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Distúrbios Pancreáticos

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Patologia – Amanda Longo Louzada 
1 DISTÚRBIOS PANCREÁTICOS 
ANORMALIAS CONGÊNITAS: 
PÂNCREAS DIVISUM: 
 O pâncreas divisum ocorre por uma falha de 
fusão dos sistemas de ductos fetais dos brotos 
primordiais pancreáticos dorsal e ventral. Como 
resultado, a maior parte do pâncreas (formada 
pelo broto primordial dorsal) faz a drenagem 
para o duodeno através da papila menor de 
pequeno calibre. 
 O ducto de Wirsung em pessoas com divisum 
drena apenas uma pequena porção da cabeça 
da glândula através da papila de Vater. 
PÂNCREAS ANULAR: 
 Anomalia na qual uma porção de tecido 
pancreático normal em forma de anel envolve 
completamente a segunda porção do duodeno. 
PÂNCREAS ECTÓPICO: 
 Os principais locais onde ocorrem as ectopias 
são o estômago e o duodeno, seguidos pelo 
jejuno, o divertículo de Meckel e o íleo. 
 Embora sejam geralmente achados incidentais, 
esses restos embriológicos, compostos por 
ácinos pancreáticos, glândulas e, por vezes, 
ilhotas de Langerhans com aparência normal, 
podem causar dor por inflamação localizada, ou, 
raramente podem provocar sangramento de 
mucosa. 
AGENESIA: 
 Alguns casos de agenesia são causados por 
mutações da linha germinativa de homozigotos 
envolvendo PDX1, um gene que codifica um 
fator de transcrição de homeobox que é crítico 
para o desenvolvimento pancreático. 
PANCREATITE AGUDA: 
 É caracterizada por lesão reversível do 
parênquima pancreático associada à inflamação 
e tem diversas etiologias, incluindo agressões 
tóxicas (p. ex., álcool), obstrução do ducto 
pancreático (p. ex., cálculos biliares), defeitos 
genéticos herdados, lesão vascular e infecções. 
 Patogenia: A pancreatite aguda resulta da 
liberação e ativação inadequadas de enzimas 
pancreáticas, que destroem o tecido pancreático 
e estimulam uma reação inflamatória aguda. A 
consequente inflamação e as tromboses de 
pequenos vasos (que podem levar à congestão e 
ruptura de vasos já enfraquecidos) danificam as 
células acinares, ampliando ainda mais a 
ativação intrapancreática das enzimas 
digestivas. 
 Fatores de Risco: ingestão excessiva de álcool, 
cálculos biliares, lesões traumáticas, 
medicamentos, fatores genéticos, infecções, 
distúrbios de hipercalcemia e isquemia. 
 Morfologia: As alterações básicas são: 
extravasamentos microvasculares e edema, 
necrose gordurosa, inflamação aguda, 
destruição do parênquima pancreático, e 
destruição dos vasos sanguíneos e hemorragia 
intersticial. 
 
 Manifestação Clínica: dor abdominal intensa, 
com náuseas, vômito, níveis de amilase e lipase 
aumentados 
PÂNCREATITE CRÔNICA: 
 É definida como uma inflamação prolongada do 
pâncreas associada com uma destruição 
irreversível do parênquima exócrino, fibrose e, 
nos estágios mais avançados, destruição do 
parênquima endócrino. 
 Patogenia: A pancreatite crônica, na maioria das 
vezes, segue-se a episódios repetidos de 
pancreatite aguda. Sugere-se que a pancreatite 
aguda inicie uma sequência de fibrose 
perilobular, distorção ductal e alterações nas 
secreções pancreáticas. Ao longo do tempo e 
com episódios múltiplos, pode levar à perda de 
parênquima pancreático e à fibrose. A lesão 
pancreática crônica, qualquer que seja a sua 
causa, leva à produção local de mediadores 
inflamatórios que causam fibrose e perda de 
células acinares. 
 Fatores de Risco: pancreatite aguda, uso 
excessivo de álcool e fatores hereditários 
 Morfologia: 
 É caracterizada por fibrose, atrofia e destruição 
de ácinos e dilatação variável de ductos 
pancreáticos. 
 Macroscopicamente, a glândula é rígida, por 
vezes com ductos extremamente dilatados e 
visíveis contendo concreções calcificadas. 
 Essas alterações são tipicamente 
acompanhadas por um infiltrado inflamatório 
crônico em torno dos lóbulos e dos ductos. O 
epitélio ductal pode ser atrofiado ou 
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hiperplásico, ou pode mostrar metaplasia 
escamosa. A destruição acinar é um aspecto 
constante. Geralmente, há preservação relativa 
das ilhotas de Langerhans 
 
 Manifestações Clínicas: dor abdominal 
persistente, mas também pode ser assintomática 
PSEUDOCISTOS PANCREÁTICOS: 
 São coleções localizadas de material necrótico e 
hemorrágico que são ricas em enzimas 
pancreáticas e não possuem um revestimento 
epitelial 
 Eles geralmente surgem na sequência de um 
ataque de pancreatite aguda, particularmente 
quando sobreposta à pancreatite alcoólica 
crônica. Lesões traumáticas no pâncreas 
também podem originar pseudocistos. 
 
NEOPLASIAS CÍSTICAS: 
SEROSAS: 
 São neoplasias multicísticas que geralmente 
ocorrem na cauda do pâncreas. Os cistos são 
pequenos (1 a 3 mm), revestidos por células 
cúbicas ricas em glicogênio, e contêm um líquido 
fino, claro e cor de palha. São benignas e 
comuns em mulheres. 
 Manifestações Clínicas: sintomas inespecíficos, 
como dores abdominais. 
 
MUCINOSAS: 
 Surgem em mulheres, e, em contraste com as 
neoplasias císticas serosas, elas podem ser 
precursoras de carcinomas invasivos. 
 Essas neoplasias geralmente surgem na cauda 
do pâncreas e se apresentam como massas de 
crescimento lento e indolores. 
 As cavidades císticas são maiores do que as 
presentes nas neoplasias císticas serosas. Elas 
são preenchidas com mucina espessa e tenaz e 
revestidas por um epitélio colunar produtor de 
mucina associado a um estroma denso 
semelhante ao estroma do ovário. 
 
INTRADUCTAIS PAPILARES MUCINOSAS: 
 São neoplasias produtoras de mucina que 
comprometem os grandes ductos do pâncreas 
 Mais comum em homens 
 Duas características são importantes na 
distinção entre as NIPMs e as neoplasias 
císticas mucinosas: (1) ausência do denso 
estroma “ovariano” visto em neoplasias císticas 
mucinosas, e (2) o envolvimento de um ducto 
pancreático. Assim como com neoplasias 
císticas mucinosas, as NIPMs podem progredir 
para um câncer invasivo 
 
SÓLIDA PSEUDOPAPILAR: 
 Mais comum em mulheres jovens 
 Essas grandes neoplasias malignas bem 
circunscritas têm componentes sólidos e císticos 
cheios de detritos hemorrágicos. As células 
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neoplásicas crescem em grupamentos sólidos, 
ou, como o nome sugere, como projeções 
pseudopapilares, e muitas vezes parecem ser 
pouco coesas. 
 Tais neoplasias geralmente causam desconforto 
abdominal devido à sua grande dimensão. 
CARCINOMA PANCREÁTICO: 
 Epidemiologia: muito letal, tendo como maior 
influência o tabagismo 
 Morfologia: 
 Mais comum na cabeça do pâncreas 
 Altamente invasivo e gera uma reação de 
fibrose densa 
 
 Manifestações Clínicas: 
 Permanecem silenciosos até que invadam as 
estruturas adjacentes. 
 A dor é, geralmente, o primeiro sintoma, porém 
no momento em que a dor aparece esses 
cânceres já se apresentam, geralmente, como 
incuráveis. 
 Pode haver icterícia obstrutiva 
 Perda de peso, anorexia, mal-estar e fraqueza

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