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DIREITO DAS COISAS - ATIVIDADE - RESPONSABILIDADE CIVIL

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Jackson, aluno do curso de Direito, desejando estudar para os exames de final de período, pede autorização a seu tio Gustavo para que lhe empreste as chaves de seu chalé em Petrópolis, de modo a que passe o feriado que antecede as provas estudando. Com a permissão do tio, dirige-se ao local, determinado a utilizar todos os minutos disponíveis lendo. Em determinado momento, em razão de um temporal, falta luz na cidade. Jackson, então, acende uma vela para poder continuar a lei. Contudo, exausto, vem a adormecer, derrubando o suporte da vela, provocando um incêndio quando a mesma cai sobre o madeirame. Felizmente, não há feridos, mas o chalé vem a ser completamente destruído. 
Jackson deverá indenizar Gustavo pelo valor integral do chalé? Justifique sua resposta, fundamentando-a com os dispositivos legais pertinentes. 
Para que seja analisada a obrigação de pagar o valor integral do chalé, é preciso, incialmente, ter em mente o conceito de responsabilidade civil. Esta se trata da incumbência dada a determinado sujeito a reparar qualquer tipo de dano causado, desde que por ato ilícito. Dessa forma, prescreve o art. 927 do CC que, aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
No caso em tela, o dano causado foi evidente. Ora, Gustavo perdeu 100% de seu chalé, o que certamente gerou um grande dano material e, possivelmente, até mesmo um dano moral. O que fica em voga nesse contexto não é, portanto, o dano causado mas, sim, o ato que gerou esse dano, ou seja, o fato de que Jackson, exausto, dormiu com a vela acessa. 
A ilicitude deste ato, entretanto, foi gerado em razão da negligência de Jackson. Mesmo porque, é evidente que o incêndio não foi causado em razão de dolo, mas, sim, de culpa, o que se encaixa perfeitamente no art. 186 do CC. Mesmo porque, se Jackson sentiu que estava cansado, o que deveria ter sido feito é a cessação imediata da chama da vela, tendo em vista o grave risco que tal instrumento pode gerar.
Para se chegar a essa conclusão, é preciso se ter em vista que a responsabilidade civil, por força do art. 186 do CC, recairá sobre o agente independentemente se houve ou não o ânimo de causar algum dano. O que se encontra em discussão é o direito do sujeito que sofreu o dano de ser reparado. E é sobre essas premissas que se se forjam os artigos 186 e 944 do CC. 
Ao analisar sistematicamente esses dispositivos, percebe-se que, não apenas se responsabiliza, devido a sua culpa no incêndio, como Jackson também deve pagar indenização fixada nos limites do dano, ou seja, deve pagar integralmente o valor venal do chalé e, caso requeridos e comprovados por Gustavo, até mesmo os possíveis danos morais causados pelo incidente. 
O parágrafo único do art. 944 determina que, na hipótese de excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Contudo, a análise desta desproporção não cabe ao caso em tela, haja vista que a negligência de Jackson poderia ter sido evitada, vez que é de senso comum que uma vela, sobretudo quando inserida dentro de um ambiente como muita madeira, móveis e qualquer tipo de material propenso a alimentar labaredas de fogo, tem extrema potencialidade para causar um incêndio de grandes proporções. 
Justamente devido a isso, em atenção aos artigos 186 e 944, caput, do CC, que Jackson deve ser responsabilizado ao pagamento integral do valor venal do chalé de Gustavo.

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