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Estudo Civil - Responsabilidade Danos Morais Relacionamentos

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4
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Justamente por ser dotado da inesgotável capacidade 
de raciocínio e discernimento, o ser humano acumula para si aquela 
que seja talvez a grande força geradora para novas espécies de 
Direito: a liberdade de escolha, essa característica leva o indivíduo 
raciocinar sobre o alcance de nossos atos ou omissões. 
Por esta circunstância, somos levados a todo o 
momento a raciocinar a respeito da causa – efeito dos atos ou 
omissões que praticamos, deixamos de praticar, pois estes atos irão 
estabelecer nossa conduta perante a sociedade. E mesmo que 
pratiquemos um permitido por lei dependendo de como isso ocorre, 
isso pode significar uma lesão ao direito da outra pessoa. No Brasil, 
até a elaboração do Código Civil de 2002, os danos civis eram 
apenas indenizados na forma patrimonial, o dano moral aquele que 
fere a honra, imagem de um individuo para ser indenizado devia ter 
causado uma conseqüente diminuição ao patrimônio do mesmo, ou 
seja, tinham que ser conexo os dois. 
O art. 186, do Código Civil de 2002, diz aquele que 
causar danos a outrem ainda que meramente moral seja obrigado a 
repara – lo. Com base neste artigo surgem as novas fontes de 
indenização do dano moral somente. Hoje no Brasil, vem a tona 
 5
uma situação que já foi alvo de muitas discussões reparação por 
perdas danos, do noivo que sem justificativa rompe com seu 
pretendido, após longa data de noivado. 
 
 
a) Discutir os instrumentos jurídicos do direito civil, através da 
analise, principalmente do Código Civil, Constituição Federal, 
que sirvam como base para reparação do dano moral que o 
individuo venha causar; 
b) Expor um parâmetro de como os entendimentos tem 
construído soluções para situações concretas, de modo a 
impor ao autor provocador da lesão a responsabilidade de 
reparação do dano. 
c) Mostrar como pode se passível de reparação por dano moral, 
quando um dos esponsais desiste do matrimonio sem 
justificativa. 
- o tema do trabalho não é a responsabilidade por dano moral no 
caso de ruptura de noivado? Nada foi falado sobre isso na 
introdução! 
 6
 
CAPITULO 1 
A REPARAÇÃO DO DANO MORAL NO 
DIREITO BRASILEIRO. 
 
1.1. ASPECTOS HISTORICOS 
 
Anterior a vigência do Código Civil brasileiro de 1916, o 
amparo as reparações de danos eram encontradas no Código 
Penal de 1830, no sentido de que “ a indenização será sempre a 
mais favorável e completa que for possível; no caso de duvida, 
será a favor do ofendido”. Mas ali não aludia a reparação do dano 
moral, apenas deixava bem claro que, nos casos de 
responsabilidade delitual, a indenização deveria ser plena. 
Posteriormente tal dispositivo foi reproduzi no art. 800 
da Consolidação das Leis Civis der Augusto Teixeira de Freitas, 
mas não foi dada a merecida atenção a essa consolidação uma 
vez que ela só servil como base para elaboração do Código Civil 
da Argentina. 
Quanto a reparação do dano moral propriamente dito, 
encontramos indícios da sua regulamentação apenas em alguns 
 7
dispositivos especiais que tratavam de certas indenizações em 
dinheiro. Um exemplo, o título 38 do Livro 3º. das Ordenações 
prescrevia a obrigação de pagar indenização em dinheiro na 
hipótese de demanda por divida já paga, em que se mandava 
restituir em dobro o que se houvesse recebido. 
O art. 276 do Código Penal brasileiro de 1890, por sua 
vez, assegurava, expressamente, prestação pecuniária satisfatória 
de dano moral, nos casos de atentados contra a honra da mulher. 
E o art. 70 do mesmo Código dizia, em regra e nos demais casos, 
regular pelo Direito Civil a indenização do prejuízo sofrido. Em 
caso de o homem que dormisse com mulher ainda virgem, mesmo 
que essa não aceitasse se casar com esse homem, ele era 
obrigado a ressarci o dano causado, pagando um valor em 
dinheiro (dote), sendo a única modalidade de indenização por 
dano moral puro. 
Antes da vigência do Código Civil brasileiro de 1916, ou 
se negava a reparabilidade do dano moral ou se considerava 
indenizável apenas o dano patrimonial da vítima, empobrecimento. 
Desta forma, escreveu o juiz Luís Augusto de Carvalho e Melo em 
uma de suas decisões de primeira instância. 
 
 8
● “O dano moral, porém, não é indenizável pelo nosso Direito. A 
obrigação entre a parte ofendida e o advogado é para o autor do 
dano “res inter alios” (coisa feita entre terceiros).”17 
● “A legislação pátria nunca consagrou a obrigação de indenizar 
danos puramente morais, insuscetíveis de serem avaliados em 
dinheiro. Não se reduzem a moedas os sentimentos, nem se 
tarifam as afeições.”18 
● “Não se poder resolver em dinheiro a dor que alguém sofre pela 
morte de outrem.”19 
 
Em 1988, foi elaborada a então vigente Constituição 
Federal brasileira, que traz em seu art. 5º, V, X, o principio geral 
que diz, é assegurado direito de resposta, na proporção do 
agravo, alem de indenização por material, moral, imagem, sendo 
invioláveis, intimidade, vida privada, honra, imagem, das pessoas, 
sendo possível a indenização do dano material e moral, pela sua 
violação. Ai em diante teve-se um embasamento jurídico para que 
desse causa uma serie de ações para houvesse o ressarcimento 
em valor pecuniário (dinheiro), de uma lesão sofrida pela vítima 
apenas psicológico, sem causar nem uma redução no seu 
patrimônio, como sendo um principio ainda precisaria é claro de 
mais respaldo, com essa preocupação o legislador, constrói o 
nosso então vigente Código Civil brasileiro 2002, com sua 
 9
elaboração Miguel Reali, em observância a hierarquia 
constitucional ele criou o art. 186, que vai regulamentou o 
dispositivo supra mencionado na CF/88, o artigo diz claramente: 
quem por negligencia, imprudência, imperícia, violar direito, causar 
dano a outrem ainda que exclusivamente moral, esta comento ato 
ilícito. 
Assim sendo com o novo diploma, o dano moral puro, 
direto, passa ser perfeitamente indenizável, e mais podendo ser 
ao livre arbítrio do Julgador para estipular o valor do pagamento 
em dinheiro pelo dano causado, devendo para isso levar em 
consideração as provas obtidas, o tamanho da lesão sofrida, as 
condições de quem praticou o ato e etc. 
 
1.2. Distinção entre dano moral e material 
 
Segundo Alfredo Minozzi, a distinção entre dano moral e 
dano material, ao contrario do que parece, não decorre da natureza 
do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do 
caráter da sua repercussão sobre o lesado. Tanto que pode 
ocorrer, inestimabilidade do bem lesado, se bem, que em regra, 
constitua a essência do dano moral, não é critério definitivo para a 
distinção, convindo, pois, para caracteriza-lo, compreender o dano 
 10
moral e relação ao seu conteúdo, que não é dinheiro, nem coisa 
comercialmente reduzida a dinheiro, mas a dor, o espanto, a 
emoção, a vergonha, a injúria física ou moral, em geral uma 
dolorosa sensação experimentada pela pessoa, atribuída à palavra 
dor o mais largo significado. O dano material é oriundo da ofensa ao 
patrimônio da vítima, o interesse expresso de causar considerável 
diminuição no montante em dinheiro, valor pecuniário, que pode 
advir de um contrato entre partes, aonde um induz o outro ao erro, 
ao contrario ao vimos no dano moral aqui, em regra será sempre 
passível de dar o valor a lesão. 
Para alguns doutrinadores, também pode perfeitamente 
haver uma cumulação de danos entre dano moral e material, para 
Maria Helena Diniz, após definir o dano moral como lesão de 
interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica provocada 
pelo fato lesivo, escreve que qualquer lesão que alguém sofra no 
objeto de seu direito repercutirá, necessariamente, em seu 
interesse; por isso, quando se distingue o dano patrimonial do 
moral, o critério da distinção não poderá, segundo ela, ater-se à 
natureza ou índole do direito subjetivo atingido, mas ao interesse, 
que é pressuposto desse direito, ou ao efeitoda lesão jurídica, 
isto é, ao caráter de sua repercussão sobre da lesão 
jurídica , isto é, ao caráter de sua repercussão sobre o lesado, 
 11
pois somente desse modo se poderia falar em dano moral, oriundo 
de uma ofensa a um bem material, ou em dano patrimonial indireto, 
que decorre de evento que lesa direito extrapatrimonial, como, por 
exemplo, direito à vida, à saúde, provocando também um prejuízo 
patrimonial, como incapacidade para o trabalho, despesas com o 
tratamento etc. 
De mesma forma que a integridade física corporal, que 
é um direito da personalidade, pode sofrer um prejuízo patrimonial, 
caso em que a lesão será representada pelas despesas (dano 
emergente) com o tratamento da vítima, e pagamento da perda da 
capacidade para o trabalho mesmo que seja temporário (lucros 
cessantes). 
Podendo assim existir uma coexistência entre ambos os 
interesses como pressupostos de um mesmo direito, desta forma o 
dano pode lesar tanto direito patrimonial ou extrapatrimonial. A 
jurisprudência inclusive já se posicionou em relação a essa questão. 
A sumula 37 do Superior Tribunal de Justiça declarou que são 
cumuláveis as indenizações por dano moral e material 
oriundas do mesmo fato. 
 
CAPITULO 2 
 12
 
DO NOIVADO 
 
2.1. DO NOIVADO HISTÓRICO 
 
Noivado configura-se como o compromisso, firmado 
entre um homem e uma mulher, de contraírem futuro matrimônio. O 
foco específico desta dissertação é analisar a possibilidade de 
indenização por danos materiais e morais em razão do rompimento 
de noivado. 
Os antepassados do noivado estão ligados ao instituto 
denominado “esponsais”, nomenclatura deixado pelo Direito 
Romano, que representavam a promessa solene de contrair futuro 
matrimônio (sponsalia sunt mentio et repromissio 
nuptiarum futurarum). Entre os romanos, o compromisso de 
casamento era realizado com assentimento dos pais e em 
cerimônia familiar realizada com a presença dos amigos mais 
próximos. O noivo presenteava a noiva com o anel esponsalício, 
ritual que, nos dias de hoje, ainda costuma ser efetivado, todavia 
com simbolismos diferentes, haja vista o hábito de que, com o 
noivado, os noivos passem a ostentar alianças em um dos dedos da 
mão direita. 
 
Com esta exposição, fica claro e pacífico que a mentalidade 
no sentido de não deixar irreparado um prejuízo experimentando 
em razão de rompimento de noivado tem nuança no Direito 
 13
Romano, onde existia inclusive a previsão das chamadas (arras 
esponsalícias), ou seja, em caso de rompimento de noivado, o 
noivo responsável por tal, poderia perder o valor das “arras” ou 
até mesmo ser compelido a pagá-las em triplo ou em quádruplo. 
Também merece registro histórico, provinda do Direito Romano, a 
“actio de sponsu”, ou seja, um ato implementado para gerar 
indenização acerca do rompimento de noivado. 
Embora não receba expresso tratamento legal no 
ordenamento jurídico brasileiro, o noivado não deixa de merecer 
atenção da doutrina e da jurisprudência, uma vez que trata-se de 
comportamento que pode gerar direitos e obrigações facilmente 
alcançadas no mundo jurídico. 
O noivado configura uma realidade social diferenciada de um 
simples namoro, porém mais embrionário se comparado a um 
casamento ou mesmo a união estável. Não pode ser considerado 
como instituto do Direito de Família, até porque o noivado está 
ainda na fase embrionária da formação de uma família, mas há 
possibilidade de ser inserido nos estudos respectivo ao Direito das 
Obrigações e da Responsabilidade Civil. 
Há algumas legislações alienígenas que admitem 
expressamente a reparação por danos de ordem material e moral 
decorrentes da quebra de promessa de casamento. Exemplificando 
tal quadro, cabe dizer que no Código Civil Italiano a matéria é 
tratada no art. 81 .1 
 
Findando esta explanação inicial, cumpre trazer à baila o 
seguinte esclarecimento de Lino Eduardo Araújo que, ao 
 
1 Redação do art. 81 do Código Civil Italiano. 
 14
estabelecer requisitos para cabimento da indenização por danos 
morais e materiais diz o seguinte 2: 
“Para a propositura da competente ação de 
indenização, é indispensável a concorrência dos 
seguintes requisitos básicos: a) promessa de 
casamento (cuja prova poderá ser feita por meio de 
testemunhas, correspondências trocadas pelos 
nubentes, convites para o casamento, documentos 
que demonstrem os preparativos do matrimônio e 
quaisquer outras provas admitidas em direito); b) 
ruptura injustificada do casamento; e, c) prova do 
prejuízo ou do dano causado pelo rompimento 
imotivado”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. NATUREZA JURÍDUCA CONSIDERAÇÕES SOBRE O 
CASAMENTO. 
 
2 PINTO, Lino Eduardo Araújo. Noivado: possibilidade de reparação dos danos pelo 
seu rompimento. 
 15
 
Tendo em mente a forte idéia de que o noivado 
configura-se como um início de compromisso para o casamento, um 
detalhado estudo sobre a matéria não pode deixar de apreciar este 
tópico com os cuidados que se fazem necessárias. 
Assim sendo, é mister traçar um sucinto roteiro da 
natureza jurídica do casamento, atitude que facilitará na 
compreensão da formatação do arcabouço jurídico do noivado. 
Muitas são as definições doutrinárias acerca da 
definição do que seria casamento. Com o escopo de ilustrar bem o 
tema, imperativo trazer para a colação o seguinte ensinamento de 
Borges Carneiro 3: 
“Matrimônio é associação permanente do homem e 
da mulher, instituída por Deus, para gerar e educar 
filhos, e para recíproco socorro de ambos. É 
originariamente um contrato: a Religião porém o 
consagrou e elevou à dignidade de sacramento”. 
 
Nesta arguta conceituação alguns caracteres e efeitos do 
casamento podem ser facilmente visualizados. Senão vejamos: 
a) O casamento trata-se de enlace com diversidade de sexos, algo 
que mostra-se absolutamente oposto ao enlace de pessoas do 
mesmo sexo; 
 
3 CARNEIRO, Borges apud Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 
17ª edição. São Paulo: Saraiva, 2002. volume 05. p. 43 
 16
b) O casamento tem o finalidade inaugural de ser uma relação 
permanente, eterna, o que não afasta, contudo, a possibilidade de 
dissolução de tal vínculo; 
c) O casamento se presta à formação de uma família, com 
finalidade à instituição de prole e perpetuação da espécie; 
d) Não é oportuno deixar de considerar o imprescindível aspecto 
solidário do casamento, na medida em que homens e mulheres tem 
deveres indelegáveis de auxílio mútuo; 
e) O casamento pode ser considerado como um contrato. 
 
Em relação ao último item em específico, é oportuno 
sustentar alguma discussão doutrinária. Não existe uniformização 
do entendimento quanto à natureza jurídica do casamento, 
parecendo eterna a disputa entre aqueles que concebem 
o matrimônio como contrato e outros que defendem a 
bandeira do casamento enquanto instituição. 
 
Parcela significativa da doutrina francesa, tendo como 
grande doutrinador, Marty e Raynead, é de cunho anticontratualista, 
ou seja, inclina-se para a teoria da instituição, partindo do 
pressuposto de que o estado matrimonial se define como um 
estatuto imperativo pré-organizado, ao qual aderem os que se 
casam. 
A doutrina do casamento como instituição apareceu 
inicialmente como uma espécie de reação publicista a determinados 
excessos privados da concepção contratualista. O casamento 
deveria ser enxergado como um “status” dotado com certa 
estabilidade para determinados fins. Pensando assim, o matrimônio 
caracteriza-se como um estado, quais os nubentes ingressam, 
 17
fazendo parte de uma grande instituição social que, se por um lado 
reflete uma situação jurídica resultante da vontade dos contraentes, 
por outro lado obedecem à normas, efeitos e condições fixados na 
lei. Neste sentido, é válido destacar o que Maria Helena Diniz 
aponta sobre o assunto4 : 
“As partes são livres, podendo cada uma escolher o seu 
cônjuge e decidir se vaicasar ou não; uma vez acertada a 
realização do matrimônio, não lhes é permitido discutir o 
conteúdo de seus direitos e deveres, de modo pelo qual se dará 
a resolubilidade da sociedade ou do vínculo conjugal ou as 
condições de legitimidade da prole, porque não lhes é possível 
modificar a disciplina legal de suas relações; tendo uma vez 
aderido ao estado matrimonial, a vontade dos nubentes é 
impotente, sendo automáticos os efeitos da instituição por 
serem de ordem pública ou cogentes as normas que a regem, 
portanto iniludíveis por simples acordo dos cônjuges”. 
 
Colocando um pouco mais de complexidade nesta 
discussão, deve-se mencionar a existência de uma doutrina eclética 
ou mista, que procura uma fusão entre as concepções de cunho 
contratualista e institucionalista, algo que Rouast qualificou como 
“ato complexo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 CARNEIRO, Borges apud Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 
17ª edição. São Paulo: Saraiva 2002. volume 05. 
4 op.cit.p. 43 
 
 18
2.3. DO NOIVADO NATUREZA DE CONTRATO 
 
A concepção contratualista tem sua gênese no Direito 
Canônico, isto é, tem origens inicialmente de cunho 
acentuadamente religioso. Este pensamento ganhou corpo no 
Direito Natural, adquirindo espaço no racionalismo jusnaturalista do 
século XVII, sendo inclusive incluída, com o advento da Revolução 
Francesa, no Código Francês de 1804, algo que teve notáveis 
influências na Escola Exegética do século XIX. 
A concepção contratualista do casamento sofreu grande 
mutações comparado à sua elaboração originária. Com uma idéia 
inicial de mero contrato civil, regido pelas normas comuns a todos 
os contratos, evoluiu para a configuração como contrato especial de 
Direito de Família ou contrato sui generis, uma vez que, em razão 
de certas particularidades legais, não se aplica fielmente ao 
casamento todos os parâmetros das características contratualista 
meramente de cunho patrimonial. 
Silvio Rodrigues trabalha com a mentalidade do 
casamento como contrato de Direito de Família, postando-se 
decisivamente contrário a um olhar apenas institucionalista. 
Expondo trecho da obra deste valoroso pensador do Direito, tem-se 
o seguinte: 5 
“Todavia, por mais sedutora que se revele esta última 
concepção, não se pode negar o substrato contratual que se 
encontra no casamento. 
Em rigor, se a mera idéia de um contrato, semelhante aos 
demais contratos de direito privado, não é suficiente para 
explicar a natureza do casamento, pelo menos como a lei o 
disciplina,, o conceito de instituição, na forma acima exposta, 
tampouco basta para explicá-la. Trata-se, sem dúvida, de um 
ato complexo, em que une o elemento volitivo ao elemento 
institucional. 
 
5 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 30ª edição. São Paulo: Saraiva, 2001. volume 6. p. 18-19 
 19
(...) Portanto, trata-se de uma instituição em que os cônjuges 
ingressam pela manifestação de sua vontade, feita de acordo 
com a lei. Daí a razão pela qual, usando de uma expressão já 
difundida, chamei ao casamento contrato de direito de família, 
almejando, com essa expressão, diferenciar o contrato de 
casamento dos outros contratos de direito privado”. 
 
 
Para que a idéia do noivado ganhe maior expressão e, 
por conseguinte, receba trato legal mais robusto, é mais 
interessante inserir o casamento na esfera de um direito contratual, 
posicionamento que tornará menos o esforço no sentido de conferir 
natureza jurídica ao noivado. 
 
 
2.4. DO NOIVADO CONTRATO PRELIMINAR VERBAL 
 
O noivado via de regra, não é revestido de maiores 
solenidades. Tão pouco, por exemplo, que compromissos de 
noivado sejam pactuados por escrito e torna-se muito mais difícil 
ainda pensar na possibilidade de um noivado levado a registro 
público. 
Isto não retira a necessidade de que o Direito reconheça 
o noivado como um comportamento gerador de direitos e 
obrigações para os noivos e que assim, portanto, mereça apuro 
acadêmico em seu estudo e cuidado na confecção de acórdão 
legais e jurisprudenciais. 
A contemporânea acepção do Direito Civil, recheada de 
inovações estabelecida pela Lei 10.406/02 (o Novo Código Civil), 
obriga o sensato jurista a reformular o pensamento civilista, 
adequando-o, definitivamente, às balizas mestres traçadas no 
constitucionalismo pátrio. Em bom português: o Direito Civil deve 
ser estudado à luz da Constituição Federal de 1988. 
Com isto, fica cada vez mais clara uma condenação à 
visões egoístas sobre a formação e dissolução do noivado, 
 20
acentuando-se à ampla aversão aos primados estritamente 
privatistas sobre o tema. Um noivado está longe de ter a mesma 
imponência e sistemática jurídica de um casamento, mas, na 
medida em que existe até como compromisso para a existência 
futura do casamento, também proíbe qualquer dos noivos de atos 
unilaterais notadamente agressivos à dignidade alheia. Em uma 
visão mais simplista, é bom dizer que um noivo não pode fazer o 
que bem entender com seu consorte, havendo valores éticos, 
morais e jurídicos a serem observados. 
Ora, se o casamento é um contrato e o noivado simboliza 
compromisso no sentido de firmar futuro casamento, nada mais 
simples do que dizer que o noivado pode ser reputado como um 
pré-contrato ou contrato preliminar. 
Contudo, que, por óbvio, o noivado, embora enxergado 
na ótica do pré-contrato, nem sempre resulta obrigatoriamente em 
casamento. Pode os noivos construir uma expectativa de 
casamento, mas isto não quer dizer que efetivamente irão se casar. 
Não é razoável pensar em tornar obrigatório tal comportamento, sob 
pena de grandiosa violação a um dos princípios básicos do 
casamento, qual seja, a liberdade dos “candidatos a contraentes” de 
firmar ou não o matrimônio. 
Nesta esteira, Silvio Rodrigues diz o seguinte:6 
 
 “ Todavia, é possível que o rompimento unilateral e 
injustificável da promessa de casamento venha a trazer dano 
a um dos noivos. Em face do que foi dito, o arrependido não 
pode ser forçado a casar-se. Entretanto, a questão a ser 
encaminhada é a de saber se poderá o arrependido ser 
compelido a reparar o prejuízo derivado de seu intempestivo 
e injusto arrependimento”. 
 
 
6 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 19º edição. São Paulo: Saraiva, 2002. 
volume 04. p. 38 
 21
 
Diante de todo o exposto, é possível concluir que: 
 
• O noivado não prescinde de formas solenes para ser 
pactuado, bastando o assentimento verbal; 
• O noivado, na medida em que atesta compromisso de 
casamento, e considerado o casamento como um contrato, 
revela-se como pré-contrato; 
• O noivado merece estudos mais acurados na seara do Direito 
Obrigacional, mais especificamente no campo da 
Responsabilidade Civil. 
 
 
 
CAPITULO 3 
 
3.1. DO NOIVADO POSSIBILIDADE DA INDENIZAÇÃO 
 
A noção da responsabilidade pode ser retirada da 
própria origem da palavra, que vem do latim “respondere”, 
responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de 
responsabilizar alguém por seus atos danosos. 
Os estudos acerca da responsabilidade civil vêm cada 
vez tomando mais vulto e o implemento do novo Código Civil 
impulsionou ainda mais este processo. Há um pulcro espetáculo da 
jurisprudência no sentido de fixar novos parâmetros para a 
responsabilidade civil, implementando hermenêuticas modernas aos 
preceitos legais e doutrinários que orientam a matéria. 
 
 22
Ainda assim, inexoravelmente, o estudo da 
responsabilização civil demanda, a priori, análises acerca dos seus 
pressupostos de ocorrência, a doutrina cita tais pressupostos da 
seguinte maneira: 
a) Ação ou omissão do agente; 
b) Culpa do agente; 
c) Relação de causalidade; 
d) Dano experimentado pela vítima. 
 
A ação ou omissão do agente simboliza o dever de 
todos de praticar o bem, evitando danos a outrem. A 
responsabilidade do agente pode nascer de ato próprio, de ato de 
terceiro que esteja sob os cuidados do agente e até mesmo por 
intermédiode coisas que estejam na guarda do agente. 
A culpa também é um pressuposto da responsabilidade 
civil que merece avaliação criteriosa. Se alguém causou prejuízo a 
outrem em virtude de ação ou omissão voluntária, negligência, 
imperícia ou imprudência, fica obrigado a proceder à reparação do 
mal causado. 
A relação de causalidade ou nexo causal revela-se na 
medida em que é fundamental fazer a prova da existência de uma 
ligação visível entre a ação ou omissão culposa do agente e o dano 
experimentado pela vítima. Se a vítima sofrer um dano, mas 
evidenciar-se que esta mazela não adveio de conduta dolosa ou 
culposa do agente inicialmente acusado, não há que se falar em 
responsabilização, hipótese freqüente, por exemplo, nos casos de 
culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior. 
Imperioso destacar a necessidade de que a 
responsabilidade civil tenha como um de seus pressupostos a 
existência concreta de um dano, um prejuízo concreto a alguém. 
 23
Em sua ilustre obra, Rui Stoco ensina o seguinte:7 
 
“(....)essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, 
através de integrantes da sociedade humana, de impor a 
todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria 
noção de Justiça existente no grupo social estratificado”. 
 
Todos estes pressupostos da responsabilidade civil 
foram relativamente bem sintetizados na redação do art. 186 do 
Código Civil, que reza o seguinte: 
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
De fato, o abuso de direito, que na tradição civilista 
anterior era apenas tacitamente reconhecido no Código Civil de 
1916 (art. 188, I), logrou espaço, ganhou autonomia e, no novo 
Código Civil, deu trato especial no art. 187, que diz o seguinte: 
 
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. 
 
 
 
 
 
 
 
7 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial. 4ª edição. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.p. 59 
 24
3.3. FIXAÇAO DE INDEIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS 
 
O enfoque do momento é analisar a viabilidade de tal 
indenização na esfera dos danos materiais. 
Dando fundamento legal à matéria, a Lei 10406/02 
(Novo Código Civil), em seu art. 927 prevê o seguinte: 
 
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo”. 
 
Concluídas tais considerações, o cuidado agora deve 
ser como aquilatar os danos materiais, ou seja, que tipo de evento 
ocasiona a incidência de responsabilidade civil inerente a esta 
hipótese de dano.Lino Eduardo Araújo Pinto assim trata a matéria:8 
 
“Para fins de reparação, são levadas em consideração todas as despesas 
realizadas em razão do noivado e/ou prejuízos daí advindos com o seu 
rompimento. Como exemplo podemos citar um o do nubente que perde 
oportunidade de ser promovido para melhor cargo, ou função dentro da 
empresa onde trabalha, em virtude da sua recusa em aceitar diante da 
proximidade do casamento. O efeito parda que haja reparação do dano 
material, é preciso que o juízo sofrido pela parte tenha acarretado 
diminuição do patrimônio”. 
 
Também discorrendo sobre o assunto, Eduardo Cambi expõe o 
seguinte:9 
 
“Na esfera patrimonial, os prejuízos mais comuns são os danos 
emergentes, que constituem na efetiva diminuição do patrimônio da vítima. 
Em razão da cada vez mais especializada ‘indústria do casamento’, com a 
prestação de serviços dos mais variados, e com os demais dispêndios que 
os preparativos deste evento e desta ‘mudança de vida’ sempre causam, os 
danos podem incluir, dentre outros: os gastos, efetuados por uma das 
 
8 op.cit. p. 01-02 
9 op.cit.p. 02 
 25
partes antes do rompimento do noivado, com a aquisição de alianças, o 
aluguel do salão de festas, o buffet, o conjunto musical, os arranjos de 
flores, os convites, a cerimônia religiosa, o vestido de noiva ou a roupa do 
noivo, o bolo, a compra ou a locação de imóvel para futura residência, o 
pacote de viagens programado para a lua-de-mel, as peças do enxoval, os 
móveis e eletrodomésticos adquiridos etc. Além da existência destes danos 
emergentes, não se pode ignorar a possibilidade de haver lucros cessantes, 
que são aqueles que resultam da frustração da expectativa de lucro, desde 
que entre a conduta lesiva e o dano exista uma relação de causa e efeito 
direta e imediata, conforme prevê o artigo 1060 do Código Civil. Por 
exemplo, aquela pessoa que, sendo servidora pública, obteve licença sem 
vencimentos, com o objetivo de se mudar para a cidade em que o outro 
nubente reside ou para se dedicar integralmente aos preparativos do 
casamento, pode obter, a título de lucros cessantes, a indenização dos 
vencimentos que deixou de receber, em razão da não celebração culposa 
do casamento. No entanto, para haver o reconhecimento judicial desses 
danos materiais, bem como para se precisar a sua extensão e a sua 
quantificação, é indispensável à realização de prova, cujo ônus cabe ao 
autor (CPC, art. 333, I)”. 
 
Para terminar o assunto o assunto, recorremos mais uma vez 
aos sábios e nuca desprezíveis ensinamentos de Silvio Rodrigues:10 
 
“Parece-me, entretanto, que a despeito do silêncio da lei, o rompimento 
injustificado do noivado justifica a ação de reparação do dano causado. 
Se por força da promessa de casamento a noiva adquiriu enxoval e nas 
peças mais caras fez bordar as iniciais do futuro marido; se o noivo alugou 
prédio para a futura residência, comprou móveis que ficariam 
inaproveitados; se a noiva pediu demissão de seu emprego com a 
concordância de seu noivo, para dedicar-se desde logo aos aprestos das 
bodas e do lar que iam constituir; em todas essas hipóteses e outras 
semelhantes entendo que a ação de indenização pode ser proposta pelo 
prejudicado, com fundamento na regra geral do art. 186 do Código Civil.”. 
 
 
10 op.cit. p. 40-41 
 
 
 26
3.4. DO NOIVADO VIABILIDADE DA INDENIZAÇAO POR DANOS 
MORAIS 
 
O dano moral, na maioria dos casos, representa uma 
ferida aberta na vida do lesionado, um trauma que abala 
sensivelmente os valores mais íntimos do atingido, não podendo ser 
apagado definitivamente. Ao contrário dos danos materiais, nos 
quais a reconstrução patrimonial firmada pela responsabilização 
civil do ofensor pode evitar cicatrizes perenes, os danos morais, 
quando muito, podem apenas ser minorados com o implemento de 
indenização. 
Explanando sobre a matéria com a clareza habitual, 
Humberto Theodoro Júnior assim leciona:11 
 
“No convívio social, o homem conquista bens e valores que formam o 
acervo tutelado pela ordem jurídica. Alguns deles se referem ao 
patrimônio e outros à própria personalidade humana, como atributos 
essenciais e indisponíveis da pessoa. É direito seu, portanto, manter livre 
de ataques ou moléstias de outrem os bens que constituem seu 
patrimônio, assim como preservar a incolumidade de sua personalidade. 
É ato ilícito, por conseguinte, todo o ato praticado por terceiro que venha 
refletir, danosamente, sobre o patrimônio da vítima ou sobre o aspecto 
peculiar do homem como ser moral. Materiais, em suma, são os prejuízos 
de natureza econômica, e, morais, os danos de natureza não-econômica e 
que ‘se traduzem em turbações de ânimo, em reações desagradáveis, 
desconfortáveis, ou constrangedoras, ou outras deste nível, produzidas na 
esfera do lesado’ (CARLOS ALBERTO BITTAR, Reparação Civil por 
Danos Morais, 2ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1993, n.5, p. 31). 
Assim, há dano moral quando a vítima suporta, por exemplo, a desonra e 
a dor provocadas por atitudes injuriosas de terceiro, configurando 
lesões nas esferas interna e valorativa do ser como entidade 
individualizada (idem, n. 6, p. 34). 
De maneira mais ampla, pode-seafirmar que são danos morais os 
ocorridos na esfera da subjetividade, ou no plano valorativo da 
pessoa na sociedade, alcançando os aspectos mais íntimos da 
personalidade humana (‘o da intimidade e da consideração pessoal’), 
 
11 THEODORO JR., Humberto. Dano moral. 3ª edição. São Paulo: Juarez de 
Oliveira, 2000.p. 02-03 
 
 27
ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (‘o 
da reputação ou da consideração social’) (idem, n. 7, p. 41)”. 
 
 
No ordenamento jurídico pátrio, o instituto dos danos 
morais encontrou, durante bom tempo, forte resistência, 
posicionamento que tinha como uma de suas escoras principais o 
fato da não inserção em textos legais deste tipo de dano. 
A Constituição Federal de 1988, seguindo a mais 
acertada jurisprudência e doutrina, espancou completamente o 
problema, uma vez que, de forma expressa, no art. 5º, V, consagrou 
a possibilidade de reparação por danos morais. 
O Novo Código Civil, reproduzindo este pensamento, 
expressamente inseriu a possibilidade de reparação por danos 
morais no já mencionado art. 186. 
Ainda assim, o instituto dos danos morais permanece 
recheado de polêmicas, dúvidas, paradoxos e variantes 
intermináveis. Uma dificuldade monstruosa, por exemplo, liga-se à 
fixação de critérios para arbitramento quantitativo do dano moral no 
caso em concreto. 
A honra, o decoro, a dignidade de uma pessoa 
representam idéias muito íntimas, portanto carregadas de alto teor 
de subjetivismo. Logo, não é sem lugar a seguinte pergunta: quanto 
vale a moral de alguém? Responder tal questionamento eqüivaleria 
a encontrar-se o Santo Graal, o Cálice Sagrado do Direito, tarefa de 
dificuldade ainda para grandes e embates doutrinários, tarefa 
epeopeica... 
 
3.5. Fixação de indenização por danos morais 
 
 
 28
Para esse embate nada melhor do que atentar para 
mais umas vez o ensinamentos do ilustre doutrinador, Silvio 
Rodrigues: 12 
“A meu ver, repito, desde que haja rompimento injusto do noivado- e esse 
é o requisito básico para que a demanda possa prosperar-, pode o 
prejudicado, a despeito do silêncio da lei, reclamar a indenização do 
prejuízo experimentado. Entendo ademais que, em face do rompimento 
injustificado do noivado, poderá o juiz, igualmente, fixar uma indenização 
moderada para a reparação do dano moral”. 
 
 
A idéia do nobre doutrinador realmente traduz o 
pensamento mais avançado sobre a matéria, ou seja, o rompimento 
do noivado, desmotivado e lesivo ao noivo abandonado gera a 
possibilidade de reparação por danos morais. O Direito deve 
sempre estar atento à demanda social e não tolerar a 
transformação do livre arbítrio em mecanismo de menoscabo aos 
sentimentos alheios. 
Apontando para obtenções não se circunscrevem somente às 
dissertações doutrinárias, existindo crescente amparo 
jurisprudencial para o pensamento aqui esposado. 
Julgado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de 5 de maio 
de 1982, tem a seguinte ementa: 
“CASAMENTO- Promessa- Noivado- Rompimento três dias antes do dia 
do matrimônio- Culpa- Indenização- Ação ajuizada pela noiva- 
Procedência” 
A promessa de casamento é contrato preliminar e à responsabilidade dele 
decorrente subordina-se caráter abusivo do rompimento. 
Os princípios que impedem a executividade da promessa de casar não 
significam que sua ruptura culposa seja indiferente ao Direito. 
A configuração da culpa extracontratual pelo rompimento injustificado do 
compromisso importa reparação através de indenização abrangente das 
despesas feitas em contemplação do noivado e dos prejuízos resultantes 
da ruptura da promessa a título de danos emergentes, a serem apurados 
em execução de sentença. 
No aresto ainda se cogita da indenização do dano moral, pois estes, 
conjuntamente com os prejuízos materiais resultantes do ato ilícito, 
deverão ser apurados em execução” (RT, 567/174) 
 
 
12 op.cit. p.39 
 29
“INDENIZATÓRIA- RESPONSABILIDADE CIVIL- ESPONSAIS- DANOS 
MORAIS E MATERIAIS- Ruptura de noivado às vésperas do 
casamento e após distribuição de convites. Incontrovérsia em 
relação ao rompimento. Danos materiais devidos. Desnecessidade de 
prova do dano moral, considerado notório o sofrimento de noiva 
jovem, protagonista de relacionamento que durou 5 anos. 
Preliminares rejeitadas. Condenação afastada em face dos benefícios 
da gratuidade judiciária. Recurso provido em parte. (TJSP- AC 
89.944-4- 6ª CDPriv.- Rel. Des. Munhoz Soares- J. 16.03.2000)”. 
 
INDENIZAÇÃO- ROMPIMENTO DE NOIVADO – DANO MORAL E 
MATERIAL – RESSARCIMENTO. 
JoÆo Batista Cƒndido 
 
-A ruptura, sem motivo plausível, da promessa de casamento pode 
dar lugar a indenização decorrente de dano material, evidenciado 
pela aquisição do enxoval e contribuição para construção da casa, e 
da reparação, decorrente de dano moral, posto que o rompimento do 
noivado sempre afetará a pessoa da mulher, atingindo, de alguma 
forma, sua honra e seu decoro. 
 
-Recurso a que se nega provimento. 
 
 
ACÓRDÃO 
 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 
200.791-0 da Comarca de PASSOS, sendo Apelante (s): OTACÍLIO 
GARCIA DOS REIS e Apelado (a) (os) (as): NAIR FRANCISCO DE 
OLIVEIRA. 
 
ACORDA, em Turma, a Terceira Câmara Civil do Tribunal de Alçada 
do Estado de Minas Gerais, NEGAR PROVIMENTO, VENCIDOS 
PARCIALMENTE OS JUÍZES REVISOR E VOGAL. 
 30
 
Presidiu o julgamento o Juiz DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA e dele 
participaram os Juizes DUARTE DE PAULA (Relator), KILDARE 
CARVALHO (Revisor vencido parcialmente) e XIMENES CARNEIRO 
(Vogal vencido parcialmente). 
 
Belo Horizonte, 06 de dezembro de 1995. 
 
 
JUIZ DUARTE DE PAULA 
Relator 
 
 
JUIZ KILDARE CARVALHO 
Revisor vencido parcialmente 
 
 
JUIZ XIMENES CARNEIRO 
Vogal vencido parcialmente 
 
 
 
APELAÇÃO CÍVEL Nº 200.791-0 - 06.12.95 
PASSOS 
 
 
VOTOS 
 
 
O SR. JUIZ DUARTE DE PAULA: 
 
 
Da sentença julgando procedente ação de indenização que lhe propôs 
 31
a apelada, recorre o réu, objetivando a inversão do julgado, alegando 
que o instituto dos esponsais tornou-se obsoleto e o fato de Ter 
desfeito o noivado com a apelada não cabe indenizá-la por danos 
morais, dada a falta do vínculo matrimonial, se insurgindo contra a 
verba destinada à reposição do enxoval adquirido por ela, pelo que 
deve ser entregue a ele as peças que pagar, caso em que ocorreria o 
“bis in idem”. Quanto à indenização pela participação da apelante na 
construção da casa, diz improceder vez que não comprovado 
documentalmente, sendo a prova testemunhal destituída de 
credibilidade. 
 
Conheço do recurso, eis que presentes seus pressupostos de 
admissibilidade. 
 
Versa a espécie sobre uma ação de indenização, proposta pela 
apelada NAIR FRANCISCO DE OLIVEIRA contra o apelante que teria 
prometido casamento mediante o comprovado noivado de 17 anos, 
tendo participação ativa na construção da casa que seria utilizada 
pelo casal, além de Ter efetivado gastos com o enxoval necessário 
para o ato, pleiteando ainda a título de danos morais pelo 
rompimento do noivado, reparação que entende reparadora pelos 
danos sofridos por comentários, vexames e humilhações que sofreu. 
 
O MM. Juiz “a quo” para assim decidir o pleito indenizatório, 
objetivando o reconhecimento do direito da apelada em se ver 
ressarcida pelos danos morais e materiais, baseou-se no fato de que 
ficou provado, de forma inequívoca a sua participação na aquisição do 
patrimônio do casal, assim como ficou evidenciado o trauma advindo 
do rompimento do noivado. 
 
Rebela-se o apelante contra tal decisão negando a participação da 
apelada na construção da casa, rebatendo ainda no tocante a 
existência de dano moral. 
 32
 
Tenho porém que não lhe assiste razão. 
 
Ora, o matrimônio é sempre precedido de uma promessa de 
casamento, de um compromisso, que duas pessoas de sexo diferente 
assumem reciprocamente. A ruptura, sem motivo, pode dar lugar a 
umaindenização, face às suspeitas que ela fará pesar sobre a pessoa 
abandonada, e se a reparação pode concernir a um prejuízo de 
ordem material, é mais comum invocar-se o dano moral causado à 
noiva, uma vez atingida em sua reputação. 
 
Como é sábio, as nossas disposições de lei houve por bem disciplinar 
os esponsais como instituto autônomo, preferindo, conforme assina 
uníssona doutrina, deixar a responsabilidade civil pelo rompimento da 
promessa sujeita à regra geral do ato ilícito. Daí concluir-se que o 
silêncio do Código Civil não obsta que os esponsais possam dar causa 
a uma indenização por danos efetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33
CONCLUSÃO 
 
 
Com intento acentuadamente didático, procurando compilar 
idéias de forma organizada e inteligível, crê-se que o tema 
indenização por rompimento de noivado forneceu a oportunidade 
para fortalecer o conhecimento a luz da tão controversa reparação 
de danos. 
A indenização por rompimento de noivado, tanto na 
esfera dos danos materiais, quanto na dos danos morais, muito 
embora não esteja expressamente prevista no Direito codificado 
pátrio e ainda seja objeto de ojeriza de certa parcela de juristas, 
configura-se como assunto de profundo destaque na doutrina e 
jurisprudência. Trata-se de instituto que tem raízes no Direito 
Romano, tendo já sido celebrado em vários ordenamentos jurídicos 
alienígenas, traduzindo ditames maiores de Justiça aplicáveis à 
matéria. A dignidade da pessoa humana deve ser preservada das 
intempéries dos menos afetos aos sentimentos alheios e a fixação 
deste tipo de reparação cível se insere nesta realidade. Diga-se 
mais... Não fosse a execrável letargia do legislador pátrio, 
certamente este tipo de reparação também já estaria habilmente 
regulado em diploma normativo, haja vista a notória necessidade de 
que ditames legais mais específicos tracem os contornos do tema. 
Para mentes menos sensíveis, abordar o tema 
rompimento de noivado e seus consectários dentro da 
Responsabilidade Civil pode parecer tarefa sem grande relevância 
no mundo jurídico. Contudo, ainda que, de certa maneira com teor 
ácido, impõe-se, com o desígnio de dar um desfecho ao tema e 
demonstrar o quão necessário se torna dar magnitude a este 
assunto. 
 34
É que não devemos deixar jamais, que a chama viva 
que é o Direito se apague dentro de quem legisla cria leis, e que 
para nós futuros aplicadores do Direito estejamos sempre em 
consonância com ensejos da sociedade, para que ela possa 
alcançar a tão sonhada “JUSTIÇA”.

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