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RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA TUTORIA FECHAMENTO 2 OBJETIVO 1: Discutir os erros médicos e compreender suas consequências legais, éticas e administrativas (CRM/CFM) O erro médico é considerado a falha do médico no exercício da profissão. É a conduta profissional inadequada que supõe uma inobservância técnica, capaz de produzir um dano à saúde de outrem, caracterizada por imperícia, imprudência ou negligência. Acidente imprevisível: resultado lesivo à integridade física ou psíquica do pcte devido ao ato médico, devido a caso fortuito ou força maior (fato/ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera consequências inevitáveis). Mal incontrolável: decorre de uma situação grave e de curso inevitável, ou seja, aquele resultado danoso proveniente de sua própria evolução, em que as condições atuais da ciência ainda não oferecem solução. O médico tem com o pcte “obrigação de meios” em vez de uma obrigação de resultados. Ele assume o compromisso de prestar meios adequados, de agir com diligência e de usar seus conhecimentos na busca de um êxito favorável, o qual nem sempre é certo. Deste modo, nem todo mal resultado é erro médico. Mas o que causa o erro? - Banalização dos casos: achar que já viu de tudo na carreira, e que todos os pctes são iguais aos já atendidos. A perda de individualização gera desatenção aos detalhes. - Excesso de vaidade: faz com que o médico não acredite que o erro possa estar próximo a ele. - Excesso de trabalho e de pacientes: como, em geral, estes médicos são referências, a procura por eles e a cobrança são tão grandes, que o estresse gera a perda de foco e dedicação insuficiente aos pacientes. O erro pode ser de ordem pessoal ou estrutural. É pessoal quando se deu por ação ou omissão, por despreparo técnico ou intelectual, devido às condições físicas e emocionais do médico. Pode também ser procedente de falhas estruturais, quando os meios e as condições de trabalho são insuficientes ou ineficientes. IATROGENIA: o termo originalmente referia-se a toda ação médica, seja benéfica ou prejudicial. Na prática, refere-se a doença, efeitos adversos ou complicações resultantes de palavras, ações de drogas ou intervenções médicas, podendo ou não ser de responsabilidade (princípio da culpa) ou não do médico. Agindo o profissional com prudência, utilizando-se das técnicas recomendadas e efetuando o procedimento mais indicado, as seqüelas resultantes não são de responsabilidade do médico, pois são lesões previsíveis, mas inevitáveis (não ocorrendo por equívoco, descuido ou ignorância). RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA Há 3 tipos de iatrogenia: - Lesões previsíveis e esperadas: cirurgias mutiladoras, como no caso de CA de mama (mastectomia), amputações de membros, como no caso de diabetes. - Lesões previsíveis, porém, inesperadas (devido ao perigo existente em qualquer procedimento médico): reações alérgicas aos medicamentos ou contrastes radiológicos. - Lesões imprevisíveis e inesperadas (= erro médico), decorrentes da falha no exercício da profissão, estando sujeitas à responsabilização legal do médico: confusão entre veias em uma cirurgia de varizes, levando a gangrena. TIPOS DE ERRO MÉDICO: NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA, IMPRUDÊNCIA Imprudência: falta de cautela, descuido, é ato comissivo (contrário de omissivo). Os atos são caracterizados pela intempestividade, precipitação, insensatez, falta de base científica. Ex.: intervenções cirúrgicas arriscadas, doses exageradas de medicamentos, consulta por telefone, uso de medicamentos sem evidências científicas, resultado danoso de uma cirurgia por abandono de técnica conhecida. Negligência: ato omisso, falta de cuidado, diligência, capaz de caracterizar responsabilidade por culpa. - Abandono do doente: uma vez estabelecida a relação médico-paciente, há obrigação da continuidade de tto. - Omissão de tto ou retardo no encaminhamento (para uma cirurgia de urgência como apendicite, p.e). - Negligência de um médico pela omissão de outro = “negligência vicariante”. Ex.: médico deixa plantão, e seu substituto atrasa. Os dois são considerados negligentes pelo CEM. - Erro médico por estudantes de Medicina: responsabilidade do preceptor, superior hierárquico ou da instituição. - Erro por pessoal técnico que executa ato médico a mando do profissional ou da instituição. Ex.: autorização dada à enfermeira para realizar paracentese, gerando danos ao doente. A responsabilidade é do médico ou da instituição. - Receita com letra ilegível, com risco do paciente tomar medicamento errado: imprudência por parte do farmacêutico (por fornecer medicamento não sabendo do que se tratava) e negligência do médico. - Negligência hospitalar: rejeitar internação de um pcte em perigo de vida, lesões durante a internação (traumatismo por queda ou erros na administração de fármacos), infecção hospitalar. - Esquecimento de corpo estranho em cirurgia: ocorre com a maioria dos profissionais! Só é considerado erro em situações repetidas com mesmo profissional. Tem implicação letal menor que outros acidentes em cirurgia e anestesia. - Negligência dos centros complementares de diagnóstico: resultado incorreto por erros ou falhas humanas, capazes de comprometer o diagnóstico e a terapêutica. Obrigação de resultados, e não de meios! Imperícia: incompetência, inexperiência, desconhecimento, ignorância, falta de habilidade na profissão. O médico habilitado (profissional e legalmente) não pode ser considerado imperito. O título é uma prova inconteste de uma habilidade legalizada, pois lhe confere o livre exercício da profissão. RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA RESPONSABILIDADE MÉDICA: é a obrigação de ordem civil, penal ou administrativa a que estão sujeitos os médicos, quando de um resultado lesivo ao paciente, por imprudência, imperícia ou negligência. Fundamenta-se no princípio da culpa, em que o agente dá causa a um dano, sem o devido cuidado a que normalmente está obrigado. Procede culposamente quem age sem a necessária precaução, julgando que o dano não se dará. Quanto maior a previsibilidade de resultado danoso, maior o grau de culpa. O erro médico pode ser julgado sob duas formas de responsabilidade: a legal e a moral. A responsabilidade legal é atribuída pelos tribunais, podendo comportar ações civis (que tendem à reparação) e penais (que tendem à punição). A responsabilidade moral é de competência do CRM, através de processos ético-disciplinares. RESPONSABILIDADE CIVIL: é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado. A obrigação de indenizar surgirá no momento da ocorrência de quatro pressupostos: 1 – do dano – prejuízo; 2 – o ato ilícito, ou ato que configure risco; 3 – o nexo causal entre os dois pressupostos anteriores; 4 – imprudência, imperícia ou negligência. Para a caracterização da culpa médica, basta a simples voluntariedade de conduta, sendo, portanto, a intenção desnecessária. A indenização independe da culpa! Código Civil: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado a repará- lo. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa (teoria objetiva). No caso de homicídio, a indenização consiste no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família. No caso de dano à saúde, a indenização deverá cobrir as despesas do tratamento até ao fim da convalescença. Se houver lesão que limite o exercício da profissão, a indenização, além das despesas do tratamento, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para quem se inabilitou. A responsabilidade civil gira em torno de duas teorias: - Subjetiva: fundamenta-se na culpa. Há responsabilidadedo médico quando existe culpa, dano e nexo causal. - Objetiva: o responsável pelo dano indenizará simplesmente por existir um prejuízo, não precisando haver culpa, bastando a relação de causa entre o ato e o dano para obrigar a reparação. Em caso de culpa concorrente (do médico e pcte), cada uma das partes vai responder por parcela da culpa. Nesse caso, se o paciente contribuiu para a produção do evento danoso, o dever do médico de indenizar pode diminuir. Ex.: paciente não segue as orientações médicas ou omite ao médico informações importantes. O médico está liberado da responsabilidade civil se houver dano devido a força maior (fato natural, superior às forças humanas, não sendo possível ao ser humano evitar sua ação e consequências) ou caso fortuito (fato que decorre da conduta humana, tendo como característica não poder ser previsto e evitado). O médico tem obrigação de meios e não de resultado, ou seja, não se obriga a curar, mas a atuar em conformidade com os métodos da profissão. P.e, a não-obtenção do diagnóstico correto apenas demonstra que o resultado esperado não foi alcançado. Mas se o profissional, na busca do diagnóstico, utilizou-se de todos os meios recomendados e que as condições de trabalho lhe proporcionam, não há que RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA se falar em culpa profissional. Já na obrigação de resultado, o médico fica obrigado a alcançar o fim específico a que se propôs; é o que ocorre, por exemplo, na cirurgia plástica, anestesiologia, cirurgia refrativa para correção de miopia e radiologia. Para comprovação do erro médico, usam-se os prontuários, fichas de anotações médicas, testemunhas, etc. RESPONSABILIDADE PENAL: o código penal considera crime doloso aquele onde o agente tem a intenção de produzir resultado (dolo direto), ou aqueles onde o agente apesar de não pretender o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo (dolo eventual). Crime culposo, por outro lado, consubstancia-se naquele onde o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. A negligência pode acarretar uma pena de 1 a 3 anos de prisão; a omissão de notificação de doença tem pena de 6 meses a 2 anos; a violação de segredo profissional tem pena de 3 meses a 1 ano; o aborto é punido com prisão de 1 a 3 anos, exceto quando autorizado judicialmente; já o estupro e o atentado violento ao pudor, que implicam a realização de qualquer ato sexual sem o devido consentimento, geram penas de 6 a 10 anos. E milhares de outros crimes previstos em lei. ATENÇÃO! Os processos civis, penais e ético-profissionais ocorrem de maneira independente. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA (CEM) A responsabilidade do médico não é presumida! Tem de ser provada para que ele possa ser penalizado. “É vedado praticar atos danosos ao pcte que possam ser caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência”. O conselho federal e os conselhos regionais de medicina são órgãos supervisores da ética profissional, e ao mesmo tempo são julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar pelo desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão. Ao receber uma denúncia, o CRM inicia a investigação por meio de sindicância, que pode ser arquivada ou se transformar em processo ético-profissional. Uma sindicância transforma-se em processo ético-profissional somente após aprovação do parecer conclusivo pela Plenária do CRM. As penas disciplinares previstas são: (I) Advertência confidencial, em aviso reservado; (II) Censura confidencial, em aviso reservado; (III) Censura pública em publicação oficial; (IV) Suspensão do exercício profissional até 30 dias; (V) Cassação do exercício profissional. De acordo com o CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), as especialidades que mais geraram processos no período de 2012 a 2015 são Ginecologia e Obstetrícia (1ª), Cirurgia Plástica (2ª) e Clínica Médica (3ª). Os erros médicos mais comuns são: Análise equivocada de exames de imagem; Cirurgia em membro ou órgão errado; Remoção do órgão errado; Realização de cirurgias desnecessárias; Omissão de tratamentos; Garantia de resultados em procedimentos estéticos; Falta de esclarecimento sobre os procedimentos médicos a serem adotados; RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA Paciente encaminhado para cirurgia no lugar de outro; Demora no atendimento de gestante. OBJETIVO 2: Analisar os conceitos de Bioética dentro da ética médica para os médicos e os acadêmicos nas diversas situações Prontuário (prontuarium = “despensa, armário”) é “documento constituído por informações, sinais e imagens registrados sobre a saúde do paciente e a assistência prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”. Responsáveis pelo prontuário: médico assistente e demais profissionais que compartilham do atendimento. A expressão “prontuário médico” é ambígua: parece que o prontuário é do médico ou é usado só por médicos, podendo desencorajar profissionais não-médicos de aí fazer suas observações. Os dados do prontuário pertencem ao paciente e à instituição que o assiste. Funções: - Em intercorrências que exijam intervenção de plantonistas, que ficarão cientes da evolução do quadro. - Forma de ligação e de comunicação entre os setores assistenciais. - Atendimento e tto mais rápido e eficiente. - Simplifica ou dispensa interrogatórios e exames complementares já realizados, com redução do custo de atendimento e do tempo de permanência hospitalar. - Facilita o trabalho na elaboração da diagnóstico e instituição do tto. - P/ o médico, é defesa legal como provas em processos nos CRM e tribunais de Justiça. É o documento de maior valor jurídico para defesa ou acusação. Nos processos contra médicos, o acusador, geralmente o paciente, deverá comprovar que o médico agiu com imprudência, negligência ou imperícia. Podem colher as provas que negam a responsabilidade do médico sobre o fato em casos de registros omitidos ou irregulares, o médico pode perder a possibilidade de comprovação de seus atos. Nesse caso, as alegações do paciente passam a ter mais validade judicial que a memória do médico. Quando requisitado judicialmente, o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz. - Possibilita ao médico-legista a emissão de pareceres periciais com mais segurança. - Demonstra o padrão de atendimento oferecido, pela análise dos resultados. - Ferramenta essencial em sindicâncias administrativas, éticas, judiciais e processos nos conselhos de classe. - Fornece dados estatísticos p/ o médico e instituição, além de possibilitar investigações epidemiológicas de interesse para a comunidade, ensino e pesquisa. - Permite formar indicadores sobre mortalidade, morbidade, prevalência e incidência de morbidades. - Dá elementos p/ auditorias concernentes a seguros de saúde, cooperativas médicas, medicina de grupo, entidades convenentes de assistência médica. - Para a equipe assistencial, permite mais interação entre os profissionais que acompanham o paciente por ser instrumento de comunicação. É importante e obrigatório haver nas instituições de assistência à saúde uma Comissão de Revisão de Prontuário, p/ garantir a qualidade e ética das informações registradas no atendimento. Pode ser composta de médicos e não-médicos pertencentes ao estabelecimento. RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA Cabe a essa comissão: - Verificar identificação do paciente, endereço, nome completo, data do nascimento, sexo, nome da mãe, etc. - Avaliar anamnese, exame físico, HD, resultados de exames, diagnóstico definitivo, tto, prescrições, etc. - Conferir anotações diárias sobre evolução do pcte, procedimentos realizados, profissionaisque os realizaram. - Verificar a legibilidade da letra dos profissionais nas anotações, assim como assinatura e CRM. - Conferir se os prontuários de consultas ambulatoriais foram preenchidos e se o número confere com o de consultas agendadas. - Orientar a ordenação dos formulários, fichas e páginas no prontuário - Orientar (e não, fiscalizar) a atuação dos profissionais! - Convocar profissionais para esclarecimentos sobre seus registros no prontuário. É necessário estabelecer um Serviço de Prontuário, que irá assessorar a comissão de prontuário e guardar sigilo. É composto por: (1) Setor de Registro: elaboração inicial do prontuário com a tomada de dados de identificação do paciente no seu preparo para a 1ª consulta. A instituição pode exigir a apresentação de documentos p/ abertura do prontuário (identidade, CPF etc). O pcte recebe um nº de registro que será dado ao prontuário e demais fichas e requisições. (2) Setor de Documentação: análise dos componentes do prontuário, para que este se torne completo e assegure que esteja de acordo com os padrões estabelecidos pela administração e comissão de prontuário. (3) Setor de Arquivamento: responsável por preservação do prontuário, controle de entrada e saída deste, conferição e ordenamento dos formulários. Importante p/ segurança, conhecimento, pesquisas. O estabelecimento é o proprietário dos prontuários, devendo prover a disponibilidade das informações quando forem objeto de necessidade de ordem médica, social, administrativa, jurídica e do próprio paciente. Os prontuários de consultórios particulares ficarão sob os cuidados do médico responsável em arquivo particular. Em caso de seu falecimento e de não haver herdeiro profissional, esses documentos serão incinerados por pessoa que conviveu diariamente com o facultativo – secretária ou pessoa da família. Pesquisas em prontuários: o setor de arquivo deve funcionar 24 horas/dia, em local silencioso, bem iluminado, com funcionários p/ o controle de fornecimento, guarda e registro de movimentação dos prontuários utilizados. É infração grave retirar prontuários do arquivo e não devolvê-los por perda ou estragos. O médico será responsabilizado eticamente como negligente. Por quanto tempo? os documentos de papel devem ser arquivados por pelo menos 20 anos, a partir da data do último registro. Nos casos de hospitais-maternidade, os prontuários de parto serão arquivados por 18 anos. ATENÇÃO! Pelo Código Civil => 3 anos. Findo o prazo, poderá ser substituído por outros métodos de registro que possam restaurar as informações nele contidas => arquivados eletronicamente em meio óptico, magnético ou microfilmado p/ manutenção permanente. A microfilmagem (“arquivo paralelo”) dificulta pesquisas, mas dura cerca de cem anos e pode ser refilmada. Tendo em vista o valor dos prontuários p/ o ensino e pesquisa, sua extinção é RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA crime e configura perda patrimonial irrecuperável. ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS “O que não está escrito no prontuário não aconteceu”. Deve-se anotar as dificuldades no atendimento, seja pelademora com que a medicação é feita, pelo plantão tumultuado; a falta de condições hospitalares, a ausência de infraestrutura, a privação de material apropriado para procedimentos, etc. Rasuras comprometem o valor legal. Em casos de retificações, deve-se escrever entre parênteses indicações como “sem efeito”, “digo”, e, a seguir, escrever a correção. Código Penal: a anotação incorreta, incompleta ou falseada no prontuário pode caracterizar falsidade ideológica. Omitir declaração que devia constar no prontuário ou inserir declaração falsa, com o fim de prejudicar, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pena – reclusão de 1 a 5 anos, e multa. Código Civil: ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato a cujo respeito por profissão deva guardar segredo. CEM: é infração à ética não anotar, no prontuário, todos os procedimentos decorrentes da assistência ao doente. Preenchimento: é fundamental que todos os profissionais que lidam com o enfermo façam as anotações metodicamente no prontuário. Legibilidade: o prontuário é um elo entre os profissionais da equipe assistencial. Recomenda- se que a linguagem seja clara, concisa, sem códigos pessoais, sem excesso de siglas. As anotações precisam ser legíveis. Em caso de ilegibilidade, a responsabilidade pelos danos (por uso errado de drogas) é do médico prescritor, por negligência, do balconista ou do farmacêutico, por imprudência, por fornecer produto cuja prescrição não era clara Erros gramaticais: podem ser motivo de críticas e incompreensões por ambigüidades, obscuridades, prolixidades, omissões, equívocos. O PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PCTE (PEP) Prontuário de papel: não sai do ar, pode ser carregado com facilidade, não requer treinamentos p/ uso. PEP: pode facilitar o preenchimento do prontuário manuscrito e até substituí-lo. - Evita o problema da ilegibilidade. - Rápido acesso, disponibilidade a longo intervalo de tempo. - Integração com outros sistemas de informação e processamento contínuo dos dados. - Permitir a busca coletiva, a pesquisa e as análises estatísticas. - Dispensam formulários impressos. - Podem ser arquivados no computador para revisões e pesquisas. - Podem ser impressos em folhas padronizadas. - Possibilitam veiculação pela Internet. Desvantagens: necessidade de grandes investimentos de hardware, softwares e treinamento; resistência dos profissionais da saúde ao uso de sistemas informatizados; falhas técnicas do sistema ou no serviço de manutenção dos aparelhos; necessidade de senhas para segurança; a manutenção do sigilo profissional deverá ser observado pelos técnicos da manutenção do sistema. Deve ser feita cópia de segurança, pelo menos a cada 24 horas, e seja garantido o sigilo profissional. Deve haver dispositivos que impeçam a reformulações posteriores dos escritos, evitando fraudes. Prontuário apenas virtual não é permitido, já que é obrigatória a assinatura do médico. É necessário criar medidas de segurança p/ que assinaturas obtidas por meio de scanners não sejam tomadas como originais. RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA O CFM deverá certificar tecnicamente os programas instalados, que devem obedecer às normas de armazenamento de dados e segurança dos arquivos. O PEP deve ser controlado por Gerenciamento eletrônico de documentos - GED, que possua, minimamente: a) Base de dados adequada para o armazenamento dos arquivos digitalizados; b) Indexação que permita criar um arquivo organizado, possibilitando a pesquisa de maneira simples e eficiente; c) Obediência aos requisitos do "Nível de garantia de segurança 2”. Não autorizar a eliminação do papel quando da utilização somente do "Nível de garantia de segurança 1”. Acesso ao prontuário: o médico fornecerá cópia do prontuário se solicitada pelo pcte ou representante legal, que poderão apenas ter cópias do documento. O representante legal só existe em referência àqueles civilmente incapazes: menores de 16 anos; problemas mentais; surdos-mudos que não puderem expressar sua vontade. Doentes com distúrbios mentais têm direito ao acesso a seu prontuário, mas esse direito tem restrições, a critério médico, para evitar danos sérios ao próprio paciente ou resguardar a segurança de outros. Por meio de requerimento ou de recurso similar devidamente assinado, o paciente pode solicitar e obter cópia de seu prontuário e fazer dela o uso que julgar conveniente. Paciente falecido: com o óbito do paciente, o conteúdo do prontuário só será revelado por justa causa ou dever legal; se a requisição for feita por representante legal (pcte incapaz); ou se o pcte deixou expressa sua vontade. Atendimento sem prontuário: transgride o CEM e pode criar processo ético-profissional. Acadêmicos de medicina: devem receber instruçõessobre a elaboração do prontuário sob supervisão de seus orientadores tão logo tenham contato com o enfermo. É recomendável que o médico orientador também assine as anotações feitas no prontuário por estudantes como comprovação de sua assistência prestada ao doente e ao estudante, o que lhe será fundamental em casos de pendências judiciais e éticas. OBJETIVO 3: Compreender a classificação dos pacientes segundo o Protocolo de Manchester A triagem de paciente ocorre há muito tempo, desde os tempos antigos, no entanto o protocolo de Manchester teve origem na Inglaterra no ano de 1994, mas só foi inaugurado em 1997 na cidade de Manchester por isso o nome. Tem sido de grande ajuda na determinação do atendimento médico, pois é através dele que está sendo possível descongestionar as unidades e priorizar os casos mais emergentes. O profissional responsável pela triagem desses pacientes é o enfermeiro, e ele que têm o primeiro contato com o paciente, no qual realiza a coleta dos dados, sinais vitais, quando começou os sintomas, o grau de dor. Assim o profissional analisa as informações obtidas e determina a classificação do paciente que e representada pelas cores: azul, verde, amarela, laranja e vermelha, ou seja, de acordo com a cor que o paciente recebe ele será atendido imediatamente ou poderá ficar esperando até 240 minutos. Entre o protocolo de classificação existe um fluxograma onde o mesmo é baseado nas queixas, ou seja, sintomas dos pacientes, o que determina o estado, a gravidade dos RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA pacientes, portanto deve-se informar o paciente que não corre risco imediato, assim como a seus familiares, sobre o tempo provável de espera; A melhoria do acesso dos usuários, mudando a forma tradicional de entrada por filas e ordem de chegada. garantir o atendimento Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência imediato do usuário com grau de risco elevado; promover o trabalho em equipe por meio da avaliação contínua do processo; vermelho: para emergências, o paciente não pode esperar nenhum minuto; É nesta área que está a sala de emergência, para atendimento imediato dos pacientes com risco de morte, e a sala de procedimentos especiais invasivos; laranja: o atendimento é muito urgente, a espera não poderá ultrapassar 10 minutos; amarelo: o atendimento é urgente, mas o paciente pode aguardar por um período de até 50 minutos; Composta por uma sala de retaguarda para pacientes já estabilizados, porém que ainda requerem cuidados especiais (pacientes críticos ou semicríticos). Hoje, na maioria das vezes, esses pacientes permanecem na sala vermelha, criando dificuldades para o atendimento dos pacientes que chegam com risco de morte, assim como situações muito desagradáveis para os pacientes já estabilizados; verde: pouco urgente, pode aguardar por até 120 minutos ou ser encaminhado para outros serviços de saúde; Composta pelas salas de observação, que devem ser divididas por sexo (feminino e masculino) e idade (crianças e adultos), a depender da demanda. azul: não há urgência, o tempo de espera pode ser de até 240 minutos ou será encaminhado a outros serviços de saúde. É o eixo dos pacientes aparentemente não graves. O arranjo do espaço deve favorecer o acolhimento do cidadão e a classificação do grau de risco. Segundo Jairnilson Silva Paim em um artigo para a Universidade Federal da Bahia “Organização da atenção à saúde para a urgência/emergência” (1994” Uma emergência corresponde a um ‘processo com risco iminente de vida, diagnosticado e tratado nas primeiras horas após sua constatação’.2 Exige que o tratamento seja imediato diante da necessidade de manter funções vitais e evitar incapacidade ou complicações graves. Representa situações como choque, parada cardíaca e respiratória, hemorragia, traumatismo crânio-encefálico etc. Já a urgência significa ‘um processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de vida iminente’.3 Nesse caso há risco de evolução para complicações mais graves ou mesmo fatais, porém, não RESUMO ANNA CLARA SANTIAGO FRANÇA existe um risco iminente de vida. Representa situações como fraturas, feridas lácero-contusas sem grandes hemorragias, asma brônquica, transtornos psiquiátricos, etc Referências 1. Responsabilidade Civil no Erro Médico, Neri Tadeu Câmara Souza 2. Erro médico e iatrogenia: causa de exclusão da responsabilidade médica? Tula rodrigues, 2010 3. Direito Médico, Genival Veloso França, 2001 4. Livro Responsabilidade Médica, Jurandir Sebastião, 2001 1 - Prontuário médico do paciente - Guia para uso prático, CRM-DF, 2006. 2 – Resoluções – CFM. 3 – Documentos médicos, Leonardo da Silva Fabbro, 2010. 4 – Prontuário do pcte: o papel na defesa profissional do médico, Rev Soc Cardiol, 2005. 5 - Aspectos Éticos e de Segurança do PEP, II Jornada do Conhecimento e da Tecnologia. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA portal CFM – 2019
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