra, e o de 1954 no que for mais específico;
· Para relações envolvendo Canadá e Alemanha, continua em vigor o tratado de 1954, visto que o Canadá não é signatário do tratadode 2014; 
7. Interpretação dos tratados:
Artigo 31
Regra Geral de Interpretação 
1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objeto e finalidade. 
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos: 
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; 
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado. 
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto: 
a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; 
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação; 
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. 
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. 
Preza-se, portanto, pela boa-fé objetiva entre os Estados. 
O tratado deve ser interpretado no sentido comum/usual e não figurado das palavras do tratado. 
Considera-se o tratado a luz do seu objeto e finalidade (geralmente encontrados no seu preâmbulo). 
Um tratado deve ser interpretado em seu contexto. A interpretação recai, desse modo, sobre o contexto. Daí a importância do parágrafo 2º do art. 31 da Convenção de Viena. 
O tratado é interpretado em um ambiente normativo mais complexo e não como uma norma isolada. O Brasil é signatário de diversos tratados, devendo, portanto, a interpretação ser analisada no contexto complexo-normativo em que os Estados estão envolvidos, ou seja, a ordem internacional. A ordem internacional apresenta integridade e as suas normas não são interpretadas isoladamente. 
Artigo 32
Meios Suplementares de Interpretação 
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31: 
a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou 
b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado.
Meios suplementares são outros critérios de interpretação – como trabalhos preparatórios e circunstâncias de conclusão (sem descartar outros). 
Trabalhos preparatórios são documentos trocados no momento de negociação. 
Circunstâncias de conclusão corresponde à necessidade de se examinar o contexto em que os Estados viviam no momento em que assinaram um tratado (se havia guerra, pandemia, tsunami, caos institucional, etc). 
Ademais, pode-se citar a analogia (equiparação a outros tratados). 
Os meios suplementares de interpretação servem para validar a interpretação com base no art. 31 (regra geral) ou determinar o sentido do tratado se a aplicação do art. 31 for insuficiente (falha da regra geral demonstra a importância de se incorporar os meios suplementares). 
Artigo 33
Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas 
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça um texto determinado. 
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem. 
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. 
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quando a comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos.
A própria Convenção de Viena (art. 85) admite que só há originalidade nos idiomas chinês, espanhol, francês, inglês ou russo. A versão em português não é oficial (trata-se de uma tradução realizada pelo Itamaraty), portanto, não pode ser utilizada em litígio internacional. 
Artigo 85
Textos Autênticos
O original da presente Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e russo fazem igualmente fé, será depositado junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 
Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assinados, devidamente autorizados por seus respectivos Governos, assinaram a presente Convenção.
Feita em Viena, aos vinte e três dias de maio de mil novecentos e sessenta e nove.
Conciliar os textos em línguas diferentes (art. 33, p. 4), para Thiago Borges, é muito complicado. Isso resultará possivelmente em um litígio internacional. Por isso faz-se profícuo dar eficácia ao disposto no art. 31 da Convenção de Viena.

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