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1 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA Doenças Endócrinas Hiperprolactinemia • Prolactina: Hormônio polipeptídeo, sintetizado e secretado nos lactotrofos da adeno-hipófise. o Estimula lactação no pós-parto e promove desenvolvimento mamário na gestação. o Homem: Diminuição da libido o Mulher: Galactorreia e alterações no ciclo menstrual • Caracteriza-se por níveis elevados do hormônio da lactação prolactina (PRL), com valores acima da normalidade. o Os níveis de PRL são naturalmente maiores nas mulheres e durante o sono. • Causas fisiológicas: Gravidez e amamentação. Estresse, exercício físico, coito, manipulação da mama e sono. • Causas farmacológicas: Antipsicóticos (risperidona), antidepressivos, verapamil (antiarrítmico). • Causas patológicas: Adenoma hipofisário secretor de PRL (prolactinoma), hipotireoidismo primário ou subclínico, insuficiência adrenal primária. Regulação da secreção da prolactina • Fatores estimulantes: TRH, ocitocina, VIP (peptídeo intestinal vasoativo), serotonina, opioides, estimulação por sucção nas glândulas mamárias. • Fatores inibitórios: Dopamina, noradrenalina, somatostatina, histamina, óxido nítrico e GABA. PROLACTINOMAS • 40% dos adenomas hipofisários • São causa de hipogonadismo (mau funcionamento das glândulas) e infertilidade em ambos os sexos. • PRL > 250 ng/mL → Sugestivo de prolactinoma. • PRL < 100 ng/mL → Induzida por drogas ou doenças sistêmicas • Macroprolactinomas (MACs): São tumores benignos hipofisários. Deve-se suspeitar de “efeito gancho” se os níveis de PRL estão artificialmente baixos → Precisa dosar a PRL de forma diluída. QUADRO CLÍNICO • Principais: Galactorreia, hipogonadismo e infertilidade. o O aumento PRL diminui a secreção pulsátil de GnRH e consequentemente de LH e FSH, provocando um quadro de hipogonadismo. • Mulheres → Galactorréia, amenorreia, oligomenorreia, infertilidade, diminuição da libido, dispareunia, osteoporose, acne, ganho de peso e hirsutismo. • Homens → Galactorreia, ginecomastia, disfunção erétil, infertilidade, diminuição da libido e massa muscular, osteoporose, manifestações neurológicas e neuromusculares. • Outros sintomas: Em casos associados a tumores pode haver → Cefaleia periorbitária ou bitemporal, distúrbios visuais (compressão do quiasma óptico) e hipopituitarismo (compressão glandular). AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA • História clínica → Descartar gravidez, investigar uso de substâncias que elevam a prolactina. Investigar uso de drogas ilícitas. o Avaliar possibilidade de hipotireoidismo, SOP, insuficiência renal e cirrose. o Questionar distúrbios menstruais e sexuais. o Observar sinais de alerta para tumores intracranianos: cefaleia, alterações visuais e distúrbios neurológicos. • Exame físico → Verificar presença de galactorreia, bócio, hirsutismo, hiperandrogenismo (mulheres), redução do campo visual, presença de lesões irritativas na parede torácica (herpes e queimaduras – estimulação mamária). o Realizar expressão papilar para verificar presença de galactorreia. • Exames laboratoriais → Dosagem sérica da prolactina, FSH, TSH, T4 livre e outros. o Limites normais: 30 ng/mL em mulheres e 20 ng/mL em homens. o A coleta deve ser realiza preferencialmente pela manhã, após repouso de 20 minutos. o Valores acima de 250 ng/mL ou muito baixos são sugestivos de macroprolactinoma. 2 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA o Valores muito baixo de PRL com suspeitas de adenomas deve-se realizar a dosagem diluída da PRL. Exames de Imagem • Ressonância magnética de Sela túrcica • Macroprolactinomas > 10mm • Microprolactinomas < 10mm TRATAMENTO • Agonista dopaminérgicos → Se liga nos receptores dopaminérgicos e induzem efeitos semelhantes a dopamina, inibindo a síntese e secreção de PRL. o Cabergolina: Meia-vida longa e menos efeitos adversos. o Bromocriptina • Cirurgia transesfenoidal • Radioterapia Insuficiência Adrenal • Síndrome clínica decorrente da deficiência de produção de cortisol. • Classificação: o IA Primária: Decorre de patologias que destroem o córtex adrenal ou que interferem no seu desenvolvimento ou síntese de esteroides adrenais. + Doença de Addison autoimune + Causas adquiridas (infecções e fármacos), principalmente tuberculose. + Causas genéticas o IA Secundária: Decorre de deficiência de glicocorticoides por produção reduzida do hormônio ACTH por alguma patologia hipofisária ou hipotalâmica. + Dose suprafisiológica de glicocorticoides + Deficiência de ACTH e CRH FISIOPATOLOGIA • IA Primária (Doença de Addison) → Destruição do córtex, com consequente queda de glicocorticoides, mineralocorticoides e andrógenos. A ausência de feedback eleva as concentrações de ACTH e Renina. O déficit de aldosterona também provoca retenção de potássio e excreção de sódio, o que pode provocar hipercalemia grave e depleção de fluidos. o Causas: Síndromes poliglandulares autoimune (SPA) tipo 1 e tipo 2, Adrenalite autoimune (Addison), tuberculose, infecções fúngicas, citomegalovírus, neoplasias, drogas. o SPA tipo 1: Tríade de hipoparatireoidismo, Doença de Addison e candidíase mucocutânea crônica. o SPA tipo 2: Tríade de Doença de Addsion, doença autoimune tireoidiana e diabetes mellitus tipo 1. • IA Secundária → Redução na produção de ACTH e CRH devido a patologias do eixo hipotálamo-hipófise. A falta de estimulação desses hormônios no córtex adrenal provoca atrofia das camadas produtoras de cortisol e andrógenos. A camada produtora de aldosterona se mantém inalterada por estar sob influência do sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA). o Causas: Glicocorticoterapia, tumores de hipófise e hipotálamo, apoplexia hipofisária, doenças granulomatosas (tuberculose e sarcoidose), síndrome de Sheehan (hipopituitarismo pós-parto secundário à necrose hipofisária decorrente de hipotensão ou choque). QUADRO CLÍNICO Insuficiência Adrenal Primária • Evolução silenciosa → Os sintomas ocorrem, em geral, após destruição de mais de 90% da glândula adrenal. • Deficiência de glicocorticoides: Fadiga, fraqueza, anorexia, perda de peso, tontura, náuseas, vômito e amenorreia. • Deficiência de mineralocorticoides: Hipovolemia, desidratação, hipotensão postural e avidez por sal. 3 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA • Deficiência de andrógenos: Diminuição de pelos axilares e pubianos, perda de libido. • Hiperpigmentação cutânea → Devido aumento da concentração de ACTH. o Cicatrizes formadas após a instalação da doença tornam-se igualmente hiperpigmentadas. o Alguns pacientes com doença de addison podem apresentar vitiligo. Insuficiência Adrenal Secundária • Não apresenta hiperpigmentação cutânea e também não se observa sintomas relacionados a deficiência de mineralocorticoides. • Observa-se sintomas relacionados a deficiência de outros hormônios hipofisários como LH, FSH, TSH e GH. Crise Addisoniana (Aguda) • É mais comum na insuficiência adrenal primária • Emergência médica • Pode ser resultado de situações de estresse em pacientes com IA crônica. • Agravamento dos sintomas específicos: Náuseas, vômitos, anorexia, fraqueza, febre, dor abdominal, hipotensão, hipercalemia, convulsões e colapso circulatório. DIAGNÓSTICO • História clínica: Realizar anamnese detalhada. Observar sintomas característicos da IA primária, histórico de infecções e tuberculose, DM1 e outras doenças autoimune. • Exame físico: Observar presença de hiperpigmentação cutânea. • Exames laboratoriais: o Dosagem de cortisol sérico: Deve ser coletado entre 8 e 9h + Normal: 5 a 25 ug/mL + Insuficiência: ≤ 3 ug/dL o Valores de ACTH plasmático: + IA Primária se ≥ 100 pg/mL + IA Secundária se ≤ 20 pg/mL o Teste de Cortrosina (ACTH sintético): Deve ser realizado em situações de valores normais, mas com história clínica compatível.+ Pico de cortisol ≥ 18 ng/mL indica função adrenal normal. + Pico de cortisol ≤ 18 ng/mL indica insuficiência adrenal, porém não indica se é primária ou secundária. o Teste de tolerância à insulina: Padrão-ouro para diagnóstico de IA secundária. Considera-se normal um pico de cortisol ≥ 18 ng/mL após administração de insulina. 4 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA TRATAMENTO • Reposição de glicocorticoides → Repor a primeira dose sempre ao acordar. o Prednisona o Hidrocortisona o Acetato de cortisona o Dexametasona • Reposição de mineralocorticoides → Necessária apenas na IA primária. o Fludrocortisona • Reposição de androgênios → Considerada em pacientes com má qualidade de vida, humor deprimido, pouca libido e pele seca. o DHEA 25 a 100mg. • Acompanhamento → Risco de hipercorticoterapia: aumento de peso, estrias, síndrome de Cushing, DM, HAS. • Objetivo: Manter ACTH < 80 ng/dL
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