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Maria Eduarda Almeida - Med 4 çã ê çõ -Objetivos: 1. Descrever o sistema motor piramidal 1.1. Vias 1.2. Funcionalidade 1.3. 1º e 2º neurônio motor 2. Descrever as síndromes piramidais 3. Descrever os níveis de consciência O sistema motor somático O controle motor pode ser dividido em duas partes: (1) o comando e o controle da medula espinhal sobre a contração muscular coordenada, e (2) o comando e o controle do encéfalo sobre os programas motores na medula espinhal. O músculo esquelético constitui a maior parte da massa muscular do corpo e sua função é mover os ossos em torno das articulações, mover os olhos na cabeça, inalar e exalar, controlar a expressão facial e produzir a fala. Cada músculo esquelético é coberto por uma camada de tecido conectivo que forma os tendões na extremidade de cada músculo. Dentro de cada músculo há centenas de fibras musculares, as células do músculo esquelético, e cada fibra é inervada por uma única ramificação axônica do sistema nervoso central (SNC). Visto que o músculo esquelético é derivado embriologicamente de 33 pares de somitos, esses músculos e as partes do sistema nervoso que os controlam são chamados coletivamente de sistema motor somático, que está submetido ao controle voluntário e é responsável por gerar o comportamento. O neurônio motor inferior A musculatura somática é inervada pelos neurônios motores somáticos do corno ventral da medula espinhal. Estas células também são chamadas de neurônios motores inferiores para as distinguir das de ordem superior, os neurônios motores superiores do cérebro que fornecem as vias para a medula espinhal. É preciso lembrar que apenas os neurônios motores inferiores comandam diretamente a contração muscular → via final comum para o controle do comportamento. A Organização Segmentar dos Neurônios Motores Inferiores Os axônios dos neurônios motores inferiores se agrupam para formar as raízes ventrais; cada raiz ventral se junta a uma raiz dorsal para, então, formar um nervo espinhal que deixa a medula espinhal através de espaços entre as vértebras. O número de nervos espinhais é o mesmo que o de espaços entre as vértebras, o que, na espécie humana, contabiliza 30 de cada lado. Eles são chamados de nervos espinhais mistos, visto que contêm fibras sensoriais e motoras. Os neurônios motores que proveem fibras para um nervo espinhal pertencem a um segmento espinhal, cujo nome é o da vértebra de onde o nervo se origina. Os segmentos são os cervicais (C) 1 a 8, os torácicos (T) 1 a 12, os lombares (L) 1 a 5 e os sacrais (S) 1 a 5. Os músculos esqueléticos não estão distribuídos de forma homogênea pelo corpo, tampouco os neurônios motores inferiores estão distribuídos homogeneamente na medula espinhal. Os neurônios motores inferiores também estão distribuídos no corno ventral de cada segmento espinhal de um modo previsível, dependendo de sua função. AES 10 P 4 Maria Eduarda Almeida - Med 4 A distribuição de neurônios motores na medula espinhal. A intumescência cervical da medula espinhal contém os neurônios motores que inervam os músculos do braço. A intumescência lombar contém os neurônios que inervam os músculos da perna. Existem duas categorias de neurônios motores inferiores da medula espinhal: neurônios motores alfa e neurônios motores gama. Neurônio motores alfa Os neurônios motores alfa são diretamente responsáveis pela geração de força pelo músculo. Um neurônio motor alfa e todas as fibras musculares que ele inerva coletivamente compõem o componente elementar do controle motor, o que é chamado de unidade motora. A contração muscular resulta das ações individuais e combinadas de unidades motoras. A coleção de neurônios motores alfa que inerva um determinado músculo (p. ex., o bíceps braquial) é chamada de conjunto de neurônios motores. O Controle Graduado da Contração Muscular pelos Neurônios Motores Alfa VARIAÇÃO DA TAXA DE DISPARO A primeira forma de controle da contração muscular pelo SNC é variando a taxa de disparo dos neurônios motores. O neurônio motor alfa comunica-se com a fibra muscular, liberando o neurotransmissor acetilcolina (ACh) na junção neuromuscular, a sinapse especializada entre o nervo e o músculo esquelético. Devido à grande eficiência da transmissão neuromuscular, a ACh liberada em resposta a um potencial de ação pré- sináptico causa um potencial excitatório pós- sináptico (PEPS) na fibra muscular (também chamado de potencial da placa motora) que é intenso o suficiente para desencadear um potencial de ação pós-sináptico. Por meio de mecanismos, um potencial de ação pós-sináptico provoca um abalo – uma rápida resposta de contração seguida de relaxamento da fibra muscular. Uma contração sustentada requer uma sequência contínua de potenciais de ação. Da mesma forma que outros tipos de transmissão sináptica, uma atividade pré- sináptica de alta frequência causa uma somação temporal das respostas pós-sinápticas. A somação dos abalos aumenta a tensão das fibras musculares e suaviza a contração. A frequência de disparos das unidades motoras é, assim, uma maneira importante pela qual o SNC gradua as contrações musculares. RECRUTAMENTO DE UNIDADES MOTORAS SINÉRGICAS ADICIONAIS A segunda maneira pela qual o SNC gradua a contração muscular é recrutando unidades motoras sinérgicas adicionais. A tensão extra provida pelo recrutamento de uma unidade motora ativa depende de quantas fibras musculares há nessa unidade. Nos músculos antigravitacionais da perna (músculos que se opõem à gravidade quando se fica de pé), cada unidade motora tende a ser relativamente grande, com uma média de inervação de mais de mil fibras musculares para um único neurônio motor alfa. Em contrapartida, os músculos menores que controlam os movimentos dos dedos das mãos e a rotação dos olhos são caracterizados por terem uma razão de inervação muito menor, como até três fibras musculares por neurônio motor alfa. Em geral, os músculos com uma maior quantidade de pequenas unidades motoras podem ser mais finamente controlados pelo SNC. A maioria dos músculos contém unidades motoras de vários tamanhos, as quais são recrutadas em ordem, da menor à maior. Esse recrutamento ordenado explica por que é possível ter um controle mais fino quando os músculos estão submetidos a uma carga leve do que quando estão sob uma carga mais pesada. Maria Eduarda Almeida - Med 4 Aferências para os Neurônios Motores Alfa Os neurônios motores alfa ativam os músculos esqueléticos. Assim, para compreender o controle dos músculos, temos de compreender o que regula os neurônios motores. Os neurônios motores inferiores são controlados por sinapses no corno ventral. Existem apenas três fontes principais de entradas para um neurônio motor alfa: 1. A primeira são células ganglionares da raiz dorsal com axônios provenientes de um dispositivo sensorial especializado no interior do músculo, conhecido como fuso muscular. Essa entrada fornece um sinal de retroalimentação, informando o comprimento do músculo. 2. A segunda fonte provém de neurônios motores superiores localizados no córtex cerebral motor e no tronco encefálico. Essa entrada é importante para o início e para o controle do movimento voluntário. 3. A terceira e maior delas deriva de interneurônios da medula espinhal. Essa entrada pode ser excitatória ou inibitória e faz parte da circuitaria que gera os programas motores espinhais. Tipos de unidades motoras 1) Fibras lentas (fibras musculares escuras) S: grande quantidade de mitocôndrias e enzimas especializadas para o metabolismo oxidativo energético. Lentas para contrair, mas podem sustentar a contração por um longo tempo sem fadiga. 2) Fibras rápidas (fibras musculares brancas) F:poucas mitocôndrias, metabolismo anaeróbio (sem oxigênio). Contraem de forma rápida e poderosa, contudo fadigam mais rapidamente do que as fibras lentas. Podem ser divididas em 2 subtipos: 2.1) Fibras resistentes à fadiga FR: Contrações moderadamente fortes e rápidas e são relativamente resistentes à fadiga. 2.2) Fibras facilmente fatigáveis FF: Contrações mais fortes e rápidas, mas entram em exaustão rapidamente quando estimulada em alta frequência por longos períodos. Embora todos os três tipos de fibras musculares possam coexistir (o que é o mais comum) em um determinado músculo, cada unidade motora contém fibras musculares de um único tipo. Assim, existe um tipo de unidade motora lenta que contém apenas fibras vermelhas lentamente fatigantes, e existem dois tipos de unidades motoras rápidas, cada uma contendo fibras brancas, ou FR ou FF. Pareamento neuromuscular As propriedades do músculo são determinadas exclusivamente pelo tipo de inervação que ele recebe. Se for um contato sináptico de um neurônio motor rápido, ele torna-se uma fibra rápida, e se for um contato sináptico de um neurônio motor lento, ele torna-se uma fibra lenta. Experimento em que a inervação normal de um músculo rápido foi removida e substituída por um nervo que normalmente inerva um músculo lento. O resultado desse procedimento foi que o músculo adquiriu propriedades de fibra lenta, não apenas uma mudança do tipo de contração (lenta, resistente à fadiga), mas também da bioquímica subjacente. Essa mudança é referida como uma troca do fenótipo muscular – suas características físicas –, já que os tipos de proteínas expressas pelo músculo foram alterados pela nova inervação. Sugerem a possibilidade de que os neurônios trocam o fenótipo em consequência da atividade sináptica (experiência) e de que isso pode ser a base para o aprendizado e para a memória EX: HIPERTROFIA e ATROFIA. Experimento de inervação cruzada. Forçar os neurônios motores lentos a inervarem um músculo de contração rápida faz o músculo assumir propriedades lentas de contração. Maria Eduarda Almeida - Med 4 Acoplamento excitação-contração A contração muscular é iniciada pela liberação de acetilcolina (ACh) a partir dos terminais axonais dos neurônios motores alfa. A ACh produz um grande PEPS na membrana pós-sináptica devido à ativação de receptores colinérgicos nicotínicos. Pelo fato de a membrana da célula do músculo conter canais de sódio dependentes de voltagem, esse PEPS é o suficiente para evocar um potencial de ação na fibra muscular. Pelo processo de acoplamento excitação-contração, esse potencial de ação (excitação) desencadeia a liberação de Ca2+ a partir de uma organela no interior da fibra muscular, o que leva à contração da fibra. O relaxamento ocorre quando os níveis de Ca2+ são reduzidos por recaptação para dentro da organela. Podemos resumir os passos do acoplamento excitação-contração da seguinte maneira: Excitação 1. Um potencial de ação ocorre no axônio de um neurônio motor alfa. 2. A ACh é liberada pelo terminal axonal do neurônio motor alfa na junção neuromuscular. 3. Os canais dos receptores nicotínicos abrem-se, e o sarcolema pós-sináptico despolariza (PEPS). 4. Os canais de sódio dependentes de voltagem no sarcolema são abertos e um potencial de ação é gerado na fibra muscular, o qual se espalha pelo sarcolema e para dentro dos túbulos T. 5. A despolarização dos túbulos T provoca a liberação de Ca2+ a partir do RS. Contração 1. O Ca2+ liga-se à troponina. 2. A tropomiosina muda de posição e os locais de ligação da miosina com a actina ficam expostos. 3. As cabeças de miosina conectam-se à actina. 4. As cabeças de miosina fazem um movimento de rotação. 5. Um ATP se liga a cada cabeça de miosina e desengata da actina. 6. O ciclo continua enquanto Ca2+ e ATP estão presentes. Relaxamento 1. Quando os PEPSs deixam de ocorrer, o sarcolema e os túbulos T retornam ao seu potencial de repouso. 2. O Ca2+ é sequestrado pelo RS por uma bomba dependente de ATP. 3. Os locais de ligação da miosina na actina são cobertos pela tropomiosina. Controle espinhal de unidades motoras Propriocepção dos Fusos Musculares No interior da maioria dos músculos esqueléticos existem estruturas especializadas, chamadas de fusos musculares. Um fuso muscular, também chamado de receptor de estiramento, é constituído por vários tipos de fibras musculares esqueléticas especializadas contidas em uma cápsula fibrosa. O terço médio da cápsula é alargado, dando à estrutura a forma que lhe dá o nome. Nessa região central (equatorial), os axônios sensoriais do grupo Ia enrolam-se nas fibras musculares do fuso. Os fusos e os axônios Ia a eles associados, especializados em detectar alterações do comprimento (estiramento) muscular, são exemplos de proprioceptores. Esses receptores são um componente do sistema somatossensorial especializado na “sensação corporal”, ou propriocepção*, que informa como o nosso corpo se posiciona e se move no espaço. Os axônios do grupo I são os axônios mais grossos e mielinizados do corpo, o que significa uma condução dos potenciais de ação muito rápida. Nesse grupo, os axônios Ia são os maiores e mais rápidos. Os axônios Ia penetram na medula espinhal através das raízes dorsais, ramificam-se várias vezes e formam sinapses excitatórias sobre os interneurônios e os neurônios motores alfa dos cornos ventrais. As aferências Ia são também muito poderosas. Um único axônio Ia estabelece sinapses com praticamente todo o conjunto de neurônios motores alfa que inerva o músculo onde se encontra o fuso. Maria Eduarda Almeida - Med 4 O Reflexo de Estiramento Quando um músculo é estirado, ele tende a reagir encurtando-se (contraindo-se). O fato de este reflexo de estiramento, por vezes chamado de reflexo miotático, envolver retroalimentação sensorial do músculo foi mostrado por meio do corte das raízes dorsais. Mesmo que os neurônios motores alfa tenham sido mantidos intactos, o procedimento eliminou o reflexo de estiramento e provocou a perda do tônus muscular. Os neurônios motores recebem uma entrada sináptica contínua dos músculos. Trabalhos posteriores mostraram que a descarga dos axônios sensoriais Ia está intimamente relacionada com o comprimento do músculo. À medida que o músculo é estirado, a descarga aumenta; quando o músculo encurta, a descarga diminui. O axônio Ia e os neurônios motores alfa nos quais faz sinapse constituem o arco reflexo de estiramento monossináptico – “monossináptico” porque apenas uma sinapse separa a entrada sensorial primária do neurônio motor de saída. Esse arco reflexo serve de alça de retroalimentação antigravitacional. Quando um peso é colocado no músculo, e o músculo começa a se alongar, o fuso muscular é estirado. O estiramento da região central do fuso leva a uma despolarização dos terminais do axônio Ia, pois canais iônicos mecanossensíveis se abrem. O aumento resultante da descarga de potenciais de ação dos axônios Ia despolariza sinapticamente os neurônios motores alfa, que respondem com um aumento de suas frequências de potenciais de ação. Isso faz o músculo se contrair e, portanto, encurtar. EX: REFLEXO PATELAR. Neurônios Motores Gama O fuso muscular contém fibras musculares esqueléticas modificadas dentro de sua cápsula fibrosa. Essas fibras musculares são chamadas de fibras intrafusais para as distinguir das fibras extrafusais, mais numerosas, que estão fora do fuso e formam a massa muscular. Uma diferença importante entre os dois tipos de fibras musculares é que apenas as fibras extrafusais são inervadas pelos neurônios motores alfa. As fibras intrafusais recebem sua inervação motora de um outro tipo de neurônio motor inferior, chamadode neurônio motor gama. ! ATENÇÃO ! Imagine uma contração muscular comandada por um neurônio motor superior. Os neurônios motores alfa respondem, as fibras extrafusais contraem-se e o músculo encurta. Se eles afrouxassem, os axônios Ia silenciariam, e o fuso ficaria “fora do ar”, não mais fornecendo informações sobre o comprimento do músculo. No entanto, isso não acontece, porque os neurônios motores gama também são ativados. Esses neurônios gama inervam as fibras musculares intrafusais nas duas extremidades do fuso muscular. Sua ativação causa a contração dos dois polos do fuso muscular, tracionando, portanto, a região central não contrátil e mantendo os axônios Ia ativos. Observe que a ativação dos neurônios motores alfa e gama tem efeitos opostos sobre a saída Ia. A ativação alfa, por si só, diminui a atividade Ia, ao passo que a ativação gama a aumenta. Durante a maioria dos movimentos normais, os neurônios motores alfa e gama são ativados simultaneamente pelos comandos descendentes provenientes do encéfalo. Ao regular o ponto estabelecido da alça de retroalimentação miotática, a alça gama fornece um controle adicional dos neurônios motores alfa e da contração muscular. ALÇA GAMA: CIRCUITO Neurônio motor gama → fibra muscular intrafusal → axônio aferente Ia → neurônio motor alfa → fibras musculares extrafusais. Propriocepção dos órgãos tendinosos de golgi Outro sensor no músculo esquelético é o órgão tendinoso de Golgi, que funciona como um medidor Maria Eduarda Almeida - Med 4 de tensão muito sensível, ou seja, ele monitora a tensão muscular ou a força de contração. Os órgãos tendinosos de Golgi estão localizados na junção do músculo com o tendão e são inervados por axônios sensoriais do grupo Ib, os quais são ligeiramente mais finos que os axônios Ia que invervam os fusos musculares. Os órgão de golgi estão em um arranjo anatômico diferente dos fusos musculares com o objetivo de obter informações diferente para a medula: 1) A atividade Ia do fuso codifica a informação do comprimento muscular. 2) A atividade Ib do órgão tendinoso de Golgi codifica a informação da tensão muscular. Os axônios Ib entram na medula espinhal, ramificam-se repetidamente e fazem sinapse em interneurônios especiais, chamados de interneurônios inibitórios Ib, no corno ventral. Os interneurônios Ib também recebem conexões de outros receptores sensoriais e de vias descendentes. Alguns dos interneurônios Ib formam conexões inibitórias com os neurônios motores alfa que inervam o mesmo músculo (Figura 13.24). Esta é a base para outro reflexo espinhal. Em circunstâncias extremas, este arco reflexo Ib pode proteger o músculo de ser sobrecarregado. No entanto, sua função normal é a de regular a tensão muscular dentro de uma faixa ideal. À medida que a tensão muscular aumenta, a inibição do neurônio motor alfa diminui a contração muscular; à medida que a tensão do músculo diminui, a inibição do neurônio motor alfa diminui, e a contração muscular aumenta. Acredita-se que esse tipo de retroalimentação proprioceptiva seja particularmente importante para a execução de atos motores finos, como a manipulação de objetos frágeis, que requer uma preensão estável, porém não muito forte. Propriocepção das articulações Vários axônios proprioceptivos estão presentes nos tecidos conjuntivos das articulações, especialmente no tecido fibroso que envolve as articulações (cápsulas articulares) e ligamentos. Esses axônios mecanossensíveis respondem a mudanças de ângulo, direção e velocidade de movimento em uma articulação. A maioria se adapta rapidamente, isto é, a informação sensorial sobre uma articulação em movimento é grande, mas poucos são os neurônios que codificam a posição parada de uma articulação. Mesmo assim, temos muito boa capacidade para julgar a posição de uma articulação, mesmo com nossos olhos fechados. Parece que as informações dos receptores articulares, dos fusos musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi e, provavelmente, dos receptores na pele se combinam no SNC para estimar o ângulo da articulação. A remoção de uma fonte de informação pode ser compensada pelas outras. Quando um quadril acometido pela artrite é substituído por aço e plástico, os pacientes ainda podem sentir o ângulo entre a coxa e sua pelve, mesmo que todos os seus mecanorreceptores da articulação do quadril estejam em um frasco de formol. Interneurônios Espinhais As ações das aferências Ib provenientes de órgãos tendinosos de Golgi sobre os neurônios motores alfa dependem de conexões unicamente polissinápticas, todas mediadas por interneurônios espinhais. De fato, a maioria das conexões sobre os neurônios motores alfa se origina de interneurônios da medula espinhal. Os interneurônios espinhais recebem conexões sinápticas de axônios sensoriais primários, de axônios descendentes do encéfalo e de axônios colaterais de neurônios motores inferiores. Os interneurônios estão conectados entre si, de modo que programas motores coordenados podem ser gerados em resposta às várias aferências que a eles se projetam. Entrada inibitória A flexão do cotovelo precisa de uma flexão via reflexo miotático, mas requer o relaxamento dos músculos antagonistas, no caso os extensores. Maria Eduarda Almeida - Med 4 A contração de um conjunto de músculos acompanhada pelo relaxamento dos músculos antagonistas é chamada de inibição recíproca. No caso do reflexo miotático, a inibição recíproca ocorre porque as vias aferentes Ia fazem sinapse com interneurônios espinhais inibitórios que fazem contato com neurônios motores alfa dos músculos antagonistas. Entrada excitatória Um exemplo de reflexo mediado em parte por interneurônios excitatórios é o reflexo flexor. As fibras nociceptivas que penetram na medula espinhal ramificam-se profusamente e ativam interneurônios em vários segmentos da medula espinhal. Essas células podem excitar neurônios motores alfa que controlam todos os músculos flexores do membro afetado (e, obviamente, interneurônios inibitórios são também recrutados para inibir os alfa que controlam os extensores). Nesse caso da tachinha, ocorre o reflexo extensor- cruzado: Como em uma perna ocorreu a ativação da flexão dos músculos e a inibição da extensão dos antagonistas. Na outra perna, com o intuito de não fazer cair a pessoa, ocorre a ativação dos músculos extensores e a inativação dos flexores. Controle encefálico do movimento O sistema motor central está organizado em níveis hierárquicos de controle, com o prosencéfalo no topo e a medula espinhal na base. É útil pensar nesse controle motor hierárquico como tendo três níveis. O nível mais alto, representado pelas áreas de associação do neocórtex e pelos núcleos da base do prosencéfalo, está envolvido com a estratégia: a finalidade do movimento e a estratégia do movimento que melhor atinge essa finalidade. O nível intermediário, representado pelo córtex motor e pelo cerebelo, está relacionado com a tática: as sequências de contrações musculares, orientadas no espaço e no tempo, necessárias para atingir, de forma suave e acurada, a meta estratégica. O nível mais baixo, representado pelo tronco encefálico e pela medula espinhal, é relativo à execução: ativação do neurônio motor e de conjuntos de interneurônios que geram o movimento direcionado à meta e realizam todo e qualquer ajuste postural necessário. O funcionamento adequado de cada nível da hierarquia do controle motor depende tanto da informação sensorial que o sistema motor central poderia ser considerado, de fato, um sistema sensório-motor. No nível mais alto, a informação sensorial gera uma imagem mental do corpo e sua relação com o ambiente. No nível intermediário, as decisões táticas baseiam-senas memórias das informações sensoriais de movimentos passados. No nível mais baixo, a retroalimentação sensorial é utilizada para manter a postura, o comprimento e a tensão muscular, antes e após cada movimento voluntário. Tractos espinhais descendentes Como o encéfalo se comunica com os motoneurônios da medula espinhal? Axônios descem desde o encéfalo ao longo da medula espinhal, através de dois grupos principais de vias. Uma dessas vias é a coluna lateral da medula e a outra é a coluna ventromedial. Lembre-se dessa regra de ouro: as vias laterais estão envolvidas no movimento voluntário da musculatura distal e estão sob controle cortical direto; as vias ventromediais estão envolvidas no controle da postura e da locomoção e estão sob o controle do tronco encefálico. As vias laterais consistem nos tractos corticospinal e rubrospinal e controlam os movimentos voluntários da musculatura distal. As vias ventromediais consistem nos tractos reticulospinais bulbar e pontino, vestibulospinal e tectospinal e controlam os músculos posturais. Maria Eduarda Almeida - Med 4 As Vias Laterais O componente mais importante das vias laterais é o tracto corticospinal. Originado no neocórtex, é o mais longo e um dos maiores tractos do sistema nervoso central (SNC). Dois terços dos axônios desse tracto têm origem nas áreas 4 e 6 do lobo frontal, denominado coletivamente de córtex motor. A maioria dos axônios remanescentes no tracto corticospinal deriva de áreas somatossensoriais do lobo parietal e serve para regular o fluxo de informação somatossensorial ao encéfalo. Os axônios oriundos do córtex passam através da cápsula interna, fazendo uma ponte entre o telencéfalo e o tálamo, cruzam a base do pedúnculo cerebral, uma grande coleção de axônios no mesencéfalo, e, então, passam através da ponte e se reúnem para formar um tracto na base do bulbo. O tracto forma uma protuberância, chamada de pirâmide bulbar, que passa sobre a superfície ventral bulbar. Quando seccionado, a secção transversal tem aspecto aproximadamente triangular, razão pela qual é chamado de tracto piramidal. Na junção do bulbo com a medula, o tracto piramidal cruza, ou decussa, na decussação das pirâmides. Isso significa que o córtex motor direito comanda diretamente o movimento do lado esquerdo do corpo e o córtex motor esquerdo controla os músculos do lado direito. À medida que os axônios vão cruzando, eles se reúnem na coluna lateral da medula e constituem o tracto corticospinal lateral. Os axônios do tracto corticospinal terminam na região dorsolateral dos cornos ventrais e na substância cinzenta intermediária, onde se encontram neurônios motores e interneurônios que controlam os músculos distais, particularmente os flexores. Um componente bem menor das vias laterais é o tracto rubrospinal, que se origina no núcleo rubro do mesencéfalo, assim denominado devido à sua tonalidade rósea em um encéfalo recém-dissecado. Os axônios do núcleo rubro decussam logo adiante, na ponte, e se reúnem com aqueles do tracto corticospinal na coluna lateral da medula. A principal origem de aferências ao núcleo rubro é a região do córtex frontal, que também contribui para o tracto corticospinal. → parece estar reduzido em seres humanos, com a maior parte de suas funções subordinada ao tracto corticospinal. As Vias Ventromediais As vias ventromediais possuem quatro tractos descendentes que se originam no tronco encefálico e terminam entre os interneurônios espinhais, controlando os músculos proximais e axiais. São eles: o tracto vestibulospinal, o tracto tectospinal, o tracto reticulospinal pontino e o tracto reticulospinal bulbar. As vias ventromediais utilizam informações sensoriais sobre equilíbrio, posição corporal e ambiente visual para manter, de forma reflexa, o equilíbrio e a postura corporal. Os Tractos Vestibulospinais Os tractos vestibulospinal e tectospinal mantêm o equilíbrio da cabeça sobre os ombros, à medida que o corpo se move no espaço, e a movem em resposta a novos estímulos sensoriais. Os tractos vestibulospinais originam-se nos núcleos vestibulares do bulbo, que transmitem informações sensoriais do labirinto vestibular no ouvido interno. O labirinto vestibular consiste em canais e cavidades no osso temporal, cheios de fluido, os quais estão intimamente associados à cóclea. O movimento do fluido nesse labirinto, que acompanha o movimento da cabeça, ativa células Maria Eduarda Almeida - Med 4 ciliadas que transmitem sinais para os núcleos vestibulares pelo nervo craniano VIII. Um dos componentes dos tractos vestibulospinais se projeta bilateralmente para a medula espinhal, ativando os circuitos espinhais cervicais que controlam os músculos do pescoço e das costas, a fim de guiar os movimentos da cabeça. A estabilidade da cabeça é importante, uma vez que ali estão nossos olhos; manter nossos olhos estáveis, mesmo com nosso corpo em movimento, garante que nossa imagem do mundo continue estável. Outro componente dos tractos vestibulospinais se projeta ipsilateralmente para baixo até a medula espinhal lombar. Ele nos ajuda a manter uma postura correta e equilibrada ao ativar os neurônios motores extensores das pernas. O Tracto Tectospinal O tracto tectospinal origina-se no colículo superior do mesencéfalo, o qual recebe aferências diretas da retina. Além das aferências da retina, o colículo superior recebe projeções do córtex visual, assim como aferências somatossensoriais e auditivas. Com essas aferências, o colículo superior constrói um mapa do mundo que está a nossa volta. A estimulação em um ponto desse mapa leva a uma resposta de orientação que comanda a cabeça e os olhos a se moverem de modo que o ponto apropriado no espaço é projetado exatamente sobre a fóvea. A ativação do colículo pela imagem de alguém correndo em direção à segunda base, por exemplo, faria o arremessador orientar sua cabeça e seus olhos na direção desse novo e importante estímulo. Após deixar o colículo, os axônios do tracto tectospinal rapidamente decussam e projetam-se próximos da linha média para regiões cervicais da medula espinhal, onde ajudam a controlar os músculos do pescoço, de regiões superiores do tronco e dos ombros. Os Tractos Reticulospinais Pontino e Bulbar Os tractos reticulospinais originam-se principalmente da formação reticular do tronco encefálico, que perpassa longitudinalmente a parte mais interna do tronco encefálico, logo abaixo do aqueduto cerebral e do quarto ventrículo. A formação reticular é uma complexa malha de neurônios e fibras que recebe aferências de várias regiões e participa de muitas funções diferentes. Para os propósitos desta discussão acerca do controle motor, a formação reticular será dividida em duas partes que originarão dois tractos descendentes: o tracto reticulospinal pontino (medial) e o tracto reticulospinal bulbar (lateral). O tracto reticulospinal pontino aumenta os reflexos antigravitacionais da medula. A atividade nessa via facilita os extensores dos membros inferiores e, com isso, ajuda a manter a postura ereta, resistindo aos efeitos da gravidade. Esse tipo de regulação é um componente importante do controle motor. Tenha em mente que, na maior parte do tempo, a atividade dos neurônios do corno ventral mantém, em vez de mudar, o comprimento e a tensão muscular. O tracto reticulospinal bulbar tem, contudo, o efeito oposto: ele libera os músculos antigravitacionais do controle reflexo. A atividade em ambos os tractos reticulospinais é controlada por sinais descendentes oriundos do córtex. Um fino equilíbrio é necessário entre eles à medida que, por exemplo, o arremessador executa seu movimento, que vai desde estar parado na sua base até realizar o Maria EduardaAlmeida - Med 4 movimento apropriado para o arremesso e, então, arremessar a bola. Os tractos reticulospinais pontinho (medial) e bulbar (lateral). Esses componentes da via ventromedial controlam a postura do tronco e os músculos antigravitacionais dos membros. Resuminho vias Resumo simples dos principais tractos espinhais descendentes. As vias ventromediais originam-se em diferentes regiões do tronco encefálico e participam principalmente da manutenção da postura e de alguns movimentos reflexos. A iniciação de um movimento balístico voluntário, como lançar uma bola de beisebol, requer instruções que descem do córtex motor pelas vias laterais. O córtex motor ativa diretamente os neurônios motores espinhais e os libera do controle reflexo, comunicando-se com os núcleos das vias ventromediais. O planejamento do movimento pelo córtex cerebral Embora as áreas corticais 4 e 6 sejam chamadas de córtex motor, é importante reconhecer que o controle dos movimentos voluntários engloba quase a totalidade do neocórtex. Um movimento direcionado a um objetivo depende do conhecimento de onde o corpo está no espaço, para onde pretende ir e a escolha de um plano para lá chegar. Uma vez selecionado, o plano precisa ser mantido na memória até o momento apropriado. Por fim, instruções para a implementação do plano devem ser emitidas. Até certo ponto, esses diferentes aspectos do controle motor estão localizados em diferentes regiões do córtex cerebral. O Córtex Motor O córtex motor é uma região circunscrita do lobo frontal. A área 4 situa-se na região anterior ao sulco central, no giro pré-central, e a área 6 situa-se anteriormente à área 4. A área 4 é, atualmente, denominada córtex motor primário, ou M1. Foi encontrado dois mapas motores somatotopicamente organizados na área 6: um em uma região lateral, que chamou de área pré-motora (APM), e outro em uma região medial, chamada de área motora suplementar (AMS). Essas duas áreas parecem desempenhar funções similares, mas em grupos diferentes de músculos. Enquanto a AMS envia axônios que inervam diretamente unidades motoras distais, a APM conecta-se principalmente com neurônios reticulospinais que inervam unidades motoras proximais. Maria Eduarda Almeida - Med 4 As Contribuições dos Córtices Parietal Posterior e Pré-frontal Os lobos parietais estão amplamente interconectados com regiões anteriores do lobo frontal que, em seres humanos, se supõe serem importantes para o pensamento abstrato, à capacidade de tomada de decisão e à antecipação das consequências de ações. Essas áreas “pré- frontais”, juntamente ao córtex parietal posterior, representam os níveis superiores da hierarquia do controle motor, onde decisões são tomadas acerca de quais ações realizar e suas possíveis consequências (uma bola em curva que resultará em ponto – um strike). Ambos os córtices pré-frontal e parietal enviam axônios que convergem para a área cortical 6. Lembre-se que as áreas 6 e 4 contribuem, em conjunto, com a maioria dos axônios do tracto corticospinal descendente. Assim, a área 6 encontra-se na fronteira onde os sinais que codificam quais ações são convertidos em sinais que especificam como as ações serão realizadas. Neurônios-Espelho Alguns neurônios na área cortical 6 respondem não somente quando os movimentos são executados, mas também quando o mesmo movimento é apenas imaginado, ou seja, mentalmente ensaiado. Os neurônios-espelho parecem representar determinados atos motores, como alcançar, agarrar, segurar ou movimentar objetos, independentemente de realizar o ato ou simplesmente observar outros agindo. Cada célula tem preferências muito específicas de movimentos. Em geral, os neurônios- espelho parecem codificar os objetivos específicos de atos motores, em vez de determinados estímulos sensoriais. OBS: Alguns pesquisadores têm sugerido que neurônios-espelho disfuncionais são responsáveis por certas características de autismo, como a incapacidade de entender pensamentos, intenções, sentimentos e ideias de outros. Os núcleos da base A principal aferência subcortical para a área 6 origina-se em um núcleo do tálamo dorsal, o núcleo ventrolateral (VL). A aferência para essa parte do VL, chamada de VLo, surge dos núcleos da base, nas profundezas do telencéfalo. Os núcleos da base, por sua vez, são alvo do córtex cerebral, particularmente dos córtices frontal, pré-frontal e parietal. Assim, temos uma alça em que a informação cicla do córtex aos núcleos da base e ao tálamo e de volta para o córtex, em especial para a AMS. Uma das funções dessa alça parece ser a de seleção e iniciação de movimentos originados da nossa vontade. Vias Direta e Indireta dos Núcleos da Base A alça motora através dos núcleos da base se origina a partir de conexões excitatórias do córtex. Na via direta, as sinapses das células corticais excitam células no putâmen, que fazem sinapses inibitórias em neurônios no globo pálido, que, por sua vez, fazem conexões inibitórias com as células do VLo. A conexão talamocortical (do VLo até a AMS) é excitatória, facilitando o disparo das células relacionadas a movimentos na AMS. Em geral, a Maria Eduarda Almeida - Med 4 via direta permite que os núcleos da base estimulem a iniciação de movimentos desejados. A ativação cortical do putâmen leva à excitação da AMS pelo VL. Há também uma complexa via indireta através dos núcleos da base que tende a antagonizar as funções motoras da via direta. Informações do córtex passam através das vias diretas e indiretas em paralelo, e suas eferências, no final, regulam o tálamo motor. A particularidade da via indireta são o GPe e o núcleo subtalâmico. Os neurônios do estriado inibem as células do GPe, cuja função é inibir as células de ambos GPi e núcleo subtalâmico. Este último também é estimulado por axônios oriundos do córtex, e suas projeções excitam os neurônios do GPi que, como se sabe, inibem os neurônios talâmicos. Embora a ativação cortical da via direta tenda a facilitar o tálamo e a informação que por ele passa, a ativação cortical da via indireta tende a inibir o tálamo. Em geral, a via direta é capaz de auxiliar a selecionar certas ações motoras, enquanto a via indireta, simultaneamente, suprime programas motores que competem e que são inapropriados. A iniciação do movimento pelo córtex motor primário A Organização das Entradas e Saídas de M1 A via pela qual o córtex motor ativa os neurônios motores inferiores se origina na camada cortical V. Essa camada possui uma população de neurônios piramidais. As células piramidais da camada V em M1 recebem suas aferências principalmente de duas origens: de outras áreas corticais e do tálamo Áreas corticais → áreas adjacentes à área 4: área 6, imediatamente anterior, e áreas 3, 1 e 2, imediatamente posteriores Tálamo → outra parte do núcleo ventrolateral, chamada de VLc, que retransmite informação do cerebelo. A codificação do movimento em M1 Cada célula piramidal pode controlar numerosos grupos de neurônios motores conectados a um grupo de músculos capazes de mover um membro na direção de um objetivo desejado. Registros de neurônios M1 em animais ativos revelam que uma descarga de atividade ocorre imediatamente antes e durante um movimento voluntário e que essa atividade parece codificar dois aspectos do movimento: a força e a direção. Sugeriram a existência de um mapa de “especificidade fina” dos movimentos em M1. Pode ter sido comprovado a partir do experimento: Macacos eram treinados para mover um joystick em direção a uma pequena luz, cuja posição variava aleatoriamente em torno de um círculo. As células M1 disparavam mais vigorosamente durante o movimento em uma determinada direção, mas também disparavamdurante movimento aleatórios do preferido. Sugeriram, dessa forma, que a direção do movimento não poderia ser codificada pela atividade de células individuais que comandam movimentos em uma única direção, mas sim codificada pela atividade coletiva de uma população de neurônios. Importante lembrar do código de população, onde que no sistema motor implica que grupos de neurônios apresentam um amplo perfil de ajuste às propriedades dos movimentos. Ou seja, cada célula tem uma preferência de perfil de direção de movimento. Em suma, pode-se concluir algumas coisas: 1. Córtex motor se encontra ativo para cada movimento. 2. A atividade de cada célula apresenta apenas um único ‘’voto’’ computado em favor de uma dada direção do movimento. 3. A direção do movimento é determinada pelo cálculo da média dos ‘’votos’’ na população. Obs: Os ‘’votos’’ seriam a resultante dos vetores. Mapa motor maleável Quanto mais neurônio motores para um determinado tipo de movimento, mais refinado se torna o controle. Contudo, as células corticais em M1 podem trocar suas funções e se comprometerem com outro tipo de movimento à medida em que novas habilidades são aprendidas. Maria Eduarda Almeida - Med 4 Ou seja, a plasticidade do córtex motor adulto é viável. O que leva a crer que essa reorganização cortical possibilita o aprendizado de habilidades motoras finas. O cerebelo Funções cruciais de controle motor pertencem ao cerebelo. Sua importância para o controle motor se revela claramente por suas lesões. Os movimentos tornam-se descoordenados e imprecisos, uma condição conhecida como ataxia. A Alça Motora Através do Cerebelo Lateral 1. Axônios chegando das células piramidais da camada V do córtex sensório-motor – áreas frontais 4 e 6, áreas somatossensoriais do giro pós-central e áreas parietais posteriores – formam uma projeção maciça para aglomerados de células na ponte, os núcleos pontinhos, que, por sua vez, alimentam o cerebelo. 2. Do núcleo pontinhos vai para o cerebelo lateral. 3. O cerebelo lateral projeta eferências de volta para o córtex motor, via uma retransmissão realizada pelo núcleo ventrolateral do tálamo (VLc) Função desta via: É essencial para a execução adequada de movimentos planejados voluntários multiarticulares. De fato, uma vez que o sinal de intenção do movimento tenha sido recebido pelo cerebelo, a atividade dessa estrutura parece instruir o córtex motor primário com respeito a direção, precisão temporal e força do movimento. O cerebelo é um outro local importante para o aprendizado motor – é um local onde o que se pretende é comparado com o que aconteceu. Programando o cerebelo Ao aprender um dado movimento, este é primeiramente desarticulado e descoordenado. Na medida em que vai aprendendo, ocorre o aperfeiçoamento. Ao ficar aperfeiçoado, os movimentos se tornam suaves e são feitos quase inconscientemente. Obs: O cerebelo atua como o “encéfalo dentro do encéfalo”, pois, sem que você tenha consciência, cuida para que os programas de movimentos nos quais a habilidade é necessária sejam executados adequadamente e ajustados toda vez que sua execução ocorre de forma diferente do esperado. RESUMO DO 1ª E 2ª NEURÔNIOS: A motricidade depende da interação do 1ª neurônio motor (via piramidal) com o 2ª neurônio motor (via periférica). Os 1ª neurônios motores ou neurônios motores superiores descem pelo sistema piramidal através dos dois tratos: •Trato corticoespinhal – Do córtex ao corno anterior da medula. •Trato corticonuclear – Do córtex aos núcleos dos nervos cranianos presentes no mesencéfalo (III e IV), ponte (V, VI e VII) e bulbo (IX, X, XI e XII). O trajeto de descida pela via piramidal dos primeiros neurônios é: → Córtex cerebral. → Substância branca subcortical. → Cápsula interna. → Mesencéfalo. → Ponte. → Bulbo. → Medula espinhal. Os 2ª neurônios motores ou neurônios motores inferiores recebem a informação no corno anterior e transmitem aos músculos, o que constitui o sistema motor periférico. Maria Eduarda Almeida - Med 4 Síndromes piramidais SÍNDROMES PIRAMIDAIS – 1ª NEURÔNIO As lesões do sistema piramidal são traduzidas por déficits motores que interferem na execução dos movimentos, podendo ser evidenciado na paralisia facial de origem piramidal e não sobre os músculos ou determinados grupos de músculos, como ocorre nas lesões do neurônio motor periférico. Os déficits motores de origem piramidal, costumam se acompanhar de: Fraqueza muscular: paresia (redução da força) ou plegia (perda completa da força); Flacidez e hipo/arreflexia ou espasticidade (aumento do tônus muscular) e Hiper- reflexia. Sinal de Babinski, clônus Perda dos reflexos cutâneo-abdominais e cremasteriano Mencionando ainda que a síndrome piramidal de instalação súbita ocorre uma fase de choque, traduzida pôr paralisia flácida, precedendo a fase espástica. Dependendo da sede da lesão, vários tipos de comprometimentos motores podem ser encontrados, como por exemplo, a hemiplegia, paraplegia, tetraplegia e monoplegia. A síndrome do neurônio motor superior, ocorre com maior frequência nos acidentes vasculares cerebrais (AVC), que acometem a cápsula interna ou a área motora do córtex. Dizia-se que o Sistema Piramidal era encarregado de duas funções distintas: elaboração e condução do influxo motor voluntário; e inibição do sistema extrapiramidal e o sistema motor periférico, e que as lesões piramidais traduziram-se por duas ordens de sintomatologia: • Síndrome piramidal deficitária. • Síndrome piramidal de liberação. Síndrome piramidal contralateral: lesão da cápsula interna e do feixe piramidal acima da decussação das pirâmides. Características: fraqueza ou paralisia muscular do lado oposto à lesão: hemiparesia/plegia contralateral. Síndrome piramidal ipsilateral: lesão do feixe piramidal na medula espinhal (abaixo da decussação das pirâmides), no funículo lateral medular. Características: hemiparesia/plegia ipsilateral à lesão. Síndrome piramidal bilateral: secção medular completa ou mielite transversa, com lesão bilateral dos feixes corticoespinhais. Características: tetraparesia/plegia (se na medula cervical), ou paraparesia/plegia (se na medula torácica). Síndrome piramidal alterna: compressão progressiva da decussação das pirâmides, típica do meningioma de forame magno. Características: hemiparesia/plegia do membro superior de um lado e do membro inferior do outro, podendo evoluir posteriormente para paresia/plegia do outro membro inferior e depois do outro membro superior. • Paralisia “central” do facial (VII) e do hipoglosso (XII) (heterolaterais) **recebem fibras piramidais apenas cruzadas O núcleo do facial encontra-se na região inferior da ponte; uma lesão piramidal unilateral acima da ponte (ex.: na cápsula interna, no mesencéfalo) produzirá uma paralisia da musculatura facial contralateral, do tipo “central”: paralisia da porção inferior da hemiface → O resultado é uma hemiparesia/plegia fasciobraquiocrural contralateral à lesão. Uma lesão piramidal unilateral acima do bulbo (ex.: na cápsula interna, no mesencéfalo, na ponte) provoca paralisia contralateral do hipoglosso, do tipo “central” (sem atrofia da hemilíngua). O paciente desenvolve disartria. Quando o paciente mostra a língua, ela desvia na direção do lado paralisado (contralateral à lesão), pois um importante músculo da língua tem o efeito de empurrá-la para o lado oposto... Característica: hemiparesia/plegia contralateral, com disartria e desvio da língua para o lado da hemiplegia. SINTOMAS GERAIS 1- ESPASTICIDADE: Hipertonia Maria Eduarda Almeida - Med 4 Consequência de lesão cerebral ou medular. Postura anormal. Movimento emcanivete (dura no início, chegando do meio para o final mais facilmente). Resistência muscular que aumenta com a atividade motora. 2- HIPERREFLEXIA: Consequência da hiperatividade do sistema corticorreticuloespinhal. 3- CLÔNUS: Estiramento súbito de músculos hipertônicos produz uma contração reflexa. 4- SINAL DE BABINK: Manifestação de liberação do reflexo dos flexores. PATOLOGIAS • Acidente vascular encefálico – AVE ou AVC. • Esclerose lateral amiotrófica. • Esclerose múltipla. • Traumas medulares. Consciência 1. Pode-se denominar consciência como estado de plena noção de si mesmo e do meio ambiente. A consciência exige diversas funções cerebrais complexas que envolvem diversas vias e estruturas do sistema nervoso central (SNC). 2. Na prática médica, a consciência é vista em oposição à inconsciência ou coma e compreende o estado de alerta associado à capacidade de responder adequadamente a certos estímulos externos. 3. Na psicologia, a consciência não implica apenas o estado que permite a resposta a determinados estímulos, mas também a integração de todos os processos mentais. Para a expressão da consciência o indivíduo deve ser capaz de posicionar-se social e politicamente no meio em que vive através do acionamento de seus mecanismos de memória, selecionar as informações relevantes, formular ideias e expressa-las por meio de palavras ou outros símbolos e, sobretudo, ponderar o significado de suas ações. ESTADO DE CONSCIÊNCIA Os estágios de consciência podem ser resultado da: a. Da identificação através dos canais sensoriais (visão, audição e olfato) do que está ocorrendo no meio ambiente do indivíduo. b. Do reconhecimento das regiões do corpo, através do processamento combinado das informações que chegam pelos canais sensoriais. c. Da identificação consciente da necessidade de repor as substancias consumidas pelo metabolismo corporal (fome, sede) ou de eliminar produtos do metabolismo ou substancias desnecessárias. d. Do reconhecimento pelo individuo da necessidade de manter o comportamento sexual. e. Da localização temporal e espacial do indivíduo através da memória. f. Da manifestação através dos sonhos das alterações fisiológicas que ocorrem no sono. g. Da expressão do pensamento, raciocínio, intencionalidade. PRINCIPAIS ASPECTOS DA CONSCIÊNCIA Dois aspectos principais constituem a consciência: Nível de consciência ou estado de vigília - VIGÍLIA Conteúdo da consciência, incluindo funções cognitivas e de atenção – ATENÇÃO. Essas duas características (vigília e atenção) são positivamente correlacionadas, uma vez que quando há diminuição do estado de vigília, o mesmo acontece com a atenção. ANATOMIA DA CONSCIÊNCIA A consciência é resultado da ação integrada de múltiplas funções mentais como da atenção, linguagem, memória, pensamento e respostas aprendidas a estímulos sensoriais. Esses processos básicos são expressos nos hemisférios cerebrais e de seus inúmeros circuitos. Maria Eduarda Almeida - Med 4 NEUROBIOLOGIA DA CONSCIÊNCIA O estudo neurobiológico da consciência pressupõe o conhecimento do ciclo vigília-sono, uma vez que este é reconhecido como responsável pelo nível de consciência. O estado de vigília depende da ativação elétrica do córtex cerebral pelo diencéfalo a partir da formação reticular ativadora ascendente (FRAA) ou também chamado de sistema ativador reticular ascendente (SARA). O FRAA exerce sua ação ativadora através dos núcleos talâmicos inespecíficos, uma vez que estes recebem muitas fibras da formação reticular e as projetam para o córtex cerebral. Através do hipotálamo e do prosencéfalo basal os neurônios da formação reticular também se projetam no córtex. O estado de atenção é dependente da integridade funcional do córtex cerebral e de suas conexões subcorticais. VIAS MODULADORAS DA CONSCIÊNCIA As análises da FRAA revelam a presença de vias ativadoras que modulam os níveis de consciência e as funções cognitivas. Vias moduladoras: • Colinérgicas. • Adrenérgicas. • Dopaminérgicas. • Hipocretinérgicas. • Serotoninérgicas. • Histaminérgicas. Estas vias são encontradas no tronco encefálico e fazem parte do circuito tálamocortical, núcleos reticulares do tálamo e córtex cerebral, destacando- se que suas projeções ascendentes ativam o córtex através do tálamo, hipotálamo e prosencéfalo. CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA a. OBNUBILAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: Consiste em um estado de comportamento confuso, com o estado de alerta reduzido e uma forte tendência para dormir. • Grau leve a moderado. • Compreensão dificultada. • Hipoprosexia – diminuição da modulação afetiva da fala (fala monótona). • Pensamento empobrecido. • Dificuldade de compreensão e raciocínio. • Apatia e inibição psicomotora b. TOPOR ou ESTUPOR ou SOPOR: É um estado em que a pessoa só responde a estímulos intensos, mas logo perde a consciência quando eles são retirados • Incapacidade de ação espontânea. • Fala se apresenta com hipoprosódia e oligolalia. • Só acorda com estímulos fortes ou até dolorosos. c. COMA: Ausência de qualquer resposta a todo estímulo. • Grau profundo. • Impossível qualquer atividade voluntária consciente. • Ausência de qualquer indício de consciência. Quando o rebaixamento da consciência ocorre juntamente com alucinações e delírios é chamado de Delirium. OUTROS ESTADOS COMPORTAMENTAIS Alguns estados comportamentais podem ser algumas vezes confundidos com o coma. • O estado vegetativo persistente ou síndrome acognitiva é descrito como um estado que pode emergir em pacientes que sofreram lesões graves ao sistema nervoso central, muitas vezes ficando em coma por algum período, em que há um retorno do estado de alerta, mas o paciente permanece com uma incapacidade de reagir ou interagir com estímulos ambientais. Ocorre um retorno do padrão de sono-vigília e manutenção das funções vegetativas, mas com quase completa ausência de funções cognitivas. • Abulia é um comportamento em que há uma grave apatia com diminuição ou ausência de comportamento emocional ou mental, em que o paciente nem fala ou se movimento espontaneamente, embora esteja alerta e reconheça estímulos ambiente. Ocorre em lesões frontais bilaterais. Maria Eduarda Almeida - Med 4 • Catatonia é um estado em que o individuo pode ficar mudo, e com diminuição acentuada da atividade motora, geralmente associado a quadros psiquiátricos. • A síndrome de Locked-in descreve um quadro em que ocorre lesão de fibras descendentes supra nucleares e piramidais em que o paciente apresenta incapacidade de movimentação dos membros, afonia (voz apagada), disfagia (dificuldade de engolir) e limitação da movimentação horizontal dos olhos. Esses pacientes estão acordados e algumas vezes conseguem se comunicar através de piscamentos, evidenciando que não houve alteração da consciência. • Morte encefálica ocorre quando o dano encefálico é tão extenso que não há potencial para recuperação estrutural e funcional do encéfalo e o mesmo não pode manter a homeostase interna (funções cardiorrespiratórias por exemplo). O que separa o coma da morte encefálica é a irreversibilidade do último, com repercussões sistêmicas sobre a homeostase dos órgãos vitais. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA Orientação do tempo/espaço. Analogias. Cálculos aritméticos. Capacidade de escrever. Capacidade motora (práxis). Reconhecimento de objetos (gnosia). Memória. Atenção. Qualidade da voz – articulação das palavras. Linguagem corporal. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA O manuseio inicial do paciente em coma deve enfatizar os cuidados básicos para manter uma via aérea e ventilação adequada, estabilidade hemodinâmicae outras medidas para minimizar os danos ao encéfalo e outros órgãos vitais. O exame clínico geral deve buscar indícios de condições sistêmicas que possam levar a alterações de consciência. Devem se obter os sinais vitais: • Pressão arterial. • Pulso • Frequência respiratória • Temperatura • Glicemia capilar. O objetivo do exame neurológico no coma é ajudar na determinação da causa do coma, ter um parâmetro para seguimento evolutivo e para ajudar na determinação do prognostico do paciente. Entre os dados do exame neurológico que são mais importantes para a localização e prognóstico estão: 1- Nível de consciência 2- Padrão respiratório 3- Tamanho e resposta pupilar a luz 4- Motricidade ocular espontânea ou reflexa 5- Resposta motora esquelética. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIENCIA A avaliação do nível de consciência deve englobar uma descrição do estado de alerta do paciente, em resposta a estímulos verbais e dolorosos. O objetivo é determinar o grau de alteração do nível de consciência, e ter um parâmetro clinico evolutivo e prognostico. A escala de coma de Glasgow É uma escala padronizada utilizada para avaliação do nível de consciência em pacientes vitimas de traumatismo cranioencefálico. É uma tabela de escores que varia de 3 a 15. A classificação que varia de 3 a 8 pontos é considerada grave, tendo a necessidade de intubação imediata; A classificação de 9 a 12 pontos é considerada moderada; A classificação de 13 a 15 é considerada leve. A escala de Glasgow, conhecida também como a escala de coma de Glasgow (ECG) é uma escala de ordem neurológica capaz de medir e avaliar o nível de consciência de uma pessoa que tenha sofrido um traumatismo craniano. Esta escala é um método bastante confiável para detectar o nível de consciência de uma pessoa após acidentes. Ela é utilizada durante as primeiras 24 horas após o trauma e faz a avaliação baseada em Maria Eduarda Almeida - Med 4 três parâmetros: abertura ocular, resposta motora e resposta verbal. Sua avaliação também é utilizada como um recurso dos profissionais de saúde no prognóstico do paciente, além de ter grande utilidade na previsão de eventuais sequelas. Inicialmente, a escala foi criada em 1974, por Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, do Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow (na Inglaterra). A proposta era desenvolver um método que medisse os níveis de danos neurológicos nos pacientes, determinando assim o tratamento adequado. Mais recentemente, ela passou a ter esta classificação de assistência na análise do nível de consciência. Os parâmetros avaliados são: • Abertura ocular (escore de 1 a 4). • Resposta motora (escore de 1 a 6). • Resposta verbal (escore de 1 a 5). A escala de coma de Jouvet A escala de Jouvet utiliza como parâmetros os dados relacionados com: • Perceptividade: P1 (lúcido) a P5 (ausência de piscamento à ameaça). • Reatividade inespecífica: R1a R3 – resposta a estímulos verbais. • Reatividade específica a dor: D1 a D4 – Resposta a dor. • Reatividade autonômica: V1 a V2 – presença de sintomas autonômicos. Escala de Ramsay É um método de avaliação do nível de sedação. O escore baseia-se em critérios clínicos para classificar o nível de sedação, seguindo a numeração de 1 a 6 para graduar a ansiedade e/ou agitação. Escala de Richmond – Richmond Agitation Sedation Scale (RASS) Foi validada para pacientes críticos. Apresenta como vantagem sobre a escala de Ramsey a graduação do nível de agitação e ansiedade. Tem 4 níveis de agitação graduados de forma crescente, e mais cinco níveis de sedação graduados de um a cinco negativos. Maria Eduarda Almeida - Med 4 ACDU e AVPU Considera-se mais simples e rápido do que a escala de Glasgow. ACDU: Verifica a perceptividade. • A- Alerta (apto para responder perguntas). • C- Confuso. • D- Drowsy (sonolento). • U- Unresponsive (sem resposta). AVPU: Verifica a reatividade e a perceptividade. • A- Alerta. • V- Verbal (responde perguntas). • P- Pain (responde a dor). • U- Unresponsive (sem resposta)
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