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Atividade 01 - Hipótese de locação - obrigação solidária entre inquilino e fiador - Karoline Schoroeder Soares

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG 
FACULDADE DE D IREITO – CURSO DE D IREITO 
Direito Processual Civi l III 
 
 
 Karoline Schoroeder Soares - 127827 
 
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AT I V I D A D E AVA L I A D A D O 1 º B I M E S T R E 
 
• Hipótese de locação: obrigação solidária entre inquilino e fiador 
 
Via de regra, a responsabilidade civil é patrimonial e está determinada no 
artigo 591 do Código de Processo Civil: “o devedor responde, para o cumprimento de 
suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições 
estabelecidas em lei”. Nesse sentido, quanto ao que se refere à hipótese locação, o 
patrimônio do devedor, é, de fato, a garantia do credor, ou seja, aquele que faz jus 
ao crédito pode vir a pleitear a obrigação do pagamento pela penhora dos bens do 
devedor, devendo ser proporcionalizado com a dívida. Por conseguinte, dá-se o 
surgimento do instituto do bem de família, que é um instituto originário dos Estados 
Unidos, que tem como principal finalidade assegurar um lar à família ou meios para 
o seu sustento, e enquanto for considerado bem de família fica o imóvel sendo 
impenhorável por dívidas posteriores à sua constituição, salvo as provenientes de 
impostos devidos pelo prédio. 
Sendo assim, o artigo 1.712, do Código Civil, garante que seja objeto de 
bem de família o imóvel urbano ou rural, e também valores mobiliários, da qual a 
renda seja aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Assim, 
compreende-se como valores mobiliários ações ou outros investimentos que 
proporcionem rendimentos constantes. 
Contudo, a Lei nº 8.009/90 dispõe as exceções quanto à impenhorabilidade, 
como nos casos de dívida alimentícia e, também, nos casos de obrigação por fiança 
atribuída ao contrato de locação. Para Pablo Stolze, nos casos em que o fiador for 
interpelado pelo locador, a fim de que seja adimplido os alugueis atrasados, o bem 
imóvel residencial poderá ser executado, ainda que seja o único. 
Entretanto, o tema tratado gera controvérsias, tendo em vista que o credor 
não deve ficar sem o seu pagamento adimplido ainda que seja acessório o contrato 
em que o fiador se tornou compelido a cumprir com a obrigação. Todavia, também 
há quem diga que ocorre o ferimento do princípio da isonomia, presente no artigo 5º 
da CF/88, pois não se fala sobre penhorar o bem de família do locatário e tão 
 
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somente penhorar o bem do fiador. 
Indo de encontro ao solicitado na atividade, no RE 605.709/SP, o Supremo 
Tribunal Federal, seguiu o entendimento de que: “A dignidade da pessoa humana e a 
proteção à família exigem que se ponham ao abrigo da constrição e da alienação forçada 
determinados bens. É o que ocorre com o bem de família do fiador, destinado à sua moradia, 
cujo sacrifício não pode ser exigido a pretexto de satisfazer o crédito de locador de imóvel 
comercial ou de estimular a livre iniciativa”, ou seja, a decisão proferida pela Corte 
Constitucional trata dos contratos de locação comercial e não das locações 
residenciais. Desse modo, não houve solução para o tema referido, já que os 
Ministros não decidiram sequer se o artigo 3º, inciso VII, da Lei nº 8.009/90 é 
inconstitucional ou não. 
Ademais, insta referir o disposto no Código Civil, em seu artigo 2.035: 
 
A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes 
da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis an-
teriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos 
após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, 
salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de 
execução. 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar pre-
ceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código 
para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. 
 
Por fim, a Carta Magna elenca inúmeros direitos fundamentais e essenciais 
a toda e qualquer pessoa, sendo uma dela o direito à moradia e a proteção das 
famílias interligado com o princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, o artigo 
6º da Constituição Federal de 1988 não deixa falhar, sendo, portanto, o direito à 
moradia sinônimo do direito a ter um lar, já que os bens imóveis são designados a 
ter uma função social. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, 1988. 
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> 
Acesso em: 31 de julho de 2021. 
BRASIL, Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990, 1990. Disponível em: < 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8009.htm> Acesso em: 31 de julho de 2021. 
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 2002. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 31 
de julho de 2021. 
GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Direito Civil – Parte 
Geral 1. 19º ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017.

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