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Ferrugens, também denominadas pústulas, são caracterizadas por ser lesões amareladas, de aspecto ferruginoso, que aparecem nos hospedeiros atacados. São constituídas, na maior parte, por estruturas reprodutivas do fungo, que emergem do tecido vegetal doente através do rompimento da epiderme do hospedeiro. São salientes em relação à superfície vegetal e liberam facilmente os propágulos do fungo. Os patógenos responsáveis pelas ferrugens são fungos basidiomicetos, que atuam como parasitas obrigatórios e não apresentam fase saprofítica em seu ciclo vital. São parasitas evoluídos, capazes de colonizar intercelularmente os tecidos vegetais e produzir haustórios, que retiram nutrientes diretamente do interior da célula viva. A relação patógeno-hospedeiro é específica e ocorre tanto ao nível espécie vegetal (formae speciales do patógeno), como ao nível de variedades de uma mesma espécie vegetal (raças fisiológicas do patógeno). É característica típica dos fungos causadores de ferrugens a produção de vários tipos de estruturas reprodutivas (picniósporos, eciósporos, urediniósporos, teliósporos e basidiósporos) e alguns caso há a exigência de mais de um hospedeiro para completar o ciclo de vida. São parasitas obrigatórios e que geralmente não possuem hospedeiros alternativos, isso influência diretamente na relação patógeno- hospedeiro, na forma de sobrevivência. As ferrugens podem ter ação devastadora sobre seu hospedeiro. Estas doenças provocam constantemente enormes perdas em várias culturas, principalmente em gramíneas, como trigo, cevada, milho e cana-de-açúcar. Além disso, cafeeiro, soja, feijoeiro, várias ornamentais, frutíferas e hortícolas sofrem redução na produção. Os sintomas manifestam-se principalmente nas folhas, embora possam ocorrer na bainha, colmo, ramos novos, órgãos florais e frutos em início de desenvolvimento.As plantas doentes têm seu processo fotossintético afetado tanto pela retirada de nutrientes promovida pelo fungo como pela destruição de área foliar, decorrente da formação de pústulas e da queda de folhas provocada pelo patógeno. Nas folhas, os sintomas têm início com pequenas manchas amareladas, geralmente circulares ou elípticas, recobertas pela cutícula da planta. Posteriormente, as manchas aumentam de tamanho e a cutícula se rompe, expondo a massa de urediniósporos produzida pelo patógeno. Neste estádio, as manchas são denominadas de pústulas e apresentam coloração amarela ou alaranjada. As manchas tornam-se castanhas ou pretas, quando mais velhas, em decorrência do surgimento dos teliósporos sucedâneos dos urediniósporos. As pústulas apresentam-se salientes em relação à superfície foliar e podem se unir quando a doença ocorre com alta intensidade. Em ramos e frutos, a ferrugem produz manchas recobertas por uma densa massa pulverulenta de coloração amarela, feita de urediniósporos do patógeno. Quando as lesões se juntam os ramos novos e frutos jovens podem ficar totalmente recobertos por esta massa. As manchas, com o decorrer do tempo, podem se tornar necróticas. A ferrugem pode causar danos maiores ou menores, dependendo do estádio de desenvolvimento da planta e da severidade do ataque do patógeno. Assim, ocorre destruição da área foliar, necrose de brotações e queda precoce de folhas, flores e frutos. Como consequência pode ocorrer morte de plantas jovens, enfraquecimento e plantas adultas e redução da produção de frutos ou grãos. Os fungos causadores de ferrugens são parasitas obrigatórios e são do grupo dos basidiomicetos. São altamente especializados em relação ao hospedeiro., há ocorrência de formae speciales e raças fisiológicas. Existem aproximadamente 5 mil espécies fúngicas associadas a esse grupo, dentre elas ganham destaque, pela frequência e importância econômica, as pertencentes aos gêneros Puccinia, Hemileia, Uromyces, Phakopsora e Melampsora. Os agentes causais de ferrugens produzem vários tipos de estruturas de frutificação. Quando o ciclo da doença for constituído pelas 5 fases, a ferrugem é chamada MACROCÍCLICA ou de ciclo longo; se o patógeno não apresenta estas 5 fases, a ferrugem é denominada MICROCÍCLICA ou de ciclo curto. Alguns fungos desenvolvem todo seu ciclo vital sobre um único hospedeiro e as ferrugens são chamadas de autoicas; outros necessitam de mais de um hospedeiro para completar o ciclo e as ferrugens são chamadas de heteroicas A utilização de variedades resistentes e o uso de produtos químicos são as formas mais viáveis de controle. A erradicação de hospedeiros alternados é uma medida para casos específicos que necessitam de mais de um hospedeiro para completar seu ciclo. O controle através de variedades resistentes na maioria dos casos é eficiente e econômico. No entanto, para a obtenção de variedades resistentes é necessário um grande investimento em pesquisa. Produto químicos de espectro amplo ou específico sempre aumentam os custos da produção. Porém, eles têm se mostrado, em alguns casos, bastante eficientes e são uma alternativa principalmente na falta de variedades resistentes. A presença de alta umidade relativa e de temperatura amena são propícias ao desenvolvimento deste tipo de doença. A ferrugem do colmo do trigo é um exemplo clássico de ferrugem de ciclo longo. Além disso o patógeno precisa de um hospedeiro alternado para completar seu ciclo. Nas condições tropicais, não ocorre ciclo longo pela ausência de hospedeiro alternado. É neste hospedeiro que se completa a fase sexual. Como consequência, a variabilidade patogênica do fungo nos trópicos é menor, o que facilita o controle através de variedades resistentes. O agente causal é o fungo Puccinia graminis f. sp. tritici, que taca colmos, folhas, bainhas e ás vezes glumas e sementes. Além do trigo, ataca cevada, centeio e algumas gramíneas. O ciclo da ferrugem tem início após o inverno, quando o teliósporo (esporo de resistência) que sobreviveu em restos da cultura, germina e produz um basídio. O basídio dá origem aos basidiósporos que atingem as folhas de bérberis (Berberis vulgaris) e germinam colonizando esse hospedeiro alternado. Com a colonização e desenvolvimento do micélio intercelular, forma-se o pícnio que rompe a epiderme da folha. A água dispersa os picniósporos que fertilizam as hifas receptivas compatíveis que produz um micélio dicarióto, o qual cresce e da origem ao écio (na direção da folha oposta ao pícnio). Com a produção dos eciósporos a parte do ciclo que ocorre na bérberis termina. Os éciósporos são transportados pelo vento ou água para a planta de trigo. Com a colonização do trigo há formação de urediniósporo (massa amarela pulverulenta) que são disseminados pela água e principalmente pelo vento. Ao encontrar um tecido de trigo suscetível ocorre a germinação, colonização e produção de urediniósporos que posteriormente se transformará na produção de teliósporo. Entretanto, nem sempre p t´leio é formado dessa maneira, algumas vezes resulta da infecção direta promovida por um urediniósporo. Os teliósporos são bicelulados e escuros, são neles que ocorre a etapa de fusão dos núcleos (cariogamia). Mais especificamente, em cada uma das duas células do teliósporos os núcleos fundem-se. Posteriormente, já no basídio. Ocorre a meiose e formação de 4 basidiósporos unicelulados. As etapas de cariogamia e meiose permitem a ocorrência de recombinação genética, que resulta no aparecimento de novas raças fisiológicas. Fechando o ciclo, os teliósporos podem permanecer nos restos de cultura, garantindo a sobrevivência. Como consequência dos sintomas, a planta perde mais água por transpiração, a taxa de respiração aumenta, a fotossíntese diminui e o patógeno debilita a planta através da retirada de nutrientes e a produção de grão é diretamente afetada. O controle é feito por meiodo uso de variedades resistentes, também pode ser feita a aplicação de fungicidas. A ferrugem o cafeeiro é uma doença importante não só no Brasil como em outros países, sendo responsável por grandes perdas a cafeicultura. O patógeno Hemileia vastatrix ataca as folhas, esporadicamente ramos novos. O ciclo tem início quando urediniósporos são liberados, disseminados pela água, vento ou insetos e ao encontrarem tecido suscetível e condições favoreces, germinam. Para a germinação é necessário alta umidade ou uma película de água sobre a folha. Ao germinar na epiderme, forma um apressório e penetra. Após a germinação, ocorre a colonização que é sucedida pela formação de urediniósporos e posteriormente, teliósporos. Estes por sua vez germinam e dão origem os basidiósporos que não conseguem infectar o cafeeiro. Como ainda não se conhece hospedeiro alternado, supõe-se que o ciclo se interrompa neste ponto. O controle consiste na escolha de locais desfavoráveis ao patógeno, utilização de variedades resistentes e controle químico. O uso preventivo de fungicidas cúpricos ou produtos mais específicos é bastante comum.
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