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- -1 FISIOTERAPIA EM DOR CONCEITO DE DOR COMO EXPERIÊNCIA MULTIDIMENSIONAL - -2 Olá! A dor é um problema de saúde pública mundial, e o manejo de pacientes com dor exige uma parceria multidisciplinar integrada e atualizada. Não apenas a intervenção do fisioterapeuta. Não se pode, em nenhum momento, ignorar o sentimento dos pacientes, com as manifestações e percepções da dor, levando a comprometimentos psíquicos e sociais. A dor crônica já é relacionada a estados depressivos. Com esse quadro, os indivíduos se afastam de suas relações sociais. É o que veremos em nossa primeira aula. Bons estudos! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1- Entender o conceito de dor; 2- Identificar os fatores causais de dor; 3- Reconhecer o ser humano biopsicossocial e relacionar com a dor. 1 História da dor A dor é um tema muito frequente nos consultórios médicos, fisioterápicos e de outros profissionais de saúde. Dor e sofrimento têm sido praticamente sinônimos para a mente humana. Em sua opinião, o problema da dor é recente? ( ) Sim ( ) Não O problema acompanha o ser humano desde suas origens! As mais antigas revelações da existência do homem na Terra, conhecidas por meio de achados fósseis, pinturas em cavernas, e utensílios de sobrevivência, já traziam informações sobre a presença da dor. - -3 2 Mas o que o é a dor? A dor acontece quando o indivíduo é informado que sua integridade física, por meio de uma sensação desagradável, passa por algum tipo de perigo real ou potencial. Como neste exemplo: quando você encosta sua mão em algo quente, instantaneamente, você a retira, protegendo-se do estímulo nocivo, certo? 3 Definições de dor A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais ou descrita em termos de tais lesões. A dor é sempre subjetiva, e cada indivíduo aprende a utilizar este termo por meio de suas experiências”. Saiba mais A dor ao longo da História Na Pré-história, a dor era entendida como sendo causa de espíritos malignos, e o tratamento era feito por feiticeiros e curandeiros, que exorcizavam o doente, com uso de ervas, pedras e magias para auxiliar na cura. Na Antiguidade, a dor era entendida como uma forma de punição dos deuses ou demônios. A cura era feita pelos sacerdotes-médicos, que tratavam com plantas, lavagens, bandagens e imobilizações. Na China, nessa época, a dor era vista como uma causa do desequilíbrio de energias e tratada com terapia de acupuntura, moxabustão, exercícios físicos e regimes dietéticos. Durante a civilização grega, surgiram os primeiros médicos, que tratavam a dor com analgésicos derivados de plantas, com banhos quentes e frios e eletroterapia, utilizando peixes elétricos do rio Nilo. Na Idade Média, o conceito de atribuir à dor e à doença a culpa por transgressões às leis divinas foi reforçado. No Renascimento, houve a descoberta de novos métodos científicos de manejo dos doentes com dor. Chegando ao século XX, a dor passa a ser analisada sob o conceito interdisciplinar, surgindo assim as sociedades médicas para o estudo da dor. Fonte: http://www.ucs.br/site/midia/arquivos/15_Contextualizando_a_dor.pdf Obs.: Pode-se verificar que desde a Antiguidade os recursos físicos (banhos frios e quentes, mobilizações e eletroterapia) – usados pela Fisioterapia ainda nos dias de hoje - já eram utilizados como tratamentos para a dor. - -4 Associando a conceitos de BRENA e MERSKEY (subjetividade e parte psicológica), podemos entender a dor como “uma experiência subjetiva, aversiva, a um estímulo nocivo, externo ou interno, relacionada a uma lesão tecidual real ou potencial, e caracterizada por respostas voluntárias, reflexas e psicológicas”. 4 Dimensões da dor As definições propostas demonstram as várias dimensões da experiência da dor e que tanto aspectos físicos como emocionais devem ser avaliados no paciente. A dor não se pode “ver” e, devido a sua subjetividade, McCaffery e Beebe, em 1989, definiram que a dor “é o que o indivíduo que a sente diz ser e existe quando a pessoa que a sente diz existir”. A dor é como um alarme para o corpo: informa que algo machuca. Faz com que o indivíduo busque ajuda, ou seja, a dor mobiliza para a cura. Ela é um recurso de proteção dos animais contra o dano físico iminente, bem como a recuperação do dano já existente. 5 Mecanismos orgânicos da dor O corpo humano possui mecanismos orgânicos contra a dor. Conheça agora esses dispositivos: Dano iminente Os mecanismos orgânicos da dor contra o dano iminente são percebidos na pele e nas partes osteomioarticulares, como uma queimadura, uma entorse ou uma lesão muscular no futebol. Dano já existente Os dispositivos da dor do dano já existente estão situados, além das partes já citadas, também nas cavidades abdominal, torácica e cefálica, como um tumor ou um processo inflamatório.Esta modalidade de dor tem a função de levar o organismo ao repouso, ou mais especificamente, à postura propícia para o reparo do dano. - -5 6 Dor aguda e dor crônica Enquanto a dor aguda é um sintoma de alguma doença, a dor crônica é uma doença propriamente dita, sendo nociva e independente do estímulo que a gerou. Quando se fala em dor, a tendência é associá-la a um fenômeno neurofisiológico. Mas não podemos esquecer que o indivíduo é um ser biopsicossocial. Por isso, a dor pode se apresentar clinicamente de diversas maneiras e associada a múltiplos sintomas, como foi explicado no início da aula. Discutiremos com maior abrangência dor aguda e crônica em nossa terceira aula. Mas agora, veja a diferença na reação de cada indivíduo quando se machuca: • Dói Sábia é a criança, que quando percebe a dor, diz: “dói”; e preventivamente restringe seus movimentos para dar o repouso necessário para sua recuperação. • Acho que não aconteceu nada Os pacientes adultos não se apercebem disso e verifica-se que não dão o repouso necessário para a recuperação do tecido. É comum vê-los fazendo o movimento que leva à dor, dizendo: “Deixa eu ver se melhorou”. 7 Sinal vital A dor é um sintoma e uma das causas mais frequentes da procura por auxílio médico. Alguns autores já afirmam que ela deveria ser considerada como um sinal vital, devido à sua importância. A necessidade de a dor ser reconhecida como o 5° sinal vital foi citada pela primeira vez em 1996 pelo Presidente da Sociedade Americana de Dor, James Campbell. Fique ligado Embora o repouso temporário e o comportamento de proteção como resposta à dor subaguda possam trazer benefícios, a dor persistente pode levar a um estado de depressão. • • - -6 Seu objetivo foi elevar a conscientização entre os profissionais de saúde sobre o tratamento da dor. Campbell (1996) afirma que “se a dor fosse aliviada com o mesmo zelo que os outros sinais vitais, haveria uma melhor chance de promover o tratamento adequado”. No entanto, é difícil promover um tratamento adequado, devido à subjetividade da dor, à sua multicausalidade (múltiplas causas) e às experiências multidimensionais. 8 Aspectos da dor A dor é mais que um fenômeno físico e nem sempre os aspectos psicológicos, sociais e espirituais são considerados. É fundamental o conhecimento do conceito de dor total sob quatro aspectos: Somático • Neoplasias (relacionadas à doença e ao tratamento) • Lesões iatrogênicas - -7 • Patologia preexistente Psicológico • Ansiedade • Medo • Depressão • Sentimentos de culpa Social • Relacionamentos familiares (cuidados e sexualidade) • Medo de dependências • Relacionamento com amigos • Problemas financeiros Espiritual Problemas relacionados com morte, liberdade e amor Na próxima aula, nós aprofundaremos nossos estudos sobre a dor, entendendo como ela se processa no corpo humano. Antes disso, clique no livro ao lado e saiba mais sobre a tolerância a dor. Até lá! 9 Tolerância à dor A tolerância à dor difere consideravelmente de uma pessoa para outra. Umas sentemuma dor intolerável com um pequeno corte ou pancada, enquanto outras tolerarão um traumatismo maior ou uma ferida por arma branca quase sem se queixar. Fique ligado Esse conhecimento é fundamental para um fisioterapeuta e seus futuros atendimentos, pois nos possibilita avaliar e reavaliar a dor com atenção (veremos avaliação na aula 4), nos possibilitando enxergar as intercorrências psicológicas, sociais e espirituais junto ao paciente. - -8 A capacidade para suportar a dor varia segundo o estado de ânimo, a personalidade, a cultura, suas experiências e as circunstâncias. É possível que um atleta em particular não se aperceba de uma lesão grave ocorrida em momentos de excitação durante a competição. Porém, depois do jogo notará, especialmente se sua equipe foi derrotada. MENEZES, Renaud Alves. Síndromes Dolorosas- Diagnostico -Terapêutica Saúde Física e Mental. Ed. Revinter. 1999. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • A anatomia e fisiologia da dor; • O processo de desencadeamento da dor; • A considerável integração da nocicepção nos tecidos e no SNC CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Aprendeu o conceito de dor e, nessas definições, verificou as várias dimensões da experiência da dor; • Compreendeu a relação do ser humano – um ser biopsicossocial – com a dor; • Verificou que tanto aspectos físicos como emocionais devem ser avaliados no paciente em atendimentos de fisioterapia. Saiba mais • Visite a página da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Lá você tem acesso a revistas de pesquisa sobre dor, artigos sobre o tema e informações para profissionais e para o público em geral: Clique . Acesso em 13 mar. 2013.aqui • Assista à entrevista sobre dor no Programa do Jô: Clique . Acesso em 13 aqui mar. 2013. • • • • • • • • - -9 Referências HEADLEY, Barbara J. Dor crônica. In: O`SULLIVAN, Susan B.; SCHMITZ, Thomaz J. : avaliação eFisioterapia tratamento. 5. Ed. São Paulo: Manole, 2010. NAIME, Fauzia F. . 2. Ed. São Paulo: Manole, 2009.Manual de tratamento da dor
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