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Um Conto Sobre Acreditar

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Um Conto Sobre acreditar
Nanda estava terminando de limpar a casa, não notou que quando estava finalizando a dura faxina, a noite havia chegado, estava exausta cai no sofá pra recuperar um pouco das forças, a casa não era muito grande, mas estava pra ser limpa a semanas, e como Nanda era novata em morar sozinha foi um pouco difícil fazer tudo. Fazia um mês que estava sozinha na capital, e se sentia solitária, deixou sua amada mãe no interior pra tentar ingressar em uma boa faculdade e tentar dar uma vida melhor pra ela que já não aquentava mais a vida no campo, o dinheiro era curto e o trabalho era longo, mas Nanda nunca reclamou queria apenas que sua mãe tivesse uma velhice melhor.
Finalmente a casa, que era alugada, estava limpa, mas ainda não era o fim das tarefas a geladeira estava totalmente vazia, o seu dinheiro do mês era pouco, não daria pra comprar muita coisa só o essencial como feijão, arroz e um pouco de carne. A capital era bem diferente de sua cidadezinha do interior, cheia de carros, pessoas com pressa e sem educação, prédios altos e apavorantes, já tinha visto tudo isso pela televisão, mas estar realmente ali pela primeira vez era assustador pra ela, e sua timidez não ajudava nem um pouco, conhecia apenas uma pessoa, o senhor que alugou a pequena casa pra ela, era um antigo amigo de sua mãe.
- Oi menina! Já faz um tempo que te vejo passando por aqui, se mudou pro bairro? – O dono da banca de jornal abordou Nanda quando ela parou na frente olhando uma revista.
- Oi, sim senhor, me mudei no começo do mês. – ela respondeu timidamente.
- Sou Horácio, muito prazer, qual a sua graça?
- Nanda.
- Belo nome.
- Obrigado.
- Minha filha se chama Amanda, bem parecido.
- Verdade, foi minha mãe que escolheu.
-Diga-me Nanda está sozinha na cidade?
- Sim, vim me matricular na faculdade daqui.
- Que maravilha minha filha estuda lá, vou te apresentar ela um dia desses tomara que se tornei amigas.
- Que bom eu também gostaria. Desculpe mais eu tenho que ir ao supermercado e já está ficando tarde.
- Vá logo então querida, moças decentes não ficam na rua até tarde.
- Sim, com certeza.
- Além do mais a noite é sempre perigosa, antes tome esse folheto da igreja onde eu dou algumas palavras do Senhor.
- Eu não frequento igrejas, não acredito muito nelas.
- Que pecado querida, não faça isso consigo mesma, leve o folheto assim mesmo.
- Ok! Tchau até outro dia.
- Tchau querida.
Nanda seguiu o seu caminho até o supermercado, fez suas compras e voltou pra casa, a banca de jornal já tinha fechado. As poucas coisas que comprou deveriam durar o mês todo, ainda não tinha conseguido um emprego, mas na segunda-feira iria atrás de um novamente, precisava de qualquer um até mesmo um estágio, o dinheiro que sua mãe havia juntado no banco não iria durar pra sempre.
Já tinha passado das dez horas da noite quando Nanda deitou na sua cama e ligou o rádio pra escutar alguma musica, já que não tinha televisão, escutou diversas musicas até finalmente adormecer, não demorou muito e abriu os olhos novamente, escutou pequenos barulhos no seu telhado achou que era chuva e voltou a fechar os olhos, e abriu minutos depois e saltou da cama assustada, alguma coisa pesada tinha caído nos fundos da casa onde ficava a garagem do dono. 
Nanda olha pela janela e nota que alguma coisa tinha caído lá dentro, seu coração estava acelerado, pega a vassoura abre a porta dos fundos e caminha lentamente até lá. Havia um buraco no teto e não tinha caído uma gota de chuva como ela tinha pensado, a única coisa que ela encontrou no chão foram algumas penas brancas, ela puxa a alavanca pra porta da garagem levantar, o carro não estava lá, pois o dono da casa estava viajando, estava muito escuro, ela estava na entrada procurando a tomada pra ligar a luz, mas não achou, antes que desse um passo pra frente pra entrar escuta um gemido baixo, ela se apavora quando foi recuar uma mão segura o seu pé, apavorada ela cai no chão, um homem pula encima dela, seus olhos eram tão azuis quanto o oceano, um pedaço de telhado cai na sua cabeça e ela desmaia. 
- Ai! Minha cabeça. – quando Nanda acordou já estava dentro de casa novamente deitada na sua cama, por um momento achou que poderia ter sido apenas um sonho ruim, mas quando escutou barulhos na cozinha sabia que não estava sozinha. Levanta com todo o cuidado tentando não fazer barulho, escutou colocarem a panela encima do fogão, se aproximou se arrastando, pegou um livro que estava no chão pra tentar atirar na pessoa, mas quando estava a um passo da cozinha escutou uma voz que mais parecia um assobio.
- Eu sei que você está ai, não vou te machucar, venha vo fazer um chá, eu acho que sei fazer.
- Quem é você? Porque está dentro da minha casa?
- Eu preciso da sua ajuda. – a voz ficou mais suave, como se tivesse mudando a tonalidade. – Eu nunca falei com um humano antes, não sei qual tom de voz falar.
-Como assim?
- Venha, por favor, mas não se assuste com minha aparência.
Nanda deu um passo receosa, tremia da cabeça aos pés, o livro na sua mão parecia estar vivo tamanho era a tremedeira, quando colocou o corpo na cozinha seu coração parecia que ia sair pela boca, a primeira coisa que viu foram duas asas brancas enormes, em umas delas escorria um liquido dourado, as asas saiam das costas do homem em pé na frente do fogão, estava sem camisa e com apenas um pano na sua cintura.
- Quem é você?
- Gostei!
- Do que? – Nanda estava muito confusa.
- De perguntar quem eu sou e não o que eu sou, agradeço a sensibilidade.
- Você ainda não respondeu.
- Anjo, mas acho que você quando me viu, já sabia disso não é, apenas queria uma confirmação, mas vou ter que pular as explicações por que não temos tempo, você está em perigo Nanda, não temos muito tempo, a mesma criatura que me atacou está vindo te buscar, e é meu dever te proteger.
- Mas... mas porque eu? O que eu fiz?
- Essa criatura precisa da tua alma, tenho te protegido até hoje, mas agora ele vai te ataca diretamente, precisamos sobreviver até o amanhecer, ele só tem essa noite se não consegui vai voltar pro buraco da onde nunca deveria ter saído.
Aquelas palavras para Nanda pareciam tão surreais, senta na cadeira tentando assimilar tudo, estava com um anjo de verdade na cozinha da sua casa esperando uma criatura que queria a alma dela. Nanda não teve muito tempo pra divagação ou pra fazer mais perguntas, alguém estava batendo na porta. Houve um silêncio entre os dois durante os intervalos das batidas que foram insistentes e fortes.
- Quem é? – Nanda foi se aproximando da porta, mas o anjo segurou ela pelo braço.
- Sou eu Horácio, da banca de jornal, pai da Amanda, preciso falar contigo é urgente.
- Não é ele, essa criatura pode mudar de forma, mas não me engana. – o anjo se aproximou da porta. – Eu sei que é você criatura, volte pro seu buraco não há nada pra você aqui.
As luzes da casa se apagaram, a casa começou a tremer como se estivesse tendo um terremoto na cidade, as asas do anjo começaram a se iluminar clareando assim a casa, Nanda abraçou o anjo e foi envolvida em uma sensação de paz e tranquilidade, por alguns segundos esqueceu tudo o que estava acontecendo.
A porta parecia que estava sendo impactada por um baque estaca tamanha era força, a porta não ia durar muito tempo, e quando não aguentou mais foi destroçada em vários pedaços, o anjo a protegeu com suas asas enquanto observava Horácio um velhinho simpático como um demônio na sua frente, rosto completamente vermelho e pequenas saliências na testa, parecia feroz pronto pra matar.
O anjo bate as asas e faz uma ventania que impede o avanço do demônio, com as mãos empurra Nanda pra dentro do quarto.
- Nanda eu preciso que você acredite, acredite que tudo vai ficar bem, por que... – ele não teve tempo de terminar recebeu uma cadeirada nos peitos, ele quase cai no chão, mas suas asas impedem.
O demônio então pula no seu pescoço, a pele da criatura estava sendo rasgada parecia que sua monstruosidade queria sair pra fora, Nanda estava apavorada não sabia o que fazer,o anjo recebia diversos socos no rosto estava prestes a desmair, ele gira o corpo e faz com que suas asas acertem o demonio como facas afiadas, o demonio cai atras do sofá, o anjo rapidamente entra no quarto com Nanda e fecha a porta.
Por que isso está acontecendo? O que ele quer de mim?
Ele precisa da tua alma pra continuar nesse plano, uma alma pura como a tua é raro hoje em dia, e eu estou aqui pra te proteger, mas eu preciso que tu acredite que tudo vai dar certo isso me da forças, não fique pensando em ruins, isso vai fazer aquele monstro nos matar, ele se alimenta do seu medo.
O demônio se recuperou rapidamente e começou a bater na porta tentando abri-la enquanto o anjo e Nanda seguravam do outro lado. As asas do anjo voltam a ficar em volta de Nanda e aquela sensação de paz que tinha sentido um tempo atrás voltou, seu coração se encheu de esperança e vontade. Ela então abre a porta.
Vamos acabar com ele. - ela disse confiante.
O anjo parte pra cima do demônio com suas forças renovadas, o demônio recebeu o ataque certeiro e a luta foi feroz entre ambos, Nanda viu no horizonte que o sol já ia raiar e o demônio iria voltar pro seu buraco, mas apesar da força do anjo estava perdendo e prestes a dar o golpe final, Nanda corre em direção a eles, com uma trombada empurra o demônio pra longe, seu braço ficou ferido, o anjo então aproveitando o momento bater suas asas com força fazendo uma ventania empurrando o demônio pela janela a fora no exato momento que o sol surgiu no horizonte.
O esforço do anjo foi tanto que ele cai no chão sem forças, Nanda o segura nos braços.
-Eu acredito que você vai ficar bem e continuar me protegendo. - ela disse derramando algumas lágrimas, um feixe de luz do sol passa pela janela e ilumina o rosto do anjo que aos poucos começa a recuperar as suas forças.
-Obrigada por me ajudar a completar minha missão, me sinto honrado de ter lutado pra proteger um ser puro como você, e por favor sempre acredite. - o anjo se levanta olha pra Nanda pela última vez, bate suas asas e voa em direção ao sol desaparecendo logo em seguida.

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