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c l a u d i a b i t e n c o u r t e colaboradores gestão contemporânea de pessoas n o v a s p r á t i c a s , c o n c e i t o s t r a d i c i o n a i s 2 ª ed ição C A P ÍT U LO S E E STUDOS D E C A S O G393 Gestão contemporânea de pessoas [recurso eletrônico]: novas práticas, conceitos tradicionais / Claudia Bitencourt e colaboradores. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-7780-622-5 1. Organização do trabalho – Administração de recursos humanos. I. Bitencourt, Claudia. CDU 331.101.262 Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 13 trABALHo e VALor pessoAL NA socieDADe sem empreGos Silvia Generali da Costa OOOObjetivos deaprendizagem Discutir as mudanças nos níveis de empregos e nos postos de trabalho. Apresentar e discutir o conceito de empregabilidade. refl etir sobre a relação entre emprego formal e valor pessoal. Levantar aspectos centrais na gestão de pessoas responsável em tempos de redução de quadros funcionais. inTrOdUÇãO Na primeira edição deste capítulo, as perspectivas para aqueles que pro- curavam empregos pareciam desalentadoras. Entretanto, ao atualizarmos os dados referentes ao nível de empregos no Brasil utilizando as mesmas fontes, percebemos uma ligeira inversão de tendência. O que teria havido? Os profe- tas do “apocalipse laboral” estariam tão enganados ou, como alegam alguns economistas quando suas previsões de cenários futuros não se concretizam, “eu as fiz com base nos dados disponíveis na ocasião”? Naturalmente, há que destacar-se que o curto espaço de tempo entre o capítulo original e a sua segunda versão se considerado em termos históricos, não nos permite o aban- dono das preocupações em relação ao futuro. Quer nos parecer que ainda corremos o risco de que prevaleçam, ainda que parcialmente, as visões do emprego como uma categoria agonizante. Na visão de diversos autores, entre os quais destacam-se Jeremy Rifkin (1995), autor de O Fim dos Empregos, e Viviane Forrester (1997), autora do livro O Horror Econômico, o declínio do número de postos de trabalho dispo- níveis no mercado formal na maioria dos países é irreversível, assim como a modificação radical das características das atividades remanescentes. Estes críticos do sistema produtivo atual veem o futuro com reservas. Para eles, mas- 242 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios sas de trabalhadores excluídos da sociedade do conhecimento se organizarão em guetos, promovendo verdadeiras guerrilhas urbanas na luta por trabalho, rendimentos, valorização social e vida digna. Os poucos privilegiados com empregos especializados – cientistas, consultores, professores – terão como benefícios uma remuneração elevada e status social, mas pagarão por isso com jornadas de trabalho exaustivas, pressão constante por resultados cada vez mais elevados e despesas com esquemas de segurança privada, indispensáveis proteções contra hordas de desempregados insurretos. Segundo esta visão, os trabalhadores braçais ou burocráticos jamais conseguirão qualificar-se sufi- cientemente para acompanhar a evolução tecnológica e, mesmo que o façam, não haverá lugar para todos na nova economia. A ensaísta francesa Viviane Forrester (1997), cuja obra O Horror Econô- mico denuncia um momento histórico no qual a economia e os governos não tem interesse em garantir a sobrevivência de quatro quintos da população mundial, condenados ao desemprego ou ao sub-emprego, afirma que o futuro nos reserva uma sociedade na qual o trabalhador não servirá sequer para ser explorado pelo empregador, tornando-se uma inutilidade social. Tomando como base as visões de Rifkin e de Forrester, este texto bus- cou discutir as alternativas daqueles que acreditam poder preparar-se para as novas demandas do mercado a partir do conceito de empregabilidade e o significado e o valor do emprego formal na nossa sociedade. Inicialmente, procura-se responder a perguntas importantes para os tra- balhadores e para os gestores de pessoas, como: quais as alternativas para minimizar os impactos negativos da redução de postos de trabalho? O que os trabalhadores podem fazer para adequar-se às demandas da sociedade do conhecimento? O que muda no conceito, na forma e no valor do trabalho? Buscou-se, ainda, atualizar as informações sobre o crescimento nos níveis de emprego no Brasil no período de 2000 a 2007 e analisar as perspectivas dos trabalhadores a partir das visões de Rifkin e de Forrester. a rEdUÇãO dOS nÍVEiS dE EMPrEgO Empresa enxuta, estrutura mínima, corte de gorduras, programas de aposentadoria antecipada – essas expressões têm se tornado cada vez mais familiares à medida que as empresas em todo o mundo se sen- tem pressionadas a reduzir seus custos. (Milkovich; Boudreau, 2000, p. 261) Jeremy Rifkin (1995), em sua obra O Fim dos Empregos, faz uma análise sombria das perspectivas de acesso ao mercado formal e mesmo das possibili- dades de acesso a qualquer tipo de trabalho. Segundo o autor, os processos de reestruturação administrativa, as novas tecnologias de produção e de geren- ciamento, seguidos pela racionalização do trabalho, vêm eliminando milhões de postos de trabalho em todo mundo. A mão de obra que foi deslocada para a indústria, a partir da mecanização da agricultura, e posteriormente para a área de serviços, quando a tecnologia substituiu a mão de obra industrial, 243trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos agora sofre um novo deslocamento tecnológico, desta vez para a área do co- nhecimento, restrita a poucos especialistas. Na agricultura, por exemplo, o autor descreve como em 1944 uma co- lheitadeira mecânica de algodão passou a fazer o trabalho de 50 pessoas e como, de 1948 a 1964, 100% do algodão norte-americano já era colhido por máquinas. Na indústria, quando, em 1993, mais de 75% da força de trabalho da maior parte das nações industrializadas desempenhavam tarefas repeti- tivas, a mecanização desempregou 90 milhões de pessoas. No segmento de serviços a situação não foi diferente. Nos Estados Unidos, no período com- preendido entre 1983 e 1993, 170 mil caixas de bancos foram eliminados, substituídos pelo autosserviço. Note-se que os bancos, assim como as indús- trias, foram os principais alvos dos processos de downsizing, com redução de até 75% no número de funcionários e de até 80% no número de gerentes e funcionários administrativos. O único setor emergente, segundo Rifkin, o do conhecimento, está reservado para uma pequena elite de empreendedores, técnicos, cientistas, consultores, programadores e educadores. Elite essa que, segundo o historiador militar Martin Van Creveld (apud Rifkin, 1995), deverá proteger-se em bairros exclusivos, cercada de segurança particular, dos cada vez mais frequentes conflitos urbanos e ataques de gangues, num clima de verdadeira guerrilha, demonstração de que os “sem trabalho” não aceitarão pacificamente sua nova condição. Na nova sociedade do conhecimento ficam evidentes os cargos em extin- ção, substituídos por avanços tecnológicos: secretárias, caixas de banco, tele- fonistas, copeiras, gerências e chefias intermediárias, leitores de mostradores de consumo de energia, agentes de viagens e até mesmo escritores e músicos, substituídos respectivamente por autores e orquestras virtuais. Advogados, médicos, contadores e bibliotecários terão a estrutura de seus cargos alterada pelas novas tecnologias em softwares. As tarefas repetitivas e os trabalhos pa- dronizados serão diretamente afetados por reestruturação ou eliminação em futuro próximo (Rifkin, 1995; Robbins, 2000). A perspectiva de eliminar o desemprego e de ofertar os benefícios dos avan- ços tecnológicos por meio da redução de horas trabalhadas e do aumento do tempo de lazer mostrou-se ilusória, assim como a possibilidade de retreinar os profissionais desempregados para que assumam novas funções altamente espe- cializadas. Aindaque todos os trabalhadores pudessem ser treinados para trans- formar-se em especialistas, o número de postos criado pela “nova economia” não os absorveria. Assim, um exército de desempregados busca recolocação, não raro em serviços temporários, de meio expediente, terceirizados1 ou com remunera- ções muito inferiores às que vinha recebendo. Segundo Handy (apud Boyett, 1999, p. 318), os diferentes vínculos profissionais abrigados dentro da mesma instituição gerariam o que o autor chamou de “a organização em trevo”. A primeira folha do trevo representaria os trabalhadores efetivos, [...] os profissionais, técnicos, trabalhadores do conhecimento e gerentes que são considera dos essenciais para o futuro da organização porque são os portadores do conhecimento que distingue a organização das outras (Boyet, 1999, p. 318). 244 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios Este grupo costuma ser bem-remunerado, valorizado, mas altamente exi- gido, tanto em termos do desenvolvimento de habilidades, atualização cons- tante, comprovação de resultados e atingimento de metas como em termos de uma jornada extenuante de trabalho e de dedicação total à empresa. A segunda folha refere-se aos terceirizados. Nesta folha, encontram-se duas possibilidades: os profissionais altamente especializados em funções que não fazem parte da atividade-fim da empresa, algumas vezes ex-emprega- dos que constituíram cooperativas ou microempresas; e os trabalhadores que simplesmente recebem salários menores por não pertencerem aos quadros da “empresa-mãe”, muito embora exerçam atividades iguais ou similares aos em- pregados efetivos. A terceira e última folha da organização em trevo compreenderia, final- mente, os funcionários temporários e de meio expediente, chamados pelo autor de “a força de trabalho flexível”. Os funcionários podem buscar a inclusão nes- ta categoria por necessidades pessoais – como conciliar carreira e família, por exemplo, acumulando dois empregos para aumentar a renda familiar, ou sim- plesmente por falta de alternativas. Por parte das empresas, a força de trabalho flexível constitui-se em uma mão de obra acessível em situações de emergência ou de sobrecarga de trabalho, com a possibilidade do pagamento de salários in- feriores aos do mercado, porém ao custo provável de menor comprometimento com as metas da organização e de menor qualidade nos serviços prestados. Singer (1998, p.24) comenta duas folhas do trevo, os terceirizados e os temporários, com ceticismo: “Talvez melhor do que a palavra ’desemprego’, pre- carização do trabalho descreve adequadamente o que está ocorrendo.” Os no- vos postos de trabalho surgem, mas sem oferecer aos seus ocupantes garantias legais e contratuais e muito menos os mesmos padrões de benefícios e de remu- neração dos postos que os antecederam, gerando sentimentos de insegurança e mudanças nas relações de trabalho. Singer (1998, p. 25-26)compara ainda a atual gestão de pessoas com o método just-in-time na gestão de estoque: Trata-se de evitar estoques de mão de obra sem utilização imediata (...) Emprego estável só será assegurado a um núcleo de trabalhadores de difícil substituição em função de suas qualificações, de sua experiência e de suas responsabilidades. Ao redor deste núcleo estável gravitará um número variável de trabalhadores periféricos, engajados por um prazo limitado, pouco qualificados e, portanto, substituíveis. Aued (1999) destaca que “[...] as mudanças profissionais são abundan- tes e espelham metamorfoses sociais”. Por esse motivo, sustenta a autora, a extinção de algumas profissões pela introdução de novas tecnologias e pelas mudanças sociais não se constitui em novidade. Dos caçadores de escravos e acendedores de lampião aos perfuradores de cartões e ferramenteiros, diversas atividades simplesmente desapareceram. A diferença dos séculos passados para o final do século XX e início do século XXI está no ritmo e na quantidade em que essas atividades obsoletas são repostas por novas funções. Conclui a autora que a atual dificuldade de inserção profissional “[...] não decorre de incapacidade individual ou inadaptação. O que eles são [os profissionais] e a forma como se inserem profissionalmente dependem muito mais das condições históricas do que de vontade, consciência ou requalificação” (Aued, 1999, p. 63). 245trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos No que se refere ao Brasil da década de1990, aconteceu exatamente o es- perado. Os dados estatísticos sobre as taxas de emprego no período, apresenta- dos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE –, sob o título A Situação do Trabalho no Brasil, apontam para “[...] o aumento de todas as formas de desemprego, crescimento dos vínculos de trabalho vulneráveis, queda dos rendimentos reais e concentração de renda”, sendo a década de 1990 “[...] um divisor de águas nas trajetórias dos princi- pais indicadores da situação do trabalho no Brasil” (DIEESE, 2001, p. 11). Alguns dados merecem destaque: sobretudo nos anos de 1998 e 1999, as taxas de desemprego cresceram em todas as regiões pesquisadas. o tempo médio de procura de um novo trabalho pelos desempregados também cresceu, chegando a decorrer em média um ano ou mais até a recolocação do pro- fi ssional. os anos 1990 trouxeram crescimento das formas fl exíveis de contratação de mão de obra. “como contratação fl exibilizada entende-se a contratação do trabalhador diretamente pela empresa como assalariado sem carteira de trabalho assinada, via empresa terceirizada, ou como trabalhador autônomo” (Dieese, 2001, p. 11). No crescimento deste tipo de contratação destacaram-se as cidades de são paulo (passando de 20,9% em 1989 para 33,1% em 1999) e a Grande porto Alegre (pas- sando de 17,8% em 1993 para 24,8% em 1999). o desemprego atinge menos aqueles que têm maior escolaridade. Note-se que o índice de desemprego dos profi ssionais com curso superior não ultrapasa os 10% nas regiões pesquisadas, enquanto o índice de desemprego para os de menor esco- laridade pode chegar a 39,6%, como em salvador, em 1999, entre os trabalhadores com nível de instrução médio incompleto. Uma rápida análise dos dados da década passada, no Brasil, confirmaria as expectativas mais desalentadoras: o desemprego cresce, os novos postos surgem com piores condições de trabalho e o tempo para recolocação aumen- tou. A premissa de que o conhecimento é uma proteção contra o desemprego também se confirma: aqueles que possuem diploma de curso superior sofrem menos com a falta de vagas. Antes de cair-se em desespero, entretanto, vejamos a atualização dos dados. Embora ainda não seja possível contar com um levantamento semelhante atuali- zado (de 1999 a 2009), podemos contar com dados parciais do mesmo Departa- mento (DIEESE, 2008), englobando as taxas de desemprego de 1998 a 2008. Em um indicativo de possível reversão de tendência, observa-se que, no período de 2000 a junho de 2008, as taxas de desemprego decresceram em todas as regiões pesquisadas. Porto Alegre, por exemplo, passou de 16,62% em 2000 para 11,9% em junho de 2008. No mesmo período, Belo Horizonte passou de 15,9 para 9,9%, e São Paulo teve uma redução nas taxas de desem- prego de 18,2 para 13,9%. Observe-se agora as taxas de desemprego de acordo com a escolaridade, em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, com dados de 2004 (IBGE, 2008). 246 parte iV – mercado de trabalho e novos desafi os Os dados do IBGE (2004) sobre a taxa de desocupação da população brasileira sugere que os índices menos elevados de desocupação encontram-se nos dois extremos da formação escolar: sem instrução ou até quatro anos de estudo, e doze anos ou mais de estudo. Em Porto Alegre, por exemplo, temos 6,7 de taxa de desocupação para quem tem instrução até quatro anos ou não possui instrução formal, e 4,8 para quem tem 12 anos ou mais de instrução. Já os trabalhadores com nível de instrução intermediáriaobtiveram taxas de desocupação de 9,5 (de cinco a oito anos de estudo) e 11,5 (de nove a 11 anos de estudo). O mesmo ocorre em São Paulo (8,3 até quatro anos; 5,4 para 12 anos ou mais; 13,6 (de cinco a oito anos) e 14,0 (de nove a 11 anos de estudo); Espírito Santo (4,5; 4,9; 9,1; 9,8), Sergipe (6,7; 5,9; 13,6; 14,6) e Amazonas (4,5; 6,7; 12,2 e 14,8). Poderíamos pensar no seguinte cenário: ou o trabalhador é altamente qualificado e tem facilidade em conseguir trabalho na sociedade do conheci- mento, ou possui baixa qualificação e realiza trabalhos para os quais os de- mais não apresentam disposição para fazer, com baixa remuneração. Dentro dessa lógica, as maiores taxas de desocupação estariam entre as pessoas que apresentam um nível de escolaridade tal que, ao mesmo tempo, não as qua- lifica para as demandas altamente especializadas e não os motiva para as de- mandas não especializadas. Também seria necessário investigar os níveis de desemprego por ativida- de. Naturalmente, pode-se supor que os indivíduos com maior escolaridade estão empregados em empresas de tecnologia, e os de menor escolaridade, em prestação de serviços que exigem menos qualificação. por isso, é fundamental lembrar: se você está lendo este livro, sobretudo em um curso de graduação ou pós-graduação, você já faz parte daquela parcela da população brasileira que possui as maiores condições de colocação no mercado profi ssional. mais do que isso, você pode, como administrador, interferir na situação de trabalho alheia por meio do de- senvolvimento de programas responsáveis de gestão de pessoas. pode ainda vir a tornar- se um empreendedor e a gerar novas oportunidades de negócios, emprego e renda, caso você tenha perfi l para tal. saiba que muitos empregadores não conseguem preencher suas vagas por falta de candidatos qualifi cados! As perguntas que se colocam, então, são: o que os gestores de pessoas podem fazer para não traumatizar os demitidos em caso de necessidade de cortes de pessoal? e para qualifi car e desenvolver suas equipes? o que os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho podem fazer para abrir portas no mesmo? Alternativas a essas e a outras dúvidas encontram-se a seguir. 247trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos dEMiTir SEM TraUMaTizar: rECOnHECEndO O VaLOr daS PESSOaS [...] não ter nenhum plano é pior do que ter um plano imperfeito. Um plano pode fornecer orientação tanto para subordinados como para exe- cutivos, e sinaliza o comprometimento da empresa em antecipar e lidar com dificuldades potenciais. Ele é também essencial para propiciar a co- municação e o envolvimento dos empregados nas futuras mudanças...” (Milkovich; Boudreau, 2000, p. 281) Enquanto as empresas privadas preocupam-se em como evitar a demis- são voluntária de técnicos especializados e altos executivos, há em paralelo um reconhecimento da necessidade de enxugar os quadros administrativos, de trabalhadores não especializados e de chefias intermediárias. Alguns auto- res, como Milkovich e Boudreau (2000) e Robbins (2000), preocuparam-se em prescrever algumas formas de planejamento das reduções de quadro com vistas a evitar a evasão dos melhores funcionários, os danos à imagem da em- presa e a queda no moral dos funcionários remanescentes. Entre as razões para as reduções de quadro, têm sido citadas as mudan- ças nos negócios, as fusões e aquisições2, o maior aproveitamento do pessoal, a implantação de novas tecnologias, a queda nas vendas e, sobretudo, a re- dução de custos. O quanto uma redução de quadro melhora o desempenho empresarial é um elemento em discussão, uma vez que os cortes de pessoal frequentemente vêm acompanhados dos custos diretos e indiretos da rotativi- dade, tais como os efeitos negativos sobre o clima organizacional, as reclama- tórias trabalhistas e a perda de informações. Além disso, [...] os críticos acreditam que a redução em massa se tornou uma moda passageira. Afirmam que é uma maneira da direção mostrar aos acionistas a seriedade de sua intenção de controlar custos. O fracasso em reduzir, quando todo o resto do mundo o está fazendo, sinaliza aos investidores que a administração da empresa se tornou suave e displiscente (Robbins, 2000, p. 13). Independente dos motivos, da forma e da quantidade de postos de trabalho a eliminar, há um conjunto de proposições para o planejamento do que Milkovi- ch e Boudreau (2000, p. 282) chamaram de uma reestruturação responsável. Vale a pena transcrever algumas das orientações propostas pelos autores: Articular uma visão do que você pretende que sua organização alcance. estabelecer uma cultura organizacional que veja as pessoas como um bem a ser desenvolvido, e não, como uma despesa a ser cortada. ser claro a respeito de suas metas de curto e longo prazo. fazer com que as pessoas que terão de viver com as mudanças tomem parte nelas; dar oportunidade de acesso a todos os níveis hierárquicos. 248 parte iV – mercado de trabalho e novos desafi os se o corte de pessoal para reduzir custos for inevitável, estabelecer um conjunto de prioridades para fazê-lo e ser fi el a elas (por exemplo, cortar os terceirizados e os temporários primeiro). Deixar claro em palavras e atos que os empregados perma- nentes e produtivos serão os últimos a ser mandados embora. Dar aos empregados que permanecerem uma boa razão para fi car. mostrar quais são as novas oportunidades que estarão disponíveis para eles. Miguel P. Caldas (2000), em um estudo sobre enxugamentos de pessoal aponta para a existência de moderadores organizacionais, fatores que ameni- zariam o sofrimento e os impactos de uma demissão sobre os trabalhadores. Entre os moderadores destacam-se o ritmo dos cortes (todos de uma vez ou aos poucos); a comunicação com os empregados, a sociedade e os sindicatos sobre a necessidade de redução de quadro; a dignidade e o respeito demons- trados aos demitidos; os critérios utilizados na escolha dos desligados, o nível de compensação e de indenização oferecidos; a disponibilização de serviços de treinamento e de outplacement*, bem como o apoio psicológico aos rema- nescentes. O psicólogo e cientista econômico A.H. Fuerstenthal também preocupa- se com as demissões em massa e com a forma de evitá-las. Em seu livro Psico- Crítica do Cenário Contemporâneo (2001), o mais antigo headhunter do Brasil, sugere “[...] duas regras gerenciais indispensáveis: medir a competência do funcionalismo e substituir portadores de baixa capacidade por outros mais capacitados” (Fuerstenthal, 2001, p. 93). Evitar demissões em massa passaria necessariamente, segundo o autor, por avaliações de desempenho criteriosas que garantissem à organização a manutenção de indivíduos talentosos. Com um quadro executivo, gerencial e operacional altamente qualificado, a empre- sa conseguiria evitar prejuízos futuros, redução brusca de receitas e perda de grandes mercados, fatores que levariam inevitavelmente à redução em massa ou até mesmo ao fechamento dos portões. Naturalmente, os modelos propostos pelos escritores norte-americanos da Universidade de Cornell e pelo headhunter brasileiro foram estruturados a partir das possibilidades e características de empresas privadas. As organiza- ções públicas sofrem limitações legais que pressupõem o desenvolvimento de modelos específicos, tais como os Programas de Demissão Voluntária. *N. de R.: O outplacement ou recolocação, ou ainda a demissão assistida, é uma prática que é lei em al- guns países da Europa, faz parte da cultura empresarial dos EUA, e no Brasil está sendo considerada de responsabilidade social. Quando uma empresa precisa demitir seus funcionários, seja por necessidades econômicas, por questões estratégicas ou mesmo quando do encerramento de suas atividades, o pro- fissional demitido recebe assistência para obter novo emprego ou nova forma de trabalho e de renda. Mais do que pagar ao profissional demitido outros benefícios além dos determinados por lei ou estender a remuneração indiretapor um período maior, o outplacement propõe auxiliá-lo na busca de uma nova oportunidade e dar suporte emocional ao profissional e à sua família no momento de transição. (Fonte: adaptado de www.rh.com.br. Acesso em 05 de junho de 2009). 249trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos O COnCEiTO dE EMPrEgaBiLidadE: É POSSÍVEL TOrnar-SE “EMPrEgáVEL”? Para aumentar sua capacidade de obter trabalho e renda, ou seja, de con- tinuar sendo um prestador de serviços necessários a alguém, é preciso entender, antes de mais nada, que é preciso aprender sempre (Hanashiro; Teixeira; Zacarelli, 2007, p. 164). “O termo empregabilidade surgiu no ano de 1996 como um grande aler- ta para o indivíduo, para o profissional de qualquer atividade e nível” (Savia- ni, 1997, p. 29). Segundo Minarelli (1995, p. 37), empregabilidade pode ser conceituada como “a habilidade de ter emprego”. Conceito em construção, o termo empregabilidade atualiza as condições de mobilização e de qualificação da força de trabalho. (...) cabe ao tra- balhador mostrar-se atraente aos olhos do empregador e comprometido permanentemente com a melhoria de sua qualificação profissional, que deixa de ser somente uma atividade concentrada em um período de vida do trabalhador para tornar-se uma exigência constante de atualização das capacidades adquiridas, um movimento individual em direção à conquis- ta de novas habilidades e disposições (Lemos; Rodriguez, 2008, p. 1). Empregabilidade significa desenvolver um conjunto de habilidades, apti- dões e conhecimentos3 compatíveis com as exigências do mercado de trabalho de forma a consolidar um perfil profissional interessante e atraente para futu- ros empregadores. Em um mercado dinâmico e mutável como é o atual, prin- cipalmente a partir da década de 1990, ter empregabilidade significa tornar-se altamente flexível, visto que os pré-requisitos, as exigências para ocupação dos mais diversos cargos, mudam com frequência. Segundo Lavinas (apud Miguel; Gancho, 2007, p. 3), [...] o uso do termo empregabilidade ‘remete às características individuais do trabalhador capazes de fazer com que possa escapar do desemprego’. [...] a diferenciação entre os trabalhadores empregáveis e não empregá- veis reside nas aptidões de cada um para certo trabalho. O conceito de empregabilidade, em suas diferentes formas, indica uma característica comum: o ônus da aquisição de competências é do empregado. Conforme afirmam Miguel e Gancho (2007, p. 11), “[...] a responsabilidade pela empregabilidade foi transferida ao trabalhador, a quem cabe o desenvol- vimento de certas qualificações para conseguir e manter um emprego”. Isso significa dizer que a aprendizagem deve ser constante para acompa- nhar o desenvolvimento tecnológico. Não há espaço para a preguiça mental. Saviani (1997, p. 23) descreve, com certo espanto, que nos seminários que realiza “menos de 10% dos participantes leram um livro4 nos últimos 12 me- ses; apenas 15% assinam uma revista de negócios; somente 30% assinam um jornal diário!!!”. A experiência da autora desse texto como docente não difere muito da relatada por Saviani. Nas disciplinas que ministra em cursos de graduação e 250 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios de pós-graduação em Administração sempre ouve resmungos, gritos e sussur- ros cada vez que exige a leitura de um pequeno livro. Não raro ouve a pergun- ta: “é para ler todo o livro?” Além da leitura, continuar frequentando os bancos escolares é sempre importante. Não só para a atualização de conhecimentos, mas também para a formação de redes de relacionamento, tão úteis aos que buscam recolocação no mercado profissional. Sabe-se que as mais atrativas propostas de trabalho não são publicadas nos jornais. As indicações ainda são o meio mais confiável de se chegar a uma boa proposta de emprego. Mas para ser indicado, o que é preciso? Por mais óbvio que pareça, ser conhecido e ser lembrado. Você só será conhecido se “circular” pelos ambien- tes em que pessoas potencialmente interessantes do ponto de vista profissio- nal circulam. Esta é a parte mais fácil. Colegas de universidade, participantes de congressos, alunos do mesmo curso de idiomas, é fácil estar entre eles. O mais difícil é ser lembrado por eles como uma pessoa a quem eles gostariam de rever. E mais ainda: que também se lembrou deles em ocasiões anteriores. Por isso, manter a agenda e os contatos sempre em dia pode ser muito útil na hora de buscar trabalho. Descobrir que você não conhece quase ninguém da sua área de atuação ou, pior, telefonar para alguém que não vê há anos em busca de um apoio para conseguir um novo emprego costuma ser desastroso. Empregabilidade também significa que “[...] o melhor negócio é parar de pensar como empregado e começar a pensar como alguém que presta servi- ços e pode ser solicitado para cumprir determinada tarefa” (Minarelli, 1995). Nesse ponto inicia a autoavaliação de suas competências profissionais: o que eu sei fazer realmente bem? Do que eu gosto de fazer, mas ainda devo realizar alguns esforços para meu próprio aperfeiçoamanto? O que eu realmente não consigo aprender ou detesto fazer? Quais meus pontos fortes (que me desta- cam em relação aos demais) e os meus pontos fracos (aos quais devo sempre estar atento e procurar trabalhar)? Essa autoanálise é fundamental. Todo bom vendedor de qualquer produto ou serviço sabe que um dos fatores de sucesso na venda é conhecer exatamente aquilo que se vende, no caso, sua própria força de trabalho. Outro fator de sucesso é conhecer o que o cliente quer com- prar. Não adianta oferecer um excelente produto a quem não tem a mínima necessidade dele. De novo, a atualização é imprescindível. A autoanálise exige coragem para reconhecer nossos pontos fracos e disposição para superá-los. A empregabilidade exige humildade para admitir que temos muito a aprender e autoconfiança para afirmar perante a clientela potencial nossas próprias competências. E quanto às nossas motivações: de- vemos fazer o que gostamos ou devemos gostar do que fazemos? Não é um simples jogo de palavras. Diz o consultor de empresas e colunista da Revista Exame, Simon Franco (2001, p. 37), autor do livro O Profissionauta: Geralmente, as pessoas que reconhecemos como possuidoras de um grande talento desenvolveram suas capacidades, o que nos impressiona, porque gostavam muito de fazer alguma coisa e dedicaram várias horas, vários dias, muito tempo mesmo a estudar, treinar e aprender. 251trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos De acordo com Franco, aqueles que escolhem e se dedicam a uma profis- são pensando apenas no futuro retorno financeiro, nas profissões “emergen- tes” ou no atendimento de exigências de pais ou empregadores dificilmente alcançarão a excelência. Ir atrás de modismos, como fazer uma MBA (mestra- do em Administração de Negócios) e cursos de inglês nos Estados Unidos para iniciar carreira como trainee de uma grande corporação, já não é diferencial. Muitos estão trilhando este caminho. E se você não tem perfil executivo, um MBA pode ser oneroso, desgastante e frustrante. Prefiro ser músico, muito em- bora minha família diga que “os músicos neste país morrem de fome”. Se eu tiver realmente talento musical, posso escolher entre ser bem-sucedido com minha banda de rock ou ser um executivo frustrado, isto é, gostar do que se faz é fundamental. Já para Antoninho Marmo Trevisan, presidente de uma das maiores em- presas de auditoria do país e autor do livro Empresários do Futuro, a lógica se inverte. Diz o autor: Se você quer se realizar como profissional, insista em gostar do que faz, desenvolva prazer por aquilo que lhe couber fazer ou pelo que o mercado vai precisar. Se o que você busca é apenas curtição pessoal, bem, então não queira que lhe paguem por isso. Divirta-se, mas com o seu dinheiro (Trevisan, 2000, p. 101). Trevisan quer alertar para o fato de que, por mais que gostemos de nos- so trabalho, haverá sempre uma tarefaque nos será desagradável ou pouco estimulante. É o caso do dono de um pequeno restaurante que tem de servir pessoalmente as mesas quando falta um garçom. Ou de um gerente que tem de apresentar relatórios detalhados. Ou ainda de um jogador de futebol que tem de cuidar de sua contabilidade pessoal. O autor quer também chamar atenção para uma inegável realidade: há atividades mais valorizadas profissionalmente, em termos de reconhecimento social e financeiro, e outras menos valorizadas. Assim como recentemente assistimos à valorização da área de TI, o futuro próximo aponta para os perfis ligados à preservação do meio ambiente e ao turismo, só para citar alguns mercados emergentes. Veja agora algumas dicas de Trevisan para aumentar seu grau de empre- gabilidade: desenvolver a flexibilidade; ser um cidadão que participa de sua comunidade e se preocupa com seu país; lutar pela sua própria excelência; continuar estudando e aprendendo sempre; desenvolver múltiplas atividades e novos relacionamentos; e entender pelo menos um pouco de contabilidade (Trevisan, 2000). Além disso, contam as habilidades básicas como saber es- crever bem para se comunicar com eficiência; fazer perguntas “[...] porque ajuda a pensar, a raciocinar, a organizar ideias, a esclarecer pensamentos e a descobrir até o que não sabíamos que sabíamos” (Trevisan, 2000, p. 86); de- senvolver o senso crítico, a capacidade de dialogar e a cultura geral (entender de história, geografia, filosofia, artes, etc.); saber trabalhar em equipe; conhe- cer outros países e culturas; e, obviamente, ser honesto, ético, disciplinado e responsável. Ah! E não se preocupar inicialmente com os ganhos, mas com as possibilidades de aprendizagem e de crescimento. 252 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios Simon Franco (2001) oferece receita semelhante acrescida de um indis- pensável “saber viver”: descobrir seus maiores talentos, que o tornam único e especial; realizar a autogestão de carreira; buscar por atividades em que se possa desenvolver o próprio potencial criativo; ser curioso; não ter medo de fazer perguntas; saber aonde se quer chegar; estar disposto a atuar fora de sua cidade, estado ou país; desenvolver a autonomia e a solidariedade. Alfredo Passos e Eduardo Najjar, professores da Escola Superior de Pro- paganda e Marketing de São Paulo e autores do livro Carreira e Marketing Pessoal (1999), não destoam dos demais no que se refere aos conselhos aos jovens (ou nem tanto) profissionais: cuidar do autoconhecimento, da autoges- tão de carreira, da análise e do desenvolvimento de habilidades, da criação e manutenção de uma extensa network; desenvolver a flexibilidade, a comuni- cação, a capacidade de relacionamento, de comunicação e de aprendizagem; e, constantemente, desenvolver novas habilidades (Passos; Najjar, 1999). Mas será que num mercado recessivo é possível obter recolocação, mesmo tendo um perfil de alta empregabilidade? Apresenta-se aqui duas perspectivas distintas: a otimista, daqueles que acreditam na possibilidade de qualificação dos jovens que ingressam hoje no mercado de trabalho, como Saviani (1997), Minarelli (1995), Franco (2001), Trevisan (2000) e Passos e Najjar (1999), e os que julgam que as possibilidades de trabalho independem da formação ou dos esforços dos sujeitos (Forrester, 1997) ou ultrapassam seus limites pessoais e profissionais (Sennett, 1999). Forrester, em seu livro O Horror Econômico (1997), conceitua empregabi- lidade como “um parente muito próximo da flexibilidade “[...] Trata-se, para o assalariado, de estar disponível para todas as mudanças, todos os caprichos do destino, no caso dos empregadores [...]” (Forrester, p. 118). Prossegue a autora: E não se trata, de modo algum, de uma vida de aventuras, oposta a uma existência de burocrata, mas da acentuação de uma fragilidade que os deixará ainda mais à mercê. Com a preocupação de uma aprendizagem constantemente renovada, sem ter muita chance de tornar-se competente (Forrester, p. 119). Richard Sennett (1999) afirma que são prerrequisitos para a emprega- bilidade no novo capitalismo a flexibilidade, a capacidade de estar constan- temente mudando e assumindo riscos e a capacidade de manter laços de re- lacionamento mais frágeis, tudo isto sem desestruturar-se como indivíduo, profissional e membro de uma família e de uma comunidade. Ora, tais exi- gências não seriam compatíveis com as aptidões de todos os indivíduos, sendo este perfil não natural a todos os profissionais e, portanto, estressante para muitos. Conforme é possível perceber, “[...] o termo [empregabilidade] é visto como a capacidade de adaptação da mão de obra frente às novas exigências do mundo do trabalho e das organizações. Entretanto, não há um consenso em relação à conceituação do tema” (Helal, 2006, p.3). Independente de nossas crenças sobre o futuro, um fato é inegável: os contratos informais de trabalho foram rompidos. Aumenta a imprevisibilida- 253trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos de, diminuem as garantias e a estabilidade, cada um é reponsável pela sua própria qualificação e carreira, tarefas padronizadas e trabalhos braçais são mal remunerados. O velho acordo de lealdade em troca de estabilidade e de aumentos salariais previsíveis não existe mais. As empresas oferecem trabalho e remuneração enquanto as competências do profissional forem desejáveis para determinada situação e objetivos. Por sua vez, o funcionário se dedica à organização enquanto não surge uma proposta de trabalho mais atraente e nunca desvia os olhos do mercado, mantendo seu currículo constantemente atualizado (Robbins, 2000; Milkovich; Boudreau, 2000). ExigênCiaS PrOFiSSiOnaiS da nOVa OrganizaÇãO: SOMEnTE OS SUPEr-HEróiS TêM VaLOr? Inúmeros livros de autoajuda alardeiam que todos podem chegar ao sucesso, basta querer. Sob esse prisma, é possível ser empreendedor, é pos- sível ser bem-sucedido, basta ter, por exemplo, a chamada Inteligência Emo- cional, de Daniel Goleman. Segundo Goleman (1996), devemos dominar (no sentido de saber utilizar adequadamente) nossas emoções se quisermos alcançar o sucesso profissional. Autoconfiança, autoestima elevada, capaci- dade de contato e de relacionamento, persistência, resistência à frustração, diplomacia e automotivação estão entre os requisitos do sujeito “emocio- nalmente inteligente”. Mas a lista dos prerrequisitos ao status de vencedor não para por aí. Temos de ser carismáticos, apresentar raciocínio rápido, visão global, alta capacidade técnica, capacidade de trabalhar em equipe, proatividade, ambição, criatividade, iniciativa, capacidade de desenvolver subordinados, domínio de idiomas e de tecnologias de informação, liderança e, assim, uma infindável lista de características técnicas, comportamentais e pessoais, podendo aí ser incluída a indefinível “boa aparência”. Um misto de “Brad Pitt com Einstein”. Em debates com alunos de diversos cursos de graduação, especialização e mestrado, é possível ouvir muitos exclamarem: “temos de ser super-heróis se quisermos competir no mercado de trabalho!” Vê-se, então, a seguinte lógica: temos de ser super-heróis. Não conse- guimos. Logo, somos ineficientes. Logo, estamos cada vez mais distantes dos super-heróis. Cada vez nos sentimos menos eficientes e menos capazes de conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho. Os entrevistadores po- dem perceber nossa insegurança e nos eliminar no processo seletivo. Novo fracasso. Piora nossa autoestima, e assim sucessivamente. Ora, como esse conjunto de valores e pressupostos poderia deixar de influenciar a imagem e a identidade daqueles que estão “do lado de fora” das grandes corporações, os desempregados, os que recebem salários menores do que vinham recebendo, ou mesmo os terceirizados, os “consultores de empre- sas forçados”, “autônomos” e “empreendedores do hot-dog”?5 Tornar-se competente exige “capital de giro”: telefone celular, e-mail, cur- sos de pós-graduação em instituiçõesde renome, cursos de inglês, prática no exterior, acesso a livros e bibliotecas, assinaturas de revistas, compra e manuten- 254 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios ção de computadores. O custo da informação, incluindo o acesso à banda larga e a assinatura de revistas eletrônicas, ainda pesa nos bolsos dos estudantes. O que fazer então? Simon Franco (2001) nos ajuda a encontrar um ca- minho. Franco sugere que não nos tornemos reféns das regras do mercado, o que exige uma visão crítica do panorama profissional atual. “Chegou a hora de parar e pensar um pouco, antes de mergulhar no desenfreado corre-corre da ‘empregabilidade’” (Franco, 2001, p. 15). Nós estamos errados porque não conseguimos emprego numa grande empresa nas áreas mais valorizadas ou há, de fato, uma restrição do mercado a um grande número de profissões e habilidades, entre as quais, as nossas? Além de, ou em vez de, nos perguntar- mos o que há de errado conosco, que tal nos perguntarmos o que há de errado com as regras do mercado? O autor destaca que “[...] é impossível para uma pessoa sadia deixar de lado toda sua história, sua personalidade, seus gostos e suas ‘manias’ para transformar-se nesse ser planejado e desumano apregoado como ‘perfil ideal” (Franco, 2001, p. 18). Mesmo que fosse possível, não soa desejável que toda uma geração de profissionais se comporte como “clones”, adotando os mesmos comportamen- tos, posturas, modos de pensar, vestir e agir. Caso isso acontecesse, as próprias empresas amargariam prejuízos pela perda da diversidade humana em seus quadros, elemento central nos processos criativos e de formação de equipes. Sem contar os custos pessoais de ter de desempenhar um script previamente definido por esse “ente” abstrato chamado mercado. O SUCESSO nO EMPrEgO FOrMaL ainda É MEdida dO VaLOr PESSOaL? Ora, uma vez instituído ele se autonomiza, isto é, naturaliza-se e pas- sa a ser vivido, no imaginário dos indivíduos, como única forma de ser possível. A própria palavra “desemprego” sugere que o não-trabalho é exceção, indicativa da incapacidade do sujeito em manter-se no emprego. Não há como escapar a estas representações; bem-empregados, estamos conformes ao ideal de ego de nossa época; desempregados, é a vergonha de estarmos aquém deste ideal (Minerbo, 1999, p. 4). Empregabilidade significa que você é capaz de oferecer um produto ou ser- viço que o mercado deseja adquirir. Não significa mais ter um emprego estável ou trabalhar apenas para uma empresa, muito menos construir sua carreira lá. Isso implica a revisão de antigos paradigmas sobre o trabalho e seu valor, significado e formas. Vivemos em uma sociedade de organizações que permeiam todas as camadas sociais e com as quais nos relacionamos no nosso quotidiano de modo deliberado, consciente, e por meio de vínculos não percebidos, inconscientes. Empresas satisfazem necessidades e conferem identidade a seus partici- pantes com o estabelecimento de reforços culturais, de laços sociais, da cons- trução de uma imagem pessoal-corporativa transmitida ao mundo exterior e incorporada ao nosso mundo interior. Ser executivo de uma grande corpora- ção, por exemplo, é uma comprovação de sucesso e de afirmação dos valores vigentes na nossa sociedade. É a prova de que somos capazes, competentes, hábeis negociadores, espertos, comunicativos, competitivos, em suma, de que dispomos de dons especiais, inacessíveis à maioria dos mortais. 255trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos Como prêmio pela excelência, obtém-se a licença para assinar o sobreno- me corporativo: Arthur, da GM; Ana, do Citibank. Quem experimenta telefo- nar para uma empresa e pedir para falar com um amigo que lá trabalha ouvirá da telefonista, invariavelmente, a pergunta: quem gostaria de falar? Tenta-se responder singelamente: o Arthur. Ela perguntará de qual empresa, e não, o sobrenome. A informação “Arthur Azevedo” costuma ser insuficiente no uni- verso corporativo. Mas se o cidadão em questão for de fato o “Arthur da GM” ou de qualquer outra grande corporação, poderá ser reconhecido de imediato por um conjunto de símbolos, inconfundíveis e padronizados: o estilo de ves- tir, o tipo de carro que dirige, os equipamentos que usa, a linguagem. Se for de uma empresa de alta tecnologia em informação ou em comunicação, por exemplo, poderá exibir um visual excêntrico que traduz a ideia de que “aqui trabalhamos com liberdade e criatividade”. Ser executivo de uma grande em- presa é poder dizer: “Sou vencedor. Pertenço ao grupo dos que chegaram lá”. De outro lado, quem não trabalha “de carteira assinada”, quem “faz bi- cos”6, muitas vezes é chamado de “vagabundo” ou, na melhor das hipóteses, de ineficiente. Aos demitidos e desempregados, além da adjetivação negativa proveniente de seu próprio grupo social, resta conviver com o trauma da de- missão. Diversos estudos, entre os quais destacam-se dois artigos do professor Miguel P. Caldas (2000),7 já demonstraram os efeitos negativos da perda do emprego no que tange aos aspectos emocionais, físicos, comportamentais, fa- miliares, econômicos, sociais, psicológicos e profissionais. Entre eles pode-se citar depressão, abuso de álcool e de drogas, deterioração da saúde física e das relações interpessoais, privação econômica e impacto sobre os familiares, sobretudo crianças, entre outros. Então, vejamos: a redução nos níveis de emprego formal vem acontecen- do de forma acelerada, impulsionada pelos avanços tecnológicos. Os ganhos de produtividade gerados pelas novas tecnologias e pela redução dos quadros funcionais não vêm sendo repassados aos trabalhadores, de forma que a desi- gualdade de renda se acentua. Com a mesma rapidez e no mesmo período de tempo em que os empregos e o acesso à renda decrescem, os valores sociais se modificam, ironicamente, valorizando a possibilidade de consumo, a apa- rência, a imagem, a força, o sucesso, a competência. O valor pessoal passou a estar associado com o valor no mercado de trabalho, com a capacidade de compra, com o acompanhamento dos efêmeros modismos, com o uso da mar- ca. Assim, a sociedade gera e desenvolve uma necessidade crescente de acesso a bens ao mesmo tempo em que restringe fortemente essa possibilidade. O que se pretende dizer é que grande parte da população vem sendo culpada por não obter sucesso e não alegrar-se com as inúmeras possibilidades de autonomia e aventura que o emprego informal, virtual, flexível oferece. Atualmente pode soar obtuso querer um emprego estável, com um salário fixo no final do mês, assistência médica, vale transporte e treinamento. Quem, entre as camadas ditas esclarecidas da população, tem coragem de afirmar em público, entre seus pares, que deseja estabilidade no emprego sem medo de ser taxado de retrógrado? Mas não se pode esquecer que o comportamento das pessoas não se mo- difica com a mesma rapidez que a economia ou a tecnologia. Com sua hie- 256 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios rarquia de necessidades, o psicólogo Abraham Maslow (1954) mostrou que existem necessidades perenes no homem, uma delas a de segurança e de es- tabilidade, sugerindo que o espírito e a índole humanos não acompanham o ritmo das mudanças políticas e dos modismos. Clássicos como O Príncipe, de Maquiavel (1995), por exemplo, evidenciam o eterno jogo do poder que ultrapassa as fronteiras temporais que separam a Florença renascentista da sociedade brasileira do terceiro milênio. Então, por que esperar que o homem se adapte com facilidade a essa nova condição de instabilidade e ainda saia com sua autoconfiança renovada, condição essa indispensável para a empre- gabilidade e para o empreendedorismo? Além disso, os seres humanos nunca foram nem nunca serão iguais em seus perfis vocacionais. É isso que torna possível o tão desejável trabalho em equipe. As habilidades, sendo distintas, podem ser complementares e otimizar os resultados finais. Existirão aqueles que se beneficiarão com a possibilidadede trabalho autônomo, de diversidade, que se comprazem com a aquisição de conhecimentos, com o risco. Mas existirão aqueles que não. Esperar que todos tenham o mesmo perfil e condenar aqueles que não o têm é no mínimo teme- rário. As pessoas continuarão a buscar, sempre, valorização e reconhecimento, nas organizações formais ou fora delas. Reitera as ideias aqui apresentadas, o trabalho da professora da Univer- sidade Federal Fluminense, antropóloga Livia Barbosa, em artigo publicado na revista Exame sob o título O Centro do Universo, no qual ela considera as em- presas como “[...] as mais importantes instituições do mundo contemporâneo [...] plenas de paradoxos, como propagandear a qualidade de vida, cuidados com o corpo, a saúde, o lazer e a família, e ao mesmo tempo, reter o indivíduo por extensas jornadas de trabalho” (Barbosa, 2001, p.109). Nesse sentido, ressalta a autora, as empresas estariam falando em diversidade e, ao mesmo tempo, enfatizando “[...] um único perfil gerencial, uma única lógica e uma única ética de estar no mundo” (Barbosa, 2001). Duck (1999, p. 69), no capítulo do livro Mudança, editado pela Harvard Business Review, intitulado “Gerenciando a Mudança: a Arte do Equilíbrio”, faz referência semelhante ao comportamento empresarial repleto de paradoxos: Assim, com efeito, os gerentes estão enviando aos empregados mensa- gens conflitantes. De um lado, os estão estimulando a galgar o topo da Pi- râmide de Maslow, a realizar as suas maiores aspirações. De outro, estão dizendo aos empregados que as suas necessidades mais elementares de segurança não estão garantidas. Não admira que, nesse clima, a confiança seja um tema crítico. COnSidEraÇõES FinaiS Quer estejamos ou não de acordo, o mundo do trabalho mudou. Os ní- veis de emprego ainda poderão oscilar de acordo com a situação econômica e política de cada país em um determinado momento. Entretanto, o conceito do que é o trabalho, de seu valor e de seus propósitos ainda carece de uma 257trabalho e valor pessoal na sociedade sem empregos nova significação, que não se vislumbra a curto prazo. Alguns caminhos são recomendáveis para aqueles que pretendem se tornar produtivos e realizados em seus trabalhos: reconhecer as mudanças no mercado profi ssional e no paradigma de que somen- te as organizações são responsáveis pelo gerenciamento de nossas carreiras. Desenvolver o autoconhecimento, identifi cando nossos pontos fortes e fracos, nossas habilidades, difi culdades e motivações. Atualizar e aperfeiçoar constantemente nossas capacidades. Não se ater a modelos clichê de “profi ssional ideal”. Não associar sua realização profi ssional e pessoal somente a conquistas fi nanceiras e a cargos e instituições que proveem status social. Buscar sempre novas alternativas. saber diferenciar o que é sua responsabilidade do que é limitação do mer cado. Arregaçar as mangas e trabalhar muito, e sempre e, fi nalmente. Nunca esquecer de quem você realmente é. QUESTõES Para rEFLExãO 1 como está minha empregabilidade? tenho ou posso e estou disposto a desenvolver as habilidades e competências exigidas pelo mercado de trabalho? 2 o que estou fazendo para gerir de forma efi caz minha própria carreira? 3 Quais são as áreas e regiões onde estão os melhores empregos e oportunidades de trabalho? 4 como provável empregador, o que estou fazendo para desenvolver o potencial de meus colaboradores? nOTaS 1. Segundo Milkovich e Boudreau (2000, p. 169), os terceirizados “[...] são os contratados por intermédio de agências de mão de obra temporária. Essas pessoas são empregadas da agência, e não, da empresa que contrata seus serviços”. 2. Para mais informações sobre Fusões e aquisições, ver texto complementar O papel da gestão de pessoas em processos de fusões e aquisições de empresas, no CD. 3. Para mais informações, ver Capítulo 10, sobre Gestão de competências. 4. Grifo do autor. 5. Alusão da autora ao fenômeno nacional de surgimento de inúmeras towners (veículos utilitários) de venda de cachorros-quentes, muitos adquiridos com recurso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – ou de indenizações de Programas de Demis- sões Voluntárias – PDVs –, por aqueles que não conseguiram reintegrar-se ao mercado formal na década de 1990. 6. A gíria é utilizada comumente para designar atividades profissionais eventuais, geral- mente de caráter técnico ou operacional. 7. Publicados nos anais do ENANPAD (2000), A Demissão e Alguns Significados Psico- lógicos da Perda do Emprego para o Indivíduo e Enxugamentos de Pessoal no Brasil: 258 parte iV – mercado de trabalho e novos desafios Pesquisa de Campo Comparativa Sobre Moderadores Organizacionais dos Efeitos de Demissões Coletivas em Empresa e Indivíduo. 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