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Puericultura 2 Pâmela Martins Bueno – puericultura DIVISÃO EM ETAPAS DA INFÂNCIA · Recém-nascido: 0-28 dias de vida. · Lactente: 29 a 2 anos de idade. · Pré-escolar: 2 a 7 anos de idade. · Escolar: 7 a 10 anos. · Adolescente: 10 a 20 anos incompletos. Cada etapa vai ter sua particularidade e principais diagnósticos. DEFINIÇÃO Consulta médica periódica da infância, que realiza a vigilância do crescimento (altura e estado nutricional) e desenvolvimento das crianças. São monitorados os fatores de risco que podem refletir nos diagnósticos patológicos posteriores. Também é estimulada a alimentação e estilo de vida saudáveis, além da vacinação prevista no PNI – o enfoque é a promoção e preservação da saúde da criança. ROTINA DE CONSULTAS Ministério da Saúde · Sala de parto/alta neonatal · 1ª semana de vida – intercorrências do período neonatal, como a icterícia · 1º mês de vida · 2 meses de vida · 4 meses de vida · 6 meses de vida · 9 meses de vida · 12 meses de vida · 2 consultas no 2º ano de vida · Anual a partir do 2º ano de vida. Inicialmente as consultas são frequentes pois visam identificar precocemente e corrigir qualquer condição de risco ou qualquer desvio do crescimento ou desenvolvimento. SBP · Sala de parto/alta neonatal · 1º ou 2º semana de vida · Mensal até 6 meses – esclarecer as dúvidas da mãe · Trimestral até 2 anos · Semestral até 5 anos – analisar crescimento e desenvolvimento nessa fase que é muito sensível a distúrbios. · Anual até 19 anos. COMO CONDUZIR A CONSULTA 1. ANAMNESE · Queixa atual · História da doença atual · Estado vacinal · Recordatório alimentar – se estiver em aleitamento materno exclusivo é necessário analisar a técnica do aleitamento. · Qualidade do sono – se dorme bem, que horas vai dormir. · Desenvolvimento neuropsicomotor – questiona se senta, anda, fala, etc · Desempenho escolar · Prática de atividade física · Exposição a telas · Condições do meio ambiente e psicossociais – entender a dinâmica familiar que pode levar a condições patológicos. · Parto e pré-natal – doenças e internações prévias e antecedentes familiares. 2. EXAME FÍSICO · Apresentar para a criança o que vai acontecer · Pode examinar a criança no colo dos pais · Começar o exame físico pela ausculta cardíaca e pulmonar, porque a criança fica mais tranquila. · Deixar oto e oroscopia pro final do exame físico. 2.2 Antropometria · Aferição de peso e estatura. Essencial para o diagnóstico de crescimento e estado nutricional da criança. · Balança horizontal – peso até 25kg ou até 2 anos. · Balança vertical – em torno dos 2 anos. · Comprimento – o bebê fica deitado e o pai segura a haste fixa na cabeça enquanto o médico ajusta a haste que fica nos pés (haste móvel). · A partir de 2 anos ou 1m de altura, realizar a aferição da estatura da criança em pé com estadiometro vertical com haste fixa. Deixar os pés unidos, calcanhar tocando a base do estadiômetro, cabeça reta com a visão paralela ao chão. · Até os 2 anos realizar a aferição do perímetro cefálico, realizado com fita métrica – da glabela até a proeminência occipital. 2.3 Aferição da PA · Aferir a partir dos 3 anos pelo menos 1 vez ao ano. · Só vai aferir em crianças menores que tiverem fator de risco para hipertensão, como: malformações renais, cardiopatias congênitas, prematuro < 32 semanas, baixo peso ao nascer, crianças com necessidade de cateterização umbilical ou outras doenças como anemia falciforme. · A partir dos 3 anos só vamos aferir em todas as consultas se: obesidade, coarctação de aorta e doença renal. · Para aferir adequadamente a PA, é necessário escolher o manguito ideal, que é aquele que tem a largura da borracha é correspondente a 40% da circunferência braquial (medida no ponto médio entre o acrômio e olecrano). 2.4 Estágios de Tanner – avaliação da puberdade 2.5 Reflexos primitivos – especialmente em bebês até 6 meses 2.6 Desenvolvimento neuropsicomotor 3. DIAGNÓSTICOS DE NORMALIDADE I. Crescimento – se a estatura está ou não normal para a idade II. Estado nutricional – magreza, eutrofia, sobrepeso, obesidade III. Vacinação – se está seguindo o PNI IV. Alimentação – se é adequada ou não V. Desenvolvimento neuropsicomotor – se adequado ou não VI. Ambiente físico e emocional – tabagismo, cachorros, saneamento (coisas que pode deixar a criança doente). CEVADA AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO Curvas de referência da OMS · Curvas da OMS foram criadas através de um estudo multicêntrico em 6 países. Foram construídas com crianças que tinham um padrão de vida normal. Foram utilizados dois métodos estatísticos, o escore Z e o percentil. · Escore Z = medidas de distribuição normal, significa que o 0 é a media, mediana e moda. Logo, considera-se normal tudo que está entre -2 e +2 (desvio padrão). · Percentil = organiza as medidas da menor até a menor. Percentil 50 será a mediana da amostra. · Preferir sempre escore Z. · Quais são essas curvas? Comprimento/estatura para idade até 5 anos, Estatura para idade de 5-19 anos, peso para idade até 10 anos, peso para estatura até 5 anos, IMC para idade até 19 anos e perímetro cefálico para idade até 2 anos. CRESCIMENTO ESTADO NUTRICIONAL · Pode ser usada a curva de peso x idade, peso x estatura e IMC x idade. · Essa curva não dá diagnostico de obesidade, sobrepeso e magreza. Esse diagnóstico só é feito pela curva de peso x estatura (até 5 anos) ou IMC x idade. · No IMC por idade é considerado normal a partir do -2 até o +1. Do +1 até +2 em crianças de até 5 anos considera-se o risco de sobrepeso. · A criança a partir dos 5 anos não tem mais risco de ter sobrepeso, de 1 a 2 já é sobrepeso. PERÍMETRO CEFÁLICO AVALIAÇÃO POR MEIO DO GANHO ESPERADO · Na curva é difícil avaliar de mês a mês. · Existe uma perda de peso normal nos primeiros dias de vida, até 10% do peso de nascimento nos primeiros 10 dias de vida. Assim, entre 4 e 6 meses de idade a criança normalmente dobra seu peso de nascimento, aos 12 meses triplica e, aos 2 anos, quadriplica seu peso ao nascer. DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR · Domínios: sensorial, motor, linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. · Marcos do desenvolvimento neuropsicomotor: são analisados de forma continua ao longo das consultas. Se referem ao desenvolvimento motor, de linguagem e social, dando a sequencia apropriada do desenvolvimento da criança. · O RN: postura assimétrica, predomínio do tônus flexor nos membros, cabeça lateralizada, hipotonia da musculatura paravertebral e reflexos primitivos (respostas automáticas e estereotipadas a estímulos externos presentes até certo tempo de vida). REFLEXOS PRIMITIVOS Reflexo do apoio plantar e da marcha: até 2 meses. Suspender o RN e realizar o apoio plantar em superfície plana, então o bebê faz a extensão do joelho e do quadril. Se for realizada a inclinação anterior do tronco, o RN vai realizar passos curtos e ritmados (da marcha). Reflexo de busca: 2 meses de vida. Realiza-se um toque leve nas comissuras labiais, o RN vira a cabeça em direção ao estimulo e projeta a língua em direção. Reflexo de Magnus-Kleijn ou tônico-cervical assimétrico ou do esgrimista: até 3 meses. Com a criança deitada em decúbito dorsal, a cabeça fica na linha média e faz a rotação da cabeça a 90º, que leva a extensão do braço na frente da cabeça e a flexão e rotação do outro braço. Reflexo de Galant: até 4 meses. Coloca a criança em posição prona com o tronco apoiado na mão e realiza o estimulo tátil em região dorso-lateral, então a criança encurva o tronco para o lado do estimulo. Reflexo de Moro: completo até 3 meses (2 fases) /incompleto até 3-6 meses. Toda vez que dá um susto na criança, fala muito alto, vai acontecer a abdução dos membros superiores e extensão dos dedos (1ª fase) e adução dos membros superiores (2ª fase). AQUISIÇÕES MOTORAS · Progressiva redução do tônus flexor e substituição por padrão extensor. · São craniocaudais, proximodistais e de complexidade progressiva. 2 meses – mantem a cabeça elevada e consegue erguer o tronco quando colocadade bruços. Vira a cabeça em direção a sons. Começa a fazer barulhos sem significado e também já presta atenção a rostos e sorriso social (qualquer pessoa consegue ganhar sorriso da criança). 4 meses – cabeça erguida sem apoio e de bruços já consegue se apoiar sobre os cotovelos. Tenta alcançar objetos que estão distantes e precisa coordenação da mão e do olhar e também já consegue segurar objetos, levam a mão a boca, sorri de forma espontânea e consegue imitar as expressões faciais. 6 meses – sentar sem apoio, troca objetos de uma mão para a outra, rola em ambas as direções e adora se olhar no espelho. 9 meses – já se apoia para levantar, engatinha, senta sem apoio, faz a pinça do polegar com o indicador, usa o dedo para apontar objetos e adquirem medo de estranhos. 12 meses – fica em pé sozinha, consegue dar alguns passos sem apoio, senta sem ajuda, faz o ‘esconde-achou’ e conseguem achar objetos escondidos. Usa corretamente a escova de dentes e segue algumas instruções como arrumar os brinquedos. É uma avaliação continua ao longo das consultas, sendo necessário melhorar os estímulos e ver se está ultrapassando a idade limite para realizar essas ações antes de encaminhar. RN PREMATURO · Correção da idade gestacional (IGc) – a criança com 30 semanas não vai ter o mesmo desenvolvimento que uma criança que nasceu a termo. Ela estará atrasada cronologicamente. Corrige essa idade até o termo e depois corrige até os 2 anos porque em geral em 2 anos a criança vai se recuperar. · Avaliação de peso, comprimento e DNPM sempre com a IGc – por exemplo: a criança nasceu com 30 semanas de IG, então com 2 meses de vida não vamos avaliar igual a uma criança que nasceu a termo, ele tem que ter seu peso avaliado com relação a uma criança de 38s de IG. · Exceção: vacinação. Vai ser considerada a idade cronológica. ALIMENTAÇÃO · Aleitamento materno – exclusivo até 6 meses, complementado até 2 anos. · A alimentação complementar é feita aos 6 meses de vida porque se introduzir precocemente existe aumento do risco de alergia alimentar, além disso a criança não tem desenvolvimento motor adequado pra se alimentar. Começa com frutas in natura e papa principal completa e consistente (legumes, verduras, tubérculos, cereais, proteínas). Precisa progredir na consistência pois em 1 ano a criança deve comer a mesma coisa que o restante da família, com diferença de estar cortadinho. Se for usar suco, pode-se usar no máximo 100mL. · Evitar: · Leite > 600mL/dia · Mel < 1 ano · Açúcar < 2 anos · Alimentos processados e ultraprocessados Ambiente alimentar adequado · Mesa/cadeira de alimentação · Refeição com a família · Sem exposição a telas · Treinamento do uso de utensílios BAC DR JOANA Alimentação da criança A PARTIR DOS 6 MESES · Introdução de novos alimentos – mesmo se a criança usar fórmula. · Alimentos in natura ou minimamente processados – podem ser oferecidos sem nenhum prejuízo. · Alimentos processados podem ser oferecidos com atenção. · Alimentos ultraprocessados devem ser evitados. CONSISTÊNCIA ADEQUADA · 6 meses: separar os alimentos para a criança sentir o gosto. Alimento deve ser cozido e amassado com o garfo, arroz mais cozido e legumes pequenos e cortados em pedaços menores. · 8 meses: devem ser maiores e menos cozidos, numa quantidade maior. · A partir de 12 meses: comida da família da mesma forma que ela se alimenta. DICAS · Quantidade de alimentos oferecida aumenta com o tempo. · Temperos naturais e pouco sal. · Sem açúcar até 2 anos · Utensílios adequados e seguros. · A posição da criança ajuda na aceitação da comida. · Hora da comida: momento de estimulo ao desenvolvimento. · Rotina ajuda a desenvolver bons hábitos. LINHA DO TEMPO 1. 6 meses: lanche da manhã e tarde frutas, almoço e leite materno. 2. 7-8 meses: fruta de lanche da manhã e tarde, leite materno, almoço e janta. 3. 9-11 meses: lanche da manhã e tarde frutas, leite materno, almoço e jantar, maior quantidade. 4. 1-2 anos: introdução de pães caseiros, almoço e janta, frutas nos lanches e leite materno. Crescimento e desenvolvimento CRESCIMENTO · Medido em unidades, quantitativo. · Desacelerado – exceto pelo estirão · Peso: padrão de alteração mais aguda. Primeira coisa a ser alterada quando a criança tem algum problema. · Altura: padrão de alteração mais crônico/pico na puberdade. · Perímetro cefálico: avaliação indireta da avaliação neuronal. PESO · Peso ao nascer: +- 3,3kg Classificação do RN (absoluto) · Baixo peso: < 2,5kg · Muito baixo peso: < 1,5kg · Extremo baixo peso: < 1kg Relativo (peso em relação a idade gestacional) · GIG p > 90 · AIG p10-90 · PIG < p10 CRESCIMENTO Dicas: · Duplica P: 1º semestre · Triplica P: até 1 ano · Quadruplica: até 3 anos. ESTATURA · Ao nascer: 50cm · 1º semestre: 15cm · 2º semestre: ESTATURA ALVO PERÍMETRO CEFÁLICO Passa na região occipital e na fronte Microcefalia: 31,5 para as meninas AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO · Desenvolvimento adequado: habilidades compatíveis com a idade. Orientar estimulação e acompanhamento de rotina. · Alerta para desenvolvimento: uma ou mais habilidade ausente para a idade ou presença de um ou mais fatores de risco. Orientar estimulação + retorno em 30 dias. · Provável atraso do desenvolvimento: uma ou mais habilidades ausentes para a idade anterior ou PC alterado ou 3 ou mais alterações fenotípicas. Encaminhar para rede especializada. Para crianças maiores: · 1 ano e meio: torre com 2 cubos, fala 3 palavras, usa colher/garfo, anda para trás. · 2 anos: torre com 3 cubos, ajuda a tirar a roupa, aponta duas figuras, chuta bola. · 2 anos e meio: torre com 6 cubos, veste-se com supervisão, frases com 2 palavras, pula com ambos os pés. · 3 anos: brinca com outras crianças, imita o desenho de uma linha, reconhece duas ações, arremessa bola.
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