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Karl Marx: O Capital 1 ⚒ Karl Marx: O Capital Cap. 1 - seção 4: O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo "Uma mercadoria aparenta ser, à primeira vista, uma coisa óbvia, trivial. Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada, plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos." O homem por meio de sua atividade altera as formas das matérias naturais de um modo que lhe é útil mesa = madeira (mesmo conteúdo em formas diferentes) O caráter místico da mercadoria não resulta de seu valor de uso Teoria do valor parecida com a teoria de Ricardo O trabalho dos homens adquire também uma forma social A mercadoria é um bem transacionado no mercado e produzido por pessoas, isso a torna hipercomplexa para discutir Se uma cadeira custa o mesmo que uma mesa, não estamos falando e diferenciado cadeiras e mesas, mas toda a produção e trabalhadores envolvidos nos respectivos processos O fetichismo da mercadoria "O caráter misterioso da forma-mercadoria consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela reflete aos homens os caracteres sociais de seu próprio trabalho como caracteres objetivos dos próprios produtos do trabalho, como propriedades sociais que são naturais a essas coisas e, por isso, reflete também a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social entre os objetos." Karl Marx: O Capital 2 A relação entre as coisas é apenas aparente, posto que essa é uma relação entre homens Na religião: os produtos do cérebro humano têm vida própria, figuras autônomas, que mantém relações entre si e com os homens Marx nota que a mercadoria (manufatura) quando finalizada, não mantinha o seu valor real de venda, que segundo ele era determinado pela quantidade de trabalho materializado no artigo, mas sim, que esta, por sua vez adquiria uma valoração de venda irreal e infundada, como se não fosse fruto do trabalho humano e nem pudesse ser mensurado, o que ele queria denunciar com isto é que a mercadoria parecia perder sua relação com o trabalho e ganhava vida própria. Valor de uso e valor de troca Cadeiras servem para sentar e mesas para comer, isso é valor de uso Elas são precificadas na sociedade, sendo atribuídos a elas valores de troca Para o produtor de um produto, a utilidade dos mesmos reside sobre o valor de troca apenas, afinal, ninguém que produz carros precisa de 200 carros, mas do valor de troca ($$$) atribuído a esses carros que lhe rendem dinheiro De Crusoé para a Idade Média Como o processo produtivo depende das estruturas sociais fixas, essas estruturas já determinam a econommia da sociedade da idade média Tudo nesse momento é determinado pela estrutura social que é fixa É com o capitalismo que as relações de produção compra e venda ficam mais ocultas e escondem relações sociais por trás Reificação "Para uma sociedade de produtores de mercadorias, cuja relação social geral de produção consiste em se relacionar com seus produtos como mercadorias, ou seja, como valores, e, nessa forma reificada [sachlich], confrontar mutuamente seus trabalhos privados como trabalho humano igual, o cristianismo, com seu culto do homem abstrato, é a forma de religião mais apropriada" Karl Marx: O Capital 3 O porquê da ciência econômica A economia não se prestou a explicar porque o trabalho se mede com um valor e porque a medida do trabalho por sua duração, pela grandeza do valor do produto de trabalho Fórmulas "clássicas" (capitalistas) que não deixam lugar a dúvidas de que pertencem a uma formação social em que o processo de produção domina os homens, e ainda não o homem o processo de produção, são considerar por sua consciência burguesa uma nessecidade natural tão evidente quanto o próprio trabalho produtivo A miséria da filosofia Para os economistas há duas espécies de instituição: artificiais e naturais As instituições feudalistas são artificiais e as burguesas são naturais "Houve história, mas agora não há mais" Se a história se dá na dialética materialista, a partir do momento que se atinge uma organização social final, a história acaba Os economistas são enganados pelo fetichismo Questionamentos sobre o aumento de preços em crise Máscaras na pandemia sobem e o economista explica como um simples efeito de oferta e demanda sem questionar o que ocorre ( e se ou pq é injusto) Cap 4. A transformação do dinheiro em capital O capital A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. Produção de mercadorias e circulação desenvolvida de mercadorias – o comércio – formam os pressupostos históricos a partir dos quais o capital emerge. Se abstrairmos do conteúdo material da circulação das mercadorias, isto é, da troca dos diversos valores de uso, e considerarmos apenas as formas econômicas que esse processo engendra, encontraremos, como seu produto final, o dinheiro. Karl Marx: O Capital 4 Historicamente, o capital, em seu confronto com a propriedade fundiária, assume invariavelmente a forma do dinheiro, da riqueza monetária, dos capitais comercial e usurário. O capital é representado pelo dinheiro (são quase a mesma coisa) Contraria Stuart Mill, que dizia que o lucro existia sem troca e não precisa do comércio. Já Marx diz que o lucro não existe sem o comércio A mais valia surge quando as coisas adquirem valor de troca O capital e o dinheiro Inicialmente, o dinheiro como dinheiro e o dinheiro como capital se distinguem apenas por sua diferente forma de circulação. A forma imediata da circulação de mercadorias é M-D-M, conversão de mercadoria em dinheiro e reconversão de dinheiro emmercadoria, vender para comprar. mercadoria - dinheiro - mercadoria produzo x, vendo por d e uso o d da venda para ter y Mas ao lado dessa forma encontramos uma segunda, especificamente diferente: a forma D-MD, conversão de dinheiro em mercadoria e reconversão de mercadoria em dinheiro, comprar para vender. O dinheiro que circula deste último modo transforma-se, torna-se capital e, segundo sua determinação, já é capital. sem crescimento econômico não existe capitalismo, porque o capitalismo consiste em investir d numa certa produção que produza excedente (mais valia) é ter d + d' (lucro) O acúmulo do capital Na circulação simples de mercadorias, os dois extremos têm a mesma forma econômica. Ambos são mercadorias. Eles são, também, mercadorias de mesma grandeza de valor. Porém, são valores de uso Karl Marx: O Capital 5 qualitativamente diferentes, por exemplo cereal e roupas. A troca de produtos, a variação das matérias nas quais o trabalho social se apresenta é o que constitui, aqui, o conteúdo do movimento. Diferentemente do que ocorre na circulação D-M-D. À primeira vista, ela parece desprovida de conteúdo, por ser tautológica, mas ambos os extremos têm a mesma forma econômica. Ambos são dinheiro, portanto, não-valores de uso qualitativamente distintos, uma vez que o dinheiro é justamente a figura transformada das mercadorias, na qual estão apagados seus valores de uso específicos. A forma completa desse processo é, portanto, D-M-D’, onde D’ = D + ΔD, isto é, à quantia de dinheiro inicialmente adiantada mais um incremento. Esse incremento, ou excedente sobre o valor original, chamo de mais-valor (surplus value). O valor originalmente adiantado não se limita, assim, a conservar-se na circulação, mas nela modifica sua grandeza de valor, acrescenta a essa grandeza um mais-valor ou se valoriza. E esse movimento o transforma em capital. Ganhos de troca podem gerar excedentes intenção investigativa de 'onde sai a mais valia' Mas se no que diz respeito ao valor de uso tanto o comprador quanto o vendedor podem igualmente ganhar, o mesmo não ocorre quando se trata do valor de troca. Nesse caso, diz-se, antes: “Onde há igualdade, não há lucro” Por trás das tentativas de apresentar a circulação de mercadorias como fonte do mais-valor esconde-se, na maioria das vezes, um quiproquó, uma confusão de valor de uso com valor de troca. Mais-valia no comércio Karl Marx:O Capital 6 Mantenhamo-nos, portanto, nos limites da troca de mercadorias, em que vendedores são compradores, e compradores, vendedores. Talvez nossa dificuldade provenha do fato de termos tratado os atores apenas como categorias personificadas, e não individualmente. Hic Rhodus A tranformação do dinheiro em capital tem de ser desenvolvida com base nas leis imanentes ao intercâmbio de mercadorias de modo que a troca de equivalentes sirva de ponto de partida. Nosso possuidor de dinheiro, que ainda é apenas um capitalista em estado larval, tem de comprar as mercadorias pelo seu valor, vendê-las pelo seu valor e, no entanto, no final do processo, retirar da circulação mais valor do que ele nela lançara inicialmente. Hic Rhodus, hic salta! Hic salta Para poder extrair valor do consumo de uma mercadoria, nosso possuidor de dinheiro teria de ter a sorte de descobrir no mercado,no interior da esfera da circulação, uma mercadoria cujo próprio valor de uso possuísse a característica peculiar de ser fonte de valor, cujo próprio consumo fosse, portanto, objetivação de trabalho e, por conseguinte, criação de valor. E o possuidor de dinheiro encontra no mercado uma tal mercadoria específica: a capacidade de trabalho, ou força de trabalho. A acumulação de capital depende da mais valia que depende da exploração do trabalho O mercado de trabalho a força de trabalho como mercadoria só pode aparecer no mercado à medida que e porque ela é oferecida à venda Karl Marx: O Capital 7 o trabalhador e o capitalista entram em relação um com o outro como pessoas juridicamente iguais (não há barganha) O papel da expropriação dos meios de produção o possuidor de dinheiro precisa encontrar o trabalhador livre do mercado de mercadorias, livre do duplo sentido de que ele dispõe, como pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e de que ele, por outro lado, não tem outras mercadorias pra vender O valor do trabalho é uma teoria simples/simplista: o trabalho é como qualquer outra mercadoria, e seu valor é determinado pelo tempo de trabalho necessário à produção para sua manutenção, o indivíduo vivo precisa de certa soma de meios de subsistência Capítulo 8 (Mais valia) Mais valia absoluta Partimos do pressuposto de que a força de trabalho seja comprada e vendida pelo seu valor. Seu valor, como o de qualquer outra mercadoria, é determinado pelo tempo de trabalho necessário à sua produção. Marx não assume que o trabalho é pago num nível de subsistênciasimplesmente suficiente devido a barganha, mas que ele é pago simplesmente pelo que vale No livro o trabalho é por vezes tomado como uniforme Karl Marx: O Capital 8 A jornada de trabalho para o capitalista O capitalista comprou a força de trabalho pelo seu valor de 1 dia. A ele pertence seu valor de uso durante uma jornada de trabalho O tempo durante o qual o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome seu tempo disponível para si, então rouba ao capitalista. se o trabalhador é uma mercadoria, o empregador quer retirar o maior valor de uso possível dessa mercadoria, logo o trabalhador deve vender e dedicar-se integralmente ao ofício no tempo que foi acordado entre ele e o patrão A jornada de trabalho para o trabalhador O consumo da mercadoria não pertence ao vendedor que a aliena, mas ao comprador que a adquire a dificuldade para o trabalhador é a de que ele precisa reproduzir sua existência sem considerar seu desgaste natural na qualidade de vida (idade por exemplo), precisando ser capaz de no dia seguinte trabalhar com o mesmo nível de força, saúde e disposição se a duração do trabalho é 30 anos, mas o trabalhador trabalha duramente apenas por 10 anos, está se pagando apenas por 1/3 do necessário A disputa pelo tamanho da jornada Karl Marx: O Capital 9 (...) a natureza do próprio intercâmbio de mercadorias não resulta nenhum limite à jornada de trabalho, portanto, nenhuma limitação ao mais-trabalho. O capitalista afirma seu direito como comprador, quando procura prolongar o mais possível a jornada de trabalho e transformar onde for possível uma jornada de trabalho em duas. Entre direitos iguais, decide a força. a regulamentação da jornada de trabalho é uma luta ao redor de seus limites, portanto uma luta de classes entre capitalistas e trabalhadores ⚒ Pode se aumentar ao máximo a jornada de trabalho sem aumentar o salário, posto que todo aumento de jornada que perpassa o valor do trabalho só aumenta a mais- valia O mais trabalho O capital não inventou o mais-trabalho. (...) se numa formação sócioeconômica predomina não o valor de troca, mas o valor de uso do produto, o mais-trabalho é limitado por um círculo mais estreito ou mais amplo de necessidades, ao passo que não se origina nenhuma necessidade ilimitada por mais-trabalho do próprio caráter da produção. no mundo antigo ocorreram apenas exceções no sobretrabalho (caso da escravidão) a escravidão enquanto para produção para o senhor de escravo é menos horrorosa que se fosse para gerar rendimentos aos senhor, tratando-se, sim, agora, de uma mais-valia Capitalismo do século XIX contexto que motivou a concepção do marxismo no século XIX eram excessivas as explorações da jornada de trabalho, extremamente longa Marx usa exemplos de relatórios fiscais da época para demonstrar que havia exploração Karl Marx: O Capital 10 o século XIX seria, em tese, o mais difícil para se viver na história da humanidade trabalho infantil análogo à escravidão como motivador maior para a contestação do que ocorria na época jornadas de trabalho grotescas causam dano físico ao ser humano, pessoas morriam rapidamente e essa exploração dependeria de uma superpopulação constante ("exército de reserva") a falta de trabalhadores geraria necessidade de aumento de salário (o que não é preferível pelos capitalistas) a lei fabril buscou reduzir a jornada de trabalho, mas estatutos dos séculos XIV eo XVII apenas tentaram prolongá-la até o momento humanamente insustentável no século XIX custou séculos para que o trabalhador "livre" consentisse voluntariamente (socialmente coagido) em vender todo seu tempo ativo de sua vida pelo preço de seus meios de subsistência habituais A preguiça do trabalhador o trabalhador teria de trabalhar cada vez mais e o capitalista o força a trabalhar mais dias (geralmente 6) pelo mesmo salário que ganham em menos dias trabalhar menos, em tese, não impactaria drasticamente na produtividade bruta A necessidade da economia se lhes roubam a liberdade de cançar crianças de qualquer idade, por 10 horas diariamente, isso paralisaria suas fábricas A liberdade do trabalhador revista É preciso reconhecer que nosso trabalhador sai do processo de produção diferente do que nele entrou. No mercado ele, como possuidor da mercadoria “força de trabalho”, se defrontou com outros possuidores de mercadorias, possuidor de mercadoria diante de possuidores de mercadorias. Cap. 10 - A mais-valia relativa Karl Marx: O Capital 11 A parte da jornada de trabalho que apenas produz um equivalente do valor da força de trabalho pago pelo capital foi até agora por nós considerada uma grandeza constante, o que ela realmente é sob condições de produção dadas, em dado grau de desenvolvimento econômico da sociedade O capitalista tenta ao máximo aumenta a produção de mais-valia, prolongando o mais- trabalho. O prolongamento desse mais-trabalho corresponde à redução do trabalho necessário O que muda aqui não é a duração da jornada de trabalho em si (c-c'), mas a mudança na proporção entre trabalho necessário e mais-trabalho O valor da força de trabalho, isto é, o tempo de trabalho exigido para produzi-la, determina o tempo de trabalho necessário para reprodução de seu valor. Tecnologia para gerar mais-valia relativa, é necessário aumentar a força produtiva de trabalho, inserindo tecnologia e meios de tornar a produção mais eficiente com mais força,o trabalhador produz muito mais no mesmo período de tempo, mas não tem a jornada total alterada, ou seja, aumenta-se a mais-valia relativa A mais-valia absoluta e relativa Karl Marx: O Capital 12 não é qualquer avanço tecnológico na produção que aumenta a mais-valia relativa, é a inserção de tecnologia na produção de meios de subsistência com o aumento da produção, o valor da mercadoria cai pelo aumento da quantidade, mas a mais-valia é a mesma O paradoxo de Quesnay Uma vez que a mais-valia relativa cresce na razão direta do desenvolvimento da força produtiva do trabalho, enquanto o valor das mercadorias cai na razão inversa desse mesmo desenvolvimento, sendo, portanto, o mesmo processo idêntico que barateia as mercadorias e eleva a mais-valia contida nelas, fica solucionado o mistério de que o capitalista, para quem importa apenas a produção de valor de troca, tenta constantemente reduzir o valor de troca das mercadorias, uma contradição com que um dos fundadores da Economia Política, Quesnay, atormentava seus adversários e à qual eles lhe ficaram devendo a resposta. Por que os empresários buscam constantemente modernizar sua produção para produzir mais se isso barateia o produtos sendo seu desejo lucrar o máximo possível respota de marx: o capitalista está interessado em aumentar a produtividade para diminuir o salário do trabalhador (serve para roupas, comida... bens de subsistência); MAS não é um bom argumento para bens não essenciais Cap 11 - Cooperação O princípio do capitalismo A produção capitalista começa, como vimos, de fato apenas onde um mesmo capital individual ocupa simultaneamente um número maior de trabalhadores, onde o processo de trabalho, portanto, amplia sua extensão e fornece produtos numa escala quantitativa maior que antes Karl Marx: O Capital 13 na gênese do capitalismo, a manufatura pouco se distinguia da indústria artesanal das corporações, visto que esta era apenas aquela mais ampliada e com mais funcionários Ganhos de escala A produção de uma oficina para 20 pessoas não custa 10x mais que a produção de uma oficina para 2. Os custos fixos diminuem e a escala de produção aumenta (geralmente, o custo marginal por trabalhador adicional começa baixo) A cooperação (dentro da fábrica, na produção) A forma de trabalho em que muitos trabalham planejadamente lado a lado e conjuntamente, no mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, mas conexos, chama-se cooperação. Do mesmo jeito que 100 soldados atacando um inimigo ao mesmo e de forma coordenada tem um poder de combate do que 100 indo individualmente, o mesmo acontece no trabalho produtivo 100 pessoas juntas levantam uma carga com facilidade A cooperação dos indivíduos tem um poder maior do que a soma das partes A soma do poder produtivo é maior que a soma do poder individual O capitalista se apropria do valor da cooperação Se os trabalhadores não podem cooperar diretamente sem estar juntos, sendo, portanto, sua aglomeração em determinado local condição de sua cooperação, os trabalhadores assalariados não podem cooperar, sem que o mesmo capitalista os empregue simultaneamente e, portanto, compre ao mesmo tempo suas forças de trabalho Marx reconhece firmementes que o capitalismo permite uma produção exorbitante em termos quantitativos Proprietário de sua força de trabalho é o trabalhador, enquanto como vendedor da mesma mercadeja com o capitalista, e ele só pode vender o que possui, sua força de trabalho individual isolada. Karl Marx: O Capital 14 O capitalista portanto paga o valor das 100 forças de trabalho independentes, mas não paga a força combinada dos 100. O capitalista paga a cada trabalhador um salário que representa seu trabalho individual, mas o que vale de fato é o trabalho cooperativo produzido, o qual é muito mais expressivo do que o individual. O capitalista basicamente paga o trabalho, que é grande por ser coletivo, de modo individual. Há exploração aqui. A necessidade de direção (...) o comando do capital sobre o trabalho parecia originalmente ser apenas consequência formal do fato de o trabalhador trabalhar, em vez de para si, para o capitalista e, portanto, sob o capitalista Com a cooperação de muitos trabalhadores assalariados, o comando do capital converte-se numa exigência para a execução do próprio processo de trabalho, numa verdadeira condição da produção. As ordens do capitalista no campo de produção tornam-se agora tão indispensáveis quanto as ordens do general no campo de batalha. Quando há muitas pessoas trabalhando, é essencial ter alguém coordenando a cooperação dos trabalhadores para aumentar a produtividade organizando a linha de produção e os outros trabalhadores A cooperação se torna parte do capital Como cooperadores, como membros de um organismo que trabalha, eles não são mais do que um modo específico de existência do capital. Cap. 23 - A Lei Geral Da Acumulação Capitalista (sec. 1-2) Karl Marx: O Capital 15 efeitos da acumulação de capital sobre o destino da classe trabalhadora A composição do capital A composição do capital tem de ser compreendida em duplo sentido. Da perspectiva do valor, ela é determinada pela proporção em que se reparte em capital constante ou valor dos meios de produção e capital variável ou valor da força de trabalho, soma global dos salários. Da perspectiva da matéria, como ela funciona no processo de produção, cada capital se reparte em meios de produção e força de trabalho viva; essa composição é determinada pela proporção entre, por um lado, a massa dos meios de produção utilizados e, por outro lado, o montante de trabalho exigido para seu emprego. 1ª: composição valor 2ª: composição técnica O efeito do capital no trabalho Suponhamos que, além de mantidas constantes as demais circunstâncias, a composição do capital permaneça inalterada, ou seja, que determinada massa de meios de produção ou de capital constante requeira sempre a mesma massa de força de trabalho para ser posta em movimento, então cresce evidentemente a demanda de trabalho e o fundo de subsistência dos trabalhadores proporcionalmente ao capital, e tanto mais rapidamente quanto mais rapidamente cresce o capital. Quanto mais cresce o capital, maior será o salário (argumento neoclássico) À primeira vista isso parece ser positivo, mas Marx argumenta que essa ideia smithiana de fato não acontece Mandeville Karl Marx: O Capital 16 Assim como os trabalhadores498 devem ser preservados de morrer de fome, também não deveriam receber nada que valha a pena ser poupado (...) é do interesse de todas as nações ricas que a maior parte dos pobres nunca esteja inativa e, ainda assim, continuamente gaste o que ganha. é do interesse dos mais ricos existirem muitos pobres isso ocorre por meio da perpetuação de um povo igualmente ignorante (sem acesso à educação) e pobre, já que tanto o esclarecimento quanto o aumento das riquezas pessoais estimulam desejos e geram pessoas insatisfeitas com o que têm para o desenvolvimento do capitalismo é sempre necessário que o trabalhador esteja disposto a vender sua força de trabalho segundo Marx, Mandeville não entende que o próprio mecanismo do processo de acumulação multiplica, com o capital, a massa dos "pobres laboriosos" (assalariados) Exploração Sob as condições de acumulação até agora supostas, favoráveis aos trabalhadores, sua relação de dependência do capital reveste-se de formas suportáveis ou, como diz Eden, “cômodas e liberais”. Ao invés de tornar-se mais intensiva com o crescimento do capital, torna-se apenas mais extensiva, isto é, a esfera de exploração e de dominação do capital apenas se expande com suas próprias dimensões e o número de seus subordinados. (situação cômoda e liberal) do mesmo jeito que o escravo por vezes tinha condições levemente confortáveis de vida não deixava de ser escravo, tampouco o assalariado que mesmo hipoteticamente ganhando bem não quebraria por si só a exploração do proletariado,a mais valia ainda existiria a teoria de justiça distributiva é a teoria da exploração, e Marx pontua que ao contrário do consequencialismo/utilitarismo, o capitalismo é injusto em si independentemente dos resultados Ciclos econômicos (de crescimento e crise) Karl Marx: O Capital 17 A lei da produção capitalista, que subjaz à pretensa “lei natural da população”, redunda simplesmente nisso: a relação entre capital, acumulação e taxa de salário não é nada mais que a relação entre o trabalho não-pago, transformado em capital, e o trabalho adicional necessário à movimentação do capital adicional. A alteração na composição do capital citando smith, Marx retoma que apenas o crescimento contínuo da acumulação e a velocidade desse crescimento acarretam em elevação salarial Uma vez dados os fundamentos gerais do sistema capitalista, no transcurso da acumulação surge sempre um ponto em que o desenvolvimento da produtividade do trabalho social se torna a mais poderosa alavanca da acumulação A centralização do capital o capitalista vencedor se apropria do capital do perdedor, sendo um concentração de de capitais já constituindos, suprimindo a autonomia individual dos perdedores diferente da concentração usual de renda na qual se gera muito capital pelos mecanismos de exploração, aqui não só se gera como se toma capital quanto maior a escala da produção, menor o seu custo médio o pequeno capital em relação às grandes empresas que monopolizam a venda só tem seu lugar em mercados de nicho (ex: cerveja artesanal x ambev) os capitais maiores tendem a destruir os menores (Amazon x pequenos e-commerces, Walmart x pequenos mercados...) por mais que o mercado de início possa ter diferentes agentes competindo "livremente", a própria concorrência gera vencedores e perdedores com o tempo, sendo esses vencedores os que centralizam o capital e detentores de um monopólio ou de uma fatia muito grande das vendas (e logo muito mais lucro) Centralização e demanda por trabalho a centralização de capital não é só a concentração indiscriminada de ações de uma pessoa, é a junção dos pequenos capitais de uma infinidade de pessoas Karl Marx: O Capital 18 a união de capital pela emissão e compra de ações é uma parte essencial da centralização do capital
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