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4 Seções transversais no projeto geométrico de rodovias Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as seções transversais mais comuns no projeto geométrico de rodovias. Seções transversais Se considerarmos a planta e o perfil de uma rodovia, como acabamos de estudar, nem sempre conseguiremos identificar o tipo e a classificação da via. É só percebermos duas rodovias, por exemplo: BR-230 Corta a Amazônia. BR-116 Corta inúmeros estados brasileiros. 08:06 Os dois trechos possuem curvas horizontais e verticais, greides, tangentes, superelevações e superlarguras em suas curvas. A grande diferença que pode ser estabelecida está na chamada seção transversal. Mas você sabe o que é uma seção transversal? É o que estudaremos neste módulo. Seção transversal Seção transversal é a representação geométrica, no plano vertical, de alguns elementos dispostos de forma transversal ao eixo longitudinal da rodovia. Assim como os eixos longitudinais, podem ser seções transversais do terreno ou da estrada. Seção transversal do terreno (ou perfil transversal do terreno) É a representação, no plano vertical, das diferenças de nível, obtidas do resultado de um nivelamento, normal em cada estaca, pertencente ao alinhamento da estrada. Seção transversal da estrada (ou perfil transversal da estrada) É a representação geométrica, no plano vertical, de alguns elementos dispostos transversalmente, em determinado ponto do eixo longitudinal da estrada. Poderemos ter seção em corte, seção em aterro ou seção mista. Tipos de seção transversal Podem ser de três tipos: seção em corte, seção em aterro e seção mista, conforme pode ser visto a seguir. Quando o projeto da rodovia resulta em uma estrada abaixo da Seção em corte Seção em aterro Seção mista superfície determinada pelo terreno natural. Seção em corte Elementos de uma seção transversal Os elementos da seção transversal têm influência sobre suas características operacionais, estéticas e de segurança. Devem ser adequados aos padrões estabelecidos de velocidade, capacidade de tráfego, nível de serviço, aparência e segurança, sendo condicionados à largura e ao número de faixas de rolamento, aos acostamentos, ao canteiro central e aos taludes. A seguir, temos dois exemplos de como seções transversais podem se apresentar. Seção transversal típica de pista simples Seção transversal típica de pista dupla Pista de rolamento Destina-se ao deslocamento dos veículos rodoviários. Como os veículos normalmente se deslocam em fila, em sentidos opostos e com movimento contínuo, a pista de rolamento contém, no mínimo, duas faixas de tráfego, sendo cada uma delas em um sentido, típico da pista simples. A faixa de tráfego deve ser capaz de conter a largura do veículo, acrescida de folgas laterais, para permitir que os veículos circulem de forma segura. A largura da faixa de rolamento será função do veículo de projeto e da velocidade diretriz. As normas internacionais adotam como largura padrão 3,60m para faixa de rolamento, estabelecendo uma variação e 3,00 a 3,75m, conforme as velocidades consideradas. A Tabela a seguir mostra as larguras recomendadas pelo DNIT para faixas de rolamento em pista de tangente para cada classe da rodovia. Classe da rodovia Região plana Região ondulada 0 3,60 3,60 I 3,60 3,60 II 3,60 3,50 III 3,50 3,30 – 3,50 IV-A 3,00 3,00 IV-B 2,50 2,50 Tabela: Larguras das faixas de rolamento (m). Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias vicinais, DNIT. Como saber o número mais adequado de faixas necessárias para a via? Faça um estudo de capacidade em função do volume de tráfego ao longo da vida útil da rodovia. No mínimo, deve haver a via simples, uma para cada sentido. Outro aspecto importante em uma pista é o chamado abaulamento, uma inclinação transversal para ambos os lados que permite uma melhora no escoamento das águas das chuvas. A recomendação é adotar os valores a seguir, de acordo com a superfície do pavimento presente na rodovia: • Pavimento de concreto de cimento: 1% ou, de preferência, 1,5%; • Concreto betuminoso usinado a quente: 2%; • Pavimento asfáltico poroso, como macadame betuminoso, tratamento superficial etc.: 2,5% a 3%; • Revestimento primário: 3 a 4%. Acostamento São faixas que ladeiam as pistas de rolamento. Geralmente, proporcionam estacionamento, repouso, suporte lateral para veículos e até mesmo o tráfego de pedestres, bicicletas ou mesmo veículos de tração animal. Trata-se de um elemento de seção transversal imprescindível para a segurança de tráfego. Dica Da mesma forma que a faixa de rolamento, o valor desejável para a largura do acostamento será função da velocidade Condição ideal de largura do acostamento é aquela que prevê espaço apenas para estacionamento do veículo de projeto, mantendo um aspecto contrastante, de alguma forma, com a pista de rolamento. A tabela a seguir mostra as larguras recomendadas pelo DNIT para faixas de acostamento, em pista de tangente, para cada classe da rodovia. Classe da rodovia Região plana Região ondulada 0 3,50 3,00 – 3,50 I 3,00 – 3,50 2,50 diretriz e do volume do tráfego. Classe da rodovia Região plana Região ondulada II 2,50 2,50 III 2,50 2,00 IV-A 1,30 1,30 Tabela: Largura das faixas de acostamento (m). Extraída de Manual de projeto geométrico de rodovias vicinais, DNIT. Elementos de drenagem Têm como objetivo a condução no sentido longitudinal das águas para que sejam lançadas no terreno natural. Os elementos de drenagem podem ter forma retangular, triangular ou trapezoidal. Caberá ao projeto de drenagem a verificação da seção necessária que atenda ao escoamento das águas da rodovia. Exemplo O exemplo mais comum é a sarjeta, cuja seção faz parte da seção transversal da rodovia. Os tipos de revestimentos mais recomendados são: • Concreto; • Alvenaria de tijolo ou de pedra; • Pedra arrumada; • Vegetação. Podem ainda ter cobertura de grama ou serem construídas de concreto simples, dependendo da velocidade de escoamento e do tipo de solo. Terrenos permeáveis ou fluxos de água com altas velocidades ensejam sempre seu revestimento com concreto simples. A seguir, você vai conhecer alguns tipos de sarjetas trapezoidais e triangulares. Valetas de proteção de aterro Nas imagens a seguir, é possível ver dois exemplos de valetas de proteção de aterro. Sarjetas de pé-de-corte Nas imagens a seguir, é possível ver dois exemplos de sarjetas de pé-de- corte, para proteção de taludes de corte. Talude Formam o contorno lateral do corpo da estrada. Podem ser realizados em rocha ou em solo, e sua construção deve ser objeto de um cuidadoso estudo de estabilidade, de forma a buscar a melhor solução para sua construção. Parte da preocupação do engenheiro geotécnico é a definição da inclinação desses taludes. Em uma seção transversal, o ponto mais alto dos taludes é chamado de crista, e o ponto mais baixo, de pé. Taludes muito elevados são normalmente compartimentados a fim de reduzir os efeitos da erosão causada pelo deslocamento das águas. A seguir, temos algumas inclinações sugeridas para taludes em rocha e em solo: Inclinação de 1H:1V, ou seja, um metro na horizontal para um na vertical, correspondendo a um ângulo de 45°. Inclinação de 1H:8V, ou seja, um metro na horizontal para oito na vertical. Inclinação de 1,5H:1V a 2H:1V, ou seja, 1,5 a 2 metros na horizontal para um na vertical. inclinação de 4H:1V, ou seja, quatro metros na horizontal para um na vertical. Previstas em pistas duplas, têm a função de separar fisicamente as correntes de tráfego de sentidos opostos, o que pode ocorrer por meio de um canteiro central ou por separador físico contínuo, para prover segurança ao usuário, ao se evitar o choque de veículos em sentidos opostos. No caso do canteiro central, pode possuir uma largura de, no mínimo, 6 a 7 metros, sendo uma largura ideal entre 10 a 12 metros. Espaços criados na rodoviacompreendidos entre os limites externos dos passeios ou entre os pés-de-cortes e as cristas dos aterros. Também podem ser citados como elementos: Defensas e barreiras Estruturas acessórias colocadas próximas aos bordos das plataformas de pistas simples com o fim de conter veículos desgovernados que possam sair da plataforma. Defensas São estruturas rígidas ou deformáveis, conforme o projeto. Barreiras São geralmente muros contínuos de concreto usados como separadores centrais em pistas duplas. Gabarito Porção no espaço dentro da rodovia em que não deve haver qualquer impedimento de obstáculos ao deslocamento de veículos. Geralmente, o gabarito vertical mínimo desejável é de 5,50m e o absoluto pode variar entre 5,50 e 4,50m. Faixa de domínio Define a área pertencente à rodovia, sendo estabelecida com a previsão de uma futura duplicação. Pressupõe-se uma folga de 10m além da crista dos cortes e dos pés dos aterros. Cálculo de áreas de seções transversais O cálculo de áreas é muito útil para o desenvolvimento do projeto de terraplenagem, pois dele define-se os volumes de um trecho da rodovia. Existem vários métodos de cálculo: Método geométrico Dividindo a seção transversal em figuras geométricas conhecidas. Método analítico Usando fórmulas, em que não se consideram a superelevação e a superlargura. Processo mecânico Por meio do planímetro. Processo computacional Com o auxílio de programas como o Civil 3D e o AutoCAD. Vamos estudar, então, o método analítico simplificado: Embora o processo simplificado leve a erros por admitir o terreno em nível, é um processo usado, pois nos permite avaliar com rapidez os volumes de terraplanagem. Método de cálculo analítico simplificado. Em que: • e são as dimensões do trapézio; • é a inclinação do talude (n/1). Para a seção de corte, adota-se entre n=2/3 a n=1; para a seção de aterro, n=3/2. A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 b h n Mão na massa Mão na massa 1 Dentre as opções a seguir, calcule a seção transversal de aterro de uma rodovia, considerando b = 8m e h = 2,0m. Parabéns! A alternativa A está correta. Considerando a fórmula: em que b e h são as dimensões do trapézio e n é a inclinação do talude (n/1). Se a seção é de aterro, n= 3/2. Então, substituindo, tem-se: Portanto, alternativa A. A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 8 ⋅ 2, 0 + (3/2) ⋅ 2 2 = 16 + 6 = 22m 2 Mão na massa 2 Dentre as opções a seguir, calcule a seção transversal de aterro de uma rodovia, considerando b = 15m e h = 1,0m Parabéns! A alternativa D está correta. Considerando a fórmula: em que b e h são as dimensões do trapézio e n é a inclinação do talude (n/1). Se a seção é de aterro, n= 3/2. Então, substituindo, tem-se: Portanto, alternativa D. A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 15 ⋅ 1, 0 + (3/2) ⋅ 1 2 = 15 + 1, 5 = 16, 5m 2 Mão na massa 3 Dentre as opções a seguir, calcule a seção transversal de corte (n=1) de uma rodovia, considerando duas faixas de 3,6m e h = 2,0m. Parabéns! A alternativa C está correta. Considerando a fórmula: em que b e h são as dimensões do trapézio e n é a inclinação do talude (n/1). Então, substituindo, tem-se: Portanto, alternativa C. A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 2 ⋅ 3, 6 ⋅ 2 + (1) ⋅ 2 2 = 14, 4 + 4 = 18, 4m 2 Mão na massa 4 Dentre as opções a seguir, calcule a seção transversal de corte (n = 1) de uma rodovia, considerando duas faixas de 3,5m e h = 3,0m. Parabéns! A alternativa A está correta. Considerando a fórmula: em que b e h são as dimensões do trapézio e n é a inclinação do talude (n/1). Então, substituindo, tem-se: Portanto, alternativa A. A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 2 ⋅ 3, 5 ⋅ 2 + (1) ⋅ 3 2 = 7 + 9 = 16 m 2 Mão na massa 5 Uma rodovia classe I de duas faixas por sentido, ondulada, com acostamentos nos dois sentidos, canteiro central de 2m e folga de 40cm de cada lado para a instalação de uma sarjeta, é construída sobre aterro. A altura média do corte é de 2m. Dentre as opções a seguir, calcule o volume de terraplenagem por cada estaca (intervalo de 20m) dessa rodovia se a seção transversal ao longo de uma estaca é como mostrada na figura a seguir: Parabéns! A alternativa E está correta. Precisamos calcular as dimensões do trapézio para que a fórmula simplificada seja aplicada. Largura das faixas de rolamento (m) Classe da rodovia Região Plana Região Ondulada I 3,60 3,60 Largura das faixas de acostamento (m) Classe da rodovia Região Plana Região Ondulada I 3,00 – 3,50 2,50 Contudo, antes, vamos achar a dimensão b, formada por quatro faixas de rolamento, canteiro central, dois acostamentos e duas folgas de 0,40 m para as duas faixas. Então: . A inclinação do talude de corte é 1. Considerando a fórmula: temos o seguinte desenvolvimento: Se a seção é de 19m2, então, basta multiplicar por 1.000m para saber o volume compactado que será aplicado na pista por quilômetro. Portanto, alternativa E. b = 4 × 3, 60 + 2 × (2, 50 + 0, 40) + 2, 0m = 14, 40 + 5, A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 22, 2 ⋅ 2, 0 ⋅ 2 + (1) ⋅ 2 2 = 44, 4 + 4 = 48, 4m 2 V = 48, 4m 2 × 20m = 968m 3 Mão na massa 6 Dentre as opções a seguir, calcule a seção transversal de corte (n=0,8) de uma rodovia, considerando duas faixas de 3,6m, dois acostamentos de 3,40m e h = 3,0m Parabéns! A alternativa E está correta. Teoria na prática Uma rodovia classe II de duas faixas, plana, com acostamentos nos dois sentidos e folga de 40cm de cada lado para a instalação de uma sarjeta, é construída sobre aterro. A altura média do aterro é de 2m. Calcule o volume de terraplenagem por cada quilômetro dessa rodovia se a seção transversal ao longo de uma estaca é como mostra a imagem a seguir: Cálculo de superelevação de uma curva 02:24 _black Precisamos calcular as dimensões do trapézio para que a fórmula simplificada seja aplicada. Largura das faixas de rolamento (m) Classe da rodovia Região Plana Região Ondulada II 3,60 3,50 Largura das faixas de acostamento (m) Classe da rodovia Região Plana Região Ondulada II 2,50 2,50 Tabela: Larguras das faixas de rolamento e acostamento (m). Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias vicinais, DNIT. Contudo, antes, vamos achar a dimensão b, que é formada por duas faixas de rolamento e dois acostamentos e duas folgas de 0,40m para as duas faixas. Então: b = 2 × (3, 60 + 2, 50 + 0, 40) = 13, 00m. A inclinação do talude de aterro é de 3/2. Considerando a fórmula: temos o seguinte desenvolvimento Se a seção é de 19m2, então, basta multiplicar por 1.000m para saber no volume compactado que será aplicado na pista por quilômetro. Cálculo de um volume de terraplenagem A = b ⋅ h + n ⋅ h 2 A = 13 ⋅ 1, 0 + (3/2) ⋅ 2 2 = 13 + 6 = 19m 2 V = 19m 2 × 1000m = 19000m 3 . 04:48 Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 1 A seção a seguir, formada, simultaneamente, por partes em corte e em aterro, é chamada de: Parabéns! A alternativa C está correta. A seção formada, simultaneamente, por partes em corte e em aterro é chamada de mista. Portanto, isso corresponde à alternativa C. Questão 2 A largura da faixa de rolamento de uma rodovia classe I em uma região montanhosa é de: Parabéns! A alternativa B está correta. De acordo com a tabela a seguir, o pedido do problema aponta para uma largura de faixa de rolamento de 3,50m. A alternativa correspondente é a B. Largura das faixas de rolamento (m) Classe da rodovia Região Plana Região Ondulada Largura das faixas de rolamento (m) Tabela: Larguras das faixas de rolamento (m). Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias vicinais, DNIT.
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