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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO 
CAMPUS DE ANGICOS – RIO GRANDE DO NORTE 
ANÁLISE E EXPRESSÃO TEXTUAL 
Profa. Maria das Neves Pereira 
E-mail: nevespereira@ufersa.edu.br; nevesj7@hotmail.com 
 
TEXTO (2) – A IMPORTÂNCIA DA COMPREENSÃO E AQUISIÇÃO DA 
LINGUAGEM 
 
A linguagem é instrumento de comunicação interpessoal e intrapessoal que está 
em toda parte. Ela impregna nossos pensamentos, é intermediária em nossas relações com 
os outros, e se estabelece até o nosso inconsciente. Os demasiados conhecimentos 
humanos são guardados e transmitidos pela linguagem, tornando-a onipresente, de tal 
modo, que a aceitamos e sabemos que sem ela a sociedade, tal como a conhecemos, não 
seria possível. 
Apesar de ser predominante nas atividades humanas, a linguagem é pouco 
conhecida. Há uma diversidade de conceitos acerca da linguagem, inclusive por parte de 
pessoas consideradas cultas, nem mesmo os linguistas profissionais podem afirmar 
compreendê-la totalmente. Está completamente errada uma pessoa que pretenda conhecer 
a natureza a linguagem, evidente por si mesma, ou que conclua saber tudo a respeito de 
uma língua simplesmente porque fala essa língua. Gradativamente, no entanto, vamos 
aprendendo a respeito deste notável instrumento de comunicação unicamente humano. A 
finalidade deste texto é apresentar algumas informações significativas sobre a linguagem 
para aqueles que têm pouco ou nenhum treinamento linguístico anterior. 
Segundo LANGACKER (1982: 25), há diversas razões que justificam a aquisição 
de um conhecimento aprimorado sobre a linguagem. Em primeira instância, pode-se 
observar que os muitos grandes problemas do mundo atualmente incluem principalmente 
a linguagem. Por exemplo, até que ponto são as diferenças de língua barreiras para a 
compreensão mútua entre os povos? É possível e desejável uma língua universal? Dever-
se-ia empreender uma reforma maciça da ortografia de determinada língua como a língua 
inglesa ou da língua portuguesa? Como se devem ensinar as crianças a ler? Devem os 
autores de dicionários curvarem-se ao uso popular? É aconselhável que o governo de 
nações plurilíngues (como a Índia) tente impor uma língua a todos os falantes como a 
língua nacional oficial? Em caso afirmativo, qual delas? Até que ponto os grupos 
minoritários e os indivíduos que pertencentes às classes baixas são prejudicadas em seu 
progresso social e econômico por sua maneira de falar? Não nos compete aqui dar 
respostas a todos esses difíceis questionamentos, mas qualquer pessoa, interessada em 
encontrar respostas adequadas para eles, não pode dispensar um conhecimento, menor 
que seja, da linguagem. 
Em segundo lugar, uma compreensão da linguagem tem uma relação intelectual 
imensa na sua importância direta e indireta com outras disciplinas. Os filósofos, por 
mailto:nevespereira@ufersa.edu.br
mailto:nevesj7@hotmail.com
exemplo, preocupam-se muito com a linguagem. É importante para nossa visão, o homem 
saber se a linguagem é totalmente adquirida ou se é em grande parte inata. A linguagem, 
em outras palavras, poderia ser um dos campos de prova para se estabelecer um longo 
debate entre racionalistas e empiristas. Os racionalistas afirmam que as pessoas nascem 
com ideias inatas, que grande parte da organização psicológica é instalada no organismo 
e transmitida geneticamente. Os empiristas concebem a linguagem como adquirida, ou 
seja, o homem nasce com a mente vazia e todo o conhecimento por ele concebido é 
resultante do aprendizado adquirido no meio em que ele vive. Tanto racionalistas quanto 
empiristas buscam na linguagem apoio para suas opiniões. 
Os filósofos também se interessam pela linguagem como instrumento de análise 
filosófica. São as línguas humanas viáveis como veículos de investigação e teoria 
filosófica? Pode o mau uso da língua ser o responsável por erros filosóficos? Qual a 
relação entre linguagem e lógica? Essas e outras questões são discutidas no âmbito da 
filosofia. 
A linguagem também é pertinente de vários modos para a psicologia. Na 
realidade, sendo a linguagem um fenômeno em grande parte mental, seu estudo pode ser 
considerado um ramo da psicologia. Qualquer teoria adequada da psicologia humana deve 
dar alguma explicação de nossos processos de pensamento; a linguagem é de importância 
central, aí porque a maioria de nossos pensamentos assume forma linguística. Muitos, se 
não a maior parte de nossos conceitos, recebem algum tipo de rótulo verbal. Assim a 
relação entre linguagem e formação de conceitos é de grande interesse para os psicólogos. 
A linguagem também testa significativamente teorias de organização psicológica. As 
línguas são altamente estruturadas, e aprendemos a identificar e descrever suas estruturas 
de forma consideravelmente detalhada. Qualquer teoria da organização psicológica, 
portanto, deve conciliar adequadamente os tipos de estruturas que sabemos serem 
características das línguas humanas. 
As outras ciências sociais podem também se beneficiar até certo ponto de um 
conhecimento sobre a linguagem e técnicas descritivas apropriadas. Sendo a estrutura de 
uma língua mais óbvia do que outros tipos de estrutura que interessam ao cientista social, 
ele poderá tirar bom proveito de seu estudo. 
Em terceiro lugar, uma introdução à natureza da linguagem é importante para 
qualquer pessoa que se interesse por possíveis aplicações práticas dos resultados da 
investigação linguística. Uma compreensão fundamental da linguagem seria certamente 
valiosa para quem estuda ou ensina uma língua (mesmo a língua nativa do aluno ou 
professor). Máquinas precisas de tradução, caso seja de fato possível realizá-las (o que é 
bastante duvidoso atualmente), dificilmente poderão ser programadas sem um 
conhecimento razoavelmente sofisticado sobre a linguagem por parte do programador. 
Os antropólogos precisam conhecer a língua de um povo para que a investigação se sua 
cultura seja mais proveitosa. O trabalho missionário em regiões não civilizadas requer 
bastante conhecimento prático e teórico sobre a linguagem. A língua dos nativos deve ser 
rapidamente e bem aprendida, e é necessária uma compreensão considerável para 
estabelecer e ensinar um sistema de escrita adequado à língua nativa. 
A tecnologia também se insere no âmbito do estudo da linguagem. A linguística 
teve também uma renovação técnica nos anos recentes. Dos primeiros e poucos eficientes 
aparelhos eletrônicos de registro de som surgidos após a II Guerra Mundial, passou-se, a 
partir dos anos 80, à microcomputação. Os computadores hoje estão conectados a 
instrumentos que digitalizam os sons e permitem o uso de programas capazes de 
verdadeiras produções. Frases podem ser decompostas em todos os seus fonemas, para 
que sejam visualizadas graficamente de inúmeras formas. Softwares linguísticos de 
menos de 500 dólares são capazes de comparar as palavras cognatas – de mesma raiz – 
em línguas diferentes para dicionários inteiros em pouquíssimo tempo; além de 
programas específicos criados para análise quantitativa de dados linguísticos nas diversas 
subáreas dos estudos linguísticos atualmente. Ambas as áreas são aptas a contribuições 
mútuas. A linguagem como instrumento do raciocínio humano e aplicabilidade nas 
diversas áreas de conhecimento humano e a tecnologia como realização desta capacidade 
humana. 
Finalmente, um estudo acurado da linguagem é importante simplesmente porque 
ninguém pode ser considerado realmente culto se não tiver um bom conhecimento sobre 
o instrumento de grande parte de sua instrução. Uma vez que a língua participa 
virtualmente de todas as atividades humanas e é central em muitas delas, um 
conhecimento a seu respeito dificilmente poderá ser considerado periférico. Uma 
introdução à linguagem não necessita realmente de nenhuma outra justificação. Uma 
pessoa que deseje conhecer-se e compreender-se a si mesma deve até certo ponto chegar 
a compreendera natureza do sistema linguístico que tem papel tão fundamental em sua 
vida mental e social. A linguagem precisa ser compreendida porque ela está presente em 
todas as ações humanas. 
 
REFERÊNCIA BÁSICA: 
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura: alguns conceitos 
fundamentais. Rio de Janeiro: Vozes, 1982. p 11-13. 
Revista Veja, 30 de novembro de 1994. Adaptação: Profa. Maria das Neves/UFERSA

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