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Neoplasias do cólon retal Entender as neoplasias do cólon retal (epidemiologia, etiologia, fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico) Introdução ➔ Tumores do intestino grosso podem ser benignos (pólipos) ou malignos, sobretudo adenocarcinoma e, menos frequentemente, linfomas e tumores neuroendócrinos. Pólipos ➔ São massas de tecido que se projetam na luz intestinal; ➔ Mais frequentes na região colorretal (90%), mas podem ocorrem em qualquer local do trato gastrointestinal; ➔ Segundo a sua implantação, podem ser: ◆ Sésseis (base ampla); ◆ Pediculados (base estreita). ➔ Quanto a origem histológica, podem ser: ◆ Neoplásicos (adenomas); ◆ Não neoplásicos (hamartomas, pólipos hiperplásicos e pólipos inflamatórios). #Pólipos não neoplásicos ➔ Pólipos hiperplásicos: ◆ São os mais frequentes no cólon; ◆ Geralmente pequenos (0,1 a 1,0 cm), sésseis e múltiplos; ◆ Sua frequência aumenta com a idade, sendo mais comum em indivíduos entre 60 e 70 anos; ◆ Não possuem potencial de evolução maligna; ◆ Resultam da diminuição do turnover das células epiteliais nas criptas colônicas que leva ao empilhamento das células e ao aspecto serrilhado; ◆ Histologicamente são constituídos por criptas bem definidas, alongadas e/ou ramificadas, com borda de aspecto serrilhado, revestidas por células caliciformes e absortivas com maturação preservada; ◆ Devem ser distinguidos de adenomas sésseis serrilhados, que apresentam potencial de malignidade. ➔ Pólipos hamartomatosos: ◆ São lesões constituídas por tecidos próprios do local, com maturação preservada, mas em quantidade aumentada e com estrutura desorganizada; ◆ Podem ser isolados (esporádicos) ou múltiplos, associados a síndromes hereditárias; ◆ Podem ter mutações herdadas em oncogenes e genes supressores de tumor, com risco de evoluir para câncer no trato gastrointestinal e em outros órgãos; ◆ Um pólipo hamartomatoso pode ser pista para uma síndrome hereditária de polipose, com risco de evoluir para câncer; ◆ São divididos em dois tipos de pólipos: ● Pólipo juvenil: ○ Ocorre principalmente no reto de crianças menores de 5 anos, mas pode aparecer também em jovens ou adultos; ○ As lesões são geralmente solitárias (esporádicas) e consideradas como malformações; ○ O pólipo apresenta-se como tumor pardo-avermelhado; ○ Pode sofrer torção, infarto e auto amputação, podendo ser eliminado nas fezes; ○ Pólipos juvenis múltiplos no cólon, intestino delgado e estômago caracterizam a síndrome da polipose juvenil, doença de herança autossômica dominante, com maior risco de evoluir para adenoma e adenocarcinoma. ● Síndrome de Peutz-Jeghers: ○ Rara e de herança autossômica dominante; ○ Caracterizada por: ◆ Pólipos hamartomatosos múltiplos no trato gastrointestinal: intestino delgado (100%), cólon e reto (30%) e estômago (25%) e, por vezes, nas vias respiratórias e na bexiga; ◆ Hiperpigmentação melânica cutâneo mucosa semelhante a lentigo, na mucosa oral, face, genitália e palma das mãos. ○ Os pacientes têm maior risco de câncer fora do trato gastrointestinal, como útero, ovários, mama e pâncreas. ➔ Pólipos inflamatórios (pseudopólipos): ◆ São lesões nodulares associadas a inflamações no cólon, úlceras e reparo da mucosa; ◆ Tais pólipos formam-se em pacientes com colite ulcerativa de longa duração e em indivíduos com prolapso da mucosa retal; ◆ Pólipos linfoides representam uma variante dos pólipos inflamatórios; são constituídos por hiperplasia do tecido linfoide associado à mucosa colônica. #Pólipos neoplásicos (adenomas) ➔ Pólipos neoplásicos (adenomas), únicos ou múltiplos, têm tamanho e aspecto variados; ➔ Sua prevalência aumenta com a idade, não havendo diferença entre homens e mulheres; ➔ Mais de 70% dos adenomas localizam-se no retossigmoide, 20% no sigmoide e 10% nas porções proximais do cólon; ➔ Adenomas colônicos têm potencial de evoluir para adenocarcinoma; ➔ Os adenomas são classificados como: ◆ Tubular; ◆ Viloso; ◆ Tubuloviloso. ➔ Adenoma tubular: ◆ É o tipo mais comum e compreende 75% dos pólipos neoplásicos; ◆ A lesão pode ser solitária (esporádica) ou múltipla, esta associada à síndrome de polipose familial; ◆ É mais frequente no cólon e no reto (90%), mas pode ocorrer em outros locais, como estômago e intestino delgado; ◆ As lesões são geralmente pequenas (menores que 1 cm) e sésseis; ◆ Histologicamente, o tumor é constituído por glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, pseudoestratificado, com graus variados de displasia. ➔ Adenoma viloso; ◆ É considerado viloso quando mais de 50% de sua extensão é constituída por estruturas papilíferas; ◆ Compreende 10% dos pólipos neoplásicos e tem pior prognóstico: o risco de transformação maligna é dez vezes maior do que o do adenoma tubular; ◆ Localiza-se nos 25 cm distais do cólon e manifesta-se em indivíduos após 60 anos; ◆ A lesão é geralmente única, tem base de implantação larga e é maior do que o adenoma tubular; ◆ Manifestações clínicas são mais frequentes do que nos adenomas tubulares; ◆ Histologicamente, é constituído por projeções papilíferas revestidas por epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de displasia; ● Histologicamente, é constituído por projeções papilíferas revestidas por epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de displasia. ◆ Transformação maligna com invasão do estroma ocorre em 30 a 50% dos casos; ◆ Em geral, o tumor é descoberto por sangramento retal; pode apresentar também hipersecreção de muco, com perda de proteínas e potássio. ➔ Adenoma tubuloviloso; ◆ Quando o componente viloso varia entre 25 e 50%, a lesão é considerada tubulovilosa; ◆ Compreende 15 a 20% dos pólipos neoplásicos, tem a mesma localização do adenoma tubular e apresenta-se como tumoração séssil ou pediculada; ◆ O risco de transformação maligna é proporcional à quantidade do componente viloso. ➔ Adenoma pólipo séssil serrilhado: ◆ Lesão séssil ou plana que se origina predominantemente no cólon proximal; ◆ A arquitetura serrilhada das criptas é similar à do pólipo hiperplásico, embora nos adenomas o aspecto serrilhado ocorra em toda extensão das glândulas, incluindo a base das criptas e as suas ramificações laterais; ◆ A lesão é importante porque é precursora do câncer do cólon associado à instabilidade de microssatélites. #Síndromes de polipose familial ➔ A polipose familial do cólon é doença genética de herança autossômica dominante, com alta penetrância, causada por mutações no gene APC, situado no braço longo do cromossomo 5; ➔ A doença caracteriza-se por grande número de pólipos, variando de dezenas a milhares, que recobrem a mucosa do cólon; ➔ Histologicamente, os pólipos são representados por adenomas com diferentes graus de displasia; ➔ Dependendo do tipo de mutação envolvida, a polipose familial compreende as formas clássica, atenuada, síndrome de Gardner e síndrome de Turcot; ◆ Forma clássica: ● Os pacientes desenvolvem 500 a 2.500 adenomas localizados predominantemente no cólon descendente e no sigmoide, podendo comprometer também o reto, ceco, intestino delgado e estômago; ● A doença manifesta-se geralmente na segunda ou terceira década de vida, e o risco de desenvolver câncer do cólon é de 100% nos indivíduos não tratados. ◆ Forma atenuada: ● Os pacientes desenvolvem menor número de adenomas (em média, 50 lesões), que se localizam preferencialmente no cólon proximal; ● O risco de transformação maligna é menor, em torno de 50%. ◆ Síndrome de Gardner: ● É a variante incomum da polipose familial do cólon; ● Tem herança autossômica dominante e caracteriza-se pela associação de adenomas com lesões extraintestinais, como osteomas na mandíbula, no crânio e nos ossos longos, cistos epidérmicos e fibromatose; menos frequentemente, pólipos associam-se a anormalidades na dentição e maior frequência de tumores na tireoide e no duodeno. ◆ Síndrome de Turcot: ● É outra variante rara de polipose em que pólipos associam-se a tumoresdo SNC (geralmente gliomas). #Síndrome de Lynch (Câncer do cólon hereditário não associado a polipose - HNPCC) ➔ É responsável por 3 a 5% dos casos de câncer colônico; ➔ Trata-se de doença genética de herança autossômica dominante causada por mutação nos genes de reparo do DNA, particularmente hMLH1 e hMSH2, o que resulta em instabilidade genômica, especialmente nas sequências de microssatélites; ➔ Os tumores ocorrem em indivíduos jovens (abaixo de 50 anos), predominam no cólon direito, são adenocarcinomas pouco diferenciados ou mucinosos, têm reação linfoide e apresentam evolução mais favorável; ➔ Defeitos em genes de reparo do DNA podem ser identificados por análise molecular para detectar instabilidade de microssatélites ou por análise imuno-histoquímica para avaliar os níveis de expressão das proteínas envolvidas no reparo do DNA; ➔ A identificação de pacientes com síndrome de Lynch é importante pelo alto risco de desenvolver segundo tumor no cólon (tumores sincrônicos ou metacrônicos) e em outros órgãos, como endométrio, ovário pâncreas e pelas diferenças no tratamento e prognóstico. Epidemiologia ➔ Segundo a OMS, o câncer colorretal é a 3° maior causa de câncer, sendo o 3° tumor maligno mais frequente em homens e o 2° em mulheres; ➔ Em relação a mortalidade, no Brasil o CCR é a 4° causa de morte por câncer em homens e a 3° causa em mulheres; ➔ Segundo o INCA, no Brasil a incidência do CCR varia conforme a região analisada, com maior proporção nas regiões sul e sudeste, com incidência de 19-21 casos/100.000 indivíduos, e menor nas regiões centro-oeste, nordeste e norte; ➔ A incidência de CCR aumenta com a idade, sobretudo em maiores de 50 anos, sendo 90% dos casos ocorrendo acima dessa faixa etária; ➔ Em relação aos 3 tipos de câncer: ◆ Esporádico: 75% dos casos; ◆ Origem familiar: 20% dos casos; ◆ Síndromes hereditárias e doença inflamatória intestinal: 5%. Fisiopatologia (duas teorias) ➔ Sequência adenoma-carcinoma: ◆ Corresponde a 80% dos CCR esporádicos; ◆ Nós temos duas cópias do gene supressor de tumor Polipose adenomatosa coli (APC) que é um regulador negativo da b-catenina, que é uma proteína multifuncional, componente da via de sinalização; ◆ Algumas pessoas já nascem com uma dessas cópias mutada ou inativada, mas os adenomas só se desenvolvem quando há mutação ou ativação das duas cópias do gene; ◆ Quando o APC está inativo, ocorre o acúmulo da b-catenina e em grande quantidade, esse componente da via de sinalização se transloca para o núcleo celular e ativa a transcrição de genes, como os que codificam Myc e Ciclina, que são responsáveis pela proliferação celular; ◆ Esse processo da inativação da APC e acúmulo da b-catenina pode ser acompanhado com outras mutações, como: ● Mutações de ativação do gene KRAS, que também promovem o crescimento celular e evitam a sua apoptose; ● Mutações que codificam os genes SMAD2 e SMAD4, que são efetores da sinalização do fator TGF-1 (?) que está envolvido na inibição do ciclo celular e em outros genes como DCC e caderina-E; ● Mutações de TP53 também ocorrem em fases tardias da progressão do tumor, ele é um gene supressor de tumor que está mutado em 70-80% dos cânceres do cólon. ◆ No geral, fatores que levam à mutação em genes que regulam a proliferação celular estão alterados, fazendo surgir os adenomas com displasias celulares. ➔ Via de instabilidade de microssatélites: ◆ Essa via está associada ao aparecimento do câncer colorretal hereditário não polipose; ◆ Em pacientes que têm perdas de gene relacionados ao reparo do DNA, existem mutações que se acumulam em repetições microssatélites, uma condição chamada de instabilidade microssatélite; ◆ Essa mutações geram irregularidades em genes envolvidos na regulação do crescimento celular, como TGF-1 tipo II e a proteína pró apoptótica BAX; ◆ Mutações no oncogene BRAF e silenciamento de alguns genes devido à hipermetilação da ilha CpG também são comuns; ◆ Assim, ocorre o crescimento celular descontrolado e a sobrevivência de células geneticamente anormais. Fatores de risco ➔ Alimentação é o principal fator ambiental envolvido na carcinogênese colônica; ➔ Altas taxas de câncer do cólon associam-se a: ◆ Dieta pobre em fibras vegetais e rica em gorduras, carnes vermelhas e carboidratos refinados; ● O menor teor de fibras na alimentação reduz o bolo fecal, aumenta o tempo de trânsito intestinal e altera a microbiota intestinal; ● Nessa situação, alta concentração de produtos oxidativos da degradação de carboidratos por bactérias e pequeno volume de fezes possibilitam maior tempo de contato do bolo fecal com a mucosa do cólon. ◆ Alta ingestão de carnes vermelhas resulta em maior taxa de colesterol, o que aumenta a síntese e a excreção de ácidos biliares, os quais podem ser convertidos em agentes cancerígenos pelas bactérias intestinais; ◆ Carência de vitaminas A, C e E na alimentação resulta em aumento de radicais livres de O2, que são potencialmente mutagênicos; ◆ Obesidade e inatividade física aumentam o risco para câncer do cólon; ● Adenocarcinoma colônico é mais comum em indivíduos obesos. ◆ Produtos de degradação de alimentos ricos em gordura também geram radicais livres de O2. ➔ Vários estudos têm demonstrado a presença de fatores protetores para o CCR: ◆ Dietas ricas em frutas e fibras; ◆ Atividade física; ◆ Ácido acetilsalicílico ou outros AINEs através da inibição da enzima cicloxigenase-2 (COX-2). Quadro clínico ➔ A maior parte dos pacientes com CCr é assintomática no início da doença, retardando o diagnóstico para fases mais avançadas quando surgem os primeiros sintomas; ➔ Existe uma correlação entre a localização do tumor e as manifestações clínicas apresentadas: ◆ O cólon direito tem maior diâmetro que o esquerdo e por isso, tem tumores à direita (cólon ascendente), há tendência do câncer evoluir como lesão exofítica (para dentro da luz intestinal); ● Geralmente os cânceres dessa região apresentam anemia ferropriva que podem se manifestar como fadiga, fraqueza ou palidez de mucosa; ● O tumor pode ser palpável; ● O sangramento pode se exteriorizar como melena (sangramento devido ao sangue já digerido). ◆ No cólon esquerdo a lesão geralmente invade a parede do órgão e como o diâmetro é menor do que o lado direito, ocorre maior incidência de estenose e obstrução, essas lesões são anulares e produzem constrições conhecidas como “anel de guardanapo”; ● Sangramento oculto; ● Mudanças nos hábitos intestinais; ● Distensão abdominal; ● Sangramento vivo; ● Desconforto em fossa ilíaca esquerda. ➔ A presença de alternância entre constipação e diarreia pode estar presente; ➔ Náuseas, vômitos e dor abdominal podem estar presentes em casos de obstrução intestinal; ➔ Outro achado é a presença de perda de peso importante e não intencional em um curto espaço de tempo, caracterizando a síndrome disabsortiva; ➔ Apesar de infrequente, pode ocorrer febre, abcessos e complicações, como perfuração, obstrução e hemorragias; ➔ No câncer retal, o sintoma mais frequente é a perda de sangue e tenesmo, associada a presença de fezes com muco ou não; ➔ O CCR pode se manifestar com sintomas referentes aos órgãos para onde sofreu metástase: ◆ Metástase hepática: dor no hipocôndrio direito e saciedade precoce; ◆ Metástase peritoneal: ascite, distensão e dor abdominal; ◆ Metástase linfonodal: linfonodomegalias inguinais, periumbilicais ou supraclaviculares; ◆ Metástase pulmonar: derrame pleural; ◆ Metástase óssea: dores ósseas e fraturas patológicas. Elucidar os métodos diagnósticos e exames de rastreio das neoplasias do cólon retal Métodos diagnósticos ➔ A base do diagnóstico do CCR se dá através de uma anamnese minuciosa, levando em conta sinais, sintomas e fatores de risco, além do exame físico e proctológico; ➔ Exames laboratoriais: ◆ Hemograma: pode apresentar anemia microcítica e hipocrômica compatível com anemia ferropriva; ◆ Pesquisa de sangue oculto nas fezes: identifica a presençade hemoglobina; ● Possui baixa sensibilidade; ● Pode ser utilizada como método de rastreamento, mas não como recurso diagnóstico. ◆ Teste de DNA fecal: analisa a presença de alterações genéticas em células encontradas nas fezes oriundas da descamação de um possível tumor; ◆ CEA: o antígeno carcinoembrionário é uma glicoproteína que possui níveis elevados em 65% dos pacientes com CCR, porém várias situações estão relacionadas com o aumento do CEA além do CCR, como cirrose, enfisema pulmonar, diverticulite, polipose intestinal e outros tipos de cânceres; ◆ CA 19.9: avalia a presença de uma proteína comum das células cancerígenas, conhecida como proteína CA 19-9. ➔ Colonoscopia: ◆ É o padrão-ouro para auxiliar no diagnóstico desses tumores, pois fornece a localização e extensão do tumor; ◆ Fornece a possibilidade de ser diagnóstico e terapêutico, pois é capaz de detectar e remover lesões pré-malignas. ➔ Retossigmoidoscopia flexível: ◆ Em pacientes com massa palpável ao toque retal que não permite a passagem do colonoscópio, pode ser realizado o exame de retossigmoidoscopia flexível; ◆ No entanto, esse exame não substitui a colonoscopia, pois só consegue chegar até 60 cm do ânus. ➔ Tomografia computadorizada: ◆ Serve para avaliar o comprometimento extramural do câncer do reto e para a detecção de metástases. ➔ Ultrassonografia abdominal: ◆ Permite avaliação hepática, principal sítio de metástases colônicas; ◆ Entretanto não é possível a avaliação de linfonodos peritoneais, como na tomografia. ➔ Ressonância magnética e PET-CT: ◆ Utilizados em casos de dúvidas diagnósticas ➔ Radiografia de abdome: ◆ Utilizado em pacientes com quadro de abdome agudo obstrutivo pelo tumor. ➔ Vídeolaparoscopia diagnóstica: ◆ Não é utilizado para confirmação de diagóstico de CCR; ◆ Pode ser usado para confirmação de suspeita de metástases hepáticas ou peritoneais. ➔ Ultrassonografia endorretal: ◆ Ainda é pouco disponível no Brasil; ◆ Permite a definição detalhada das camadas da parede retal e dos tecidos circunjacentes, permitindo detectar o grau de infiltração do tumor na parede do reto e o acometimento linfonodal. Exames de rastreio ➔ O rastreamento está indicado para pessoas de risco médio a partir dos 50 anos, podendo realizar um dos seguintes exames: ◆ Colonoscopia a cada 10 anos se a primeira for negativa; ◆ Colografia por TC a cada 5 anos naqueles que não farão colonoscopia; ◆ Retossigmoidoscopia flexível a cada 10 anos isolada ou em associação com o sangfue oculto nas fezes anualmente; ◆ 3 amostras de sangue oculto nas fezes anualmente ou teste de DNA de uma amostra de fezes a cada 5 anos. ➔ Em pacientes de alto risco para CCR (em caso de história familiar de CCR em parentes de primeiro grau, história pessoal de CCR ou pólipo maior que 1 cm ou múltiplos pólipos de qualquer tamanho e portadores de doença inflamatória), deverão iniciar a triagem aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do CCR no paciente de primeiro grau; ➔ Em caso de Síndrome de polipose familial, recomenda-se a realização de retossigmoidoscopia flexível entre 10-12 anos que deve ser repetida entre 1-12 anos até a idade de 35 anos, quando o rastreio deverá ser realizado a cada 3 anos; ➔ Em paciente com Síndrome de Lynch, recomenda-se a realização de colonoscopia a partir de 20-25 anos repetindo a cada 2 anos e após os 40 anos, o rastreio deve ser anual; além disso recomenda-se o rastreio específico para os cânceres extracolonicos que podem ocorrer nessa síndrome. ➔ O sangue oculto nas fezes é uma estratégia utilizada como um primeiro teste de suspeição, que necessitará, nos casos positivos, de exame complementar ou confirmatório; ◆ Tem grandes vantagens como a simplicidade, o baixo custo e a ausência de complicações. ➔ Os exames endoscópicos, como retossigmoidoscopia e colonoscopia, além de poderem ser utilizados como teste de rastreamento alternativos, são os confirmatórios dos casos com rastreamento com exame de sangue oculto alterado ou com sinais e sintomas suspeitos, permitindo biopsiar achados suspeitos e retirar lesões pré-malignas Conhecer o estadiamento de neoplasias do cólon retal (TNM, DUKES) e classificação YAMADA Compreender as condutas terapêuticas para neoplasias do cólon retal ➔ Para ser considerada a ressecção cirúrgica deve garantir uma margem livre de infiltração neoplásica (idealmente de 5 cm da margem proximal e distal para tumores do cólon e 2 cm para tumores retais) e a retirada de no mínimo 12 linfonodos; ➔ Tumores de cólon: ● Quando o tumor estiver localizado no ceco ou cólon ascendente, a ressecção deve incluir a porção distal do íleo e ir até a metade do cólon transverso; ● Caso o tumor se encontre no cólon transverso, a ressecção dependerá da porção de implantação; ● Nos casos em que o tumor se localiza no cólon descendente, deve-se realizar a colectomia esquerda; ● Caso o tumor esteja presente no cólon sigmóide ou reto alto, pode-se realizar uma retossigmoidectomia; ● Devido às grandes chances de recorrência tumoral, no pacientes com tumores associados à Síndrome de polipose familial e à Síndrome de Lynch, geralmente é indicado a colectomia total. ➔ Tumores de reto: ◆ O melhor tratamento para o câncer do reto é a ressecção cirúrgica do tumor primário; ◆ Devido a sua localização intrapélvica e da proximidade anatômica com estruturas importantes, como nervos e órgãos urogenitais, pode ser indicada a associação de terapias pré-operatórias visando reduzir o tamanho do tumor para garantir uma melhor ressecção cirúrgica; ◆ No tumores de reto médio e distal por serem extraperitoneais, pode-se realizar a ressecção desse local com margem de segurança de 2 cm, associada a uma anastomose colorretal; ◆ Já nos tumores de reto baixo, deve ser realizado ressecções anteriores baixas ou amputação abdominoperitoneal do reto; ● Em ambos os casos, a retirada do mesorreto (tecido gorduroso que circunda o reto e abriga vários linfonodos e vasos linfáticos) ◆ Nos cânceres em estágio 0 e 1 é possível realizar a excisão local do tumor que pode ser seguida ou não de radioterapia ou radioquimioterapia; ◆ Nos estágios 2 e 3 é recomendado a realização de quimioterapia e radioterapia prévia e mesmo após a cirurgia, é necessário a realização de quimioterapia adjuvante devido à taxa de recorrência local nessa doença; ◆ A quimioterapia paliativa está indicada para doentes com câncer colorretal recidivado inoperável ou com doença no estágio IV ao diagnóstico.
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