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Macronutrientes 1 📑 Macronutrientes Proteínas As proteínas são polímeros complexos formados por aminoácidos, caracterizados pela presença de nitrogênio em sua estrutura química e unidos por meio de ligações peptídicas. Além disso, são cadeias de tamanho e configuração variados, em que podemos encontrar cerca de 20 diferentes tipos de aminoácidos. As proteínas desenvolvem diversas funções no organismo humano, alguns exemplos são: Estrutural As proteínas atuam na síntese de colágeno, importante para a constituição da pele, cartilagens e tendões, na síntese de queratina, desempenhando funções na estrutura do cabelo e unhas. Apresentam importante papel na síntese de actina e miosina. Enzimática Toda enzima produzida pelo corpo humano é proveniente de uma proteína. As enzimas atuam na catalisação de reações químicas. Por exemplo, a pepsina é uma enzima importante na hidrólise das proteínas em aminoácidos. Hormonal As proteínas atuam como reguladores de reações químicas. Transporte Algumas proteínas desempenham o papel de transporte de substâncias químicas. Por exemplo, a hemoglobina responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Formas estruturais As proteínas são complexos de compostos nitrogenados formados de aminoácidos por ligações peptídicas e apresentam quatro formas estruturais: Na estrutura primária, a sequência de aminoácidos caracteriza-se de forma linear na estrutura proteica; os aminoácidos estão apresentados de forma linear unidos por ligações peptídicas. Macronutrientes 2 Na estrutura secundária há a presença de aminoácidos com diferentes polaridades, isso faz com que as moléculas sejam induzidas a uma rotação da cadeia de polipeptídios, originando as estruturas secundárias, sendo elas: a helicoidal e a camada pregueada. A estrutura terciária caracteriza-se pelo enovelamento da cadeia polipeptídica, formando uma estrutura globular. O enovelamento acontece por diversos tipos de interações, como as forças eletrostáticas, as hidrofóbicas, entre outras. Na estrutura quaternária, os polipeptídeos individuais são unidos por interações fracas ou pontes dissulfeto, originando grupos complexos de proteínas. Por exemplo, a hemoglobina é formada por estrutura quaternária e é responsável pelo transporte de oxigênio no corpo humano. Digestibilidade A digestibilidade das proteínas se refere à avaliação do aproveitamento da fonte proteica e pode ser influenciada por diversos fatores (compostos fenólicos, inibidores de tripsina), alterando sua biodisponibilidade. A qualidade da proteína dietética é dependente de sua constituição de aminoácidos e da biodisponibilidade. Classificação O valor biológico de uma proteína pode ser aferido pelo perfil de aminoácidos essenciais comparado com as necessidades do ser humano. O aminoácido essencial que for encontrado em menor concentração em comparação com a necessidade humana é denominado de aminoácido limitante. A seguir, conheça a classificação das proteínas quanto à sua qualidade: Biologicamente completas Contêm todos os aminoácidos essenciais em quantidades suficientes e em proporções semelhantes às proteínas corporais. Exemplo: albumina (clara de ovo). Biologicamente incompletas Deficientes em um ou mais aminoácidos essenciais. Não contêm todos os aminoácidos essenciais em concentração e proporção adequada. Malefícios O excesso de consumo de proteínas pode se tornar um problema para a saúde e para a performance: indivíduos que consomem proteínas acima das necessidades recomendadas tendem a não consumir quantidades adequadas de carboidratos e consumir quantidades excessivas de lipídeos. Logo, o consumo excessivo pode causar sobrecarga renal, pois o nitrogênio consumido em excesso deve ser Macronutrientes 3 expelido, o que requer uma maior produção de ureia, que contribui para a desidratação. Por isso, o aumento do consumo de proteínas deve ser acompanhado pelo aumento do consumo de água. Carboidratos Carboidratos, glicídios ou hidratos de carbono são denominações diferentes que se referem ao mesmo nutriente, que abrange um grande número de biomoléculas na natureza, sendo considerado a mais abundante fonte de energia. Esse nutriente é constituído por hidrogênio, carbono e oxigênio e apresenta como fórmula química geral CxH2xOx (DAMODARAN, 2019). Pode-se destacar duas funções primordiais dos carboidratos: Fonte de energia Combustível energético para o corpo, sendo a glicose (C6H12O6) o nutriente essencial para o cérebro. No organismo humano é armazenado na forma de glicogênio e nos vegetais é armazenado em forma de amido. Estrutural São os carboidratos que fazem parte da estrutura de moléculas do organismo humano, por exemplo, a ribose e a desoxirribose. A ribose faz parte da estrutura do ácido ribonucleico; e a desoxirribose, da estrutura do ácido desoxirribonucleico humano. Classificação A classificação dos carboidratos ocorre da seguinte forma (MAHAN; ESCOTT- STUMP, 2010): Monossacarídeos: unidades mais simples (glicose, frutose, galactose). Dissacarídeos: 2 unidades de monossacarídeos ligados por ligação glicosídica (sacarose, maltose, lactose). Oligossacarídeos: 3 a 9 unidades de monossacarídeos ligados por ligação glicosídica (amido, maltodextrina, FOS). Polissacarídeos: mais de 10 unidades de monossacarídeos ligados por ligação glicosídica (amido, celulose, maltodextrina). Digestão O organismo não consegue digerir a celulose e hemicelulose (polissacarídeos presente em vegetais) e também não absorve todos os carboidratos com a mesma velocidade, pois um mecanismo denominado índice glicêmico foi estudado para Macronutrientes 4 avaliar como os carboidratos são absorvidos e qual a resposta sobre a glicemia sanguínea. A digestão dos carboidratos provenientes da dieta passam por algumas etapas: 1. A digestão tem início na boca, pois na saliva há a presença de uma enzima que inicia a hidrólise dos polissacarídeos em dissacarídeos e monossacarídeos; isso demostra também a importância de realizar uma boa mastigação dos alimentos. 2. Quando os carboidratos estão no estômago acontecem algumas hidrólises, porém em menor velocidade, pois o pH ácido do estômago inativa a enzima proveniente da saliva, no entanto, assim que o alimento entra para o intestino delgado, teremos a ação da amilase pancreática, que fará a hidrólise de praticamente todo conteúdo de carboidratos que foi ingerido. 3. Nos enterócitos presentes nas vilosidades do intestino, temos a ação das enzimas lactase, maltase e sacarase, que terminam a hidrólise dos dissacarídeos para que seja possível a absorção de glicose para a corrente sanguínea e depois distribuir para todos os tecidos do corpo humano. No organismo humano, o cérebro e o fígado não precisam da presença de hormônios para que a glicose seja utilizada pelos tecidos, mas, para os demais tecidos, é necessária a presença de insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) para que a glicose que está presente na corrente sanguínea consiga ser transportada para o interior das células. Índice glicêmico x carga glicêmica Um aspecto relevante é entender a diferença entre o índice glicêmico e a carga glicêmica dos alimentos. Isso se faz importante, tanto para manter a saúde de forma geral, quanto para controlar os níveis de glicose sanguínea. A seguir, conheça a diferença entre esses dois termos: Índice glicêmico O índice glicêmico (IG) foi definido em 1981 por Jenkins, que classificou os carboidratos de acordo com a velocidade que apresentavam em elevar os níveis de glicemia. O índice glicêmico é calculado entre a razão da curva glicêmica após a ingestão de um carboidrato comparado a curva glicêmica após a ingestão de glicose que tem um IG de 100 ou o pão branco que tem um IG de 70 (MAHAN, SCOTT-STUMP, 2010). Os alimentos foram divididos em (ILSI, 2016): Baixo IG: ≤ 55 Macronutrientes 5 Médio IG: entre 56 e 69 Alto: ≥ 70. Vale ressaltar que o Frutoligossacarídeos (FOS) e a inulina são carboidratos indigeríveispelo organismo humano, denominados de prebióticos, porque estimulam a proliferação de bactérias benéficas ao trato gastrointestinal e apresentam índice glicêmico igual a zero (DAMODARAN, 2019.). Carga glicêmica A carga glicêmica (CG) tem como premissa avaliar a resposta glicêmica da dieta como um todo. É determinada pela multiplicação do índice glicêmico (IG) pela quantidade de carboidratos da porção do alimento consumido dividido por 100. Os alimentos foram divididos em CG baixa quando apresentam valores menores que 10; CG média com valores de 11 a 19 e carga glicêmica alta quando apresentam valores maiores que 20 (FOSTER-POWELL et al., 2002; ILSI, 2016). Segundo o Internacional Life Sciences Institute do Brasil (2016), a fórmula para cálculo da CG é: CG = IG (glicose como referência) × teor de carboidrato disponível (g) na porção /100 Para saber a carga glicêmica do seu plano alimentar, será preciso ter em mãos os valores de carboidratos de cada porção estipulada no cardápio e depois somar todos os valores de todos os alimentos da refeição. Logo, uma alimentação com índice glicêmico de moderado a baixo e uma carga glicêmica da dieta geral baixa (menor que 20) representam benefícios ao organismo e retardo do aparecimento e/ou controle de doenças crônicas não transmissíveis, isso se fez necessário pelo impacto da resposta glicêmica sobre a glicemia. Lipídeos Os lipídeos são moléculas orgânicas, de estrutura química variada, encontradas nas plantas e nos animais; são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Essas moléculas fazem parte do grupo de macronutrientes existentes e, juntamente com os carboidratos e as proteínas, formam um conjunto de nutrientes fundamentais para o desenvolvimento normal do organismo humano. Fornecem 9 Kcal por grama, desempenham diversas funções importantes no organismo humano e são armazenados sob a forma de triacilgliceróis nos adipócitos. Excluindo-se casos de doenças que requerem a restrição deste nutriente, para a Macronutrientes 6 população saudável, a dieta deve conter uma proporção de gordura, conforme preconizado na Ingestão Dietética de Referência. As gorduras são nutrientes importantes não apenas pela preocupação com a saúde das pessoas, mas também porque as gorduras apresentam propriedades tecnológicas importantes nos alimentos, tais como cremosidade, crocância, emulsificação, maciez, etc. ClassificaçãoOs lipídeos estão classificados da seguinte forma (DAMODARAN, 2019): Ácidos graxos São compostos que possuem em sua estrutura ácido carboxílico em cadeia alifática, se subdividem em saturados e insaturados. Fosfolipídeos Apresentam função estrutural na membrana plasmática. Esfingolipídeos Apresentam função estrutural, estão presente no sistema nervoso central. Esteróis São encontrados em plantas (fitoesterol) e em animais, o colesterol é o principal esterol encontrado. Acilglicerois Moléculas que estão ligadas a ácidos graxos, formando monoacilgliceróis, diacilgliceróis e triacilgliceróis, sendo o último o mais comumente encontrado em alimentos. Ceras Podem ser provenientes de fonte animal (cera de abelha) e fonte vegetal (cera de carnaúba). Gorduras saturadas e insaturadas As gorduras saturadas, que contém ácidos graxos de cadeia longa, são sólidas à temperatura ambiente (25º C), como é o caso da gordura da carne. As gorduras insaturadas, que contém duplas ligações, são mais líquidas (óleos vegetais) à temperatura ambiente (25º C). O óleo de coco contém gordura saturada, no entanto, é semilíquido em temperatura ambiente, devido à quantidade maiores de ácidos graxos de cadeia curta. Ácidos graxos insaturados Macronutrientes 7 Os ácidos graxos insaturados estão classificados como monoinsaturados e poli- insaturados por conta do número de duplas ligações de suas estruturas químicas. Os ácidos graxos monoinsaturados - AGMI (MUFA - monounsaturated fatty acids) apresentam uma dupla ligação na cadeia carbônica. Os ácidos graxos poli-insaturados - AGPI (PUFA - poliunsaturated fatty acids) apresentam mais de uma dupla ligação na cadeia carbônica.Para a denominação, é utilizada a letra grega ômega (ω) e o número do carbono que aparece na primeira dupla ligação, contando a partir do grupo metil ( CH3), portanto, teremos o ω-3, ω-6 e ω-9. Os ácidos graxos ω-3 e ω-6 são denominados de essenciais, pois o organismo humano não consegue produzir, sendo que devem ser fornecidos por meio da dieta. Óleos Os óleos vegetais, por exemplo, canola, girassol, milho e soja todos apresentam 100% de lipídeos em sua concentração (TACO, 2011), a diferença dos óleos está em sua composição de ácidos graxos. Os ácidos graxos palmítico e esteárico são ácidos graxos saturados. Os óleos de milho e de soja são os que contém as maiores quantidades de palmítico em 100 gramas de produto. Para os ácidos graxos insaturados destacam-se o óleo de canola para o oleico (ω-9).O óleo de girassol e soja destacam-se com as maiores concentrações de linoleico (ω-6), que possui caráter pró-inflamatório. Do ponto de vista nutricional, o óleo de canola tem menor concentração de ácido graxo saturado e maiores concentrações de oleico e linolênico. Os ácidos graxos trans são isômeros dos ácidos graxos insaturados, isso ocorre com óleo vegetais com a hidrogenação (doar ínos de hidrogênio), essa reação modifica o óleo vegetal de liquido para sólido, tornando-o mais estável, a finalidade é a utilização em produtos industrializados, o aumento do tempo de prateleira e a consistência dos produtos, deixando-os mais crocantes. Manteiga x margarina É importante compreender a diferença entre manteiga e margarina, já que os dois tipos de gordura podem interferir negativamente nas concentrações plasmáticas de lipídeos no organismo humano. A manteiga é de fonte animal e contêm ácidos graxos saturados; já a margarina Macronutrientes 8 contém gordura de fonte vegetal, que sofreu hidrogenação para que pudesse ficar sólida. Nos rótulos desses produtos é possível observar que as margarinas apresentam nas embalagens a informação de 25% ou 80% de lipídeos provenientes de gorduras hidrogenadas (adição de hidrogênios) ou interesterificadas (reorganização dos ácidos graxos nas moléculas de triacilgliceróis), enquanto que as manteigas são provenientes da nata do leite de vaca, oriundo de fonte saturada. Essas porcentagens dos rótulos indicam a quantidade de lipídeos que foi adicionada junto aos outros ingredientes para que fosse possível a fabricação da margarina. Portanto, uma margarina com 80% de lipídeos é melhor para ser consumida em comparação com a de 25% de lipídeos, pois contém menor quantidade dos outros ingredientes do produto. Perfil lipídico O consumo dos óleos e gorduras pode interferir no perfil lipídico do ser humano, que pode ser avaliado analisando as quantidades de lipoproteínas. Na circulação sanguínea temos: As lipoproteínas de alta densidade - HDL (High density lipoprotein) que contém em sua composição maiores quantidades de proteínas e menores quantidades de colesterol e triglicérides. As lipoproteínas de baixa densidade LDL (Low density lipoprotein) que contém as maiores quantidades de colesterol. As lipoproteínas de muito baixa densidade VLDL (Very low density lipoprotein) que contém as maiores quantidades de triglicérides. O fato das concentrações de LDL e VLDL apresentarem valores acima dos padrões de referência é foco de preocupação, pois estão relacionados ao processo de aterogênese (formação de placas de ateroma nas artérias), o que aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. A composição de lipídeos da dieta interfere nas concentrações dessas moléculas, quanto maior a quantidade de colesterol consumida, maiores as concentrações plasmáticas de LDL, por exemplo.
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