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Condição principal Classificação Fisiopatologia Morfologia Epidemiologia Clínica Anomalias Congênitas Pâncreas Divisum Ocorre por uma falha de fusão dos sistemas de ductos fetais dos brotos primordiais pancreáticos dorsal e ventral Drenagem inadequada das secreções pancreáticas A mais comum Controvérsias sobre a predisposição de indivíduos com divisum à pancreatite crônica. Pâncreas Anular Porção de tecido pancreático normal em forma de anel envolve completamente a segunda porção do duodeno. Pode produzir obstrução duodenal. Pâncreas Ectópico São restos embriológicos compostos por ácinos pancreáticos, glândulas e ilhotas de Langerhans com aparência normal Principais locais das ectopias: estômago e o duodeno, seguidos pelo jejuno, o divertículo de Meckel e o íleo. Encontrado em cerca de 2% das autópsias de rotina. Podem causar dor por inflamação localizada Agenesia Quando o pâncreas não se desenvolve Rara PANCREATITE Lesões que levam à auto digestão do pâncreas por suas próprias enzimas. Pancreatite Aguda Lesão reversível do parênquima pancreático associada à inflamação → Resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático e estimulam uma reação inflamatória aguda. → Possíveis causas: a. Cálculos biliares e lama biliar: aumenta a pressão e leva ao acúmulo de líquido rico em enzimas no interstício; lipase é 1. Extravasamentos microvasculares e edema, 2. Necrose gordurosa 3. Inflamação aguda 4. Destruição do parênquima pancreático 5. Destruição dos vasos sanguíneos e hemorragia intersticial. → Forma mais leve: pancreatite aguda intersticial - Leve inflamação - Edema intersticial - Os ácidos graxos liberados combinam com o cálcio para formar sais insolúveis que conferem aparência microscópica granular azul às células adiposas. → 10 a 20 casos em cada 100.000 indivíduos. → Os cálculos biliares estão presentes em 35% a 60% dos casos → 1 Homem : 3 Mulheres - Dor abdominal aguda constante e intensa na parte superior das costas - Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. - Níveis plasmáticos elevados de amilase e lipase. ○ 24h: elevação acentuada dos níveis séricos de amilase ○ 72-96h: aumento do nível de lipase sérica - Sequelas: abscesso pancreático estéril e um pseudocisto pancreático → Na pancreatite necrosante aguda: - Restos necróticos infectados por organismos Gram-negativos a partir do trato alimentar → prognóstico ruim produzida numa forma ativa e tem o potencial de causar necrose da gordura local. b. Lesão de células acinares: liberação de enzimas digestivas, inflamação e autodigestão de tecidos pancreáticos; radicais livres, provenientes do estresse oxidativo, levam à oxidação lipídica da membrana + atração de células inflamatórias; cálcio e tripsina (altos níveis de cálcio ⇒ ativação excessiva de tripsina) ○ Caxumba c. Transporte intracelular defeituoso de proenzimas dentro das células acinares: Enzimas pancreáticas indevidamente liberadas no compartimento intracelular contendo hidrolases lisossômicas. → Álcool: a ingestão crônica resulta na secreção de fluido pancreático rico em proteína que leva à deposição de condensações proteicas e à obstrução de pequenos ductos pancreáticos. Direita: região de necrose de gordura; centro; necrose focal do parênquima pancreático → Forma mais grave: pancreatite necrosante aguda - Tecido pancreático é hemorrágico, vermelho-enegrecido, com focos branco-amarelados de necrose gordurosa calcificada Pancreatite Crônica - Causa mais comum: abuso de álcool ao longo do tempo - Segue-se a episódios repetidos de pancreatite aguda. - A pancreatite aguda inicia uma sequência de fibrose perilobular, distorção ductal e alterações nas secreções pancreáticas. - Perda de parênquima pancreático e fibrose. - Inflamação prolongada do pâncreas associada com: ○ Destruição irreversível do parênquima exócrino ○ Destruição do parênquima endócrino (nos estágios mais - Fibrose - Atrofia - Destruição de ácinos e dilatação variável de ductos pancreáticos → Macro: - Glândula rígida - Ductos dilatados contendo concreções calcificadas - Infiltrado inflamatório crônica em torno dos lóbulos e ductos → Homens de meia-idade - Dor abdominal intermitente ou persistente - Má absorção intestinal - Diabetes - O diagnóstico da pancreatite crônica exige um alto grau de suspeição ○ Icterícia ou elevações dos níveis séricos da fosfatase alcalina podem indicar obstruções por cálculos ○ Visualização de calcificações no pâncreas através de TC USG ○ Perda de peso e avançados) - Perda de parênquima pancreático (células acinares) - Perda das funções exócrina e endócrina - Alto risco de desenvolvimento de pseudocistos - Fatores fibrogênicos: levam a proliferação de miofibroblastos, secreção de colágeno e remodelamento da MEC - Fator transformante do crescimento-β (TGF-β) - Fator de crescimento derivado de plaquetas → Micro: Fibrose e atrofia extensas deixaram: Esquerda: ilhotas residuais Direita: ductos residuais + Células inflamatórias crônicas e alguns focos do tecido acinar. Ducto dilatado com concreção luminal eosinofílica densa → característica da pancreatite crônica por abuso de álcool edema: devido à baixa albumina pela má absorção causada pela insuficiência pancreática exócrina - Prognóstico ruim Cistos não neoplásicos Cistos congênitos → Resultam do desenvolvimento anômalo dos ductos pancreáticos. → Cistos uniloculares, com parede delgada → Tamanho: de lesões microscópicas até 5 cm de diâmetro → Revestimento - Epitélio cúbico uniforme e brilhante - Se a pressão intracística for alta: camada de células delgada e aplanada. → Cistos congênitos são envolvidos em uma cápsula fibrosa fina e preenchidos com um líquido seroso claro. → Podem ser esporádicos, ou parte de condições hereditárias - Doença renal policística autossômica dominante: coexistem cistos nos rins, fígado e pâncreas - Doença de von Hippel-Lindau: as neoplasias vasculares são encontradas na retina e no cerebelo ou no tronco cerebral, em associação com cistos congênitos no pâncreas, fígado e rim. Pseudocistos → Geralmente surgem na sequência de um ataque de pancreatite aguda, principalmente quando sobreposta à pancreatite alcoólica crônica. → Lesões traumáticas no pâncreas também podem originar pseudocistos. → Pseudocistos são formados quando áreas de necrose hemorrágica da gordura intra pancreática e peripancreática são isoladas por tecido fibroso e tecido de granulação → Coleções localizadas de material necrótico e hemorrágico, ricas em enzimas pancreáticas → Não possuem um revestimento epitelial (daí o prefixo “pseudo”). → Solitários → Podem estar dentro do pâncreas, no saco omental menor ou no retroperitônio, entre o estômago e o cólon transverso, ou entre o estômago e o fígado → Tamanho: 2-30cm de diâmetro. Cisto mal definido com parede marrom-escura necrosada O cisto não tem revestimento epitelial. É revisto por fibrina e tecido de granulação → Responsáveis por aproximadamente 75% de cistos no pâncreas. Neoplasias Neoplasias císticas → 5% a 15% de todos os cistos pancreáticos são neoplásicos → As neoplasias Geral → Neoplasias serosas císticas: inteiramente benignas → Neoplasias papilares intraductais mucinosas e neoplasias císticas mucinosas: císticas correspondem a menos de 5% de todas as neoplasias pancreáticas pré-cancerígenas. CISTOADENOMAS: neoplasia cística serosa (25% das neoplasias císticas) → Benignas → Neoplasias multicísticas → Geralmente ocorrem na cauda do pâncreas. → A inativação do gene supressor de tumor VHL é a anormalidade genética mais comum em neoplasias císticas serosas. → Cistos pequenos (1 a 3 mm), revestidos por células cúbicas ricas em glicogênio, e contêm um líquido fino, claro e cor de palha. Visível uma borda fina de parênquima pancreático Cisto revestidos por epitélio cuboide sem atipia → 2x mais frequentes em mulheres do que em homens → Aparecem na 6ª a 7ª décadas de vida, com sintomas inespecíficos, como dores abdominais. → Sintomas inespecíficos,como dores abdominais. → Detectados acidentalmente em exames de imagem → Ressecção cirúrgica é curativa Neoplasias císticas mucinosas → Não invasiva e curável, podendo progredir para carcinoma invasivo incurável → Geralmente surgem na cauda do pâncreas e se apresentam como massas de crescimento lento e indolores. → ⅓ neoplasias císticas mucinosas ressecadas cirurgicamente abriga um adenocarcinoma invasivo associado. → Cavidades císticas são maiores do que as presentes nas neoplasias císticas serosas. → Cavidades preenchidas com mucina espessa e tenaz e revestidas por um epitélio colunar produtor de mucina associado a um estroma denso semelhante ao estroma do ovário. → 95% das neoplasias císticas mucinosas surgem em mulheres → Embora a ressecção cirúrgica seja curativa para neoplasias císticas mucinosas não invasivas, metade dos pacientes com carcinoma invasivo provenientes de um tumor cístico mucinoso morrerá de sua doença. → A detecção e o tratamento precoces antes de um câncer invasivo se desenvolver são fundamentais. → O oncogene KRAS e os genes supressores de tumores TP53 e RNF43 são frequentemente mutantes nessas neoplasias. Cisto multiloculado mucinoso na cauda do pâncreas. Os cistos são grandes e cheios de mucina espessa. Os cistos são revestidos por epitélio colunar mucinoso, e um denso estroma “ovariano” é observado. Tem displasia de baixo grau também Neoplasias intraductais papilares mucinosas (NIPMs) → Não invasiva e curável, podendo progredir para carcinoma invasivo incurável → Neoplasias produtoras de mucina que comprometem os grandes ductos do pâncreas. → Envolvem a cabeça do pâncreas com mais frequência do que a cauda. → 10-20% são multifocais. → Podem progredir para um câncer invasivo → Duas características são importantes na distinção entre as NIPMs e as neoplasias císticas mucinosas: a. Ausência do denso estroma “ovariano” visto em neoplasias císticas mucinosas b. Envolvimento de um ducto pancreático → Mais frequentemente em homens do que em mulheres → A detecção precoce e o tratamento de NIPMs antes de progredir para um câncer invasivo são fundamentais. → As mutações frequentes nos oncogenes GNAS e KRAS e nos genes supressores de tumor TP53, SMAD4 e RNF43 foram relatadas nessas neoplasias Neoplasia papilar proeminente distendendo o ducto pancreático principal. A neoplasia envolve o ducto pancreático principal (à esquerda) e se estende para dentro dos menores ductos e dúctulos (à direita). Neoplasia sólida pseudopapilar → Neoplasia grande maligna e bem circunscrita → Relacionada à hiperativação da via de sinalização Wnt devido a mutações ativadoras adquiridas do oncogene CTNNB1 (β-catenina). → Componentes sólidos e císticos cheios de detritos hemorrágicos. → As células neoplásicas crescem em grupamentos sólidos, ou, como projeções pseudopapilares, e muitas vezes parecem ser pouco coesas. → Incomum → Mulheres jovens. → Desconforto abdominal devido à sua grande dimensão. → A ressecção cirúrgica é o tratamento indicado. Embora algumas neoplasias sólidas pseudopapilares sejam localmente agressivas, a maioria dos pacientes é curada após a ressecção cirúrgica completa do tumor. Carcinoma pancreático Características: → Carcinomas ductais: adenocarcinomas que → 60% são na cabeça → 15% no corpo → 4ª principal causa de mortes por câncer nos Estados Unidos, → Silenciosos até que invadam as (Adenocarcinoma ductal infiltrante) recapitulam até certo ponto o epitélio ductal normal, ao formar glândulas e secretar mucina. → Altamente invasivo e provoca uma reação intensa no hospedeiro na forma de fibrose estromal densa (“resposta desmoplásica”). → O câncer de pâncreas frequentemente cresce ao longo dos nervos e invade o retroperitônio. Pode invadir diretamente o baço, as glândulas suprarrenais, a coluna vertebral, o cólon transverso e o estômago. → Acometimento dos linfonodos peripancreáticos, gástricos, mesentéricos, omentais e porta-hepáticos + vasos + nervos → Metástases a distância: fígado e pulmões. Carcinoma da cabeça: → Obstrui o ducto biliar comum distal à medida que este avança pela cabeça do pâncreas. → Consequência: distensão da árvore biliar em cerca de 50% nos pacientes com carcinoma da cabeça do pâncreas. → Lesões precursoras: não invasivas bem definidas, em pequenos ductos ⇒ neoplasia intraepitelial pancreática (NIPan) NIPpan 3, envolvendo um pequeno ducto pancreático Progressão NIpan-carcinoma → Epitélio não neoplásico ⇒ NIpans ⇒ carcinoma invasivo. → NIpans: encontradas no parênquima pancreático adjacente aos carcinomas infiltrativos. → Células epiteliais das NIpans apresentam um → 5% na causa → 20% envolve difusamente toda a glândula → Rígidos, branco-acinzentados, estrelados e com massal mal definidas Parênquima pancreático e um ducto pancreático normais (à esquerda), uma massa mal definida com o estreitamento do ducto pancreático (centro), que se mostra dilatado à direita da massa. Glândulas irregulares estão presentes no estroma densamente fibroso, no pâncreas; algumas células inflamatórias também estão presentes. Micro: → Aparência é de um adenocarcinoma moderadamente a pouco diferenciado, formando estruturas tubulares abortivas ou um aglomerado de células, e demonstrando um padrão de crescimento agressivo e profundamente infiltrativo → Glândulas malignas são irregulares e estão revestidas por células epiteliais pleomórficas cubóides e/ou colunares. precedido apenas pelo câncer de pulmão, de cólon e de mama → A taxa de sobrevida de 5 anos é menos de 5%. → Adultos mais velhos: 80% dos casos ocorrem em pessoas com idade entre 60 e 80 anos. → Negros → Indivíduos com ascendência judaica Ashkenazi. → Tabagismo: 2x risco → Dieta gordurosa → Fatores de risco: pancreatite crônica e diabetes melito. → Mutações no BRCA2: responsáveis por cerca de 10% dos casos de câncer de pâncreas em judeus Ashkenazi. → Mutações germinativas em CDKN2A estão associadas ao câncer de pâncreas e quase sempre são observadas em indivíduos de famílias com um aumento da incidência de melanoma, que também abriga frequentemente mutações com perda de função de CDKN2A. estruturas adjacentes. → Dor → Icterícia obstrutiva → Sinais da doença avançada: perda de peso, anorexia, fraqueza e sensação de mal-estar generalizado → A tromboflebite migratória, conhecida como síndrome de Trousseau: ocorre em cerca de 10% dos pacientes → Menos de 20% dos cânceres de pâncreas são ressecáveis no momento do diagnóstico, devido a invasão de estruturas adjacentes ou metástases distantes encurtamento dos telômeros, o que pode predispor ao acúmulo progressivo de anormalidades cromossômicas e ao desenvolvimento de carcinoma invasivo Pancreatite crônica, diabetes e CA pâncreas: → Pequenos focos de câncer de pâncreas podem também bloquear os ductos pancreáticos e produzir a pancreatite crônica. → O diabetes pode se desenvolver como consequência do câncer de pâncreas e o diabetes melito de início recente em um paciente idoso pode ser o primeiro sinal de que o paciente tem câncer de pâncreas. Genes: a. KRAS (cromossomo 12p): é o oncogene mais frequentemente alterado no câncer de pâncreas, com mutações presentes em 90% a 95% dos casos. b. CDKN2A (cromossomo 9p): é inativado em 95% dos cânceres de pâncreas, tornando-se o gene supressor de tumor mais frequentemente inativado nessas neoplasias. c. SMAD4 (cromossomo 18q): inativado em 55% dos cânceres de pâncreas. d. TP53 (cromossomo 17p): inativação do gene supressor tumoral TP53 ocorre em 70% a 75% dos cânceres de pâncreas. Condição principal Classificação Fisiopatologia Morfologia Epidemiologia Clínica Colelitíase Cálculos decolesterol → Concentrações de colesterol > Capacidade de solubilização da bile (supersaturação) → 50% de monoidrato de colesterol cristalino → Povos ocidentais → Sexo feminino → 75% assintomático ao longo da vida → Nucleação de cristais de colesterol acelerada → Hipomotilidade da vesícula biliar → Hipersecreção de muco na vesícula (causa retenção de cristais nucleados) → Exclusivamentena vesícula biliar → Podem ser de colesterol puro (100%) até 50% ↪ Colesterol puro: amarelo claro, redondos a ovóides, superfície dura e finamente granular. Podem ser radiolucentes → Com o aumento de carbonato de cálcio e bilirrubina os cálculos se tornam mais branco-acinzentados a pretos e podem ser lamelares e radiopacos → Múltiplos cálculos podem ter superfícies facetadas ou arredondadas (justaposição) → Idade avançada → Hormônios femininos → Estase biliar → Cólica biliar (após refeição gordurosa) ↪ Dor no quadrante superior direito ou região epigástrica Complicações severas → Empiema (exsudato é praticamente pus puro) → Perfuração → Fístula → Inflamação da árvore biliar (colangite) → Colestase obstrutiva → Pancreatite CÁLCULOS MENORES SÃO MAIS PERIGOSOS POIS PODEM PASSAR PELOS DUCTOS CÍSTICOS E CAUSAR OBSTRUÇÃO → Cálculos maiores podem causar erosão para alça adjacente e obstrução intestinal (Síndrome de Bouveret ou íleo do cálculo biliar) Associados ao risco aumentado de carcinoma da vesícula biliar Cálculos pigmentados → Os sais de cálcio derivam de bilirrubina não conjugada → Doenças que causem aumento da bilirrubina indireta são fatores de risco para cálculos pigmentados → Infecções do trato biliar provocam liberação de beta-glicuronidases microbianas, provocando hidrólise de glicuronídeos de bilirrubina → Sais de bilirrubinato de cálcio →Marrom ↪ Grandes ductos biliares infectados ↪ Laminados e macios ↪ Consistência saponácea ou oleosa ↪ Radiolucentes (sabões de cálcio) → Preto ↪ Vesícula biliar estéril ↪ Bastante friáveis ↪ Contornos espiculados e moldados ↪ Radiopacos → Povos orientais → Infecções bacterianas da árvore biliar → Infestações parasitárias → Anemias hemolíticas crônicas OBS.: Todos os tipos de cálculos possuem glicoproteínas de mucina que constituem o esqueleto e o cimento entre suas partículas Colecistites Colecistite Aguda → Precedida em 90% dos casos por obstrução do colo da vesícula ou ducto cístico por colelitíase Calculosa → Irritação química e inflamação causadas pela obstrução devido ao cálculo ↪ Fosfolipases hidrolisam lecitinas luminais até estas se tornarem tóxicas → Camada de muco rompida = exposição da mucosa à ação detergente dos sais → Liberação de prostaglandinas = aumento da pressão intraluminal OBS.: Eventos na ausência de infecção → Vesícula aumentada e tensa → Coloração vermelho-brilhante, violácea ou verde-enegrecida (hemorragias subserosas) → Serosa coberta por exsudato fibrinoso (fibrinopurulento em casos graves) → Única diferença morfológica entre colecistite acalculosa e calculosa aguda é a ausência de cálculos na forma acalculosa → Na colecistite calculosa, a luz da vesícula biliar pode conter um ou mais cálculos e está preenchida por uma bile nebulosa ou turva, que contém grandes quantidades de fibrina, pus e hemorragia → Em casos leves, a parede da vesícula biliar está espessada, edematosa e hiperêmica → Em casos mais severos, ela é transformada em um órgão necrótico verde-enegrecido, chamado de colecistite gangrenosa, com perfurações pequenas a grandes → Inflamação é predominantemente neutrofílica → A invasão de organismos formadores de gás, notavelmente clostridia e coliformes, pode causar uma colecistite "enfisematosa aguda” → Colecistite calculosa aguda é comum em diabéticos → Razão mais comum para colecistectomia de emergência → Dor progressiva no quadrante superior direito ou epigástrica, que dura mais de 6 horas → Frequentemente associado com febre baixa, anorexia, taquicardia, sudorese, náuseas e vômitos → A maioria dos pacientes não apresenta icterícia, e a presença de hiperbilirrubinemia sugere obstrução do ducto biliar comum → Leucocitose leve a moderada pode ser acompanhada por elevações leves nos valores de fosfatase alcalina sérica → Até 25% exigem intervenção cirúrgica imediata. A recorrência é comum em pacientes que se recuperam sem cirurgia Acalculosa → Resulta da isquemia → Inflamação + edema = Comprometimento do fluxo sanguíneo → Estase biliar + Acúmulo de cristais de colesterol + bile viscosa + muco = Obstrução do ducto cístico → Colecistite acalculosa (sem cálculo) ocorre em pacientes com doenças graves ↪ Sepse com hipotensão e falência de múltiplos órgãos ↪ Imunossupressão ↪ Trauma de grande porte e queimaduras ↪ Diabetes melito → Sintomas clínicos tendem a ser mais insidiosos, uma vez que são obscurecidos pelas condições subjacentes que precipitam os ataques → Grande parte dos pacientes não apresenta sintomas referentes à vesícula biliar; portanto, o diagnóstico depende de um alto ↪ Infecções índice de suspeita → A incidência de gangrena e perfuração é muito maior na colecistite acalculosa que na calculosa → Em raros casos, uma infecção bacteriana primária pode originar colecistite acalculosa aguda devido a agentes como Salmonella typhi e estafilococos → Uma forma mais indolente da colecistite acalculosa aguda pode ocorrer no contexto de vasculite sistêmica, doença isquêmica aterosclerótica severa em idosos, em pacientes com AIDS e com infecção do trato biliar. Colecistite Crônica → Sequela de surtos repetidos de colecistite aguda leve a severa → Associada a colelitíase em mais de 90% dos casos ↪ Observado em vesículas retiradas em cirurgias eletivas por cálculo → A colecistite acalculosa crônica exibe sintomas e histologia semelhantes aos da forma calculosa → Supersaturação da bile predispõe à inflamação crônica e, na maioria dos casos, à formação de cálculos → Microrganismos, geralmente E. coli e enterococos, podem ser cultivados da bile em aproximadamente um terço dos casos → Ao contrário da colecistite calculosa aguda, a obstrução do fluxo da vesícula biliar não é um requisito → Serosa é lisa e brilhante, mas pode estar apagada por fibrose subserosa → Aderências fibrosas densas podem permanecer como sequelas de uma inflamação aguda preexistente → Ao corte, a parede está espessada e apresenta um aspecto opaco, branco-acinzentado → Nos casos não complicados, a luz contém bile mucóide verde-amarelada e geralmente cálculos. A mucosa em si, em geral, é preservada → Ao exame histológico, em casos de inflamações mais leves, apenas linfócitos difusos, plasmócitos e macrófagos são encontrados na mucosa e no tecido fibroso subseroso → Mesmas observadas para os cálculos da vesícula → Ataques recorrentes de dor estável no epigástrio ou no quadrante superior direito → Náuseas, vômitos e intolerância a alimentos gordurosos → Complicações: ↪ Superinfecção bacteriana com colangite ou sepse ↪ Perfuração da vesícula biliar e formação local de abscesso ↪ Ruptura da vesícula com peritonite difusa ↪ Fístula entérica biliar (colecistoentérica), com drenagem de bile nos órgãos adjacentes, entrada de ar e bactérias na árvore biliar e possível obstrução intestinal induzida por cálculo (íleo) ↪ Agravamento de condições médicas preexistentes (descompensação cardíaca, pulmonar, renal ou hepática) → Em inflamações avançadas, há fibrose subepitelial e subserosa pronunciada, além de infiltração de células mononucleares → A proliferação reativa da mucosa e a fusão das pregas mucosas podem originar criptas encobertas de epitélio no interior da parede da vesícula → A evaginação do epitélio da mucosa pela parede (seios de Rokitansky-Ascho�) pode ser bastante proeminente e contém bile → A presença de alterações inflamatórias agudas implica exacerbação aguda de uma vesícula já lesada cronicamente → Calcificação distrófica extensa no interior da parede da vesícula pode produzir vesícula em porcelana, associada ao câncer (RARO) → Na colecistite xantogranulomatosa, a vesícula biliar apresenta parede extremamente espessada, encolhida, nodular ↪ Vesícula em porcelana e cronicamente inflamada, com focos de necrose e hemorragia ↪ Devido à ruptura dos seios de Rokitansky-Ascho� na parede da vesícula biliar + acúmulo de macrófagos que ingeriram fosfolípidos biliares → Vesícula atrófica, cronicamente obstruída e frequentemente dilatada, pode conter apenas secreções claras,uma condição conhecida como hidropsia da vesícula biliar. Neoplasia Maligna Carcinoma deVesícula Biliar → Neoplasia maligna mais comum do trato biliar extra-hepático → Os fatores de risco mais importantes são os cálculos biliares (95% dos casos) ↪ No entanto, apenas 1%-2% dos pacientes com cálculos biliares desenvolvem câncer da vesícula biliar → Infecções bacterianas ou parasitárias crônicas podem ser fatores de risco, e a coexistência de cálculos biliares com o câncer da vesícula biliar é muito menor → O traço comum que une os cálculos biliares ou infecções crônicas e câncer da vesícula biliar é uma inflamação crônica → Alterações moleculares recorrentes, as quais podem ser alvos “acionáveis” da terapia ↪ Oncoproteína ERBB2 (Her-2/neu) sobre-expressa ↪ Direcionamento de inibidores de moléculas pequenas ou anticorpos monoclonais contra ela ↪ Mutações de genes de remodelação da cromatina, como o PBRM1 e MLL3 Padrões de crescimento: infiltrante e exofítico. → Infiltrante: ↪ Mais comum ↪ Área mal definida de espessamento e endurecimento difuso mural ↪ Ulceração profunda pode causar penetração direta no fígado ou formação de fístula para vísceras adjacentes para as quais a neoplasia tenha crescido ↪ Tumores cirrosos e de consistência firme → Exofítico: ↪ Cresce para a luz como massa irregular, em forma de couve-flor, mas, ao mesmo tempo, invade a parede subjacente → Maioria dos carcinomas da vesícula biliar corresponde a adenocarcinomas → Podem ter arquitetura papilar e são bem a moderadamente diferenciados; outros são infiltrativos e pouco diferenciados a → Cerca de 6.000 novos casos de câncer da vesícula biliar são diagnosticados a cada ano nos Estados Unidos → Chile, Bolívia e norte da Índia, abrigam o maior número de casos → Áreas com grande número de populações nativas americanas ou hispânicas têm maior incidência do que o resto do país → Pelo menos duas vezes mais comum em mulheres do que em homens → A maioria dos pacientes é diagnosticada em um estágio avançado e cirurgicamente irressecável → Média de sobrevida em 5 anos para esses pacientes é inferior a 10%. → Diagnóstico pré-operatório é exceção e não a regra, ocorrendo em menos de 20% dos pacientes → Os sintomas são insidiosos e tipicamente indistinguíveis daqueles associados com colelitíase: dor abdominal, icterícia, anorexia, náuseas e vômitos → A detecção precoce pode ser possível em: ↪ Pacientes com vesícula biliar palpável e colecistite aguda antes da invasão ↪ Achado incidental durante uma colecistectomia por cálculos sintomáticos → A ressecção cirúrgica, frequentemente incluindo o fígado adjacente, é o único tratamento efetivo, porém regimes quimioterápicos também são usados indiferenciados ↪ Tumores papilares em geral apresentam melhor prognóstico que os outros tumores → Cerca de 5% são carcinomas de células escamosas ou apresentam diferenciação adenoescamosa → Uma minoria pode exibir aspectos carcinoides ou uma variedade de características mesenquimais (carcinossarcoma) → Ao serem descobertas, a maioria dessas neoplasias já invadiu centrifugamente o fígado, e muitas já se estenderam para ducto cístico, ductos biliares adjacentes e linfonodos portais-hepáticos → O peritônio, o trato gastrointestinal e os pulmões são locais comuns de semeadura. → Pode-se encontrar lesões pré-neoplásicas (displásicas) no epitélio adjacente ao câncer invasivo, ou em vesículas biliares com colelitíase de longa data ↪ Displasias planas ↪ Variados graus de atipia celular, incluindo o carcinoma in situ → Adenomas polipoides da vesícula biliar são precursores incomuns aos adenocarcinomas invasivos e abrigam alterações genéticas distintas
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