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Luísa Ferro P4 | UC10 Câncer colorretal CLASSIFICAR AS NEOPLASIAS COLORRETAIS (BENIGNAS E MALIGNAS – FAZER UM LINK COM O PROBLEMA) Em 85% dos casos, o cancro colorretal é precedido por uma lesão benigna conhecida por pólipo. Dependendo da característica deste pólipo, ele pode se tornar maligno e iniciar o cancro. Devido a este processo é que se faz a prevenção deste tipo de tumor com a colonoscopia, já que este exame permite o diagnóstico e a retirada do pólipo. Nos outros 15% dos casos, o tumor ocorre devido a uma doença genética, e se caracteriza por acometer pacientes mais jovens e por não apresentar o pólipo como lesão pré-maligna, ou seja, surge diretamente na parede do intestino. Em aproximadamente 25% dos casos de cancro colorretal, o tumor está presente no reto, e 24%, no cólon sigmóide, ou seja, em metade dos casos, o tumor está localizado na região retosigmóide do intestino grosso, e pode ser visualizado por um sigmoidoscópio. Em outros 20% dos casos, o tumor pode ser detectado através de um exame retal. Em outras partes do cólon, as taxas são cerca de 6% no cólon descendente, 11% no cólon transverso, 24% no cólon ascendente, e 10% no ceco PÓLIPOS Pólipo nada mais é do que um tumor/massa que se projeta macroscopicamente além da mucosa (epitélio+tecido conjuntivo). Assim, são massas que se projetam para dentro do lúmen intestinal e que podem ser pediculadas ou sésseis, não neoplásicas (hiperplásicos, anatomatosos, hamartomatosos e inflamatórios) ou neoplásicas (adenomas) A maior parte dos pólipos surgem na 3° idade (50/60+) Existem vários tipos de pólipos, dentre eles (2 grandes grupos: adenomatosos – neoplásicos – e não adenomatosos – não neoplásicos): 1. Pólipos hiperplásticos: são pólipos causados pela diminuição da renovação epitelial. Geralmente não apresentam potencial maligno, menos de 5mm e são compostos de glândulas maduras bem formadas Número aumentado de glândulas e células. Morfologicamente sem alterações Pode conter inflamação crônica 2. Pólipos inflamatórios: aparecem quando em lesões por repetição (ciclos recorrentes de lesão e cura). É marcada por hiperplasias fibromusculares da lâmina própria, infiltrados mistos de células infamatórias e erosão mucosa e/ou hiperplasia Inflamação crônica: composta por plasmócitos, linfócitos, macrófagos e eosinófilos 3. Pólipos hamartomatosos: ocorrem em casos em que há crescimento tumoral de tecidos normalmente presentes no local em que o próprio pólipo se desenvolve. Importante pois estão presente no quadro de várias síndromes genéticas ou adquiridas São crescimentos desorganizados, semelhantes a tumores compostos de tipos de células maduras a) Pólipos juvenis: são malformações hamartomatosas focais da mucosa do intestino delgado e do cólon. mutações nos genes SMAD4 e BMPR1A envolvidos na sinalização de TGF-β estão implicados em alguns casos. Ocorrem em crianças < 5 anos e envolve o reto. Os pólipos são únicos, grandes (1 – 3 cm), arredondados e pediculados com glândulas com dilatação cística e lâmina própria abundante Faixa etária < 5 anos Malformação genética Potencial baixo para câncer Presença de sangue e muco nas fezes b) Síndrome da polipose juvenil: distúrbio autossômico dominante raro, caracterizado por até 100 pólipos hamartomatosos. Existe um alto risco de malignidade intestinal e, de 30 – 50% dos pacientes desenvolvem adenocarcinoma de colon perto dos 45 anos c) Síndrome de Peutz-Jeghers: é uma síndrome autossômica dominante rara (costuma iniciar, em média, aos 11 anos) associada a múltiplos pólipos hamartomatosos GI e hiperpigmentação mucocutânea. Em metade dos pacientes, há uma mutação heterozigota gera perda da função no gene LKB1/STK11 (gene supressor tumoral), que codifica uma quinase que regula a polarização e o crescimento das células. Luísa Ferro P4 | UC10 Esses pólipos são grandes, pendiculados e lobulados com musculatura lisa circundando glândulas abundantes normais. Pode iniciar a intussuscepção (invaginação de parte do intestino causando obstrução) Quadro clínico: sinais cutâneos (hiperpigmentação na boca, narinas...), lesão pré cancerígena Conduta: biópsia (apresenta septos de musculo liso) + colectomia profilática (cirurgia para retirada da região do intestino que apresenta os pólipos, já que a probabilidade do pólipo virar um carcinoma é de quase 100%) > 100 pólipos intestinais 4. Pólipos neoplásicos ou adenomas colônicos: são pólipos precursores benignos em grande parte dos carcinomas colorretais. Se caracterizam pela presença de displasia epitelial (lesão pré cancerígena do epitélio escamoso estratificado). A maioria não progride para a malignidade, esse risco está relacionado ao tamanho (>4cm risco de 40% de abrigar um câncer) e gravidade da displasia. Grande parte desses pólipos são clinicamente silenciosos, mas em alguns casos podem causar anemia devido ao sangramento oculto nas fezes ou perda de proteína e potássio, o que causa hipocalemia hipoproteinemia. Morfologia: Os adenomas vão de 0,3 a 10 cm e podem ser pediculados ou sésseis. As alterações displásicas incluem hiperplasia, hipercromasia nuclear e perda de polaridade. Os adenomas são classificados com base na arquitetura (tubular, tubuloviloso e viloso), embora tenham pouco significado clínico. • Em adenomas serrilhados sésseis, o tamanho total da glândula exibe arquitetura serrilhada; apesar do potencial maligno, não apresentam alterações displásicas típicas vistas em outros adenomas. • O carcinoma intramucoso ocorre quando células displásicas invadem a lâmina própria ou a mucosa muscular. Esses pólipos terão pouco potencial metastático porque a mucosa colônica não possui canais linfáticos • Os pólipos com adenocarcinoma invasivo são malignos e têm potencial metastático porque cruzam a submucosa e podem ter acesso aos vasos linfáticos Várias síndromes caracterizadas por pólipos colônicos e taxas aumentadas de câncer de cólon também podem informar para a compreensão da patogênese dos cânceres esporádicos de cólon 5. Polipose adenomatosa: adenoma nada mais é do que um tumor que surge em glândulas. Nesse sentido, a polipose adenomatosa familiar (PAF) é um distúrbio autossômico dominante causado por mutações do gene da polipose adenomatosa coli (APC). 75% dos casos são herdados geneticamente. Assim, os pacientes desenvolvem mais de 100 pólipos adenomaosos colônicos durante a adolescência e se não tratados, aos 30 aos o paciente pode desenvolver um carcinoma colorretal. Esses pacientes apresentam riscos de desenvolver adenomas no estômago e a ampola de Vater Variantes de PAF: 1. Síndrome de Gardner: gera múltiplos osteomas (mandíbula, crânio e ossos longos), cistos epidérmicos, fibromatose, dentição anormal e incidência aumentada de cânceres duodenais e tireóideos 2. Síndrome de Turcot: mais rara. Os pacientes podem desenvolver além do adenoma, meduloblastomas Alguns pacientes com PAF sem perda de APC têm mutações no gene de reparo por excisão da base MUTYH. Além disso, algumas mutações APC e MUTYH dão origem a formas atenuadas de PAF, caracterizadas pelo desenvolvimento retardado de pólipo e a aparência do carcinoma de cólon após os 50 anos de idade DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO CÂNCER COLORRETAL EPIDEMIOLOGIA O câncer colorretal é um dos tumores mais prevalentes Nos EUA é considerado a malignidade mais comum do TGI e o 3° tumor maligno mais frequente No Brasil, o câncer colorretal corresponde ao 3° câncer mais frequente tanto em homens (mais) quanto em mulheres excluindo o câncer de pele não melanoma Os adenocarcinomas correspondem a mais de 96% dos cânceres colorretal Outros tumores que podem acometer o cólon são tumores neuroendócrinos (carcinoides por ex), linfomas e sarcomas Luísa Ferro P4 | UC10 FATORES DE RISCO FATORES GENÉTICOS: A inativação degenes supressores tumorais e a ativação de oncogenes, como K-ras (gene do oncogene viral) Acredita-se que o carcinoma colorretal se desenvolva a partir de pólipos adenomatosos que acumulem esses defeitos com o tempo 1. Defeitos no gene APC: foi visto pela primeira fez em pacientes que apresentavam PAF. Em seguida observou- se que ele está presente em 80% dos tumores colorretais 2. Polipose Adenomatosa Familiar (PAF): é transmitida de forma autossômica dominante. Normalmente o paciente apresenta 100 pólipos no intestino grosso, sendo comum o surgimento de pólipos duodenais e gástricos. Variantes da PAF são a síndrome de Gardner e a síndrome de Turcot. Caso não seja tratada por colectomia total (ressecção de todo o cólon), o desenvolvimento de câncer colorretal é comum 3. Câncer Colorretal Hereditário não Polipose (CCHNP) ou síndrome de Lynch: é causado por mutações nos genes que codificam as proteínas responsáveis por detectar, extrair e reparar os erros que podem ter ocorrido durante a replicação do DNA. Responde por 2% a 4% dos cânceres de cólon. A maioria envolve genes de reparo de erro de pareamento de MSH2 e MLH1. Os pacientes herdam uma cópia defeituosa já que essa doença é transmitida de forma autossômica dominante. Também costuma se desenvolver a partir de um pólipo (que pode ser o adenomatoso), o termo “não polipose” se relaciona pelo fato de ser um câncer colorretal hereditário não associado às clássicas síndromes de polipose como a PAF A síndrome de Lynch I se relaciona com o câncer colorretal e a síndrome de Lynch II se relaciona também com outras neoplasias malignas além da colorretal, como adenocarcinoma de endométrio, ovário, intestino delgado, pâncreas, via biliar, TU superior, mama e SNC 4. Câncer Colorretal Familiar: é responsável por cerca de 10 a 15% dos casos de neoplasia. As chances de um indivíduo ter CA colorretal durante a vida é de 6%. Se ele apresentar um parente de 1° grau que já tenha tido a doença, o risco sobe para 12%. Caso existam 2 parentes de 1° grau com a doença o risco aumenta 18 – 24%. A idade do diagnóstico familiar também influencia, sendo que se for feito < 50 anos aumenta o risco de que se desenvolva de forma mais precoce. Pacientes que se encaixem nesse perfil devem realizar a colonoscopia a partir dos 40 anos ou 10 anos ates da idade que seu parente foi diagnosticado DOENÇA INTESTINAL INFLAMATÓRIA Pacientes que apresenta quadro de colite de longa duração estão em risco (podem ter predisposição) a desenvolver o CA colorretal A duração e a extensão da colite têm íntima relação com o risco de malignidade Pacientes com colite esquerda apresentam o menor risco. No entanto se ela durar a mais de 12-15 anos, eles devem se submeter a colonoscopias anuais com biopsia de mucosa de todo o cólon Quando associado a doença intestinal inflamatória, o CA colorretal costuma ter uma maior incidência de multicentricidade DIETA E HÁBITOS DE VIDA As dietas ricas em calorias, gordura de origem animou e/ou carboidratos refinados então entre os fatores de risco para o adenocarcinoma colorretal A ingestão de bebidas alcóolicas aumenta discretamente a incidência do câncer colorretal O tabagismo de mais de 35 anos de duração também é um fator de risco Pacientes obesos e sedentários apresentam um aumento da mortalidade relacionada ao câncer colorretal e outras neoplasias OUTROS FATORES DE RISCO Endocardite por Streptococcus bovis Pacientes submetidos a ureterossigmoidostomia apresentam risco de 2 a 15%. O tempo de aparecimento da neoplasia é de cerca de 25 anos após o procedimento cirúrgico e ele se desenvolve na anastomose ureterossigmoide Luísa Ferro P4 | UC10 FISIOPATOLOGIA Os adenocarcinomas colorretais podem ser de 2 tipos: 1. Lesões polipoides: é mais comum o lado direito (ceco e cólon ascendente) 2. Lesões anulares construtivas: também chamado de “maça mordida” ou “anel de guardanapo”. Pode causar sintomas de obstrução e é mais comum no lado esquerdo (cólon descendente, sigmoide e reto) Os tumores colorretais se iniciam com lesões epiteliais intramucosas, surgindo geralmente de pólipos adenomatosos. Durante seu crescimento, os tumores penetram na submucosa, invadem os vasos linfáticos e ganham acesso aos linfonodos e tecidos vizinhos e órgãos Como a mucosa do cólon não apresenta vasos linfáticos, o tumor só é considerado invasivo quando atinge a submucosa O carcinoma de cólon pode se disseminar: 1. Dos vasos linfáticos para os linfonodos regionais 2. Da veia porta para o fígado 3. Da parede do intestino até a gordura pericolônica e o mesentério, invadindo os órgãos adjacentes 4. Para a cavidade peritoneal 5. Pela via hematogênica para os pulmões Devido a localização intrapélvica, os cânceres retais podem invadir a vagina, próstata, bexiga, ureteres e ossos da pelve, bem como produzir metástases para os pulmões e fígado As metástases pulmonares podem ocorrer antes das hepáticas já que a drenagem venosa retal dá vazão no sistema cava O adenocarcinoma colorretal apresenta uma velocidade de crescimento muito lenta quando comparada as outras neoplasias malignas, levando em torno de 620 dias para dobrar de tamanho (pode variar de acordo com a anatomia do local afetado, suporte sanguíneo e grau de diferenciação do tumor) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nas fases iniciais, o CA colorretal é assintomático As manifestações variar a depender da localização do tumor. De forma geral temos: sangramento, dor abdominal, alteração do hábito intestinal (constipação ou diarréira) e presença de massa abdominal palpável Em alguns casos (raros), o adenocacinoma abre seu quadro com emagrecimento, obstrução mecânica, perfuração intestinal com siais de peritonite, fístulas, ascite carcinomatosa ou sinais de metástase hepática No tumor do cólon esquerdo (descendente e sigmoide) predomina alteração intestinal: constipação progressiva ou alternada com hiperdefecação ou diarreia. Isso ocorre pelo fato de que o cólon esquerdo apresentar um menor calibre e fezes semissólidas ao invés de líquidas. Caracteristicamente as neoplasias de cólon esquerdo são mais infiltrativas, distorcendo a anatomia No tumor do cólon direito (ascendente e ceco) predomina-se perda de sangue oculto nas fezes e anemia ferropriva. Esses tumores raramente causam, obstrução do fluxo fecal (devido ao calibre do cólon ser maior e conter fezes líquidas). No entanto, costumam ser maiores e mais invasivos As principais complicações das metástases são: hepatomegalia dolorosa, ascite carcinomatosa (ascite = acúmulo de líquido que contem proteínas dentro do abdome), disfunção da bexiga, corrimento vaginal e comprometimento pulmonar e ósseo As metástases em pulmão costumam resultar em metástases hepáticas. Exceção: tumores de reto DESCREVER O DIAGNÓSTICO, TRATAMETO, SEGMENTO E PREVENÇÃO RELACIONADOS AO CÂNCER COLORRETAL DIAGNÓSTICO ANAMNESE A anamnese deve-se suspeitar de carcinoma colorretal em todo paciente, principalmente idoso, que apresentar sangramento retal, dor abdominal, modificação de hábitos intestinais, emagrecimento e anemia Ao exame físico podemos ou não notar evidências de síndrome de Peutz-Jeghers e de Gardner, bem como massa abdominal ou sinais de metástase (hepatomegalia) Luísa Ferro P4 | UC10 EXAME FÍSICO O toque retal permite o diagnóstico do CA de reto distal e pode ser o primeiro grande indício de malignidade na investigação destes pacientes EXAMES LABORATORIAIS E OUTROS Laboratoriais podem confirmar anemia ferropriva ou revelar alterações nas enzimas hepáticas, o que sugere uma doença metastática Exames confirmatórios: 1. Retossigmoidoscopia flexível 2. Clister opaco (enema opaco ou baritado), com duplo contraste: costuma revelar apenas tumores mais avançados com o “sinal da maça mordida” 3. Colonoscopia (padrão ouro para o diagnóstico): deve ser obrigatoriamente realizado 4. Testedo sangue oculto nas fezes Dosagem de CEA: o Antígeno Carcinoembrionário (CEA) não tem valor diagnóstico por ter uma baixa sensibilidade (50% dos casos de CA colorretal apresenta CEA negativo erroneamente – baixa sensibilidade) e baixa especificidade (positivo em outros cânceres ou em condições benignas quando o paciente é tabagista ou apresenta cirrose hepática). Valor normal entre 2,5 e 5ng/ml. Acima de 10ng/ml normalmente indicam dosagem metastática (principalmente no fígado) TRATAMENTO A abordagem terapêutica, devido a uma questão anatômica, quando localizadas no cólon ou no reto é diferente QUANDO A DOENÇA ESTÁ LOCALIZADA: CÂNCER DE CÓLON Abordagem: 1. Cirurgia: 90% dos tumores podem ser adequadamente ressecados e a mortalidade cirúrgica gira em torno de 2 – 10%. Sempre que possível o tumor deve ser ressecado para evitar complicações futuras (obstrução e perfusão). Deve ser realizada com uma margem de segurança de 5cm. A extensão da ressecção vai depender da localização da neoplasia. Principais condutas: Conduta nos tumores de cólon Tumores no ceco e cólon ascendente Colectomia direita e ressecção de pequeno segmento íleo distal e metade direita do cólon transverso (Hemicolectomia Direita) Tumores de cólon transverso Transversectomia Tumores na flexura esplênica e cólon descendentes Ressecção do cólon transverso distal (metade esquerda), cólon descendente e cólon sigmoide (Hemicolectomia Esquerda) Tumores de sigmoide Sigmoidectomia sem ressecção de cólon transverso e preservação do reto 2. Quimioterapia adjuvante: o que definirá a necessidade de quimioterapia adjuvante será a avaliação histopatológica da peça cirúrgica, fazendo o que chamamos de “estadiamento patológico”. Devemos analisar cada paciente de acordo com o estágio segundo o TNM: Estágio I (T1, T2, N0, M0) ou Dukes A-B1: sem indicação de quimioterapia adjuvante Estágio II (T3 ou T4< N0, M0) ou Dukes B2-B3: há indicação de QT adjuvante (com 5-fluoracil e leucovorin. Nesse estágio ainda não há evidências de benefício pelo uso da oxaliplatina) apenas nos tumores de alto risco Estágio III (qualquer T, N positivo, M0) ou Dukes C: indica necessidade de QT adjuvante (com 5- fluoracil, leucovorin e oxaliplatina) que deve ser iniciada no máximo 6 meses após a cirurgia. O tratamento adjuvante reduz em 30% o risco de recidiva no câncer de cólon Luísa Ferro P4 | UC10 3. Radioterapia adjuvante: não é indicada rotineiramente. No entanto, é amplamente utilizada no tratamento do câncer de reto Resumindo: tratamento do CA DE CÓLON Cirurgia QT adjuvante no estágio II: casos selecionados (tumores de alto risco) QT adjuvante no estágio III: SEMPRE NÃO se indica radioterapia adjuvante CÂNCER RETAL Neste caso o objetivo é reduzir o tumor preservando o esfíncter anal Abordagem: 1. Tratamento neoadjuvante (quimio + radioterapia): por, atomicamente, estar mais próximo de estruturas como sacro, parede pélvica, próstata e bexiga, os tumores retais apresentam maior risco de invasão de outros órgãos. Além disso, a ressecção de um segmento retal é bem mais difícil que a parte do cólon devido à proximidade com outras estruturas, o que não permite uma margem confiável e aumenta o risco de recidiva. Assim, o objetivo do tratamento neoadjuvante é diminuir a massa tumoral antes da cirurgia, levando a ressecções mais econômicas e diminuindo o risco de recidiva a longo prazo. Indicações: Estadiamento clínico T3, T4 e/ou N positivo (importante a US endorretal e RM de pelve) Invasão do mesorreto (aumenta o risco de recidiva local) Tumores de reto baixa (tentativa de diminuir a massa tumoral e poupar o esfíncter anal na cirurgia) A radioterapia pélvica dura cerca de 5 semanas As opções de QT associadas incluem 5-fluoracil em infusão contínua durante todo esse período 2. Cirurgia: tumores de reto alto (11-16 cm da margem anal), médio (6-11 cm da margem anal) e baixo (até 5 cm da margem anal) 3. Tratamento adjuvante: QT + RT adjuvantes para tumores estagio II/III que não receberam tratamento neoadjuvantes TRATAMENTO DA DOENÇA METASTÁTICA: Mesmo pacientes com metástases hepáticas ou pulmonares podem ficar curados com cirurgia Na carcinomatose peritoneal, podemos ressecar os implantes e realizar QT intraperitoneal Em pacientes inoperáveis, a QT paliativa (associada ou não a agentes alvo) pode dobrar a sobrevida SEGUIMENTO PÓS OPERATÓRIO Resumindo: tratamento do CA COLORRETAL CÓLON RETO Cirurgia QT + RT neoadjuvantes: pacientes com tumores T3, T4 e N+, de reto baixo ou com invasão de mesorreto QT adjuvante no estágio II: casos selecionados (tumores de alto risco) Cirurgia QT adjuvante no estágio III: SEMPRE QT adjuvante: todos que receberam tratamento neoadjuvante NÃO se indica radioterapia adjuvante QT + RT adjuvantes: paciente com tumores em estágio II/III que não receberam tratamento neoadjuvantes Luísa Ferro P4 | UC10 Dosagem do CEA: a cada 3 meses por 2 anos e depois a cada 6 meses até completar 5 anos. Aumento da dosagem de CEA pode estar relacionada a recidiva. Se os exames não detectarem é indicado o PET (TC com emissão de pósitrons) Colonoscopia: após 1 ano. Se negativa, repetir em 3 anos e, depois, a cada 5 anos. Se encontrar algum pólipo, remover e repetir em 1 ano Retossigmoidoscopia: a cada 6 meses por 5 anos em pacientes submetidos a ressecção abdominal baixa para CA de reto Tomografia de tórax e abdome: a cada 6 meses por 2 anos e depois anualmente por 5 anos (acrescentar TC de pelve no CA de reto) RASTREAMENTO O rastreamento da população geral deve se iniciar após os 50 anos Atualmente existem 5 estratégias de rastreamento mais aceitas para o CA colorretal: 1. Sangue oculto nas fezes uma vez a cada ano 2. Sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos 3. Enema opaco de duplo contraste a cada 5 anos 4. Colonoscopia a cada 10 anos 5. Colonoscopia virtual a cada 5 anos No entanto existem alguns casos especiais: 1. Portadores de síndrome de Lynch: colonoscopia a cada 2 anos a partir dos 20 anos até os 35 anos de idade. Após os 35, o rastreamento deve ser anual 2. Portadores da PAF: sigmoidoscopia flexível a partir dos 10-12 anos de acordo com a pesquisa da mutação do gene APC 3. Portadores de Doença Intestinal Inflamatória: colonoscopia a cada 1-2 anos em pacientes com pancolite há mais de 8 anos ou com colite esquerda há 12-15 anos. Devem ser realizadas biópsia 4. História de pólipos: se o paciente apresentar adenomas tubulares ou displasia de baixo grau deve realizar colonoscopia 5-10 anos após polipectomia de acordo com seus fatores clínicos e preferência do paciente. Se o paciente apresentar adenoma viloso ou displasia de alto grau, colonoscopia após 3 anos de polipectomia, sendo que um exame sem anormalidades permite extensão do período a cada 5 anos 5. Parente de 1° grau com CA colorretal: o rastreamento deve se iniciar a partir dos 40 anos ou 10 anos abaixo da idade que o parente mais novo desenvolveu a doença PREVENÇÃO Dieta: uma dieta rica em vegetais e fibras exerce um efeito protetor contra o desenvolvimento do CA colorretal. Isso ocorre pois o consumo de fibras reduz o LDL-colesterol, controla resistência à insulina, regulariza o hábito intestinal, previne diverticulose, etc. Além disso, o consumo de alimento ricos em cálcio e ácido fólico (frutas e vegetais) também reduz os riscos de CA colorretal, bem como o consumo de alimentos ricos em vitaminas A, C e E. Recomendações: 1. Aumentar o consumo de frutas e verduras para 5x ao dia 2. Ingerir de 20 – 30g de fibra por dia 3. Considerar suplementar 3g de carbonato de cálcio Uso de anti-inflamatórios: alguns estudos demonstram que o uso crônico de aspirina diminui de 20-30% a formação de pólipos adenomatosos e por consequência os índices de CA colorretais. O uso de estatinas também parece reduzir esserisco. No entanto apresentam efeitos colaterais Reposição hormonal: em mulheres na menopausa observou-se uma proteção a essa doença por aquelas que recebem reposição hormonal, principalmente após 5 anos de uso desses medicamentos APRESENTAR OS SISTÊMAS DE ESTADIAMENTO HISTOPATOLÓGICOS (DUKES MODIFICADO E TNM – DETALHAR) Os principais exames do estadiamento do CA colorretal são: 1. TC de abdome e pelve 2. RX ou TC de tórax 3. Dosagem do CEA Luísa Ferro P4 | UC10 4. Colonoscopia 5. USG endorretal e/ou RM de pelve (se câncer de reto) Existem 2 sistemas super importantes de estadiamento: TNM e DUKES TNM TNM T= TUMOR T0 Sem evidencia de tumor primário TX Tumor primário pode não ser abordado TIS Carcinoma in situ (intraepitelial ou invasão da lâmina própria) T1 Tumor invade a submucosa T2 Tumor invade a muscular própria T3 Extensão à subserosa e gordura pericólica ou perirretal T4 Invasão de estruturas adjacentes T4a: invasão de peritônio visceral T4b: invasão de outras estruturas N = LINFONODO NX Linfonodo não pode ser avaliado N0 Não invade linfonodos N1 Invade 1 a 3 linfonodos regionais N1a: 1 linfonodo N1b: 1 ou 2 linfonodos N1c: depósito tumoral na subserosa, mesetério ou tecidos pericólicos/perirretais não peritonizados, sem acometimento de linfonodos regionais N2 Invade 4 ou mais linfonodos: N2a: 4-6 linfonodos N2b: 7 ou mais linfonodos M = METÁSTASE À DISTÂNCIA M0 Sem sinal de metástase ou indicio metástase à distancia M1 Metástase à distância M1a: linfonodos não regionais M1b: osso M1c: outros sítios ESTÁGIOS 0 Tis N0 M0 I T1 ou T2 N0 M0 IIA T3 N0 M0 IIB T4a N0 M0 IIC T4b N0 M0 IIIA T1 ou T2 T1 N1 N2a M0 M0 IIIB T3 ou T4a T2 ou T3 T1 ou T2 N1 N2a N2b M0 M0 M0 IIIC T4a T3 ou T4a T4b N2a N2b N1 ou N2 M0 M0 M0 IVA Qualquer T Qualquer N M1a IVB Qualquer T Qualquer N M1b Luísa Ferro P4 | UC10 DUKES DUKES Estágio A: Limitado à submucosa, sem linfonodo acometido (T1N0M0) Estagio B1: Limitado à muscular própria, sem linfonodo acometido (T2N0M0) Estágio B2: Limitado à subserosa e gordura pericólica/perirretal, sem linfonodo acometido (T3N0M0) Estágio B3: Invasão de órgãos adjacentes, sem linfonodo acometido (T4N0M0) Estágio C1: B1 + linfonodos regionais acometidos (T1-2 N1-2 M0) Estágio C2: B2 + linfonodos regionais acometidos (T3 N1-2 M0) Estágio C3: B3 + linfonodos regionais acometidos (T4 N1-2 M0) Estágio D: Metástase à distância M1
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