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Urgencia e Emergencia – 5° período Edith Carvalho Choque Definição CHOQUE É UM ESTADO DE HIPOPERFUSÃO DE ÓRGÃOS RESULTANTE DE DISFUNÇÃO CELULAR E MORTE Mecanismos HIPOPERFUSÃO leva a uma HIPOXIA CELULAR, levando a um METABOLISMO ANAERÓBICO que funciona como tampão temporário, e gera a MORTE CELULAR que leva a FALÊNCIA ORGÂNICA e MORTE Hipovolêmico Redução do volume intravascular (pré-carga reduzida) que, por sua vez, reduz o débito cardíaco. Hemorragia, desidratação, sequestro de líquidos (peritonite, ascite) FISIOPATOLOGIA -Afeta sist. hematológico, cardiovascular renal e neuroendócrino. Volume sanguíneo↓, retorno venoso↓, volume sistólico↓, DC↓, perfusão tecidual↓. HEMORRÁGICO: o mais comum é o trauma, seguido por hemorragia varicosa e úlcera péptica. Causas menos comuns incluem hemorragia perioperatória, aneurisma aórtico abdominal roto e iatrogênico. NÃO HEMORRÁGICO: volume intravascular reduzido por perda de fluidos que não sejam sangue. A depleção de volume pela perda de sódio e água pode ocorrer a partir de vários sítios anatômicos, como perdas gastrointestinais, perdas de pele e perdas renais. Obstrutivo Redução do débito cardíaco por causas extracardíacas, geralmente associada a falência de ventrículo direito; CAUSAS: Tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo, coarctação de aorta Apresentação clínica similar ao choque hipovolêmico, pois o distúrbio fisiológico primário é uma diminuição da pré-carga, em vez da falha da bomba (p. ex., redução do retorno venoso ao átrio direito ou enchimento inadequado do ventrículo direito). Distributivo Vasodilatação sistêmica; 2 [Título do documento] Séptico, neurogênico, anafilaxia, insuficiência adrenal CHOQUE SÉPTICO: Choque séptico é sepse com necessidade de terapia vasopressora e presença de níveis elevados de lactato (> 2 mmol/L ou > 18 mg/dL), apesar da ressuscitação volêmica adequada. CHOQUE NEUROGENICO: ocorre geralmente em vítimas de traumatismo cranioencefálico grave e lesão da medula espinhal, sobretudo se esta for acima de T6, levando à interrupção das vias autonômicas, com diminuição da resistência vascular e alteração do tônus vagal. CHOQUE ANAFILÁTICO: está associada a mecanismos imunológicos (IgE mediado – alimento, inseto, látex – ou não IgE mediado – omalizumab, infliximab) e não imunológicos (exercício, frio, radiocontraste), todos levando à degranulação de mastócitos e/ou basófilos. CHOQUE POR CIANETO OU CO: choque por disfunção mitocondrial. No primeiro caso, o paciente possui O2 , mas não consegue utilizá-lo por bloqueio da fosforilação oxidativa pelo cianeto. No segundo caso, além desse mecanismo, o monóxido de carbono tem muita afinidade pela hemoglobina, dificultando sua ligação ao oxigênio CHOQUE ENDÓCRINO: crise addisoniana (insuficiência adrenal devido à deficiência mineralocorticoide) e coma mixedematoso podem estar associados à hipotensão e a estados de choque. Os doentes com tireotoxicose podem desenvolver insuficiência cardíaca de alto débito e, com a progressão da doença, esses pacientes podem desenvolver disfunção sistólica do ventrículo esquerdo ou taquiarritmias, levando à hipotensão. Cardiogênico Redução do débito cardíaco por falha da bomba cardíaca; - Falência ventricular esquerda - Infarto do miocárdio – Miocardites - Cardiomiopatias – lesões valvares - Disfunção miocárdica na sepse - Distúrbios de condução – Bradiarritmias - Taquiarritmias – Shunt arterio-venoso FISIOPATOLOGIA: Contratilidade cardíaca↓, DC e volume sistólico↓, provocado por congestão pulmonar, pela perfusão tecidual sistêmica↓, ou pela perfusão ↓ da artéria coronariana. Contratilidade cardíaca ↓, DC e volume sistólico ↓, levando a congestão pulmonar, perfusão tecidual sistêmica e perfusão diminuída da artéria coronariana. 3 [Título do documento] DROGAS OTIMIZAÇÃO DA PRÉ-CARGA RESSUCITAÇÃO VOLÊMICA CRISTALOIDES: SFO e Ringer lactato. COLOIDES ALBUMINA: não há superioridade da expansão volêmica com albumina em relação aos cristaloides AMIDOS: devem ser evitados HEMOCOMPONENTES: os principais utilizados no tratamento do choque são concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, aférese de plaquetas (corresponde a seis concentrados de plaquetas de um único doador), plasma fresco congelado (contém todos os fatores de coagulação e todas as proteínas do plasma) e crioprecipitado (contém os fatores VIII, XIII, fibrinogênio e vWF). OTIMIZAÇÃO DA PÓS-CARGA VASOPRESSORES NOREPINEFRINA: primeira escolha em caso de choque (EXCETO ANAFILÁTICO); aumento da PAM com pouca alteração na FC ou DC DOPAMINA: associada a arritmias e eventos CV; é pouco usada hoje em dia. EPINEFRINA: possui efeitos beta-adrenérgicos em doses baixas (inotrópica), com efeitos alfa- adrenérgicos (vasoconstritor); primeira escolha na ANAFILAXIA e CHOQUES REFRATÁRIOS. VASOPRESSINA: atua em receptores V1; em baixas doses pode causar aumento significativo na pressão arterial; segunda droga em pacientes com quadro de choque séptico, já em uso de noradrenalina, que mantêm hipotensão arterial e que não apresentam depressão miocárdica importante associada. OTIMIZAÇÃO DO DÉBITO CARDÍACO AGENTES IONOTRÓPICOS DOBUTAMINA: mais utilizado para o aumento do débito cardíaco; apresenta efeitos em receptores beta-1 e beta-2 adrenérgicos; pode causar hipotensão quando iniciada (efeito beta-2). OTIMIZAÇÃO DA OXIGENAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE O2 SUPLEMENTAR Deve ser iniciada precocemente, para aumentar o fornecimento de oxigênio aos tecidos e prevenir hipertensão pulmonar. GASOMETRIA ARTERIAL É FUNDAMENTAL! 4 [Título do documento] VNI: limitada devido os riscos de insuficiência respiratória e parada cardíaca. VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA: redução da demanda de O2 dos músculos respiratórios e diminuição da pós-carga ventricular esquerda. IMPORTANTE: antes de intubar, deve-se otimizar a hemodinâmica do paciente para evitar piora da PA e da perfusão periférica após IOT. Ainda no sentido de evitar hipotensão, o ideal é utilizar sequência rápida de intubação com etomidato ou quetamina EV, associados a um bloqueador neuromuscular, como succinilcolina ou rocurônio EV. SUPORTE TRANSFUSIONAL ALVO DE HEMOGLOBINA: acima de 7 g/dL, sendo indicada transfusão de CH se estiver abaixo desse nível. IMPORTANTE: para cardiopatas o alvo deve ser acima de 8 a 8,5 g/dL REDUÇÃO DO CONSUMO PERIFÉRICO DE OXIGÊNIO Evitar hipertermia (antitérmicos, se necessário). Controlar a dor (analgésicos, se necessário). Reduzir a ansiedade (ansiolíticos, se necessário). Reduzir o trabalho respiratório (ventilação mecânica, quando indicada, e esta deve ser bem ajustada, evitando assincronias). TRATAMENTO ESQUEMA CHOQUE SÉPTICO 5 [Título do documento] ESQUEMA CHOQUE CARDIOGÊNICO ESQUEMA CHOQUE HIPOVOLÊMICO ESQUEMA CHOQUE OBSTRUTIVO 6 [Título do documento] Sepse Definição É uma disfunção orgânica com risco de risco de vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção. A disfunção orgânica pode ser representada por um aumento no escore Sequential [Sepsis-related] Organ Failure Assessment (SOFA) de 2 pontos ou mais, o que está associado a uma mortalidade intra- hospitalar superior a 10%. • Após a identificação de um paciente com sepse, o clínico deve avaliar o paciente quanto à presença de disfunção orgânica aguda (sepse grave). A presença de disfunção orgânica aguda é frequentemente reconhecida clinicamente pelos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. No entanto, em alguns casos, dados laboratoriais ou resultados de monitoramento invasivo confirmarão o diagnóstico de disfunção orgânica. A ilustração do paciente neste slide tem setas apontando para vários órgãos que podem fornecer pistas sobre a presençade disfunção orgânica. As indicações de disfunção orgânica incluem: Sistema nervoso central: consciência alterada, confusão, psicose, delírio Sistema respiratório: taquipnéia, hipoxemia, saturação de oxigênio <90%, diminuição da proporção de oxigênio arterial vs oxigênio inspirado Fígado: icterícia, aumento das enzimas hepáticas, hipoalbuminemia, aumento do tempo de protrombina Cardiovascular: taquicardia, hipotensão, aumento da pressão venosa central, aumento da pressão oclusiva da artéria pulmonar Rim: oligúria, anúria, aumento da creatinina Hematológicas: trombocitopenia, testes de coagulação anormais, diminuição dos níveis de proteína C, aumento dos dímeros D. qSOFA O qSOFA pode identificar facilmente aqueles pacientes que estão “realmente doentes” O qSOFA positivo seria a presença de DUAS disfunções: o Alteração neurológica: GCS < 15 o Taquipnéia: FR > 22 irpm o Hipotensão: PAS < 100 mmHg O NEWS, como protocolo hospitalar, tem por objetivo garantir o atendimento antecipado ao paciente por meio da identificação dos sinais de deterioração clínica. Portanto os princípios do Protocolo News são: • Garantir a detecção antecipadamente; • Intervenção em momento oportuno para o paciente e a qualidade da resposta clínica. Segundo pesquisas foi constatado que 66% dos enfermos manifestam sinais atípicos cerca de 6 horas antes da parada cardiorrespiratória. Em apenas 25% dos casos o médico é notificado. Semelhantemente foi apurado que 70% dos pacientes demonstram sintomas de deterioração respiratória cerca de 8 horas antes de ter uma parada. 7 [Título do documento] MEOWS O Protocolo Meows (MODIFIED EARLY OBSTETRIC WARNING SCORE ou Pontuação de Aviso de Obstetrícia Precoce) é uma ferramenta, de rastreio de morbidade materna que pode ser utilizado para qualquer paciente que se encontre no ciclo gravídico-puerperal. PEWS PEWS (pediatric early warning score) é uma escala de escores de sinais vitais adaptados do News para o tratamento pediátrico, de 0 a 16 anos. Além disso é estabelecido um fluxograma de atendimento com base nos pontos obtidos na escala dos sinais vitais 8 [Título do documento] COMO AVALIAR? VARIABLES 0 1 2 3 4 PaO2 / FiO2 > 400 300 – 400 < 300 200 c/ VM 100 c/ VM Platelets > 150 150 – 100 100 – 50 50 – 20 < 20 Bilirubin < 1,2 1,2 – 1,9 2,0 – 5,9 6,0 – 11,9 > 12,0 Mean arterial pressure PAM > 70 PAM <70 Dopa < 5mcg (Dobuta) Dopa > 5 Nora < 0,1 Dopa > 15 Nora > 0,1 Glasgow 15 13 – 14 10 – 12 6 – 9 < 6 Creatinine < 1,2 1,2 – 1,9 2,0 – 3,4 3,5 – 4,9 > 5,0 Urine output< 500 mL/day 9 [Título do documento] ABORDAGEM INICIAL Suporte Hemodinâmico Adequado ABC – Airway – Breathing – Circulation VIP - Ventilate – Infusion – PUMP SUPORTE VENTILATÓRIO → CPAP E BPAP ✓ Para adultos com SARA induzida por sepse, recomendamos estratégia de ventilação com baixos VT (6 ml/kg) em relação a altos VT (10 ml/kg) RESSUCITAÇÃO VOLÊMICA: Para sepse e choque séptico, recomendamos cristaloide como primeira linha para ressuscitação volêmica ✓ pacientes com choque séptico ou hipoperfusão recebam pelo menos 30 mL/kg de cristaloide em até 3 horas TERAPIA ANTIMICROBIANA: ✓ pacientes com choque séptico ou alta possibilidade de sepse, nós recomendamos administrar antibióticos imediatamente, idealmente dentro de uma hora de reconhecimento DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO: ✓ Coleta de cultura (incluindo hemocultura) de acordo com suspeição clínica antes da administração de atb (se não atrasar por mais de 45 min) ✓ Para adultos com suspeita de sepse ou choque séptico, mas sem infecção confirmada, nós recomendamos avaliação contínua para diagnósticos alternativos e descontinuação de antibióticos se uma causa alternativa de doença for suspeitada ou confirmada. Iniciar a ressuscitação após diagnóstico de sepse ou choque séptico: 1. Colha lactato sérico.Reavalie se lactato inicial > 18 mg/dL 2. Hemoculturas antes de infundir antibióticos 3. antibióticos amplo espectro 4. Cristaloides 30 ml/kg para hipotensão ou lactato>36mg/dL 5. Vasopressores para PAM > 65 mmHg se hipotensão durante ou após fluidos 10 [Título do documento] Tempo de início de antimicrobianos ✓ Para sepse e choque séptico com alto risco de MRSA, recomendamos usar terapia empírica contra MRSA ✓ Para pacientes com sepse e alto risco de MDR, sugerimos usar dois antimicrobianos com cobertura para MDR (terapia combinada). ✓ Para adultos com sepse e alto risco de infecção fúngica, sugerimos utilização de terapia antifungica empírica. Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina* Multidrug-resistant ✓ Estudos sugerem que em pacientes críticos e/ou sépticos com disfunção renal ou hepática aguda ou prévia, o ajuste de dose de antibióticos deve ser feito somente após as primeiras 24 horas. ✓ Considerar alternativas para vancomicina, polimixinas e aminoglicosídeos, pois são nefrotóxicos, e é possível monitoramento por nível sérico. 11 [Título do documento] Drogas vasoativas REAVALIAÇÃO DAS 6 HORAS Choque séptico, sinais de hipoperfusão, hiperlactatemia Reavaliar continuidade da ressuscitação volêmica Pacientes com sinais de hipoperfusão e com níveis de hemoglobina abaixo de 7 mg/dL devem receber transfusão o mais rapidamente possível Monitorização com PAI 12 [Título do documento] Hipertensão: reduzir pós carga –nitroglicerina ou nitroprussiato Uso de corticoide – choque séptico refratário (Hidrocortisona 50 mg 6/6h) Ventilação mecânica se IRA ou hipoperfusão Bicarbonato – não indicado se pH > 7.15 Controle glicêmico Terapia de substituição renal
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