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Vict�ria K. L. Card�so Icterícia ne�natal Introdução Idade cronológica x Idade corrigida: ● Idade corrigida = idade cronológica - (40 - idade gestacional). ○ Ex: ■ Idade cronológica = 4 meses → 16 semanas. ■ Idade gestacional = 32 semanas. ■ Idade corrigida = 16 - (40-32) = 8 semanas →2 meses. Icterícia neonatal: ● Conceito: acúmulo de pigmento bilirrubínico, causando amarelamento de pele e de mucosas. ● Valores de referência: ○ Hiperbilirrubinemia indireta: > 5 mg/dl. ○ Hiperbilirrubinemia direta: ■ Colestase neonatal. ■ TORCHS. ■ Sepse. ● Epidemio: ○ 60% dos RN a termo. ○ 80% dos RN prematuros tardios. ○ 100% dos RN prematuros com < 35 semanas (IG). ○ 10% dos RN em aleitamento materno. Fatores de risco para icterícia neonatal: ● IG < 35 sem. ● Incompatibilidade ABO. ● Incompatibilidade Rh. ● Clampeamento do cordão umbilical > 60s. ● Dificuldade no aleitamento materno. ● Sexo masculino. ● Descendência asiática. ● Diabetes gestacional. ● Mãe diabética. ● Retardo para evacuar. ● Obstrução intestinal. Fatores de maior suscetibilidade do recém-nascido a icterícia: (falhas no metabolismo da bilirrubina) @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Maior volume eritrocitário - hematócrito elevado. ● Menor meia vida das hemácias. ● Doenças hemolíticas do recém nascido. ● Redução do clearance hepático e entérico de bilirrubina. ○ Menor capacidade de captação e conjugação hepática. ○ Aumento da circulação entero-hepática. ○ Aumento da flora intestinal e diminuição da beta glicuronidase. Etiologias gerais: ● Icterícia fisiológica → se tardia > 24h. ● Icterícia pelo aleitamento materno → icterícia tardia > 24h. ● Síndrome ictérica do aleitamento materno → icterícia tardia > 24h. ● Icterícia patológica → icterícia precoce < 24h. Icterícia não patológica Icterícia fisiológica: ● RN termo: ○ Início após 24h de vida. ○ Pico no 3º ao 4º dia de vida. ○ Máx: 12 mg/dl. ○ Normalização em até 7 dias de vida. ● RN pré-termo: ○ Início após 24h de vida, com pico do 4º ao 7ºdia de vida. ○ Máx: 15 mg/dl. ○ Normaliza em 10-30 dias de vida. Icterícia do RN < 35 semanas: ● A icterícia ocorre em praticamente todos esses casos, sendo a primeira semana mais intensa. ● Motivo: imaturidade intestinal e dificuldade na absorção da bilirrubina indireta. ● Avaliação: ○ Momento da primeira avaliação: 24-36h de vida. ○ Exame transcutâneo (micrométodo) para verificação da bilirrubina direta → Esse exame evita a espoliação do RN. ○ Avaliações posteriores: a cada 12 ou 24h. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Icterícia pelo aleitamento materno: ● Motivo: diminuição e ou erro no aporte do leite materno ao RN. ○ Erro no aporte do leite: não provém a maturação do trato gastrointestinal, causando uma lentificação na colonização entérica do RN. ○ Aumento da circulação entero-hepática pela falta de bactérias que transformariam a bilirrubina direta em urobilinogênio e a urobilina em estercobilina. Icterícia do leite materno ou Síndrome da icterícia do leite materno: ● Conceito: persistência da icterícia fisiológica além da primeira semana de vida. ○ Geralmente se apresenta depois dos primeiros 3-5 dias de vida. ○ Pico: dentro de 2 semanas de vida. ● Epidemio: pode ocorrer em até ⅓ dos RNs saudáveis amamentados com leite materno. ● Há diminuição progressiva aos níveis normais ao longo de 3-12 semanas. ● Importante: não orientar a suspensão do leite materno como rotina. ○ Teste: na retirada do leite materno há uma queda rápida da bilirrubina em 24-48h. ○ A suspensão só é recomendada se os níveis de bilirrubina estiverem próximos aos níveis de indicação de exsanguineotransfusão. Icterícias patológicas Quadro geral das icterícias patológicas: SEMPRE há alterações clínicas. ● Precoce: aparecimento < 24h de vida. ● Persistente: permanece > 7 dias de vida. ● VR bilirrubina total: ○ Termo: > 12 mg/dl. ○ Pré-termo: > 15 mg/dl. ● Velocidade de aumento da bilirrubina indireta: ○ > 5 mg/dl em 24h. ○ > 0,2 mg/dl/h. ● VR bilirrubina direta: ○ > 2 mg/dl → pensar em colestase. ● Principais causas patológicas: ○ Def. de captação da bilirrubina pelo hepatócito → Síndrome de Gilbert. ○ Def. na conjugação da bilirrubina → Síndrome de Crigler-Najjar, hipotireoidismo ou galactosemia. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Def. da excreção hepática da bilirrubina direta → Atresia de vias biliares ou colestase intra-hepática. ○ Reabsorção intestinal exagerada da bilirrubina → Atraso na colonização entérica (prematuridade/jejum prolongado/dif. no aleitamento). ○ Causas hemolíticas ou não hemolíticas. Causas hemolíticas: ● Imune: incompatibilidade Rh ou Incompatibilidade ABO. ● Hereditárias: deficiência de G6PD. Causas não hemolíticas: ● Coleções sanguíneas: tocotraumatismos. ● Policitemia: clampeamento tardio de cordão umbilical (> 60s). Incompatibilidade de Rh: ● Mãe Rh negativo e filho Rh positivo. 1. Anticorpos da mãe (anti-D) passam para o feto durante a gravidez. 2. Destruição dos eritrócitos fetais. 3. Aumento de eritropoetina e de eritrócitos por mecanismos compensatório, com aumento de eritroblastos e reticulócitos em sangue periférico e intensa eritropoiese extramedular. 4. Icterícia hemolítica, quase sempre precoce (nas primeiras 6h de vida), atingindo níveis indicativos de exsanguineotransfusão. ● Exames: ○ Coombs indireto da mãe → positivo. ○ Coombs direto do RN (cordão) → positivo. ● Tratamento: imunoglobulina anti-D → dose para a gestante sensibilizada. Incompatibilidade ABO: ● Motivo: ocorre em mães do grupo sanguíneo O, com os RN do grupo A ou B. ○ Há produção de anticorpos IgG anti A ou IgG anti B. ● Hiperbilirrubinemia de pequena intensidade, mais evidente a partir do segundo dia de vida. Investigação etiológica Verificação de etiologia fisiológica ou patológica: 1. Icterícia com < 24h de vida. 2. Bilirrubina total > 12 mg/dl (termo) OU > 15 mg/dl (prematuros). 3. Investigar icterícia patológica. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Avaliação laboratorial: ● Bilirrubina total e frações. ● Hemograma. ● Tipagem sanguínea (ABO e Rh) → antígeno D. ● Dosagem de G6PD. ● Dosagem de hormônios tireoideanos → teste do pezinho. ● Pesquisa de anticorpos anti-D (coombs indireto) e se mãe Rh -. Diagnóstico clínico - Zonas de Kramer: Complicação - encefalopatia bilirrubínica (Kernicterus): ● Conceito: depósito de bilirrubina indireta no SNC. ○ A BI ultrapassa a barreira hemato-encefálica e impregna nos núcleos da base. ○ Quanto mais imaturo, maior a suscetibilidade à neurotoxicidade da BI. Manejo Primeiro passo: colocar valores de bilirrubina total no nomograma de percentis (Bhutani). Nível de bilirrubina total para indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão em RN > 35 semanas de IG ao nascer: ● 24 horas: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 8 mg/dl. ■ > 38 sem: 10 mg/dl. ○ Exsang.: ■ 35- 37 sem: 15 mg/dl. ■ > 38 sem: 18 mg/dl. ● 36 horas: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 9,5 mg/dl. ■ > 38 sem: 11,5 mg/dl. ○ Exsang.: ■ 35- 37 sem: 16 mg/dl. ■ > 38 sem: 20 mg/dl. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● 48 horas: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 11 mg/dl. ■ > 38 sem: 13 mg/dl. ○ Exsang: ■ 35- 37 sem: 17 mg/dl. ■ > 38 sem: 21 mg/dl. ● 72 horas: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 13 mg/dl. ■ > 38 sem: 15 mg/dl. ○ Exsang.: ■ 35- 37 sem: 18 mg/dl. ■ > 38 sem: 22 mg/dl. ● 96 horas: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 14 mg/dl. ■ > 38 sem: 16 mg/dl. ○ Exsang.: ■ 35- 37 sem: 20 mg/dl. ■ > 38 sem: 23 mg/dl. ● 5-7 dias: ○ Fototerapia: ■ 35- 37 sem: 15 mg/dl. ■ > 38 sem: 17 mg/dl. ○ Exsang.: ■ 35- 37 sem: 21 mg/dl. ■ > 38 sem: 24 mg/dl. Fototerapia de alta intensidade e monitoração: ● BT entre 17-19 mg/dl. ○ Dosar BT após 4-6h. ● BT entre 20-25 mg/dl. ○ Dosar BT em 3-4h. ● BT > 25 mg/dl. ○ Dosar BT em 2-3h enquanto o material de exsanguineotransfusão é preparado. Nível de bilirrubina total para indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão em RN < 35 semanas de IG ao nascer: ● < 28 semanas: ○ Fototerapia:5-6 mg/dl. ○ Exsang.: 11-14 mg/dl.. ● 28-29 semanas: ○ Fototerapia: 6-8 mg/dl. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Exsang.: 12-14 mg/dl. ● 30-31 semanas: ○ Fototerapia: 8-10 mg/dl. ○ Exsang: 13-16 mg/dl. ● 32-33 semanas: ○ Fototerapia: 10-12 mg/dl. ○ Exsang.: 15-18 mg/dl. ● 34 semanas: ○ Fototerapia: 10-12 mg/dl. ○ Exsang.: 17-19 mg/dl. Atenção aos prematuros - quando indicar exsanguineotransfusão: ● Caso, mesmo com a fototerapia, a BT continue a aumentar ou sempre que houver sinais de encefalopatia bilirrubínica. Fototerapia: ● Conceito: terapia luminosa que converte, por fotoisomerização, moléculas de bilirrubina depositadas na pele em compostos hidrossolúveis, sendo mais facilmente excretados. ○ É o tratamento mais utilizado e difundido. ● Eficácia: ○ Tipo de luz. ○ Comprimento de onda da luz. ○ Superfície corpórea exposta à luz. ○ Irradiância espectral. ○ Distância da unidade ao RN. ● Medidas para efetividade e segurança da fototerapia no RN: ○ Proteger os olhos com cobertura radiopaca. ○ Verificar a temperatura corpórea a cada 3h para detecção ou hipertermia. ○ Verificar diariamente o peso. ○ Posicionar o RN adequadamente para maximizar a exposição à luz. ○ Usar fraldas cortadas adequadamente para cobertura da genitália. Exsanguineotransfusão (EST): ● RN com estabilidade hemodinâmica e hemoglobina maior que 10g/dL: ○ Realização de trocas com duas volemias (2x 80mL/kg), sendo o volume de 2/3 de concentrado de hemácias e 1/3 de plasma fresco congelado. ○ Recomendação: utilizar um concentrado de hemácias com coleta < 7 dias, filtrado e irradiado. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Escolha do Sangue: ○ Se incompatibilidade Rh: utilizar sangue O negativo submetido à contraprova com o sangue materno. ○ Se incompatibilidade ABO: usar hemácias O reconstituídas em plasma AB ou receptor compatível a tipagem do RN. Seguimento ambulatorial: ● Pico da icterícia no termo: 3º-4º dia de vida. ● Pico no pré-termo tardio: 5º-6º dia de vida. @p�sitivamed
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