Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolecência 1

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TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
UNIDADE 1
MARIANA RIBEIRO MANIGLIA
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO
Nesta unidade iremos abordar temas introdutórios à questão psiquiátrica infanto-juvenil. Desde questões históricas até a elaboração da entrevista de anamnese. 
UNIDADE 1 | OBJETIVOS
Possibilitar a análise crítica sobre o histórico da psiquiatria infantil.
Reconhecer as influências genéticas, ambientais e individuais nos transtornos psiquiátricos na infância e na adolescência.
Reconhecer e identificar questões concernentes à anamnese infantil.
Compreender as bases gerais dos transtornos do neurodesenvolvimento.
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Conceito de Infância
Mudança com a Revolução Industrial
Crianças de família proletária = trabalho
Crianças de família burguesa = educação
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
As doenças relacionadas à infância eram diagnosticadas e tratadas como na clínica adulta. 
Isso impedia que o conhecimento sobre a especificidade psicopatológica infanto-juvenil se tornasse autônomo e independente. 
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
As questões concernentes à infância começaram a ser levadas em consideração no campo teórico com os estudos de Sigmund Freud sobre “Neurose infantil”.
A obra “Os três ensaios sobre a sexualidade” introduziu fundamentos teóricos da clínica psiquiátrica infantil.
Sigmund Freud 
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Século XX
Estudos sobre o desenvolvimento infantil
Piaget = Maturação para aprendizagem.
Vygotzsky = Influência do contexto na aprendizagem.
Bowlby = Efeitos da privação materna.
Jean Piaget
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Introdução dos psicofármacos 
Descoberta dos psicoestimulantes no tratamento de crianças hipercinéticas
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Introdução de métodos não farmacológicos 
Mildred Creak iniciou um método para tratar as crianças através de jogos, de brincadeiras, de conversas, de terapia da linguagem, e de serviços sociais e educativos. 
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Em 1952 o Comitê de nomenclaturas e estatísticas da Associação Americana de Psiquiatria desenvolveu a primeira edição do “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais” (DSM) 
Descrição dos sintomas e das doenças mentais
HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Atualmente
Criança é considerada um ser em desenvolvimento e sujeito de direitos.
O Brasil possui uma política de atenção à saúde mental infantil, mas ainda está distante do ideal.
Concluindo
Partimos de uma concepção de infância que não tinha nenhuma atenção dos adultos, para uma priorização nos atendimentos infantis dentro do escopo da saúde. 
FATORES DE RISCO E ASPECTOS DETERMINANTES DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Saúde: “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades” (OMS)
Determinantes que influenciam a saúde
Condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais
Redes sociais e comunitárias
Estilo de vida dos indivíduos
Idade, sexo e fatores hereditários
Condições de vida e de trabalho
FATORES DE RISCO E ASPECTOS DETERMINANTES DA PSIQUIATRIA INFANTIL
Doença não tem somente causa orgânica. Interação mente-corpo. 
Modelo Biomédico
Modelo Biopsicossocial
Corpo humano era uma máquina. Doença era um defeito. Médico era o mecânico que consertava.
FATORES SOCIAIS, AMBIENTAIS E ECONÔMICOS
Condições socioeconômicas e ambientais que impactam o processo saúde-doença. 
Condições de emprego e de desemprego, de educação, de pobreza, de habitação, de falta de saneamento básico, de violência, de interação familiar, de cultura e de eventos estressores da vida diária. 
FATORES PSICOLÓGICOS
Incluem aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais do indivíduo. 
As crianças desenvolvem esses fatores na interação social, ou seja, o aspecto psicológico é subjacente aos aspectos socioeconômicos e ambientais.
Principais fatores de risco psicológicos
Dificuldades de aprendizagem, temperamento mal adaptativo, dificuldades cognitivas, falta de habilidades emocionais e negligência/superproteção.
FATORES BIOLÓGICOS
Os fatores biológicos advêm de condições orgânicas ou fisiológicas que por sua presença já proporcionam risco para o desenvolvimento saudável. 
Tendência genética, exposição a substâncias tóxicas, desnutrição, infecções, hipóxia neonatal, doenças metabólicas
TABELA DE FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO
	Domínio	Fatores de risco	Fatores de proteção
	Biológico	Exposição a substâncias tóxicas
Tendência genética
Trauma cerebral
Hipóxia neonatal
Infecção por HIV
Desnutrição	Desenvolvimento físico adequado para a idade
Boa saúde física
Bom funcionamento intelectual
	Psicológico	Transtornos de aprendizagem
Personalidade mal-adaptada
Abuso sexual, físico, emocional ou negligência
Temperamento difícil	Habilidade de aprender a partir de experiências
Boa autoestima
Habilidade de resolução de problemas
Habilidades sociais
	Social
Familiar	Cuidados inconsistentes
Conflitos familiares
Disciplina familiar pobre
Manejos familiares pobres
Morte de algum membro da família	Apego familiar
Oportunidades de envolvimentos familiares positivos
Recompensas pelo envolvimento familiar
	Social 
Escolar	Falha acadêmica
Falha escolar em prover um ambiente de aprendizagem apropriado 
 	Oportunidades de envolvimento na vida escolar
Reforço positivo da prática escolar 
Identificação com a escola 
	Social
Comunitária	Falha na eficácia da comunidade
Comunidade desorganizada
Descriminação e marginalização
Exposição à violência
Falha no senso de pertencimento
Transições (ex. rural para urbano)	Conexão com a comunidade
Oportunidades de lazer
Experiências culturais positivas
Modelos de papéis positivos
Recompensas pelo envolvimento comunitário
Conexão com organizações comunitárias, inclusive religiosas
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2005). 
FATORES DE PROTEÇÃO
Os fatores protetivos são essenciais para o desenvolvimento do indivíduo. 
Aspecto Psicológico
Aspecto Social
Autonomia, autoestima, habilidades emocionais, inteligência e afetividade
Redes de apoio comunitário, coesão familiar, ausência de negligência, suporte cultural, presença de um adulto com interesse pela criança e laços afetivos familiares
ANAMNESE INFANTIL
Anamnese é a entrevista inicial que o profissional faz para compreender melhor o histórico de vida, os fatores pessoais, familiares e ambientais, os fatos relevantes e os sintomas do paciente.
Aberta
Focada
Fechada
 TIPOS DE ENTREVISTA
Entrevista Aberta
O paciente ou o responsável fica à vontade para se expressar e falar o que sente. Num geral o entrevistador faz perguntas do tipo: O que você está sentindo? 
Entrevista Focada
O entrevistador faz perguntas específicas sobre um determinado sintoma, por exemplo: Qual perna dói mais?
Entrevista Fechada
O entrevistador limita a resposta do paciente, e completa questões que o paciente ainda não falou, por exemplo: A coluna dói quando anda ou parado?
 CONDUZINDO A ENTREVISTA
A anamnese objetiva estabelecer vínculo entre o entrevistador e o paciente ou responsável, e contribui para o Rapport.
Rapport é o estabelecimento de vínculo entre duas pessoas através da empatia e confiança.
CONDUZINDO A ENTREVISTA
Algumas habilidades são necessárias para uma boa condução da entrevista. 
Estabelecer uma relação de respeito.
Responder as perguntas do paciente de acordo com o seu nível de compreensão.
Ouvir atentamente. 
Investigação da queixa inicial
Tempo de duração da queixa.
“O que está acontecendo?”
“Qual seu problema?”
Tempo para contar a história. 
Foco na queixa principal.
 CONDUZINDO A ENTREVISTA
Local da entrevista
Confidencialidade e empatia
Privacidade
Pacientes ou responsáveis mal acomodados ou sem conforto não revelam detalhes e emoções profundas. 
 ESTRUTURA DA ANAMNESE
A anamnese deve coletar dados essenciais do paciente. 
A estrutura da anamnese pode ser construída pelo próprio profissional que levará em conta os aspectos relevantes a serem investigados na sua clientela. 
Exemplos de subtítulos:Identificação, História da Queixa, Desenvolvimento gestacional/Parto, Desenvolvimento Neuropsicomotor, Relações familiares, Habilidades Acadêmicas, Socialização, Comportamento, Atividades de vida diária, Histórico médico, dentre outros.
ESTRUTURA DA ANAMNESE
Dados básicos do paciente.
Nome completo, data de nascimento, sexo, nome dos pais ou responsável, escolaridade, nome da escola, endereço, telefone. 
Identificação
Dados sobre a gestação.
Acompanhamento pré-natal, se teve alguma indisposição física ou emocional, o parto foi a termo, ou prematuro ou atrasado, o tipo de parto (normal ou cesariana), quais as condições de saúde do bebê na hora do parto, o bebê foi amamentado, por quanto tempo?, fez uso de Leite materno ou artificial?
Investigação do desenvolvimento gestacional.
ESTRUTURA DA ANAMNESE
Marcos neurológicos e motores.
O bebê sentou? Engatinhou? Andou? Controle esfincteriano? O bebê prestava atenção em sons, na voz da mãe? Falou as primeiras palavras com quantos anos? E formação de frases? Existe troca de letras ou fonemas? Olhava para a mãe durante a amamentação? A criança imitava? Expressava emoções? Segue regras? Socializa com pares?
Desenvolvimento neuropsicomotor. 
Funcionalidade da criança.
A criança toma banho sozinha, troca de roupa, escova os dentes, usa o banheiro sozinho, amarra os sapatos.
Sabe usar o telefone, manipular dinheiro, preparar uma refeição simples (copo de leite com achocolatado), guardar as roupas, pedir uma refeição no restaurante. 
Atividades de vida diária. 
ESTRUTURA DA ANAMNESE
Desenvolvimento físico e biológico.
Tomou todas as vacinas? Fez alguma cirurgia? Como foi a dentição? Tem tiques? Alergia? Problemas respiratórios? Desmaios?, Convulsões? Faz algum acompanhamento médico? Faz uso de alguma medicação? Dorme bem? Dorme sozinho?
Histórico e estado de saúde da criança. 
Comportamento e expressão emocional.
A criança chora facilmente? É ansioso? Agressivo/irritado? Recusa auxílio? Tem resistência ao toque?, Se isola? Demonstra afeto?
A criança brinca, quais brincadeiras? Joga videogame? Assiste TV? Pratica esportes? Agride ou briga com frequência com os colegas?
Condições socioemocionais da criança.
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
O que é um Transtorno?
Transtorno mental é caracterizado pelo prejuízo na cognição, na regulação emocional ou no comportamento do indivíduo.
Esse prejuízo acarreta sofrimento ou incapacidade que afetam as atividades de vida diária, a vida social, a vida acadêmica e a vida profissional. 
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
O que são os Transtornos do Neurodesenvolvimento?
São caracterizados por um conjunto de transtornos que se manifestam no início do desenvolvimento humano.
São caracterizados por atraso ou prejuízo no desenvolvimento cerebral.
Quais são os Transtornos do Neurodesenvolvimento?
Deficiência Intelectual, Transtornos da comunicação, Transtorno do Espectro Autista, Transtorno do Déficit de Atenção e Hipertatividade, Transtornos Motores, Transtornos de Tique e Transtorno Específico da Aprendizagem (APA, 2014). 
 INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Deficiência Intelectual
A Deficiência Intelectual é caracterizada por déficits na capacidade mental que resulta em prejuízo funcional. Pode ocorrer por consequência de uma lesão ou no período do desenvolvimento.
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtornos da Comunicação 
Transtornos caracterizados pela falha ou pelo prejuízo na comunicação. 
Transtorno da linguagem, Transtorno da fala, Transtorno da comunicação social (pragmática) e Transtorno da fluência. 
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtorno do Espectro Autista (TEA) 
Caracterizado por déficit na comunicação e interação social e padrões repetitivos e restritos de comportamentos ou interesses. 
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) 
Caracterizado por prejuízos na atenção, na organização e hiperatividade/impulsividade.
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Transtornos Motores 
Caracterizado por prejuízos motores.
Incluem: Transtorno da coordenação, Transtorno do movimento estereotipado e Transtornos de Tique. 
Transtorno Específico da Aprendizagem 
Apresenta déficits específicos nas habilidades acadêmicas de leitura, escrita ou matemática. 
Geralmente esses déficits só são identificados no início da vida escolar. 
INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
O diagnóstico dos Transtornos do Neurodesenvolvimento deve seguir as especificações do DSM-V e pode ser auxiliado com o uso de escalas e de testes que oportunizam o diagnóstico diferencial. 
Obrigada!