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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 1. DEFINIR OBESIDADE INFANTIL, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, SEUS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (CURVAS DE CRESCIMENTO, IMC E CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL) E TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR (DIETA E EXERCÍCIO FÍSICO SOB ORIENTAÇÃO ADEQUADA). A obesidade é um distúrbio do estado nutricional resultante de um balanço energético positivo, traduzido pelo aumento do número e/ou tamanho das células adiposas. O resultado imediato desta alteração é o aumento de peso; É considerada uma doença genética influenciada por múltiplos fatores, como, por exemplo, hábitos alimentares, culturais e psicossociais, prática de exercícios e controle endocrino-metabólico. Existem três períodos da vida em que ocorre de forma fisiológica uma espécie de “rebote adiposo”, ou seja, um aumento no número de células adiposas. Por esse motivo, esses períodos são particularmente vulneráveis à instalação de obesidade. São eles: o último trimestre de vida intrauterina, o primeiro ano de vida e o início da adolescência, este último mais acentuado nas mulheres. Na obesidade infantil e juvenil há um aumento constante do número e do tamanho celular, enquanto na obesidade do adulto há aumento principalmente do tamanho celular. Por isso, a obesidade infantil responde pior ao tratamento, pois conseguimos reduzir o tamanho da célula gordurosa, mas não o seu número. Sabemos que cerca de 70% das crianças obesas transformam-se em adolescentes com tendência à obesidade. EPIDEMIOLOGIA O Brasil e outros países do mundo vêm passando por um período de transição epidemiológica, em que as doenças crônico-degenerativas assumem papel predominante. A desnutrição vem sendo reduzida a índices cada vez menores e a obesidade torna-se uma verdadeira epidemia. O aumento da prevalência observado no Brasil é algo relevante e é proporcionalmente mais elevado nas famílias de baixa renda. A presença do excesso de peso na população menos favorecida pode ser explicada pela falta de orientação alimentar adequada, atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito calóricos, como cereais, óleo e açúcar. Tais alimentos são mais baratos e fazem parte de hábitos alimentares tradicionalmente incorporados. No Brasil, a prevalência da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. Quanto às diferenças de gênero e idade, pode-se observar que as prevalências de obesidade são semelhantes nos dois sexos até os 40 anos, idade a partir da qual as mulheres passam a apresentar prevalências duas vezes mais elevadas que os homens. FATORES DE RISCO A doença tem etiologia multifatorial. A obesidade é o resultado da interação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais. 1. FATORES GENETICOS Sabe-se que a natureza dessa herança é poligênica e há mais de 400 genes isolados que têm participação na regulação do peso corporal. A ocorrência de obesidade nos pais aumenta muito o risco da doença na prole: se um dos pais é obeso, o risco para a criança é de 40%, e se ambos são, pai e mãe, esta taxa sobe para 80%. 2. FATORES PERINATAIS São considerados fatores de risco para obesidade infantil o sobrepeso/obesidade materno antes da gestação, ganho de peso excessivo durante a gestação, peso de nascimento elevado, e tabagismo materno. Por outro lado, o aleitamento materno e a autorregulação afetiva dos lactentes foram considerados fatores protetores contra a obesidade. 3. FATORES ALIMENTARES Outros fatores, como desmame precoce e uso de dietas pouco balanceadas, estão estreitamente relacionados à gênese da doença. O consumo de alimentos com altas taxas calóricas, ricos em carboidratos simples e gorduras, e baixos teores de fibras e DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS SP4: Quando ela crescer emagrece... 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 micronutrientes, são os combustíveis para o inflacionamento do peso. 4. FATORES AMBIENTAIS Redução nas atividades físicas, em paralelo com o tempo gasto em frente a televisão/computador/videogame, resulta em diminuição de todo o gasto metabólico do organismo e facilita hábitos de ingerir petiscos e guloseimas. 5. FATORES ENDOCRINOMETABÓLICOS A regulação do apetite-saciedade está sob controle do sistema gastrointestinal, do tecido adiposo e do sistema nervoso central. Os hormônios gastrointestinais, como colecistoquinina, peptídeo YY e feedback vagal, estimulam a saciedade, ao passo que a grelina estimula o apetite. O tecido adiposo informa aos centros hipotalâmicos e núcleo do trato solitário no sistema nervoso central seus adequados estoques lipídicos, através de hormônios, como a leptina e adiponectina. No sistema nervoso central, neurotransmissores, como neuropeptídeo Y, participam de informações que veiculam aumento do apetite, e a melanocortina informações de saciedade. ETIOLOGIA 1. Primária: representa 95% dos casos. É resultado da interação de múltiplos fatores como genética, hábitos alimentares, comportamentais e sedentarismo. Também é referida como obesidade exógena; 2. Secundária: representa uma minoria dos casos: 5%. Neste grupo, estão incluídas as condições patológicas que produzem a obesidade, como síndromes genéticas/cromossômicas, distúrbios endócrino-metabólicos, medicamentos e doenças neurológicas. Geralmente, são verificados, além do aumento do peso, baixa estatura, deficiência intelectual e outras malformações associadas. Obs: Ao avaliar uma questão de obesidade, sempre observe como é a estatura da criança. As crianças com obesidade exógena terão estatura normal ou mesmo elevada. Nos casos em que a obesidade está associada a alguma endocrinopatia subjacente, é comum a presença de baixa estatura ou de alteração na velocidade de crescimento. DIAGNÓSTICO Não existe apenas um sistema de classificação de obesidade na infância e adolescência que seja universalmente aceito. Porém, as classificações mais comuns avaliam a relação peso/estatura e o IMC. A circunferência abdominal na infância apesar de se limitar na ausência de pontos de corte bem definidos é importante, pois elevados valores nas crianças estão associados a várias alterações metabólicas. A relação entre a circunferência abdominal e a estatura deve ser ≤ a 0,5 MINISTÉRIO DA SAÚDE E SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA: 1) Entre 0 e 5 anos podemos usar dois gráficos: peso/estatura ou IMC/idade; entre 5 e 19 anos usamos apenas gráfico de IMC/idade; 2) A classificação entre 0 e 5 anos é diferente da classificação entre 5 e 19 anos. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 NELSON 1) Essa classificação usa apenas dois pontos de corte: percentil 85 e percentil 95 da curva do CDC/NCHS; 2) Essa classificação se destina apenas à avaliação das crianças com mais de dois anos de idade. AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR Na última edição do Tratado de Pediatria, publicada em 2017, encontramos a recomendação para a realização dos seguintes exames: dosagem de triglicerídeos, colesterol total e frações, glicemia e insulinemia de jejum, AST, ALT, gama-GT, US hepático e avaliação da composição corporal. PREVENÇÃO A adoção e a manutenção de hábitos de vida saudáveis devem ser a base para a prevenção da obesidade e outras doenças crônicas; As orientações devem ser direcionadas para o estágio de desenvolvimento da criança e respeitarem as características socioeconômicas, culturais e psicológicas das famílias; Estimula-se a adoção de dietas ricas em alimentos com baixa densidade calórica (vegetais, frutas, grãos integrais, carnes magras, peixes, legumes) e pobres em alimentos com alta densidade calórica (frituras, doces, molhos calóricos); Todas as formas de atividades sedentárias, incluindo TV e outras formas de entretenimento eletrônico,devem ser excluídas para crianças de até dois anos e terem duração máxima de até duas horas por dia após essa idade. Deve-se promover a prática de atividades físicas diariamente, por 60 minutos ao dia; A prevenção da obesidade deve começar antes dos dois anos de idade, através do controle do peso materno antes da concepção, ganho ponderal durante a gestação, aconselhamento sobre amamentação, ganho ponderal adequado durante os primeiros meses de vida, uso de alimentos saudáveis durante o desmame. TRATAMENTO O tratamento da obesidade é complexo e envolve vários aspectos, como: abordagem dietética, modificação do estilo de vida, ajustes na dinâmica familiar, incentivo à prática de atividade física e apoio psicossocial. Os objetivos do tratamento podem ser apenas a manutenção do peso ou a redução progressiva do mesmo. Isso irá variar conforme a idade da criança e a presença de comorbidades. As metas do tratamento do sobrepeso e obesidade são as seguintes: ● Sobrepeso (p85 < IMC < 95) 1. Sem comorbidade – objetiva-se a manutenção do peso. 2. Com comorbidade – objetiva-se a manutenção do peso para crianças menores de sete anos e redução do peso para crianças acima de sete anos. ● Obesidade (IMC > p95) 1. Sem comorbidade – objetiva-se a manutenção do peso para crianças menores de sete anos e redução de peso para aquelas acima desta idade. 2. Com comorbidade - objetiva-se a redução de peso. 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 TRATAMENTO DIETÉTICO: O planejamento deve ser individualizado e instituído de forma gradativa; Não há alimentos proibidos e mesmo os que apresentam maior densidade energética podem ser ingeridos com moderação. Deve ser feita uma avaliação cuidadosa do comportamento da criança e alguns hábitos devem ser aos pouco corrigidos (mastigação rápida, comer na frente da TV). O objetivo é que o paciente passe a realizar seis refeições por dia (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia) e que exista um intervalo de cerca de três horas entre cada uma. Além disso, a duração das refeições deve ser adequada, devendo ocorrer em local apropriado e agradável – a criança deve sentar-se à mesa, em ambiente tranquilo, na companhia de seus familiares. Aos poucos, deve ser proposta a redução gradativa da quantidade de alimentos consumidos em excesso. A redução muito acentuada da quantidade pode deixar o paciente com fome e isso irá dificultar a adesão. ATIVIDADE FÍSICA Recomenda-se que, após dois anos, as crianças realizem pelo menos 60 minutos de atividades físicas moderadas ou vigorosas diariamente! Lembrando que a atividade física para crianças deve ser lúdica. O esporte, por sua vez, é a atividade física relacionada à competição e visando resultados. Os maiores benefícios associados ao esporte na infância são a melhora da socialização (funcionamento do conjunto), respeito a regras e limites, empenho e dedicação, e desenvolvimento emocional para lidar com a vitória e a derrota. MEDICAMENTOS As medicações para obesidade em pediatria são reservadas apenas para os casos que apresentam comorbidades graves associadas, e se associada à obesidade houver doença psiquiátrica que a promova (ex.: compulsão alimentar, depressão). Devem ser usados apenas como coadjuvantes ao tratamento principal, que inclui a educação nutricional e a atividade física. 6. COMPREENDER AS COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE A LONGO E CURTO PRAZO, CARDIOVASCULARES Hipertensão arterial (definida pela PA aferida em três ocasiões diferentes, na posição sentada e com manguito/técnica adequada), acima do percentil 95 para idade, sexo e estatura. Além de aterosclerose, aumento do debito cardíaco e hipervolemia. A síndrome metabólica é caracterizada pela associação entre obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia e alterações no metabolismo glicídico. Abaixo dos dez anos, o diagnóstico de síndrome metabólica não é feito, mas é evidente que a sua prevenção deve ser estimulada. RESPIRATÓRIAS Redução da complacência pulmonar, redução do volume residual, tendência a hipóxia e à hipercapnia. A síndrome de Pickwick é uma síndrome de hipoventilação crônica associada à obesidade grave caracterizada por apneia do sono, roncos e sonolência diurna. METABOLISMO LIPÍDICO: Aumento dos triglicerídeos e LDL-colesterol, com redução do HDL-colesterol. METABOLISMO GLICÍDICO: Resistência insulínica, intolerância à glicose e diabetes mellitus tipo 2. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 ESQUELÉTICAS: Maior trauma articular pelo excesso de peso, tendência a valgismo em joelhos, epifisiólise da cabeça femural, lordose lombar, cifose dorsal, marcha de base alargada, encurvamento da tíbia. FÍGADO: Tendência à infiltração gordurosa hepática (esteatose) com risco aumentado de evolução para fibrose e cirrose, colelitíase. A esteatose hepática não alcoólica ocorre em 10- 25% dos adolescentes obesos e atualmente já é a principal causa de doença hepática crônica em crianças e adolescentes obesos nos EUA. GASTROINTESTINAIS: Refluxo gastresofágico e constipação intestinal. GENITURINÁRIAS: Pubarca precoce, síndrome dos ovários policísticos e incontinência urinária. PELE: Estrias, acantose nigricans (escurecimento de dobras cutâneas traduzindo resistência insulínica), candidíase cutânea, celulite, acne, furunculose e hirsutismo. NEUROLÓGICAS: Síndrome do pseudotumor cerebral, transtornos psicossociais: depressão, baixa autoestima, dificuldades escolares, isolamento social 7. ENTENDER AS MEDIDAS DE TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA OBESIDADE COMO MEDIDA DE SAÚDE PÚBLICA. Tratamento não medicamentoso: Objetivo ideal: normalização do IMC. Objetivo razoável: redução de 5% do peso corpóreo. Objetivo ótimo: redução de 10% do peso corpóreo. Meta: redução de 5-10% do peso em 6 meses. 1. Reeducação alimentar: Visar a um déficit calórico moderado — de 500 a 1.000 kcal/d, na ingesta —, preferencialmente em longo prazo, e um balanço energético negativo. OBS: Depois que o indivíduo perde algum peso, nas primeiras semanas, com relativa facilidade, surge um mecanismo de compensação, que determina que a velocidade de perda de peso diminua dali em diante. Por isso se escolhe uma dieta moderada e não restrita (paciente desiste e engorda bem mais). 2. Atividade física: Evita a perda de massa magra — músculo —, que, normalmente, ocorre com a restrição calórica e ajuda a manter um gasto energético adequado, além de melhorar a capacidade física e produzir impacto positivo sobre os fatores de risco cardiovascular. (30-60 min/ 3x na semana). 3. Psicoterapia comportamental: Auxilia no controle dos estímulos que desencadeiam a busca por alimento, no manejo do estresse e na prevenção de recaídas. Os suportes social e familiar são importantes. Tratamento medicamentoso: Indicado: IMC maior que 30, quando falha no tratamento não medicamentoso. OBS: Guidelines americanos sugerem que a farmacoterapia também é uma opção para pacientes com IMC superior ou igual a 25 ou 27 kg/m2 que tenham comorbidades significativas associadas ao excesso de peso; no entanto, no Brasil, ainda se usa sibutramina, que é contraindicada a pessoas com IMC abaixo de 30 kg/ m2. Anvisa libera para obesidade: 1. SIBUTRAMINA: A sibutramina bloqueia a recaptação de noradrenalina e serotonina no sistema nervoso central, o que leva a uma ação sacietógena, reduzindo a quantidade de calorias ingeridas em cada refeição. Droga segura para uso por até 2 anos. Dose inicial de 10mg/dia, podendo variar até 15mg/dia. Receituário B2- azul enumerado. Em 2010, um estudo multicêntrico em diversos continentes (SCOUT) com indivíduos com mais de 55 anos, IMC acima de 25 e DM2ou doença cardiovascular prévia demonstrou que o uso de sibutramina esteve associado a risco 16% maior de eventos cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral não fatais. E por isso é contraindicado: 6 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Cardiopatias: arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva; Hipertensão arterial não controlada — PA acima de 145x90 mmHg; Doenças psiquiátricas, como síndrome do pânico e transtorno bipolar, ou uso de inibidores da monoaminoxidase (MAO); Glaucoma grave; Doença arterial periférica; História prévia de doenças cardiovasculares ou cerebrovasculares; DM2 associado a mais um fator de risco cardiovascular; IMC abaixo de 30 kg/m2; Idade abaixo de 18 ou acima de 65 anos; Uso de outras medicações com ação no sistema nervoso central; Falta de resposta — perda mínima de 2 kg — após quatro semanas de uso da droga. 2. ORLISTATE: O orlistate reduz a absorção de gordura — na forma de triglicérides — da dieta em 30%, pela inibição das lipases intestinais, com perdas de peso bem mais modestos que a sibutramina. Também reduz a recuperação de peso pela metade após o primeiro ano de tratamento. Há evidências de que é uma droga segura para uso prolongado e ocasiona alterações benéficas no perfil lipídico, como redução de colesterol total e LDL, nos níveis pressóricos, na EHNA e no controle glicêmico em DM2. Pode, inclusive, prevenir o surgimento de diabetes — redução de risco de 37% em quatro anos — em indivíduos de alto risco. Dose: 60-120mg, 2-3x ao dia. Pode causar deficientes de vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K). Efeitos colaterais: GTI – urgência fecal. 3. LIRAGLUTIDA: Os análogos de GLP-1 são drogas injetáveis — uso subcutâneo — usadas para tratar Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e que levam à diminuição do peso por mecanismos centrais, diminuição do apetite, e periféricos, retardo do esvaziamento gástrico. A liraglutida foi testada em quem não tem diabetes, com finalidade exclusiva de perda de peso e é aprovada pela Anvisa, desde 2016, para este fim. Tratamento para diabetes: 0,6-1,8 mg/dia. Tratamento para obesidade: maior que 3mg/dia. Efeitos adversos: náusea e dor abdominal. OFF LABEL: 1. FLUOXETINA. Pode ser útil a obesos com depressão, ansiedade, bulimia ou transtorno de compulsão alimentar periódica. Geralmente necessita de doses altas (40-60mg) para ter o efeito sacietógeno. Discreta perda de peso (2-6kg), e acontece nos primeiros 6 meses. Estabiliza em seguida. A longo prazo, pode ganhar peso. Efeitos colaterais: cefaleia, insônia, perda da libido. LEMBRAR DA SERTRALINA também causa redução de peso. 2. BUPROPIONA: Trata-se de um antidepressivo bloqueador da recaptação de noradrenalina e dopamina, muito utilizado para a cessação do tabagismo, com efeito anorexígeno, que leva à perda de peso média de 2 a 5 kg em um ano, na dose de 400 mg. Pode causar convulsão em altas doses, motivo pelo qual é contraindicado a epilépticos. 3. TOPIRAMATO: DOSE: 100-200mg/dia. Perda de 4-9% em 6 meses. Não tem eficácia com uso prolongado. Efeitos colaterais: lembrar dos efeitos cognitivos. 4. METFORMINA: É um antidiabético oral que reduz a liberação hepática de glicose e pode se associar a discreta redução de peso, em média, de 2 a 5 kg em seis meses. Em geral, é considerado neutro no peso. Cirurgia bariátrica: Indicações: 1. Pacientes com o IMC >40. 2. Pacientes com IMC>35 + comorbidades graves que melhoram com a perda de peso. DM2, HAS, SOP, apneia do sono... 3. Idade maior que 18 anos e menor que 65 anos. (16-18 anos, >65 podem fazer risco/beneficio) 4. Tratamento clinico insatisfatório supervisiona, por pelo menos, dois anos. 5. Ausência de drogas ilícitas ou alcoolismo. 6. Ausência de quadros psicótico ou demenciais graves. 7 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 7. Risco cirúrgico aceitável. Técnicas: A técnica mais estudada e mais realizada ao longo do tempo, perdendo espaço atualmente para a gastrectomia vertical, descrita a seguir, é a gastroplastia com bypass gastrintestinal em Y de Roux, que se associa a perda de 35 a 40% do peso inicial em um ano, com redução da mortalidade em dez anos e expressiva melhora das comorbidades, levando à remissão do DM2 em cerca de 70%, hipertensão em 65% e apneia obstrutiva do sono em 40 a 80%. No entanto, devido ao desvio do duodeno e jejuno proximal do trânsito alimentar, é muito comum a carência de ferro, cálcio e vitaminas do complexo B, por menor absorção. A gastrectomia vertical — em manga, ou sleeve — ainda que leve à perda de peso menor que bypass, é a técnica cirúrgica mais utilizada atualmente por ser mais simples e levar à menor disabsorção. Remove 70 a 80% do estômago proximal ao antro e não exclui o duodeno do trânsito alimentar, por isso, não interfere na absorção de ferro, cálcio, zinco e vitaminas do complexo B. 8. DEFINIR DESNUTRIÇÃO, SUBNUTRIÇÃO E OBESIDADE, A desnutrição é a ingestão ou absorção inadequada de nutrientes necessários para satisfazer as necessidades energéticas para o funcionamento normal do corpo ou de crescimento do organismo, no caso das crianças. É uma condição mais grave nos idosos, crianças ou mulheres grávidas que pode até levar à morte, se muito severa, quando o índice de massa corporal é inferior à 18 Kg/m2. A subnutrição é uma alimentação insuficiente, pouco nutritiva, que não traz o necessário para que uma pessoa se mantenha saudável e tenha um bom desenvolvimento. A obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Classicamente, uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m². 9. ELUCIDAR OS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS ENVOLVIDOS NA OBESIDADE
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