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TEORIAS ADMINISTRATIVAS Prof. Me. Daniel Sá Freire Lamarca 005 Aula 01: 010 Aula 02: 018 Aula 03: 029 Aula 04: 038 Aula 05: 047 Aula 06: 056 Aula 07: 066 Aula 08: 078 Aula 09: 086 Aula 10: 092 Aula 11: 099 Aula 12: 105 Aula 13: 112 Aula 14: 119 Aula 15: 127 Aula 16: Introdução aos Conceitos de Administração História da Administração e Escolas do Pensamento Administrativo Administração Científica Teoria da Burocracia Fordismo, Toyotismo e Volvismo Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas – 1 Teoria das Relações Humanas – 2 Teoria Estruturalista Tecnologia e Administração Teoria de Sistemas Teoria Neoclássica Teoria Comportamental Teoria de Desenvolvimento Organizacional Teoria da Contingência Perspectivas Contemporâneas da Administração 002 Introdução Olá, caro(a) aluno(a), A Administração, em muitos casos tratada também como Gestão, tem um papel importante no que tange à sociedade humana. Existe atualmente no mundo uma quantidade numerosa de organizações, sejam elas do primeiro setor (público), segundo setor (privado) ou terceiro setor (ONGs, fundações, entidades filantrópicas, etc.). Todos esses tipos de organizações envolvem pessoas e, elas, por sua vez, são intimamente ligadas à organização. A execução da prática de uma boa Administração faz com que uma organi- zação obtenha bons resultados para todos os envolvidos. Para isso, é neces- sário que o administrador ou profissional envolvido com gestão entenda e visualize claramente os campos em que a Administração atua nos dias de hoje e como foi construído o conhecimento dessa área. O termo “administrador” possui diversos significados dependendo do con- texto em que está inserido. Porém, dentre os significados, existem alguns de perfil genérico, tais como: “aquele que administra, governa ou dirige” (DICIO, 2019). Outros consideram também que administrador é aquele responsável por tomadas de decisões no ambiente em que atua. Dessa maneira, seguindo essa linha de raciocínio em que o administrador é aquele que administra, governa, dirige e toma decisões, é possível afirmar que o ato de administrar está entre as áreas de conhecimento mais antigas do mundo. Tal fato se mostra verídico quando observamos durante a histó- ria do planeta, desde os seus primórdios, a presença de reis, faraós, líderes religiosos, entre outras pessoas que exerciam o processo de governar e tomar decisões. Todavia, quando se trata da administração como uma ciência que busca a partir de métodos científicos realizar o processo de tomada de decisão, tem-se que é uma área do conhecimento muito recente, e seu principal marco histórico é o livro de Frederick Taylor, publicado em 1911, intitulado “Os Princípios de Administração Científica”. A partir de então, dá-se origem a todos os estudos posteriores no campo da Administração. 003 Assim, a primeira aula deste material fala sobre a História da Administração e a divisão das Escolas do Pensamento Administrativo. Por conseguinte, será descrito sobre Taylor e os Princípios de Administração Científica, além de um conglomerado de Teorias Administrativas que se sucederam após o trabalho de Taylor. Dentre as Teorias Administrativas que serão abordadas neste livro, estão: Administração Científica, Teoria da Burocracia, Fordismo, Toyotismo, Vol- vismo, Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas, Teoria Estruturalista, Tecnologia e Administração, Teoria de Sistemas, Teoria Neoclássica, Teo- ria Comportamental, Teoria do Desenvolvimento Organizacional, Teoria da Contingência e, por fim, as Perspectivas Contemporâneas da Administração. Ressalta-se que cada uma dessas teorias possuía uma abordagem diferen- te. Entre os primeiros estudos administrativos, tinha-se ênfase nas tarefas exercidas pelos operários e outros na estrutura da organização. Após alguns anos da evolução do pensamento administrativo como uma ciência, surgi- ram estudos sobre a importância das pessoas que ocupavam a organização. Um pouco mais adiante, houve teorias que aprofundaram os estudos com destaque no ambiente da organização. Considerando o vasto campo de estudos das teorias administrativas, ainda existem trabalhos que abordam outros tipos de ênfases no processo administrativo, mas que não serão tratados nesta disciplina. Ademais, destaca-se que essas teorias não são totalmente excludentes entre elas, sendo muitas vezes complementares. Em outras palavras, boa parte das teorias durante o decorrer dos anos foi surgindo no sentido de complementar os pontos que as teorias antecessoras não analisaram ou consideraram. No entanto, em alguns casos, houve teorias que surgiram no contraponto da antecessora, construindo sua base teórica a partir das críticas feitas para outra teoria. Portanto, caro(a) aluno(a), este material tem como objetivo apresentar uma visão geral dos principais pontos de cada uma das principais Teorias Admi- nistrativas e como se sucederam durante todo o século XX, bem como as tendências atuais. Bons estudos! 004 01 Introdução aos Conceitos de Administração 005 Caro(a) aluno(a), nesta primeira aula veremos uma breve introdução aos conceitos iniciais da Administração. O objetivo desta aula é adentrar o mundo da administração, iniciando pelos termos básicos do ambiente das organizações. Dentre os conceitos, estão: Tipos de Setores, Níveis Hierárquicos da Organização, Produto e Prestação de Serviço, Papéis do Administrador, diferença entre Produção e Produtividade e, por �m, estudaremos a diferença entre os termos E�cácia, E�ciência e Efetividade. Tipos de Setores O primeiro tópico é uma apresentação sobre a organização com relação aos diferentes setores aos quais ela pode pertencer dentro da sociedade. Entre os diferentes setores, segundo Madeira e Biancardi (2003), estão: Primeiro setor: organizações em que a origem e a destinação dos recursos são públicas, isto é, esse tipo de organização é constituída pelo Estado; Segundo setor: organizações que são formadas por recursos privados, cujo investimento dos recursos é revertido para benefício próprio; Terceiro setor: organizações que atuam na esfera pública não estatal, constituída por recursos privados de forma voluntária e sem �ns lucrativos. Produto e Prestação de Serviço Qual a diferença entre produto e prestação de serviço? Produto: qualquer bem móvel ou imóvel (TANAKA, 2002). Exemplos: casa, apartamento, terreno, computador, telefone, carro, sapato, caneta, geladeira, entre outros. Prestação de Serviço: qualquer trabalho remunerado, realizado por um fornecedor (TANAKA, 2002). Exemplos: serviços médicos, serviços odontológicos, serviços de advogados, serviços mecânicos, entre outros. 006 Papéis do Administrador Os papéis do administrador fazem referência às atividades que ele deve cumprir para atingir suas funções: planejar, organizar, dirigir e controlar (CHIAVENATO, 2014). Ainda de acordo com Chiavenato (2014), os papéis do administrador podem ser divididos em três: Papéis interpessoais: referem-se ao relacionamento do administrador para com outras pessoas. É como o administrador faz a interação e se relaciona com sua própria equipe; Papéis informacionais: representam as atividades que realizam para manter e desenvolver sua rede de informações. É como ele faz a troca e processa a informação; Papéis decisórios: trata-se das conjunturas e ocorrências em que o administrador necessita fazer escolhas, ou seja, tomar decisões. É como ele faz uso das informações nos processos de decisão. Produção e Produtividade Os termos “produção” e “produtividade” são bem comuns nos meios organizacionais. No entanto, existem diferenças de signi�cado entre essas duas palavras: Produção: tudo aquilo que é produzido pela natureza, homem ou máquina. Exemplo 1: Produção de tomate, produção de carros, produção de sapatos, etc. Exemplo 2 (quantidade de produção): Nesta safra, foram produzidas ao total cinco toneladas de laranja. Produtividade: é a relação entre a quantidade produzidae a qualidade ou o valor de insumos aplicados à produção. Exemplo: Nesta safra, houve uma produtividade de duas caixas por metro quadrado. 007 Eficácia, Eficiência e Efetividade Assim como “produção” e “produtividade”, os termos “e�ciência”, “e�cácia” e “efetividade” também são frequentemente tratados nas organizações. A seguir, o signi�cado e exemplos para cada termo: E�cácia: é atingir o resultado ou objetivo proposto inicialmente. Exemplo: Felipe foi e�caz ao produzir o lote de sapatos. Nesse caso, Felipe conseguiu atingir o objetivo proposto inicialmente que era produzir o lote de sapatos. E�ciência: é realizar a atividade com um bom nível de produtividade, ou seja, com uma boa relação de custo-benefício. Exemplo: Felipe conseguiu produzir uma quantidade de sapatos acima da média neste mês, que é considerada a quantidade normal pela fábrica sem perda de qualidade do produto. Nesse caso, Felipe foi e�ciente, pois conseguiu produzir uma quantidade de sapatos acima do padrão e sem perda de qualidade. Efetividade: é atingir um impacto positivo a partir do resultado. Exemplo: A fábrica de sapatos vendeu todos os sapatos produzidos no mês e os clientes se sentiram satisfeitos. Acesse o link: Disponível aqui Veja no site um exemplo de uma organização do terceiro setor que atua no processo de conservação da natureza. 008 https://www.wwf.org.br/ A notícia pode ser lida no link: Disponível aqui Veja um exemplo sobre pontos de produtividade do setor do Agronegócio. Trata-se de uma notícia publicada no “Diário do Comércio” sobre Adubação Foliar. Caro(a) aluno(a), não se preocupe com os termos técnicos do setor do Agronegócio, mas atente-se principalmente para os pontos que falam do termo produtividade. A notícia cita algumas vezes o aumento da produtividade em relação aos bovinos e à produtividade das pastagens. Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: Tipos de Setores. Diferença entre Produto e Prestação de Serviço. Diferença entre Produção e Produtividade. Diferença entre E�ciência, E�cácia e Efetividade. 009 https://diariodocomercio.com.br/sitenovo/adubacao-foliar-aperfeicoa-nivel-da-pastagem/ 02 História da Administração e Escolas do Pensamento Administrativo 010 A Administração, considerada o ato de realizar “tomadas de decisão”, ou ainda, o ato de “governar” ou “dirigir”, ocorre desde os primórdios da humanidade. Existem registros históricos em diferentes culturas e regiões do planeta, evidenciando a ocorrência de eventos com características administrativas. A seguir, no Quadro 1, é possível visualizar algumas dessas ocorrências ao longo da história. Quadro 1 - Ordem cronológica dos principais eventos ligados à Administração | Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Ano Autores Eventos 4000 a.C. Egípcios Necessidade de planejar, organizar e controlar 2600 a.C. Egípcios Descentralização na organização 1800 a.C. Hamurabi (Babilônia) Uso de controle escrito e testemunhal Estabelecimento do salário mínimo 1491 a.C. Hebreus Conceito de organização Princípio escalar 600 a.C. Nabucodonosor (Babilônia) Controle de produção e incentivos salariais 400 a.C. Sócrates (Grécia) Enunciado da universalidade da administração Arranjo físico e manuseio de materiais 400 a.C. Platão (Grécia) Princípio da especialização 175 a.C. Cato (Roma) Descrição das funções 1436 Arsenal de Veneza Contabilidade de Custos Balanços Contábeis 1776 Adam Smith (Inglaterra) Princípio de especialização dos operários Conceito de controle 011 Seguindo uma linha histórica, a Administração é tratada como uma ciência que visa, por meio de métodos cientí�cos, aumentar a e�ciência das organizações. Nesse sentido, a Administração é uma área considerada de estudo muito recente. Frederick Winslow Taylor (1856-1915) é considerado o precursor dessa linha, devido aos seus estudos publicados no início do século XX. Após Taylor, decorreu-se uma sequência de outros autores e teorias no campo da Administração durante o século XX. Tais teorias, conhecidas também como Escolas do Pensamento Administrativo, foram responsáveis por tecerem as ideias e evolução da atual Administração. Escolas do Pensamento Administrativo Uma breve descrição das principais características de cada uma das teorias: Administração Cientí�ca: surgiu nos Estados Unidos no começo do século XX com Frederick W. Taylor (1856-1915) e é considerada precursora no estudo cientí�co da Administração, tendo como ênfase de seus estudos as tarefas exercidas pelos operários; Teoria da Burocracia: surgiu com Max Weber (1864-1920), também no começo do século XX, tendo como ênfase de seus estudos a estrutura da organização; Teoria Clássica: surgiu com Jules Henri Fayol (1841-1925) na Europa, também no começo do século XX, tendo como ênfase de seus estudos a estrutura da organização; Teoria das Relações Humanas: surgiu em 1932 por consequência do Experimento de Hawthorne, gerenciada por Elton Mayo (1880-1949). Os estudos dessa teoria possuem ênfase nas pessoas; Teoria Estruturalista: surge a partir de con�itos teóricos entre a Teoria Clássica (ênfase na estrutura) e a Teoria das Relações Humanas (ênfase nas pessoas), em um contexto em que a Teoria da Burocracia (ênfase na estrutura) não possuía base teórica su�ciente para resolver. Os estudos dessa teoria possuem ênfase na estrutura da organização; Tecnologia e Administração: desde a Primeira Revolução Industrial, a tecnologia tem modi�cado fortemente a sociedade. Após 1949o surgimento da telefonia e a seguida evolução dos meios de comunicação alteraram consideravelmente os 012 modos de comunicação e consequentemente as maneiras de gestão nas organizações. Logo, esta linha de estudos possui ênfase na tecnologia; Teoria de Sistemas: provém de uma teoria mais abrangente denominada Teoria Geral dos Sistemas (TGS), que teve início na área da biologia. Uma das principais contribuições dessa teoria são as classi�cações quanto à natureza das organizações em Sistema Aberto (interage com o ambiente) e Sistema Fechado (não interage com o ambiente). Os estudos dessa teoria possuem ênfase no ambiente; Teoria Neoclássica: Essa teoria não forma uma Escola Administrativa bem de�nida, pois apresenta diferentes autores com diferentes linhas teóricas. A Teoria Neoclássica representa um agregado de autores e trabalhos heterogêneos e possui várias denominações, tais como Escola Operacional ou Escola do Processo Administrativo. O termo “teoria” é utilizado com o intuito de facilitar a aprendizagem didática desse conteúdo (CHIAVENATO, 2014). O grande pensador dessa teoria e também considerado o pai da administração moderna foi Peter Drucker (1909-2005). Os estudos dessa teoria possuem ênfase na estrutura da organização; Teoria Comportamental: surgiu apresentando críticas e fazendo oposição à Teoria Clássica e à Teoria da Burocracia e parcialmente à Teoria das Relações Humanas. É formada por um agregado de teorias que contribuíram para essa corrente teórica. O precursor dessa teoria é Herbert A. Simon (1916-2001), e os estudos dessa teoria possuem ênfase nas pessoas; Teoria do Desenvolvimento Organizacional: surgiu a partir de 1962, na sequência da Teoria Comportamental, tendo por objetivo o crescimento e o desenvolvimento das organizações. Nesse contexto, foi levado em consideração um conglomerado de teorias a respeito do trabalhador, da empresa e do ambiente (CHIAVENATO, 2014). Os estudos dessa teoria possuem ênfase nas pessoas; Teoria da Contingência: essa teoria aponta que não existe nada absoluto no contexto das organizações. Em outros termos, segundo essa teoria, tudo depende. A Teoria da Contingência a�rma que para atingir os objetivos da organização, há uma relação entre as condições presentes no ambiente e as técnicas administrativas utilizadas (CHIAVENATO, 2014). Os estudos dessa teoria possuem ênfase no ambiente e na tecnologia; Perspectivas Contemporâneas da Administração: conhecidas também como “Novas Abordagens daAdministração”, trata de diversos tópicos ligados à competitividade das organizações no mercado. Os estudos dessa teoria possuem ênfase na competitividade. 013 Figura 1 - Variáveis básicas que compõem a Administração | Fonte: Chiavenato (2014). Durante a evolução dos estudos das teorias administrativas, veri�ca-se que cada teoria, em função dos problemas que os pesquisadores observavam em sua época, possuía uma ênfase de estudo diferente. Essas ênfases representam as variáveis básicas que envolvem uma organização, conforme aponta Chiavenato (2014). No Quadro 2, apresenta-se cada uma das principais teorias administrativas com sua respectiva ênfase. 014 Quadro 2 - Teorias Administrativas e suas respectivas ênfases | Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Chiavenato (2014). Teoria Ênfase Administração Cientí�ca Nas tarefas Teoria da Burocracia Na estrutura Teoria Clássica Na estrutura Teoria das Relações Humanas Nas pessoas Teoria Estruturalista Na estrutura e no ambiente Tecnologia e Administração Na tecnologia Teoria de Sistemas No ambiente Teoria Neoclássica Na estrutura Teoria Comportamental Nas pessoas Teoria do Desenvolvimento Organizacional Nas pessoas Teoria da Contingência No ambiente e na tecnologia Novas Abordagens da Administração Na competitividade Idalberto Chiavenato, nas diferentes edições de seus livros sobre “Introdução à Teoria Geral da Administração”, quando trata das Teorias Administrativas, agrupa essas teorias em Abordagens da Administração. A seguir, é apresentado um quadro com as Abordagens e as respectivas teorias que contemplam cada abordagem. 015 Quadro 3 - Abordagens da Administração | Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Chiavenato (2014). Abordagem Teoria Abordagem Clássica da Administração Administração Cientí�ca Teoria Clássica Abordagem Humanística da Administração Teoria das Relações Humanas Abordagem Neoclássica da Administração Teoria Neoclássica Abordagem Estruturalista da Administração Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista Abordagem Comportamental da Administração Teoria Comportamental Teoria do Desenvolvimento Organizacional Abordagem Sistêmica da Administração Tecnologia e Administração Teoria de Sistemas Abordagem Contingencial da Administração Teoria da Contingência 016 Acesse o link: Disponível aqui Recomendo o artigo “O cotidiano e a história: construindo novos olhares na administração” como forma de complementar o conteúdo desta aula. O artigo foi publicado na Revista de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano de 2015 e pode ser encontrado em: Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: Escolas do Pensamento Administrativo. Teorias Administrativas e suas respectivas ênfases. Diferentes Abordagens da Administração e suas respectivas teorias. 017 https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/o_cotidiano_e_a_historia_construindo_novos_olhares_na_administracao_0.pdf 03 Administração Científica 018 Frederick Winslow Taylor (1856-1915) | Fonte: Disponível aqui Nesta aula, vamos continuar falando sobre Teorias Administrativas e conhecer os primeiros passos do pensamento administrativo: a Administração Cientí�ca. Essa teoria surgiu no começo do século XX, tratando pela primeira vez a administração como uma ciência. Tal nome surgiu tendo em vista a aplicação de conceitos cientí�cos em problemas na área administrativa a �m de obter ganhos de e�ciência. Para os problemas da área de administração, os métodos cientí�cos utilizados foram a observação e a mensuração (CHIAVENATO, 2014). Os primeiros trabalhos sobre o assunto, conhecidos como Escola da Administração Cientí�ca, tinham como objetivo o estudo das tarefas dos operários. O precursor dessa teoria foi Frederick Winslow Taylor (1856-1915), considerado Pai da Administração Cientí�ca, ou também Pai da Organização Cientí�ca do Trabalho. Suas teorias �caram conhecidas como Taylorismo. Taylor nasceu e faleceu na Filadél�a, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Sua formação foi em engenharia mecânica. Entre as suas obras, o livro com maior destaque é “Os Princípios de Administração Cientí�ca”, publicado em 1911. Ao longo de sua carreira como engenheiro e trabalhando diretamente na indústria, adquiriu uma vasta experiência. Taylor defendia a ideia de que a administração da organização necessita ser tratada como uma ciência e não de maneira empírica. Em outras 019 https://commons.wikimedia.org/wiki/Frederick_Winslow_Taylor#/media/File:Frederick_Winslow_Taylor.JPG palavras, apontava que a administração da organização deveria ser feita de modo a estudar o trabalho do operário no desenvolvimento de suas funções e não apenas na experiência adquirida no decorrer dos anos. Nesse contexto, esse pensador tinha como objetivo melhorar a e�ciência da organização, e seus estudos enfatizavam as tarefas dos operários por meio da racionalização do trabalho. Nessa época, Taylor realizou diversos estudos sobre a Organização Racional do Trabalho (ORT). Organização Racional do Trabalho (ORT) Taylor iniciou seus estudos no “chão de fábrica” da indústria, analisando individualmente cada operário, separando os movimentos e processos que eles executavam com o objetivo de otimizar e racionalizar suas atividades. Sua obra mais relevante sobre esse tema foi “Shop Management”, livro publicado em 1903 que abordava as técnicas de racionalização do trabalho a partir de análises sobre tempos e movimentos gastos pelos operários no desenvolvimento das atividades (CHIAVENATO, 2014). Por ter sido o primeiro a realizar um estudo completo do trabalho, considerando diversos pontos importantes como, por exemplo, tempos e movimentos, padrões de execução, treinamento dos operários, especialização do pessoal, entre outros pontos, fez com que Taylor ganhasse um alto nível de reconhecimento (WAHRLICH, 1971). Veri�cando o trabalho dos operários, Taylor constatou que eles aprendiam a execução das atividades/tarefas através da observação do trabalho do operário vizinho, visualizando o modo como é realizada a atividade e replicando a sua execução. No entanto, tal realidade presenciada por Taylor apresentava diversos problemas, pois cada operário realizava as tarefas de uma maneira diferente e utilizando ferramentas diferentes, gerando um baixo nível de produtividade. Dessa maneira, buscou-se, por meio de métodos cientí�cos, fazendo uso do estudo de tempos e movimentos, identi�car a maneira mais rápida com a ferramenta mais adequada para se produzir. Em um momento posterior seria transmitido aos 020 operários as técnicas de produção. Além disso, outro ponto importante era a seleção de modo cientí�co do trabalhador para a execução de cada tarefa. A substituição do modo empírico pelo modo cientí�co foi denominada como Organização Racional do Trabalho (ORT). De acordo com Chiavenato (2014), a ORT se fundamenta nos seguintes aspectos: Análise do trabalho e do estudo de tempos e movimentos: A ferramenta essencial para a racionalização do trabalho era o estudo de tempos e movimentos. Tal estudo era feito a partir dos movimentos realizados pelos operários para a execução de suas tarefas. O objetivo era alcançar uma sequência de movimentos padronizados e simples, buscando maior e�ciência. Os movimentos desnecessários eram descartados, enquanto buscava-se simpli�car e racionalizar os movimentos necessários. Nesse tópico, além de Taylor, o engenheiro Frank B. Gilbreth, também colaborou com importantes contribuições. Estudo da fadiga humana: Frank B. Gilbreth observou em seus estudos que a fadiga humana era fator de diminuição da e�ciência da organização, pois sujeita “o trabalhador para: diminuição de produtividade e qualidade do trabalho; perda de tempo; aumento da rotatividade de pessoal; doenças e acidentes e diminuição da capacidade de esforço (CHIAVENATO, 2014, p. 62)”. A partir disso, tinha-se como intuito racionalizar os movimentos, removendo os movimentos que geram fadiga e aqueles quenão possuem ligação direta com a tarefa. Divisão do trabalho e especialização do operário: Nos estudos realizados sobre tempos e movimentos, foi observado que a divisão de uma grande tarefa em várias outras pequenas tarefas, junto com uma especialização do operário na atividade que desempenha, geraria uma maior produtividade do operário. A partir de então, o operário passou a ser responsável por apenas uma tarefa, atendendo aos padrões e normas daquela atividade. Desenho de cargos e tarefas: Na Administração Cientí�ca foi quando surgiu a tentativa de forma racional para se desenhar cargos e tarefas. Nesse sentido, cargo é o agrupamento de tarefas efetuadas de modo repetitivo e tarefa é todo serviço/atividade feito pelo funcionário em uma empresa, sendo a menor parte de execução possível na organização. Segundo Chiavenato (2014, p. 64): A simpli�cação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: 1. Admissão de empregados com quali�cações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção; 2. Minimização dos custos de treinamento; 3. Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e as rejeições; 4. Facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número maior de subordinados; 5. Aumento da e�ciência do trabalhador, permitindo maior produtividade. 021 Incentivos salariais e prêmios de produção: Após de�nida a melhor maneira de execução da tarefa do operário (tempo e padronização), escolha cientí�ca do operário e treinamento do mesmo, era necessário que o operário conseguisse atingir os padrões de tempos previstos. Taylor junto a outros pensadores que os seguiam, elaboraram mecanismos de incentivos salariais e prêmios de produção. O intuito era deixar de remunerar os trabalhadores em função do tempo que trabalhavam (salário por mês, dia ou hora) e remunerar em função da produção de cada trabalhador (ex. salário pela quantidade de produtos produzidos pelo operário). Dessa forma, aquele operário que obtiver maior produção ganha mais e aquele que obtiver menor produção ganha menos, atendendo expectativas da indústria e dos operários. Conceito de homo economicus: Este conceito “homo economicus”, no qual a Administração Cientí�ca se baseou, signi�ca “homem econômico”. Tal conceito aponta que as pessoas são in�uenciadas somente por recompensas �nanceiras. Desse modo, o homem busca o trabalho, pois necessita trabalhar para sobreviver. Portanto, fatores como prêmios de produção levam ao trabalhador explorar sua capacidade física máxima no desenvolvimento das atividades. Condições ambientais de trabalho: Além dos estudos sobre o método de trabalho e do incentivo salarial para alcançar maior e�ciência, percebeu-se que as condições do ambiente de trabalho eram um ponto elementar, pois afetava o bem-estar físico do operário e também a fadiga humana. Para Chiavenato (2014, p. 66): As condições de trabalho que mais preocuparam a Administração Cientí�ca foram: 1. Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; 2. Arranjo físico das máquinas e dos equipamentos para racionalizar o �uxo da produção; 3. Melhoria no ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a e�ciência do trabalhador; 4. Projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos inúteis. Padronização: A Organização Racional do Trabalho (ORT) não se preocupou apenas com os tópicos citados e descritos anteriormente, mas também com a padronização dos diferentes fatores que envolviam o processo de produção. Dentre esses fatores, é possível citar, por exemplo: métodos de trabalho, ferramentas e instrumentos, máquinas e equipamentos, matérias-primas e componentes. A padronização tinha por objetivo diminuir a variabilidade e diversidade durante a produção, podendo assim, buscar a diminuição do desperdício e o aumento de e�ciência. 022 Caro(a) aluno(a), podemos observar até o momento, os pontos sob os quais a Organização Racional do Trabalho (ORT) se fundamenta. Agora, vamos estudar sobre os Princípios de Administração Cientí�ca de Taylor, os quais são de grande importância dentre as teorias cunhadas pelo pensador. Princípios de Administração Científica de Taylor Após diversas observações sobre o trabalho dos operários e com o objetivo de racionalizar suas tarefas, Taylor propõe, conforme aponta Chiavenato (2014), quatro princípios que uma gerência deve seguir: planejamento, preparo, controle e execução. Princípio de Planejamento “Substituir, no trabalho, o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírica-prática por métodos baseados em procedimentos cientí�cos; substituir a improvisação pela ciência por meio do planejamento do método de trabalho. (CHIAVENATO, 2014, p. 67).” Princípio de Preparo “Seleção e aperfeiçoamento cientí�co do trabalhador, que é estudado, instruído, treinado e, pode-se dizer, experimentado, em vez de escolher ele os processos e aperfeiçoar-se por acaso (TAYLOR, 1990, p. 81).” 023 Princípio do Controle “Controlar o trabalho, para se certi�car de que ele está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas, em base cientí�ca (MOITINHO, 1969, p. 551.12).” Princípio da Execução “Distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada (CHIAVENATO, 2014, p. 68).” Outros pensadores da Administração Científica Na Administração Cientí�ca também houve outros importantes pensadores além de Taylor. A seguir, no Quadro 4 estão listados os principais autores que contribuíram para corrente desse pensamento administrativo. 024 Quadro 4 – Principais pensadores da Administração Cientí�ca | Fonte: elaborado pelo autor. Autor Ano de nascimento – Ano de Falecimento Frederick Winslow Taylor 1856 – 1915 Harrington Emerson 1853 – 1931 Carl Barth 1860 – 1939 Henry Laurence Gantt 1861 – 1919 Henry Ford 1863 – 1947 Frank Bunker Gilbreth 1868 – 1924 Lillian Moller Gilbreth 1878 – 1961 Além de Taylor, pensadores como Harrington Emerson (1853-1931) e Henry Ford (1863-1947) também adotavam diferentes princípios ligados às atividades da indústria. Ambos os autores, procuraram seguir na direção de explorar fatores relacionados a ganhos de e�ciência na produção. Para melhor visualizarmos o que foi discutido neste capítulo, a seguir, na Figura 2, é apresentado um �uxograma ilustrando a abordagem da Administração Cientí�ca. 025 Figura 2 – Abordagem microscópica e mecanicista da Administração Cientí�ca | Fonte: CHIAVENATO (2014). Caro(a) aluno(a), nesta terceira aula do seu material foi possível estudar e visualizar os principais pontos da Administração Cientí�ca e os principais apontamentos cunhados por Frederick Wislow Taylor. É muito importante destacar que essa foi a primeira das Teorias Administrativas ao longo da história, sendo a pioneira na visão da Administração como uma ciência e provendo subsídio para as teorias subsequentes. Link para o �lme: Disponível aqui Recomendo a visualização do clássico �lme “Tempos Modernos”, estreado por Charlie Chaplin, em 1936. Esse �lme retrata alguns pontos da produção nas indústrias da época. A partir disso, é possível observar em alguns trechos do �lme fatos ocorridos na Administração Cientí�ca. 026 https://www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4 O artigo está na íntegra: Disponível aqui Para visualizar uma aplicação prática dos conceitos vistos nesta aula, é possível observarmos um estudo de caso publicado no formato de artigo cientí�co. O estudo intitula-se: “O estudo de tempos e movimentos na eliminação de desperdícios: uma aplicação prática na área de limpeza industrial mecanizada”, publicado em 2017 pela revista Exacta. Nesse trabalho, os autores tratam acerca de como o estudo de tempos e movimentos poderia contribuir na maximização produtiva do processo de limpeza industrial mecanizada. A pesquisa foi realizada em umaindústria no município de São Luís, no estado do Maranhão. Os resultados do trabalho apontaram para diversos ganhos na empresa e também para redução de perdas. 027 http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=81052980004 Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: A Teoria da Administração Cientí�ca foi a pioneira no estudo da Administração como uma ciência. Principal pensador e pioneiro da Administração Cientí�ca: Frederick Wislow Taylor. A Administração Cientí�ca possui ênfase nas tarefas. A Organização Racional do Trabalho (ORT) estudava as tarefas realizadas pelos operários, visando substituir os métodos empíricos presentes por métodos cientí�cos. 028 04 Teoria da Burocracia 029 Maximilian Karl Emil Weber (1864-1920). Esta aula aborda a Teoria da Burocracia, e já se destaca que ela possui ênfase na estrutura da organização, e que o termo “burocracia” possui diversos signi�cados ao longo da história e de acordo com o contexto. Porém, muitas de�nições desse termo estão ligadas à administração e mais especi�camente à administração pública. Além disso, esse termo, por várias vezes, é sinônimo de processo lento no âmbito da organização pública. Para esta aula, o termo “burocracia” vem no sentido oposto, composta por regras e procedimentos que tornam a organização mais e�ciente. O termo “burocracia” é antigo, mas o primeiro a tratá-lo como teoria foi Maximilian Karl Emil Weber (1864-1920), conhecido também como Max Weber. Max Weber nasceu no Reino da Prússia e morreu na Alemanha. Durante a sua carreira, foi considerado um grande intelectual. Era economista, jurista e também está entre os fundadores da sociologia. Segundo Chiavenato (2014), Weber classi�cava a sociedade em três tipos: Tradicional, Carismática e Legal, Racional ou Burocrática. A Tradicional é aquela sociedade caracterizada pela presença de patriarcas, como ocorre nas famílias. A sociedade Carismática é composta por características místicas, arbitrárias e personalísticas como, por exemplo, partidos políticos e grupos revolucionários, entre outros. Já a sociedade Legal, Racional ou Burocrática se caracteriza pelas normas e regras para a 030 escolha de meios e �ns, como acontece em grandes organizações. Portanto, para Weber, a burocracia acontecia nas empresas onde havia a necessidade da presença de regras para a execução das atividades. Para Weber, existem as autoridades decorrentes dos tipos de sociedade – logo, existem autoridades do tipo Tradicional, Carismática e Legal, Racional ou Burocrática. Considera-se, para tanto, a autoridade como a representação de poder de modo institucional e o�cial. Em cada um dos tipos de autoridade, existe uma relação entre o indivíduo que possui a autoridade e o restante das pessoas. Nessa linha de raciocínio, ter autoridade signi�ca ter poder. Por outra vertente, o inverso não necessariamente ocorre, pois a autoridade tem como característica a legitimidade para governar (CHIAVENATO, 2014). Fazendo uso de outros termos, signi�ca que a autoridade é adquirida pela subserviência do arbítrio de um grupo de indivíduos para um indivíduo exercer o processo de comando. Para descrever de maneira sintética os tipos de sociedade e os tipos de autoridade descritos, o Quadro 5, a seguir, apresenta as características de cada um deles. 031 Quadro 5 – Tipologias de sociedade e autoridade e suas características, segundo Weber | Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Tipo de sociedade Características Exemplos Tradicional Patriarcal e patrimonialista Conservantismo Clã, tribo, família e sociedade medieval Carismática Personalista; mística e arbitrária Revolucionária Grupos revolucionários, partidos políticos, nações em revolução Legal, racional ou burocrática Racionalidade dos meios e dos objetivos Estados modernos, grandes empresas e exércitos Tipos de autoridade Características Legitimação Aparato Administrativo Tradicional Não é racional Poder herdado ou delegado Baseada no “senhor” Tradição, hábitos, usos e costumes Forma patrimonial e forma feudal Carismática Não é racional, nem herdada e nem delegável Baseada no “carisma” Características pessoais (heroísmo, magia e poder mental) carismáticas do líder Inconstante e instável Escolhido pela lealdade e pela devoção ao líder, e não por quali�cações técnicas Legal, racional ou burocrática Legal, racional, impessoal formal Meritocrática Justiça da lei Promulgação e regulamentação de normas legais previamente de�nidas Burocracia 032 Características da Burocracia De acordo com Chiavenato (2014), para Max Weber, a burocracia possui as seguintes características: Caráter legal das normas e regulamentos: A burocracia é feita a partir de regulamentos e normas registradas previamente em papel. Assim, tem-se uma legislação própria para as organizações, sejam organizações públicas (Leis Federais, Leis Estaduais, Leis Municipais) ou privadas (Estatuto da Empresa). Tais mecanismos são formulados para determinar como a organização burocrática deverá funcionar. De forma geral, essas burocracias são exaustivas, pois compreendem as mais diversas áreas da organização e, assim, há uma quantidade relativamente grande de normas e regulamentos para que seja possível o alcance total da empresa. Caráter formal das comunicações: O processo de comunicação é essencial na organização burocrática. Contudo, é preciso que seja estritamente formal, utilizando-se para isso procedimentos por escrito. No período de Weber, tal apontamento do pensador remetia exclusivamente à documentação por papéis. Em um mundo com inovações tecnológicas como o atual, é possível englobar nessa denominação, além dos papéis, o uso do e-mail. Tal ponto se faz importante, tendo em vista registrar todos os eventos que acontecem no ambiente da organização. Também ocorre a criação de rotinas nos processos de comunicação nas organizações burocráticas, visto a presença de diversas tarefas repetitivas, com o intuito, portanto, de aprimorar a execução das atividades. Caráter racional e divisão do trabalho: A organização burocrática possui uma divisão sistemática do trabalho, e há racionalidade nessa divisão com o intuito de atingir o objetivo da organização – que é a e�ciência. Ocorre também uma divisão de modo sistemático do poder, distribuindo para cada membro da organização, a partir de uma hierarquia, funções especí�cas para serem executadas dentro de uma esfera de competência e responsabilidade. Impessoalidade nas relações: Na estrutura da organização, deve existir uma divisão bem de�nida de cargos e funções, sendo que a pessoa ocupante do cargo será responsável pela execução das funções destinadas para o cargo determinado. Em outras palavras, independentemente da pessoa que ocupar o cargo, ela terá as mesmas funções para realizar. Na organização burocrática, essa relação não pode sofrer variação de acordo com cada pessoa, mas sim de acordo com cada cargo ocupado. A mesma impessoalidade deve acontecer nas relações entre superior e subordinado, fazendo com que a relação de comando aconteça devido às funções de cada cargo e não devido às pessoas que ocupam os cargos. 033 Hierarquia da autoridade: Os cargos são estabelecidos seguindo um princípio de divisão hierárquica, em que cada cargo deve possuir um superior que lhe confere controle e supervisão. Ressalta-se que todos os cargos devem possuir controle ou supervisão. Nesse contexto, a organização burocrática é uma estrutura social hierarquicamente organizada. Rotinas e procedimentos padronizados: Para cada cargo, um conjunto de regras e normas técnicas é designado, e se torna rotina e procedimentos padronizados a serem desempenhados pelo ocupante do cargo. Nesse sentido, a pessoa ocupante do cargo não realiza as atividades que deseja, mas sim as atividades (rotinas) determinadas para aquele cargo. São determinados os padrões para a realização das atividades, que estão alinhados com os objetivos da organização. Tais padrões colaboram para medire avaliar o desempenho de cada trabalhador na execução das tarefas destinadas para o cargo. Competência técnica e meritocracia: É necessário, no ambiente da organização burocrática, que a escolha das pessoas para ocupar os cargos seja baseada em competência técnica e mérito. Na burocracia, não pode haver decisões pautadas em critérios de escolha livre e com interesses particulares que não estejam alinhados com o objetivo da organização. Justi�ca-se, portanto, em grande parte das organizações, a aplicação de exames, concursos, testes e títulos para preenchimento do cargo. Especialização da administração: No processo administrativo de uma organização burocrática, existe a divisão entre o dono do capital e aquele que administra a organização. Faz-se necessário que o gestor da organização tenha conhecimentos técnicos de ordem administrativa. Contudo, torna-se possível, em alguns casos, que seja a mesma pessoa, desde que o dono do capital tenha especialidade administrativa para exercer tal função. O trabalhador (especialista em administração, não o dono do capital) que exerce a função administrativa não pode vender, comprar ou herdar seu cargo, pois o papel do cargo estabelecido é apenas de gestão. Pro�ssionalização dos participantes: A organização burocrática é caracterizada pela pro�ssionalização dos participantes. Nesse tipo de organização, cada trabalhador é considerado um pro�ssional pelas seguintes características: especialista, assalariado, ocupante de cargo nomeado pelo superior hierárquico, mandato por tempo indeterminado, possui plano de carreira, não é proprietário dos meios de produção, administra a organização e �delidade ao cargo e aos objetivos da empresa. O administrador da organização possui uma tendência de gerenciar continuamente as burocracias. Completa previsibilidade do funcionamento: Para buscar o nível máximo de e�ciência que a organização possa atingir, torna-se importante que seja possível prever o comportamento de seus participantes. Desse modo, os trabalhadores devem ter um comportamento padronizado com as regras e normas da organização, podendo antecipar os acontecimentos e tomar decisões programadas para cada situação diferente. 034 No Brasil, as relações entre o setor privado para com o setor público são marcadas pela presença do modelo burocrático, assim como acontece em todos os outros países. Contudo, comumente em diversos setores de relacionamento com o governo brasileiro é presenciado um nível exagerado da burocracia quando comparado com outros países. Tal fato faz com que as empresas tenham maior di�culdade em executar determinadas atividades, ou ainda levem mais tempo para entregar um produto ou serviço para o seu cliente. Nos últimos anos, após grande avanço dos meios de comunicação, principalmente a internet, gerou-se uma agilidade nos processos, o que pode ser considerado como uma “desburocratização” dessa relação. Portanto, a burocracia é indispensável nas organizações (públicas ou privadas) e na relação entre elas, pois como aponta Max Weber, seu uso se faz necessário para que a organização busque maior e�ciência. Por outro lado, destaca-se que é necessário fazer uma utilização moderada da burocracia, buscando a e�ciência dos processos e da organização e o uso exagerado da mesma pode levar à ine�ciência da organização. 035 Acesse o link: Disponível aqui Recomendo a visita ao site eSocial do Governo Federal, trata-se de uma plataforma digital cujo objetivo é a transmissão eletrônica de dados entre as empresas e o Governo, facilitando o trâmite de documentações entre as partes. Veja que nessa situação o conceito de burocracia permanece, porém, foi possível, por meio da utilização de tecnologia da informação, otimizar os processos entre o órgão público e o privado, deixando-os mais e�ciente. O artigo pode ser visualizado no link: Disponível aqui Leiam um estudo de caso intitulado: “Análise do processo de licenciamento ambiental: um estudo de caso na cidade de Sobral – CE”, publicado em 2017, pela Revista de Educação, Ciência e Tecnologia do IFRS. Nesse estudo é abordado sobre os princípios do modelo burocrático Max Weber no processo de licenciamento ambiental na cidade de Sobral, Ceará. 036 http://portal.esocial.gov.br/ https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/ScientiaTec/article/view/2092/pdf Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: Burocracia não é sinônimo de lentidão dos processos, mas sim de regras e procedimentos que buscam fazer a organização mais e�ciente. As características da Burocracia: Caráter legal das normas e regulamentos, Caráter formal das comunicações, Caráter racional e divisão do trabalho, Impessoalidade nas relações, Hierarquia da autoridade, Rotinas e procedimentos padronizados, Competência técnica e meritocracia, Especialização da administração, Pro�ssionalização dos participantes, Completa previsibilidade do funcionamento. 037 05 Fordismo, Toyotismo e Volvismo 038 Nesta aula, serão estudados três diferentes sistemas de produção: Fordismo, Toyotismo e Volvismo, que são de grande importância nas contribuições geradas para as Teorias Administrativas ao longo da história. Ressalta-se que cada sistema está diretamente ligado às respectivas marcas automobilísticas Ford, Toyota e Volvo. A seguir, será aprofundada cada uma dessas três importantes teorias. Fordismo O precursor dessa teoria foi Henry Ford (1863 – 1947), engenheiro mecânico e fundador da Ford Motor Company. Foi responsável pela construção e comercialização do veículo Ford Modelo T em 1908, modelo que transformou radicalmente o transporte e a indústria dos Estados Unidos. O modelo apresentou diversas mudanças na sua estrutura quando comparado aos outros veículos da época e, além disso, apresentava preços acessíveis, facilitando a aquisição por parte da população. Após alguns anos, em 1926, devido à queda de vendas do Modelo T, Henry Ford lançou o Modelo A. Entretanto, o sucesso empresarial de Henry Ford não se deu apenas pela comercialização dos seus veículos, mas também no modo como os veículos passaram a ser fabricados. Em 1913, ainda durante a fabricação do Modelo T, Ford introduziu o sistema de linha de montagem (esteiras) na produção de seus veículos, o que permitiu um grande avanço na produtividade dos trabalhadores e da indústria. 039 Henry Ford (1863 – 1947). Ford Modelo T. Tal sistema fez com que os operários da indústria de Ford trabalhassem no ritmo e na velocidade da esteira da linha de montagem. Dessa maneira, todos os operários trabalhavam de igual modo, e nenhum operário despendia de mais energia que o 040 outro na execução das tarefas. Outro ponto importante foi a especialização do trabalho dos operários, pois cada trabalhador executava sempre a mesma tarefa dentro do sistema. Assim, exempli�cando de modo simples, um operário que era responsável pela instalação da porta do veículo durante a sua construção sempre iria executar essa mesma atividade. Isso levou cada operário se especializar na função pela qual era responsável, gerando também maior produtividade na execução da tarefa. Ainda, tal modelo de produção tinha como característica a padronização dos produtos, ou seja, não havia uma variedade de modelos de produtos para o mercado consumidor. Nesse contexto, há uma frase muito emblemática de Henry Ford que diz: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”. Destaca-se que pouco tempo depois esse sistema de produção, o qual �cou conhecido por “Fordismo” foi transplantando para vários outros setores industriais da época. Para aquele momento da história, tal mudança foi revolucionária, pois transformou bruscamente os processos de produção da indústria. O modelo produtivo tinha como objetivo uma produção em massa, buscando atingir também um consumo em massa e, para isso, também necessitava de grandes estoques. Você deve ter percebido uma forte semelhança entre as ações executadas por Henry Ford no comando de sua indústriae diversos pontos propostos na Escola da Administração Cientí�ca. De acordo com Chiavenato (2004), Henry Ford é incluído entre os pensadores da Administração Cientí�ca devido à aplicação dos princípios em seus negócios. Toyotismo Em outra vertente, com um direcionamento diferente do fordismo, surge o modelo produtivo que �cou conhecido como “Toyotismo” ou também como Sistema Toyota de Produção. Esse modelo, considerado pós-fordismo, apareceu no Japão após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e difundiu-se pelo mundo após 1970. O modelo foi criado pelo engenheiro mecânico Taiichi Ohno (1912-1990) junto com Eiji Toyoda (1913-2013) e aplicado na fábrica da Toyota. 041 O Toyotismo nasceu em um momento em que o Japão se reconstruía após a Segunda Guerra Mundial. Diferentemente do Fordismo, que tinha como foco a produção em massa para o consumo em massa e contava com grandes estoques, o Toyotismo tinha como premissa a produção enxuta, ou seja, produzindo somente o necessário. Tal situação deu-se devido às condições de reconstrução pós-guerra que o país estava vivendo naquele momento. A produção em função basicamente da demanda existente e sem grandes estoques gerou o termo em inglês “Just in Time” que poderia ser traduzido para o português como “Na Hora Certa” ou “No Momento Certo”, o que signi�ca, em termos práticos, realizar a produção no momento ideal. Exempli�cando essa situação, o modelo “Just in Time” (JIT) procura realizar a produção somente quando o estoque do produto chega em um nível demarcado pela gerência, sem gerar estoques desnecessários. Denota-se que grandes estoques geram necessidade de maior custo com infraestrutura (instalações, mais pessoas para gerenciar o estoque, entre outros) e, além disso, torna-se um capital imobilizado. Nessa linha de raciocínio, para os dias atuais, considerando principalmente o mercado virtual, é possível em muitos casos que as empresas trabalhem com estoque zero e realizem a fabricação do produto somente após o pedido do cliente ser expedido pelo sistema. De acordo com Chiavenato (2014), nesse sistema, Taiichi Ohno realizou mudanças a �m de introduzir técnicas que alteravam de modo rápido as máquinas e possibilitavam a �exibilização dos processos, mas utilizando algumas regras. Para o criador desse modelo, tudo aquilo que não geraria valor para o produto �nal era entendido como desperdício e deveria ser eliminado. Ohno classi�cou sete tipos de desperdícios (CHIAVENATO, 2014): 1. Tempo perdido para consertos ou refugos; 2. Produção maior do que a necessária ou antes do necessário; 3. Operações desnecessárias no processo de manufatura; 4. Transporte; 5. Estoque; 6. Movimentação humana e 7. Tempo de Espera. A partir disso, segundo Chiavenato (2014), foi criado o modelo de produção Toyota, composto por: Automatização: uso de máquinas que param de funcionar automaticamente caso ocorram problemas, além da ppossibilidade de o operário manusear máquinas diferentes, diminuindo assim a quantidade de trabalhadores; 042 Just in Time (JIT): produção da demanda após efetivação da venda, mantendo um �uxo de produção contínuo; Trabalho em equipe: objetivo de racionalizar o uso de mão de obra. Para isso, tem-se um líder que coordena a equipe e faça a substituição daqueles que estão ociosos. O foco é eliminar o tempo ocioso (morto) entre os operários visando reduzir o número de trabalhadores sem diminuir a produção; Administração por estresse: em função do trabalho em equipe, existe uma pressão sofrida pelo trabalhador para que desempenhe seu serviço com qualidade, havendo a possibilidade de ser rejeitado pela equipe; Flexibilização da mão de obra: possibilidade de o trabalhador saber realizar múltiplas funções, com o objetivo de ocupar qualquer função quando necessário. Isso permite que a empresa tenha uma quantidade menor de trabalhadores. É importante destacar que é preciso uma mão de obra mais quali�cada para que seja possível a aplicação dessa �exibilização; Gestão participativa: consideram-se os trabalhadores como parceiros da organização, pois começam a ser responsáveis pela produção e paralelamente realizam o controle de qualidade; Controle de qualidade: o controle de qualidade é feito de modo descentralizado, passando a responsabilidade para os trabalhadores; Subcontratação ou terceirização: tudo aquilo que não se remete às atividades essenciais da empresa deve ser repassado para outras organizações que realizam os mesmos procedimentos de forma melhor e mais barata. O Sistema Toyota de Produção ainda contava com algumas ferramentas para auxiliar na execução das tarefas e cumprir o objetivo de produção enxuta. Dentre elas, estavam o método Kanban, Kaizen e o Poka Yoke. O método Kanban é responsável pela realização do controle de produção a partir da utilização de cartões coloridos, facilitando a organização das atividades. O Kaizen é um processo de melhoria contínua, em que todas as etapas do processo de produção devem sempre buscar melhorar o sistema. O Poka Yoke, por sua vez, é um sistema de inspeção que tem como objetivo prevenir riscos de possíveis erros humanos e corrigir falhas dos processos, sempre utilizando métodos simples para isso. 043 Volvismo O modelo produtivo Volvismo, conhecido também como Sistema Re�exivo de Produção, também é um modelo pós-fordista e foi introduzido pelas fábricas da Volvo na Suécia em torno dos anos de 1980. Esse modelo, diferentemente dos anteriores abordados, não utilizava o sistema de linha de montagem para a fabricação de seus veículos. Conforme aponta Chiavenato (2014), foi em Kalmar, na Suécia, o primeiro experimento de substituição da clássica linha de montagem por células de produção para fabricação dos veículos. Tal fato de substituição no modo de fabricação ocorreu no contexto da sociedade sueca daquele período. Havia mão de obra altamente quali�cada e forte presença dos sindicatos trabalhistas. Nesse contexto, os trabalhadores, principalmente os mais jovens, não tinham interesse em trabalhar nas indústrias, pois iriam trabalhar como um auxiliar das máquinas na fabricação dos produtos. Necessitou-se, portanto, uma alteração no modelo de gestão com o objetivo de atrair mais pessoas para trabalhar nas indústrias. A Volvo propôs um modelo de produção caracterizado como sociotécnico, que buscava uma melhor relação entre as técnicas do trabalho executado e o comportamento humano. Em outras palavras, esse modelo não se preocupava apenas com a produção dos produtos, como acontecia no Fordismo e no Toyotismo, mas sim com o trabalhador e sua relação com o processo de produção. Destaca-se também que tal modelo possuía um elevado grau de experimentação, o que possibilitou diversas mudanças ao longo dos anos na empresa. Nesse sistema, o operário possuía a capacidade necessária para atuar em qualquer fase do processo de montagem. Além disso, os trabalhadores também participavam do processo de planejamento das atividades, além de poder propor alterações do ritmo de trabalho e eleição dos supervisores por democracia. Percebe-se uma diferença clara entre os modelos anteriores e esse modelo. No Volvismo, havia uma forte preocupação com o trabalhador, caso que não ocorria no Fordismo e no Toyotismo. Por conta disso, a Volvo passou a obter resultados positivos no processo fabril com menos faltas dos trabalhadores, diminuição da rotatividade do pessoal e minimização de custos, entre outras. Contudo, esse sistema entrou em declínio devido a uma crise pela qual a Volvo passou. Somado aos recordes de produtividades que paralelamente o modelo do Toyotismo estava apresentando, uma fusão entre a Volvo e a Renault também favoreceu o processo de declínio do Volvismo. 044 Acesse o vídeo: Disponível aqui Recomendo assistir ao trecho do documentário “Os Gigantes da Indústria” para você entender melhor a história de Henry Ford e sua contribuição para as Teorias Administrativas: Acesse o vídeo: Disponível aqui Dentre os pontos abordados nesta aula, para visualizar uma abordagem prática da linha de montagem propostapor Henry Ford, é indicado o vídeo do processo de fabricação do Modelo T, disponível em: 045 https://www.youtube.com/watch?v=Xk67mxQgyFY https://www.youtube.com/watch?v=jFKR0fQYUmg Acesse o vídeo: Disponível aqui Como complemento, indico outro vídeo, sobre o processo de fabricação atual de veículos, ainda fazendo uso da estrutura de linha de montagem, mas com tecnologia avançada: Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: Fordismo: Linha de montagem para produção em massa e consumo em massa. Toyotismo: Produção enxuta, produzindo apenas o necessário, quando necessário, evitando níveis altos de estoques. Volvismo: Produção em células, sem utilização de linha de montagem, visando um tipo de produção sociotécnico e forte preocupação com o trabalhador. 046 https://www.youtube.com/watch?v=TXHnAvli3Ck 06 Teoria Clássica 047 Jules Henri Fayol (1841-1925) Nesta sexta aula, será abordada a Teoria Clássica da Administração. O fundador dessa teoria foi Jules Henri Fayol (1841-1925), engenheiro de minas, nascido em Constantinopla (atualmente Istambul, Turquia) e falecido na França, onde viveu a maior parte da vida. Sua contribuição na fase inicial do pensamento administrativo foi extensa. Dentre suas colaborações com maior destaque, estão: Funções básicas da Empresa, Processos Administrativos (em alguns livros encontra-se também como “Funções do Administrador”) e os 14 Princípios Gerais da Administração. Suas teorias �caram conhecidas por Fayolismo. Assim como Taylor, Fayol tinha como objetivo a melhoria da e�ciência das organizações de sua época. Por outro lado, ao contrário de Taylor, seus estudos tinham ênfase na estrutura organizacional e não ênfase nas tarefas realizadas pelos operários. Portanto, Fayol analisava a empresa em um sentido vertical de “cima para baixo”, ou seja, pensando a estrutura da organização do nível estratégico para o nível operacional. Destaca-se que as Escolas do Pensamento Administrativo estudadas por Taylor e por Fayol são classi�cadas como escolas de Sistema Fechado, pois abordavam somente os limites internos da organização. Em outras palavras, esses pensadores não consideravam fatores externos da organização em seus trabalhos e somente estudavam seu ambiente interno. 048 Funções Básicas da Empresa De acordo com Chiavenato (2014), para Fayol toda empresa possui seis funções básicas: Quadro 6 – Funções Básicas de uma empresa para Fayol | Fonte: Elaborado pelo autor com base em Chiavenato (2014). Técnicas Funções/Atividades que estão ligadas à produção de bens ou serviços. Comerciais Funções/Atividades que estão ligadas à compra, venda e permutação. Financeiras Funções/Atividades que estão ligadas à procura e gerência de capitais. Seguranças Funções/Atividades que estão ligadas à proteção e preservação dos bens e das pessoas. Contábeis Funções/Atividades que estão ligadas a inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. Administrativas Funções/Atividades que são responsáveis pela integração e gerenciamento das outras cinco funções anteriores, sempre no nível de observação acima, com o objetivo de coordenar e sincronizar tais funções. Segundo Chiavenato (2014, p. 85): “A visão de Fayol sobre as funções básicas da empresa está ultrapassada. Hoje, as funções recebem o nome de áreas da administração; assim, as funções administrativas são a área da administração geral [...]”. Porém, pode-se a�rmar que Fayol teve um papel muito importante como precursor que propôs uma divisão de áreas no ambiente das organizações. 049 Processo Administrativo A partir da última função apontada (função administrativa), foi constituído o Processo Administrativo, composto pelas atividades do administrador que, segundo Fayol, são: I) Prever; II) Organizar; III) Comandar; IV) Coordenar e V) Controlar, conhecida também como POC A seguir, no Quadro 7, estão apontadas as de�nições de cada atividade. Quadro 7 – Funções do Administrador que formam o Processo Administrativo | Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Função De�nição Previsão Avalia o futuro e o aprovisionamento dos recursos em função dele. Organização Proporciona tudo o que é útil ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. Comando Leva a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais do negócio. Coordenação Harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e sucesso. Sincroniza coisas e ações em proporções certas e adapta meios aos �ns visados. Controle É a veri�cação que certi�ca se tudo ocorre em conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar fraquezas e erros no intuito de reti�cá-los e prevenir a recorrência. 050 Figura 3 – Seis Funções Básicas da empresa para Fayol | Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Com o intuito de melhor visualização de tal abordagem, a ilustração da Figura 3, a seguir, mostra a relação entre as seis Funções Básicas da Empresa junto aos Processos Administrativos, proposto por Fayol. Após breve observação das Funções Básicas da Empresa e dos Processos Administrativos, será estudada a seguir outra importante teoria cunhada por Henri Fayol: Os 14 Princípios Gerais da Administração. Os 14 Princípios Gerais da Administração de Fayol Dentre os 14 Princípios Gerais da Administração apontados por Fayol, estão: Divisão do trabalho, Autoridade e responsabilidade, Disciplina, Unidade de comando, Unidade de direção, Subordinação dos interesses individuais aos gerais, Remuneração do pessoal, Centralização, Cadeia escalar, Ordem, Equidade, Estabilidade do pessoal, Iniciativa e Espírito de equipe. A seguir, baseado em Maximiano (2000) e Chiavenato (2014), estão descritos de modo mais detalhado todos esses princípios. Divisão do trabalho: se refere à determinação de tarefas especí�cas para cada trabalhador, levando o trabalhador a se especializar na sua função. 051 Autoridade e responsabilidade: Autoridade é o direito dos superiores de ordenar e esperar obediência. Responsabilidade é cumprir com as ordens recebidas. Disciplina: corresponde à obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito dos acordos feitos entre a empresa e seus trabalhadores. Unidade de comando: cada trabalhador deve possuir apenas um superior, que vai lhe determinar suas tarefas. Unidade de direção: para um conjunto de operações que possuem o mesmo objetivo, deverá haver apenas um chefe e apenas um programa de execução. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: os interesses gerais da organização devem estar em um patamar superior aos interesses particulares de cada indivíduo. Remuneração do pessoal: de modo justo, deve haver satisfação pela remuneração tanto do trabalhador quanto da organização. Centralização: as decisões realizadas dentro da organização devem ser feitas de forma centralizada por meio de autoridades. Cadeia escalar: refere-se à linha de autoridade ou hierarquia da organização, perpassando desde o alto escalão até o nível mais baixo, respeitando o princípio de comando. Ordem: diz respeito à organização da empresa quanto às questões materiais e humanas, sendo que deve haver um lugar para cada coisa/pessoa e cada coisa/pessoa deve estar em seu lugar. Equidade: a igualdade e a justiça devem estar presentes dentro da organização. Estabilidade do pessoal: diminuir a rotatividade de trabalhadores na organização, pois quanto mais tempo o trabalhador permanecer no mesmo cargo, melhor será para a organização. Iniciativa: é a capacidade de visualizar e iniciar uma atividade e executá-la até o �nal. Espírito de equipe: a união e a harmonia entre os trabalhadores é um ponto positivo para a organização. A seguir, na Figura 4, ao visualizar alguns dos Princípios Gerais da Administração propostos por Fayol, é possível identi�car algumas das situações descritas acima. 052Figura 4 – Cadeia de comando e cadeia escalar de Fayol | Fonte: Chiavenato, 2014. Na Figura 4, nesse exemplo de estrutura hierárquica de uma organização, podemos identi�car os princípios de Divisão do trabalho, Unidade de comando, Unidade de direção, Centralização, Cadeia escalar e Ordem. Nota-se, portanto, a importância das contribuições feitas por Fayol para a evolução dos modelos de administração ao longo dos anos. Estimados(as), nesta aula, foi abordada a Teoria Clássica da Administração sob o viés das linhas de estudo feitas pelo seu fundador, Henri Fayol. Foi visualizado sobre três teorias: Funções Básicas da Empresa, Processo Administrativo e 14 Princípios Gerais da Administração. Apesar das grandes contribuições feitas por Fayol, como apontado anteriormente, essas não são unicamente su�cientes para as organizações do mundo atual. Pode-se concluir que essas teorias possuem grande importância para a evolução do pensamento administrativo, mas no decorrer da história foram necessárias outras evoluções em função das mudanças das próprias organizações e da identi�cação de outros fatores que também afetam a gestão das empresas. 053 O artigo está na íntegra: Disponível aqui Recomendo o estudo de caso publicado no formato de artigo cientí�co intitulado: “Uma análise da teoria clássica da administração e sua aplicabilidade em uma cooperativa: Um estudo na COTRISEL”, publicado em 2017 na Revista Sociais & Humanas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Dentre as teorias descritas por Henri Fayol em sua época, muitas delas foram os primeiros “pilares” da atual administração. Um exemplo prático disso é o fato de como as grandes organizações são divididas nos dias de hoje. Ao visualizar os diferentes departamentos dentro das empresas (comercial, �nanceiro, contábil, recursos humanos, marketing e jurídico, entre outros), têm-se como precursoras dessa divisão as teorias propostas por Fayol no ambiente das organizações. Obviamente, tais divisões não correspondem exatamente à mesma divisão que as funções da empresa atual, porém, podem ser consideradas o ponto de partida na história da administração para esse processo de divisão. 054 https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/25293 Para �nalizar esta aula e gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante que você se lembre dos seguintes pontos: A Teoria Clássica possui ênfase na Funções Básicas da Empresa: Técnicas, Comerciais, Financeiras, Segurança, Contábeis e Administrativas. Processo Administrativo: Previsão, Organização, Comando, Coordenação e Controle. 14 Princípios Gerais da Administração de Fayol: Divisão do trabalho, Autoridade e responsabilidade, Disciplina, Unidade de comando, Unidade de direção, Subordinação dos interesses individuais aos gerais, Remuneração do pessoal, Centralização, Cadeia escalar, Ordem, Equidade, Estabilidade do pessoal, Iniciativa e Espírito de equipe. 055 07 Teoria das Relações Humanas – 1 056 George Elton Mayo (1880-1949). Na sétima aula, será abordada a Teoria das Relações Humanas, conhecida também no campo da Administração como Escola das Relações Humanas. Essa teoria surgiu após diversas críticas aos modelos da Administração Cientí�ca e da Teoria Clássica. Considerando que a primeira teoria possuía ênfase nas tarefas e a segunda ênfase na estrutura, observa-se que o trabalhador neste contexto era visto como uma parte mecânica do processo de produção. Portanto, a Teoria das Relações Humanas apresenta um contraponto para tais teorias, tendo os estudos com ênfase nas pessoas. A Teoria das Relações Humanas foi formada por diversos cientistas sociais, sendo George Elton Mayo (1880-1949) considerado seu pioneiro. Mayo nasceu na Austrália, viveu grande parte da vida nos Estados Unidos e faleceu na Inglaterra. Foi cientista social e professor de sociologia. Além disso, também atuava como pesquisador nas organizações. Trabalhou em renomadas instituições de ensino, como a Universidade de Harvard, Universidade de Queensland e Universidade da Pensilvânia. Foi responsável pela supervisão do Experimento de Hawthorne, realizado em 1927, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. Tal trabalho pode ser considerado o estopim dos estudos da Teoria das Relações Humanas. Posteriormente, os avanços dessa teoria trouxeram termos para a Administração tais como Motivação, Liderança, Comunicação, Organização Informal e Dinâmica de Grupo, entre outros. 057 Experiência de Hawthorne Esse experimento foi realizado em uma fábrica da Western Electric Company, situada no bairro de Hawthorne, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, em 1927. O experimento tinha como objetivo �nal comparar diferentes intensidades de iluminação em relação à produtividade dos trabalhadores. O estudo foi supervisionado por Elton Mayo e expandido também para análise de outros pontos importantes tais como rotatividade de trabalhadores, acidentes no trabalho e estudo da fadiga. Os resultados dos estudos apresentaram falhas devido à in�uência do fator psicológico dos trabalhadores ao saberem que estavam sendo analisados. Em outros termos, os operários da fábrica submetidos ao experimento estavam apresentando resultados indiferentes ao tipo de iluminação. O Experimento de Hawthorne foi realizado em quatro diferentes fases: Primeira Fase de Hawthorne Neste primeiro momento, foram selecionados dois grupos de trabalhadores para a realização do experimento. O primeiro grupo era denominado “grupo de observação”, pois possuía variação na intensidade de luz, observando-se o rendimento dos trabalhadores em função da intensidade. O segundo grupo era denominado “grupo controle”, e a intensidade de luz sobre ele era constante. Os resultados obtidos não mostraram correlação direta em função das variáveis analisadas, e os pesquisadores identi�caram que os trabalhadores estavam sendo in�uenciados pelo fator psicológico. 058 Fábrica de Hawthorne | Fonte: Disponível aqui Ocorria que os operários, sabendo que estavam sendo analisados e, a partir disso, utilizando de suposições pessoais, julgavam que era necessário produzir mais quando a intensidade de luz era mais forte, e o contrário também se fazia verdadeiro. Nesse contexto, percebeu-se que o fator psicológico era preponderante sobre o �siológico. No primeiro momento, os pesquisadores consideravam o fator psicológico mostrado nos resultados como negativo para a pesquisa e, portanto, buscaram eliminar essa variável do estudo (CHIAVENATO, 2014). Segunda Fase de Hawthorne Na segunda fase do estudo, assim como na primeira, existiam dois grupos: o “grupo de observação” (com modi�cações no ambiente) e o “grupo controle” (sem modi�cações no ambiente). Desta vez, os grupos eram formados por operárias que montavam relés. O grupo de observação continha cinco mulheres fazendo o processo de montagem enquanto outra mulher repunha as peças. Entre os dois grupos, havia apenas uma divisão de madeira, e os equipamentos de trabalho eram exatamente iguais. A análise dos resultados se deu pela comparação do nível de produção entre os grupos. As mulheres eram informadas de que estavam participando do estudo e que seriam feitas algumas alterações nas condições de trabalho como, por exemplo, períodos de descanso, lanches, redução no horário de trabalho, entre outras (CHIAVENATO, 2014). Ainda segundo Chiavenato (2014), esta fase foi dividida em doze períodos: 059 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hawthorne,_Illinois_Works_of_the_Western_Electric_Company,_1925.jpg 1º período: foi mantido o nível de produção normal da fábrica de 2.400 unidades por semana, durante duas semanas. Este período foi utilizado para ser comparado com os períodos subsequentes. 2º período: o grupo de observação (experimental) foi colocado para trabalhar na sala de provas (local em que �cava o grupo controle) durante cinco semanas. Foram mantidos os horários e as condições de trabalho, observando-se apenas o ritmo de trabalho. O intuito desta etapa foi veri�car apenas a in�uência da alteração do local de produção.3º período: nesta etapa, que durou oito semanas, alterou-se o método de pagamento dos grupos. Para o grupo controle, que contava com cerca de cem mulheres, o método de remuneração foi feito em grupo. Neste procedimento, mesmo se algumas operárias produzissem acima da média, tal fato não aumentaria o salário delas proporcionalmente à produção, mas aumentaria em relação à produção total do grupo. Já para o grupo de observação, foi realizado um processo de remuneração em função do esforço individual, ou seja, para aquelas operárias que produzissem mais, a remuneração seria equivalente à sua produção. Neste período, foi observado um aumento da produção. 4º período: a partir deste período, começam a surgir alterações no trabalho. Havia um espaço de cinco minutos de descanso na parte da manhã e cinco minutos de descanso na parte da tarde. Novamente, observou-se um aumento na produção. 5º período: aumentou-se o espaço de descanso para dez minutos em ambos os períodos (manhã e tarde), e observou-se novamente aumento na produção. 6º período: seguindo a linha de estudo de espaços para descanso das operárias, foram inseridos três intervalos de cinco minutos no período da manhã e igualmente no período da tarde. Desta vez não houve aumento na produção, além de resultar em não aprovação pelas trabalhadoras devido à parada do ritmo de trabalho. 7º período: optou-se por realizar dois intervalos de dez minutos, como era feito anteriormente, quando as operárias recebiam um lanche leve. A produção voltou a crescer. 8º período: mantiveram-se os mesmos padrões do período anterior, alterando o horário de saída apenas do grupo de observação. Este grupo �nalizava suas tarefas às 16h30, enquanto o grupo controle �nalizava as tarefas às 17h. Percebeu-se mais uma vez aumento na produção. 060 9º período: a jornada de tarefas para o grupo de observação foi alterada para trabalhar até as 16h. Não houve aumento na produção. 10º período: a jornada de tarefas para o grupo de observação voltou a ser realizada até as 17h, igualmente ao sétimo período. Houve novamente aumento da produção. 11º período: houve a diminuição da quantidade de dias de trabalho para cinco, deixando-se o sábado para descanso. Observou-se aumento na produção diária no grupo de observação. 12º período: no último período, que durou doze semanas, os padrões de trabalho foram iguais ao terceiro período, mas todos os benefícios colocados anteriormente foram retirados. Com grande surpresa, os níveis de produção alcançaram recordes, e cada operária produziu três mil unidades de peças por semana. Portanto, na Segunda Fase de Hawthorne, os pesquisadores perceberam que novamente, assim como na Primeira Fase, havia a in�uência do fator psicológico. De acordo com Chiavenato (2014), esta fase permitiu chegar às seguintes conclusões: I) as operárias do grupo de observação gostavam do local de trabalho, denominado sala de provas, pois era possível uma maior interatividade e um nível mais baixo de ansiedade. Isso não ocorria no grupo controle, que era fortemente gerenciado, sendo que se tratava da própria linha de produção; II) o ambiente de trabalho era mais leve (menor pressão) e havia a permissão de diálogo, aumentando o contentamento pelo trabalho; III) não existia medo do supervisor, tendo em vista que ele atuava como um orientador; IV) o grupo de observação se desenvolveu do ponto de vista social, gerando amizades entre as operárias e criando uma equipe entre elas e V) surgiram objetivos comuns entre as trabalhadoras como, por exemplo, de alavancar a velocidade de produção, mesmo que inicialmente foi pedido para que trabalhassem normalmente. 061 Terceira Fase de Hawthorne Observando-se as diferenças dos resultados apresentados entre o grupo de observação e o grupo controle, os pesquisadores mudaram a rota em relação ao objetivo do estudo, que era averiguar as condições físicas de trabalho. A partir desse momento, aproximaram-se para um estudo das relações humanas no ambiente da organização. Nesse contexto, visualizaram que no grupo controle havia uma insatisfação por parte das operárias por conta da supervisão do trabalho, e que a organização onde o estudo foi realizado tinha pouca informação sobre o posicionamento das trabalhadoras em relação à supervisão, aos equipamentos de trabalho e também à empresa em si (CHIAVENATO, 2014). Após esta constatação, a empresa passou a realizar um programa de entrevistas com os operários com o objetivo de melhor conhecer os sentimentos, atitudes, pontos de vistas, tratamento que lhes eram oferecidos e sugestões sobre o treino realizado pelos supervisores. Tal programa foi recebido de forma positiva pelos supervisores e trabalhadores - e com bons resultados, levando à abertura da Divisão de Pesquisa Industriais a �m de expandir o método de entrevista para todos os trabalhadores da organização. Assim, foram entrevistados 21.126 trabalhadores entre 1928 e 1930 (HOMANS, 1971 apud CHIAVENATO, 2014). Nesse momento, é identi�cada a presença da Organização Informal, assunto que será tratado com mais profundidade na próxima aula. De forma breve, neste tipo de organização os trabalhadores passam a agrupar-se entre eles e surgem níveis de produção de um trabalhador padrão, líder não formal que busca manter o grupo unido e práticas informais que punem socialmente aqueles trabalhadores que produzem acima do padrão estipulado, entre outros pontos que afetam o sistema da organização formal (HOMANS, 1971 apud CHIAVENATO, 2014). Para tanto, identi�cada a presença da Organização Informal, que gera diferentes tipos de problemas para a empresa, os pesquisadores levaram o estudo para uma quarta fase. 062 Quarta Fase de Hawthorne A quarta fase do Experimento de Hawthorne possuía um grupo de observação (experimental) que �cava em uma sala separada, mas com iguais condições de trabalho ao restante dos operários. Dentro desta sala, havia um observador e fora da sala existia um pesquisador que entrevistava o grupo. Tal mecanismo ocorria desta forma com o objetivo de averiguar a presença da Organização Informal entre os trabalhadores (CHIAVENATO, 2014). O método de pagamento era feito com base na produção total realizada pelo grupo, fazendo com que os salários dos trabalhadores só aumentassem se a produção total também aumentasse. Havendo a presença do observador no ambiente interno da sala, ele passou a perceber alguns pontos: I) após realizado um certo nível de produção considerado normal pelo grupo, ocorria uma queda na velocidade de produção; II) os trabalhadores possuíam um mesmo modo de apresentar sentimentos e solidariedade ao grupo e III) o grupo de trabalhadores criou ferramentas para punir o trabalhador que não agisse de acordo com os interesses e com os combinados durante o processo de produção (CHIAVENATO, 2014). A última fase do Experimento de Hawthorne possibilitou uma análise da organização formal e da organização informal, mas em 1932, o experimento foi interrompido por falta de recursos �nanceiros. Contudo, sua contribuição para a Teoria das Relações Humanas foi muito importante (CHIAVENATO, 2014). Conclusão do Experimento de Hawthorne Por �m, tem-se que o Experimento de Hawthorne pode ser considerado o primeiro passo para o estudo da Teoria das Relações Humanas. De acordo com Chiavenato (2014), as conclusões para o estudo realizado em Hawthorne foram: 063 O nível de produção é resultante da integração social: o volume de produção do trabalhador não é gerado pela sua capacidade física, mas sim pelo nível de integração social que o trabalhador possui. Comportamento social dos empregados: a ação dos trabalhadores não é realizada de maneira individual e sim em grupos. Caso haja uma variação do indivíduo em relação às decisões do grupo, o mesmo é punido pelo grupo. Recompensas e sanções sociais: os trabalhadores agem seguindo normas e padrões sociais. Aqueles trabalhadores que não seguirem os padrões estabelecidos são punidos socialmente pelos colegas de grupo. Portanto, de acordo com o comportamento
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