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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

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1
UNIRJ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROF.: FREDERICO MORAES
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
I. INTRODUÇÃO
Os princípios são premissas, anteriores e superiores, que traçam vetores direcionais para os atos do legislador, do 
administrador e do aplicador da lei ao caso concreto. 
Constituem o alicerce de um sistema, e que condicionam as estruturas subsequentes, garantindo-lhe validade. 
Não existe hierarquia entre os princípios e todos são de observância obrigatória, sendo mais grave transgredi-los 
que a uma norma qualquer, como ressalta o Mestre CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO: 
“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao 
princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório mas a todo sistema de 
comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do 
princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremessível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto 
porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura neles esforçada.”
Os princípios administrativos podem ser classificados em dois grupos, sendo o primeiro dos Princípios 
Constitucionais Expressos e o segundo dos Princípios Implícitos e Princípios Infraconstitucionais.
II.PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAISEXPRESSOS
Os princípios constitucionais expressos constam no art. 37, caput, da Constituição da República, vejamos:
“Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de LEGALIDADE, 
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA”.
Cabe salientar que além dos princípios estabelecidos acima (LIMPE), também podem ser citados como princípios 
constitucionais expressos da Administração Pública os princípios da legitimidade e da economicidade, como previsto 
no art. 70, caput da Carta Política:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das 
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, 
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante 
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Como o próprio nome sugere, esse princípio diz respeito à obediência à lei. Encontramos muitas variantes dele 
expressas na nossa Constituição. 
O mais importante é o princípio genérico da legalidade, que se aplica a todos os agentes públicos. Está previsto no 
art. 5º, inciso II, da CF: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
2
lei”. Por força do princípio da legalidade, somente a lei é instrumento válido para a criação de direitos e obrigações 
originariamente. Sendo assim, um ato administrativo, ainda que de caráter normativo, como os decretos, regulamentos e 
resoluções, não são instrumentos idôneos para inovar “inicialmente” na ordem jurídica, criando direitos e obrigações.
O princípio da legalidade encontra toda sua essência na célebre frase de HELY LOPES MEIRELLES:
“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração 
particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer 
o que a lei autoriza. A lei para o particular significa ‘pode fazer assim’; para o administrador público 
significa ‘deve fazer assim’”. 
Nessa perspectiva, o princípio da legalidade é o princípio pelo qual a Administração Pública só pode praticar atos 
para os quais haja uma autorização, permissão ou determinação legal, especialmente quando interferirem na esfera 
de liberdade e nos direitos dos administrados. Não pode agir contra legem (contrariamente à lei), ultra legem (além do que a 
lei estabelece), mas apenas secundum legem (segundo a lei).
Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, o princípio da legalidade pode sofrer constrições 
transitórias, em virtude das seguintes circunstâncias excepcionais previstas na Constituição: medidas provisórias (art. 62); 
estado de defesa (art. 136) e estado de sítio (arts. 137 a 139). 
2. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Em face do princípio da impessoalidade, não se deve confundir a coisa pública (res publica) com a pessoa que 
desempenha uma função pública. Desse modo, os administradores públicos não devem agir de forma pessoal, subjetiva, 
para o atendimento de interesses próprios ou fins privados. 
Segundo o magistério de ODETE MEDAUAR:
Com o princípio da impessoalidade a Constituição visa a obstaculizar atuações geradas por antipatias, 
simpatias, objetivos de vingança, represálias, nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em 
licitações, concursos públicos,exercício do poder de polícia (...) Em situações que dizem respeito a 
interesses coletivos ou difusos, a impessoalidade significa a exigência de ponderação equilibrada de 
todos os interesses envolvidos, para que não se editem decisões movidas por preconceitos ou 
radicalismos de qualquer tipo.1
São implicações decorrentes do princípio da impessoalidade: 
(i) o entendimento de que os atos praticados pelos agentes públicos devem ser imputados ao órgão ou entidade 
administrativa, e não aos próprios agentes públicos que os praticam; 
(ii) a vedação, constante do art. 37, 1º, da CF, de publicidade promocional: “Art. 37: § 1º - A publicidade dos atos, 
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. 
(iii) agir com imparcialidade, sem estabelecer diferenças entre os cidadãos, de modo que o administrador não 
pode favorecer nem perseguir. Como exemplo, temos a exigência de concurso público (CF, art. 37, II) e de licitação (CF, 
art. 37, XXI); 
(iv) o reconhecimento da validade dos atos praticados por funcionário de fato; 
(v) anulação de ato cometido com desvio de finalidade; 
1 MEDAUAR, Odete.Direito administrativo moderno. 6ª ed. São Paulo: RT, 2002, p. 252.
3
(vi) a previsão de normas sobre impedimento e suspeição (arts. 18 a 21 da lei 9.784/99). 
3. PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
O Prof. HELY LOPES MEIRELLES destacava que:
Cumprir simplesmente a lei na frieza de seu texto não é o mesmo que atendê-la na sua letra e no seu 
espírito. A administração, por isso, deve ser orientada pelos princípios do direito e da moral, para que 
ao legal se ajunte o honesto e o conveniente aos interesses sociais. Desses princípios é que o direito 
público extraiu e sistematizou a teoria da moralidade administrativa.
De fato, por muitas vezes, sob um ato de aparente legalidade se esconde uma intenção que nada tem a ver com o 
alcance do interesse público. 
MANOEL DE OLIVEIRA FRANCO SOBRINHO assevera que a “moralidade administrativa” não se confunde 
com a “moral comum”, embora esta deva informar também a conduta do “bom administrador”.2
A moralidade administrativa deve ser considerada como uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de 
regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração” (Maurice Hauriou).
A “moral comum”, conclui MAURICE HAURIOU, é imposta ao homem para sua conduta externa, enquanto 
que a “moral administrativa” é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da 
instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem-comum. 
Ao tecer comentário sobre este raciocínio, CELSO ANTONIO BANDEIRADE MELLO afirma a 
impossibilidade de a Administração Pública agir de modo malicioso e/ou astucioso:
De acordo com ele (Hauriou) a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de 
princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio direito, configurandoilicitude que sujeita a 
conduta viciada à invalidação, porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, na 
conformidade do art. 37 da Constituição. Compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os 
chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão oportunamente encarecidos pelo mestre espanhol 
Jesus Gonzáles Peres em monografia preciosa. Segundo os cânones da lealdade e da boa-fé, a 
Administração haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza sendo-
lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, 
dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos.3
O princípio da moralidade tem existência autônoma no ordenamento jurídico brasileiro, sendo mencionado no 
Texto Constitucional em seu art. 5º, LXXIII (que trata da ação popular contra ato lesivo à moralidade administrativa); 
no art. 37, § 4º (que determina punição mais rigorosa da imoralidade qualificada pela improbidade); no art. 14, § 9º (que 
visa proteger a probidade e moralidade no exercício de mandato) e no art. 85, V (que considera a improbidade 
administrativa praticada pelo Presidente da República como crime de responsabilidade).
A Doutrina o relaciona a moralidade com os conceitos de atuação ética, honestidade, boa-fé, lealdade e 
probidade, de modo a facilitar controle da atuação administrativa que, sob uma aparente legalidade, em verdade ofende 
substancialmente o interesse público.
2O Controle da moralidade Administrativa.São Paulo: Ed. Saraiva, 1974.
3Elementos de Direito Administrativo. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 1992, p. 61.
4
Registre-se, aliás, que por meio da Ação Popular, qualquer cidadão poderá pleitear a anulação de ato administrativo 
praticado com ofensa ao princípio da moralidade (art. 5º, LXXIII, CF).
4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
A conduta do administrador público ocorre em nome da coletividade, pois seu dever é zelar pelos interesses do 
povo.
Isto porque, segundo o principio republicano, o povo é o verdadeiro detentor da soberania, vez que nos termos do 
artigo 1º, § único da Lei Maior: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente,nos termos desta Constituição”.
Desse modo, o administrador público é obrigado a prestar contas de sua atuação, da forma como utiliza os 
recursos públicos. 
A Constituição da República protege a publicidade administrativa e o consequente conhecimento, pelo cidadão, de 
informações necessárias ao exercício de seus direitos: 
Art. 5.º(...) 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações 
de interesse pessoal; 
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo.
Em determinadas circunstâncias, justificadas pelo interesse público ou pela segurança, o princípio da publicidade 
pode ser mitigado, como, por exemplo, nas seguintes exceções previstas no art. 5º da Carta Magna: 
Art. 5.º(...)
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem;
A publicidade ocorre com a publicação dos atos em órgão oficial (imprensa oficial), que é o jornal, público ou não, 
que se destina à publicação de atos estatais, não sendo suficiente a mera notícia veiculada na imprensa (STF, RE 71.652).
Com a publicação, presume-se o conhecimento dos interessados em relação aos atos praticados e inicia-se o prazo 
para impugná-los, como também os prazos de decadência e prescrição.
Assim, o ato de nomeação de um candidato aprovado em concurso público, deverá ser publicado não somente 
para que o nomeado possa tomar conhecimento, mas para que os demais candidatos possam contestar (questionar 
5
administrativamente ou judicialmente), se, por exemplo, a nomeação não obedecer rigorosamente a ordem de 
classificação.
A Lei da Transparência (Lei 12.527, de 18/11/11) regula o acesso à informações previsto no art. 5º ,XXXIII; no 
art. 37, § 3º, II e no art. 216, § 2º da Constituição Federal. 
5. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência foi inserido no rol do art. 37 pela Emenda Constitucional nº 19/98 (Emenda da Reforma 
Administrativa).
Consoante o princípio da eficiência, o administrador público tem o dever de realizar suas atribuições com presteza 
e rendimento funcional, de modo que as atividades administrativas sejam executadas com agilidade e rapidez, para não 
deixarem desatendidos e prejudicados os interesses coletivos e de cada um dos cidadãos.
Com efeito, eficiência na gestão pública significa perseguir o máximo de eficácia com o mínimo de sacrifício para a 
coletividade. Revela, portanto, dois aspectos distintos, um em relação à atuação do agente público, outro em relação à 
organização, estruturação e disciplina da Administração Pública. 
Os agentes públicos devem agir com rapidez, presteza, perfeição e rendimento para atender aos interesses da 
coletividade. Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar as decisões, levando-se em conta sempre a 
relação custo-benefício. 
Para ODETE MEDAUAR, o princípio da eficiência “determina que a Administração deve agir, de modo rápido e 
preciso, para produzir resultados que satisfaçam as necessidades da população. Eficiência contrapõe-se a lentidão, a 
descaso, a negligência, a omissão”.4
Já o Prof. DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, comenta que as raízes do princípio da eficiência 
residem no desenvolvimento da teoria da administração pública gerencial, a partir da qual:
Passou-se a reconhecer não ser o bastante o praticarem-se atos que simplesmente estivessem aptos a 
produzir os resultados deles juridicamente esperados, o que atenderia apenas ao conceito clássico de 
eficácia. Exigiu-se mais: que esses atos devessem ser praticados com tais qualidades intrínsecas de 
excelência, que possibilitassem lograr-se o melhor atendimento possível das finalidades previstas em 
lei.5
Desse modo, a lentidão, a omissão, a falta de planejamento e o desperdício de recursos públicos são condutas que 
violam o princípio da eficiência.
Contudo, observa o Mestre DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO que as qualidades exigidas da 
atuação do administrador devem apresentar caráter objetivo e ser pré-conhecidas, de forma a possibilitar o controle 
de sua atuação (seja no próprio âmbito da Administração, pelo Tribunal de Contas ou pelo Poder Judiciário). É preciso 
ressaltar a importância de se tratar a exigência de eficiência dos atos da Administração Pública sempre sob um prisma 
objetivo, ou seja, o atingimento do parâmetro de eficiência não poderá jamais ser uma questão de natureza subjetiva, sob 
o risco de instaurar-se o arbítrio quando do controle de tais atos.6
Sob o enfoque da eficiência, a Reforma Administrativa inseriu as seguintes alterações no Texto Constitucional:
4Ob. cit. p. 157.
5Mutações do direito público, p. 310.
6Ob. cit. p. 311.
6
(i) a perda do cargo público pelo servidor ineficiente, mesmo que estável no serviço público, na forma de lei 
complementar a ser editada (art. 41, § 1.º, III, da CF); 
(ii) a criação do contrato de gestão e das Agências estatais (art. 37, § 8º);
(iii) a criação de escolas de formação e aperfeiçoamentode agentes públicos (art. 39, § 2º);
(iv)a aplicação de recursos em programas de produtividade e qualidade no serviço público (art. 39, § 7º).
O princípio da eficiência também serviu como norte para criação da licitação por pregão e das parcerias-público-
privadas (PPPs).
Por derradeiro, cabe ressaltar que o princípio da eficiência não se sobrepõe ao princípio da legalidade, vale dizer, a 
eficiência não justifica a prática de um ato ilegal.
III. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS E PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS
Há princípios do Direito Administrativo que não estão explicitamente mencionados na Constituição Federal ou 
que são reconhecidos na legislação infraconstitucional, mas que também são fundamentais na prática da Administração 
Pública.
Como exemplo, temos a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração 
Pública Federal, ao prever em seu artigo 2º, caput, como princípios de observância obrigatória: legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse 
público, eficiência.
1. Princípio da Finalidade
O agente público, ao praticar o ato administrativo, tem que estar voltado ao interesse público (um dos aspectos 
do princípio da impessoalidade).
2. Princípio da Supremacia do Interesse Público
Por força desse princípio, nas relações em que o Estado figure como representante da coletividade, seus interesses 
devem prevalecer sobre os dos particulares. É inerente à atuação estatal e domina-a, na medida em que a existência do 
Estado justifica-se pela busca do interesse geral.
* Supremacia do interesse público sobre o privado = prerrogativas públicas
* Indisponibilidade do interesse público = restrições/sujeições
3. Princípio da Autotutela
Decorrente do princípio da legalidade. Por esse princípio a Administração pode controlar seus próprios atos, 
anulando os ilegais (controle de legalidade) e revogando os inconvenientes ou inoportunos (controle de mérito).
Consiste, basicamente, no poder da Administração rever seus próprios atos. 
*Súmula 346/STF: “A Administração Publica pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
* Súmula 473/STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam 
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados 
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
7
Obs: Princípio da Autotutela é diferente do Princípio da Tutela ou Controle (controle exercido pela Administração 
Direta sobre a Administração Indireta: supervisão ministerial, controle finalístico).
4. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade
Estão ligados às ideias de adequação e necessidade. Assim, não basta que os atos da administração tenham uma 
finalidade legítima. Impõe-se também que sejam adequados os meios empregados pela Administração para a consecução 
do fim almejado e que a utilização de tais meios seja realmente necessária. Como se vê, o princípio da proporcionalidade 
consiste, na verdade, em um dos aspectos da razoabilidade, já que este último princípio exige que haja uma 
proporcionalidade entre os meios utilizados pelo agente público e os fins buscados por esse agente.
O princípio da proporcionalidade pode ser percebido no art. 2º, parágrafo único, incisos VI, VIII e IX, da Lei nº 
9.784/99: 
“Art. 2º ... Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios 
de: 
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida 
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; 
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; 
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e 
respeito aos direitos dos administrados.”
O princípio da proporcionalidade também é conhecido como “princípio da proibição de excesso”. 
LUÍS ROBERTO BARROSO ensina que o princípio da razoabilidade é um mecanismo para controlar a 
discricionariedade legislativa e administrativa. Ele permite ao Judiciário invalidar atos legislativos ou administrativos 
quando:
a) não haja adequação entre o fim perseguido e o meio empregado; 
b) a medida não seja exigível ou necessária, havendo caminho alternativo para chegar ao mesmo resultado com 
menor ônus a um direito individual; 
c) não haja proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, o que se perde com a medida tem maior relevo do 
que aquilo que se ganha.
Veja abaixo duas decisões do STJ que aplicaram o princípio da proporcionalidade, a primeira referente ao tema 
concurso público e a segunda sobre licitação: 
“I – Se o e. Tribunal de origem, reconhecendo a legalidade e validade da exigência do exame médico 
previsto no edital do Concurso Público para ingresso no Curso de Formação de Soldados da Polícia 
Militar do DF, bem como a deficiência visual do candidato, entendeu, entretanto, que o mesmo não 
poderia ter sido reprovado do certame apenas por não possuir acuidade visual, porquanto imperfeição 
perfeitamente curável, não há que se falar em violação aos arts. 333 do CPC e 11 da Lei nº 7.289/84, 
principalmente porque a questão foi decidida levando-se em consideração os princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade.” (REsp 485800/DF, 5.ª T STJ, Rel. Min. Felix Fisher, DJ 
28/04/2003, p. 259) 
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. TOMADA DE PREÇOS. 
IMPETRAÇÃO QUE SE FUNDA EM PRETENSA INSUFICIÊNCIA TÉCNICA DA EMPRESA 
8
VENCEDORA. CONTRATO EM ANDAMENTO, COM DESEMPENHO SATISFATÓRIO. 
PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO. 1. Verificação de que a empresa vitoriosa na tomada 
de preços cumpriu integralmente o contrato, satisfazendo as obrigações adimplidas e, via de 
conseqüência, o interesse público, tendo-se passados mais de três anos desde a assinatura da avença, 
com a efetiva entrega dos equipamentos contratados, bem como a correta prestação de assistência 
técnica, refletindo, a situação, características de fato consumado. 2. Não é sensato, a essa altura, infligir 
prejuízo à recorrida, com fulcro em excessiva formalidade, ou mesmo, no rigor da lei, fazendo com 
que perca o tempo dedicado e o aproveitamento obtido. Tal acabaria por vulnerar o princípio da 
proporcionalidade, esvaziando, per se, a pretensão aqui deduzida. (...) 4. Não se pode perder de vista 
que a licitação é instrumento posto à disposição da Administração Pública para a seleção da proposta 
mais vantajosa. Portanto, selecionada esta e observadas as fases do procedimento, prescinde-se do 
puro e simples formalismo, invocado aqui para favorecer interesse particular, contrário à vocação 
pública que deve guiar a atividade do administrador.” (RMS 12210/SP, 1.ª T STJ, Rel. Min. José 
Delgado, DJ 18/03/2002, p. 174)
5.Princípio da Segurança Jurídica
Está profundamente ligado à exigência de estabilidade das relações jurídicas. Esse princípio veda a aplicação 
retroativa de lei no âmbito da Administração Pública.
Também chamado por alguns de princípio da estabilidade das relações jurídicas, revela a importância de se ter 
certa imutabilidade ou certeza de permanência dessas relações jurídicas, visando impedir ou reduzir as possibilidades de 
alterações dos atos administrativos, sem a devida fundamentação. 
Relaciona-se com o princípio da proteção à confiança (dimensão subjetiva/boa-fé). 
Princípio explícito no artigo 2º, § único, XIII, da Lei 9.784/99:
Art. 2º [...] Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios 
de:
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim 
público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.”
Esse princípio é base das previsões sobre decadência, prescrição, preclusão, do prazo de validade de Medidas 
Provisórias (art. 62, CF/88), doprazo para a Administração Pública rever seus próprios atos, da convalidação etc, ou 
seja, tudo para dar um mínimo de garantia aos administrados.
6. Princípio da Motivação
Por esse princípio o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos de 
fato) e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que fundamentam sua prática.
Como observam MARCELO ALEXANDRINO e VICENTE PAULO, para a doutrina tradicional, os atos 
vinculados sempre devem ser motivados e o motivo apontado como justificador e determinante de sua prática deve 
ser exatamente o previsto na lei. 
Os discricionários devem ser, de regra, motivados, visto que existem algumas poucas exceções de 
dispensa da motivação. Um dos melhores exemplos é o caso de nomeação e exoneração ad nutum de servidor 
ocupante de cargo em comissão (cargo de confiança), onde não se exige a motivação. 
9
Em outros atos discricionários, porém, que afetam o interesse individual do administrado, a motivação é 
obrigatória, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. Sempre que for indispensável para o 
exercício da ampla defesa, a motivação será constitucionalmente obrigatória (CF, art. 5º, LV), vinculando, por 
conseguinte, o ato administrativo neste mister.
Neste caso, ganha importância a Teoria dos Motivos Determinantes. Quando for motivado ato que, em 
princípio, estava dispensado (ou não) dessa motivação, o mesmo fica vinculado ao motivo expressado. Assim, se o 
motivo é inexistente, ou não justifica adequadamente o ato, este pode vir a ser anulado pelo Judiciário, como no caso da 
exoneração ad nutum, motivada, se ficar provado que o motivo referido não existiu. Assim, o motivo declarado fica 
vinculado ao ato, o que não quer dizer que transformou o ato discricionário em vinculado: apenas o motivo deve ser 
legítimo para que o ato também o seja. 
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO fornece outro exemplo da aplicação da Teoria dos Motivos 
Determinantes: “se um servidor requer suas férias para determinado mês, pode o chefe da repartição indeferi-las sem 
deixar expresso no ato o motivo; se, todavia, indefere o pedido sob a alegação de que há falta de pessoal na repartição, e 
o interessado prova que, ao contrário, há excesso, o ato estará viciado no motivo. Vale dizer: terá havido 
incompatibilidade entre o motivo expresso no ato e a realidade fática; esta não se coaduna com o motivo determinante”.
Faz-se necessário afirmar que tal princípio não se confunde com o dito Motivo, que vem a ser requisito de validade 
do Ato Administrativo, a ser pormenorizado oportunamente.
7. Princípio da Ampla Defesa e Contraditório
Também insculpido no art. 2º da Lei 9.784/99, regula na esfera infraconstitucional o art. 5º, LV da CF, que 
assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes. Não é necessário haver acusação, basta que exista uma lide administrativa, na qual se manifeste alguma 
controvérsia, para que surja a aplicabilidade imediata desse princípio. 
8. Princípio da Continuidade do Serviço Público
O serviço público é a forma pela qual o Estado exerce funções essenciais, necessárias ou úteis à sociedade. Sendo 
assim, sua prestação deve ser adequada, não podendo, como regra, sofrer interrupções. Intimamente relacionado ao 
princípio da supremacia do interesse público, norteia a administração dos serviços executados, direta ou indiretamente, 
pelo Estado, devendo sempre ser observado quando da superveniência de fatos que possam vir a prejudicar ou mesmo 
interromper sua prestação.
Registre-se, no entanto, a possibilidade de interrupção, de acordo com o § 3.º, art. 6.º, da Lei 8.987/95: 
Art. 6.º [...]
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência 
ou após prévio aviso, quando: 
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, 
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Por força desse princípio, há limitações ao exercício do direito de greve dos servidores públicos (art. 37, VII, 
CF/88) e vedação aos militares (art. 142, § 3º, IV, CF/88).
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Ressalte-se no julgamento dos mandados de injunção MI 670, MI 708 e MI 712, ocorrido em outubro de 2007, o 
STF “reconhecendo a falta de norma regulamentadora do direito de greve no serviço público” decidiu “remover o 
obstáculo criado por essa omissão e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no artigo 37, VII da 
Constituição do Brasil”, com a aplicação, “no que couber”, da Lei nº 7.783/89, que regula a greve no setor privado.
9. Princípio da Presunção de Legitimidade ou de Veracidade 
* Presunção relativa (juris tantum): admite prova em contrário. Existe em todo e qualquer ato, de qualquer categoria 
e espécie, independentemente de norma legal que a estabeleça (Hely Lopes). 
* Consequências: a) o ato administrativo ilegal produz os mesmos efeitos de um ato legal; b) ao Poder Judiciário é 
vedado apreciar ex officio a validade do ato, e c) inversão do ônus da prova.
10. Princípio da Hierarquia
Os órgãos da Administração Pública devem ser estruturados de forma tal que haja uma relação de coordenação e 
subordinação entre eles, cada um titular de atribuições definidas na lei. 
Como conseqüência desse princípio, surge a possibilidade de revisão de atos dos subordinados, delegação e 
avocação de atribuições e aplicação penalidades. Do ponto de vista do subordinado, há o dever de obediência (Lei 
8.112/90, art. 116, IV). Inclui o poder de escalonar e distribuir as funções internamente. 
Essa relação hierárquica só existe nas atividades administrativas, não nas legislativas nem judiciais. 
Neste sentido, ensina ZANELLA que “Nos Poderes Judiciário e Legislativo não existe hierarquia no sentido de 
relação de coordenação e subordinação, no que diz respeito às suas funções institucionais. No primeiro, há uma 
distribuição de competências entre instâncias, mas uma funcionando com independência em relação à outra; o juiz da 
instância superior não pode substituir-se ao da instância inferior, nem dar ordens ou revogar e anular os atos por este 
praticados. No Legislativo, a distribuição de competências entre Câmara e Senado também se faz de forma que haja 
absoluta independência funcional entre uma e outra Casa do Congresso”. 
Da mesma forma, HELY LOPES afirma que “Hierarquia é a relação de subordinação existente entre os vários 
órgãos e agentes do Executivo, com a distribuição de funções e a gradação da autoridade de cada um. Dessa 
conceituação resulta que não há hierarquia no Judiciário e no Legislativo, nas suas funções próprias, pois ela é privativa 
da função executiva, como elemento típico da organização e ordenação dos serviços administrativos”.
11. Princípio da Sindicabilidade
O princípio da sindicabilidade consiste, em essência, na possibilidade do ato administrativo ser submetido a 
controle.

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