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Franklin Nelson da Cruz Carlos Neco da Silva Júnior Termoquímica e Equilíbrio Transformações energéticas nas reações químicas Autores aula 03 D I S C I P L I N A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Coordenadora da Produção dos Materiais Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisores de Língua Portuguesa Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisoras Tipográficas Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Arte e Ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Hugenin Leonardo Feitoza Diagramadores Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lucia do Amaral Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 1 2 3 4 5 6 1 Apresentação Na primeira aula vimos os fundamentos que regem as transformações energéticas, o que nos levou à conclusão de que a energia não pode ser criada nem destruída. Nesta aula vamos entender como ocorrem essas transformações, por quais leis são regidas e como qualifi car e quantifi car estados e formas de energias em meio à evolução de sistemas termodinâmicos, sobretudo de sistemas termoquímicos. Objetivos Aplicar os princípios termodinâmicos a diversos sistemas de reações químicas; Aplicar as leis termodinâmicas na resolução de cálculos energéticos; Diferenciar o conceito de calor e trabalho; Identifi car reações exotérmicas e endotérmicas; Representar corretamente as perdas ou os ganhos de energia, em qualquer equação termoquímica. Distinguir o caráter espontâneo em diversos processos físicos e químicos Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Parede Diatérmica Parede Adiabática A B B TA TB TC A B B TA TB TC 2 Lei zero da termodinâmica (Aluno) – Olá Carlos, hoje é nossa terceira aula da disciplina termoquímica e equilíbrio e vamos tratar dos princípios da termodinâmica, você tem noção de algum deles? (Aluno) – Olha José, acredito que inicialmente vamos estudar a questão do equilíbrio térmico decorrente do contato entre corpos com diferentes temperaturas e lembro ainda do ensino médio, que esse é o principio zero da termodinâmica. A temperatura é uma grandeza física que permite medir o estado em que se encontra um determinado sistema, esteja ele quente ou frio. Os sistemas termodinâmicos podem ser aquecidos ou resfriados a partir do ganho ou da perda de calor, respectivamente. A grandeza que nos permite medir esta alteração de estado do sistema é a temperatura. Dois sistemas com diferentes temperaturas, postos em contato um com o outro, no decorrer do tempo, irão convergir para um estado, no qual, ambos alcançarão a mesma temperatura. Podemos então dizer que no fi m desse processo, o sistema conjugado encontra-se em equilíbrio térmico. De tal observação, surge em 1931, a caçula das leis termodinâmicas, também conhecida como princípio zero. Para compormos seu enunciado, vamos considerar três corpos A, B e C isolados do ambiente. Inicialmente, dispomos entre A e C uma parede diatérmica, assim como entre B e C. Por sua vez, A e B estão isolados por uma parede adiabática. Uma vez atingido o equilíbrio térmico, permutamos as paredes adiabática e diatérmica, Figura 1. Assim procedendo, percebemos que nada se passa com o sistema conjugado A, B e C, haja vista os corpos constituintes já se encontrarem em equilíbrio térmico entre eles, fato que confi gura o princípio zero da termodinâmica. Figura 1 – Caracterização do princípio zero da termodinâmica Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio A B C 3 Enunciado do princípio zero da termodinâmica: Se dois sistema A e B, encontram-se em equilíbrio térmico e um terceiro sistema C está em equilíbrio térmico com A, então podemos dizer que os sistemas B e C também estão em equilíbrio. Esse resultado é fornecido pela observação da natureza e não corresponde a nenhuma conclusão extraída através de qualquer dedução teórica (ver Figura 2). Figura 2 – Equilíbrio térmico entre os corpos TA = TB ∧ TA = TC → TB = TC Eq. 1 A leitura da Eq. 1 é feita como a seguir: Se a temperatura do corpo A for igual à temperatura do corpo B e se a temperatura do corpo A for igual à temperatura do corpo C, então a temperatura do corpo B será igual à temperatura do corpo C. Como sabemos, essa lei fundamental da termodinâmica só foi percebida na primeira metade do século XX, bem depois que as três primeiras leis já estavam em uso e pode ser enunciado da seguinte forma: Se dois sistemas termodinâmicos estão em equilíbrio térmico com um terceiro, então, todos devem estar em equilíbrio térmico entre si. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio4 Calor, trabalho: fundamentações O estilo de vida do homem foi adaptado, ao longo de sua existência, de acordo com o ciclo solar. Vários foram os momentos em que o homem, ainda chamado de nômade, transitava de um lugar a outro de acordo com as condições climatológicas. Certamente, uma das descobertas mais importantes da história da humanidade foi a do domínio do fogo, o que possibilitou luz à escuridão, calor ao frio e o cozimento dos alimentos necessários a sua subsistência, como exemplifi cado na Figura 3. Figura 3 – O homem e o fogo. Fo nt e: < w w w .p rin ci pi os de co no m ia .o rg >. A ce ss o em : 3 1 ju l. 20 09 . A forma de produção do fogo evoluiu com o passar dos anos. Na Antiguidade, a maior fonte de energia para a produção de alimentos cozidos era obtida através da madeira. Hoje em dia, as cozinhas modernas são providas de fogão a gás. A combustão do gás liquefeito de petróleo fornece energia (calor) não só para o cozimento dos alimentos, mas também em diversas aplicações industriais e agrícolas. Em termodinâmica, a quantidade de calor é representada por Q, sendo definida como a energia transferida em consequência da diferença de temperatura entre o sistema termodinâmico e suas vizinhanças. Quando o calor é transferido da vizinhança para o sistema, chamamos o processo de endotérmico e dizemos que o calor é positivo ou maior que zero, (Q = + ou Q > 0), pois o sistema ganha energia na forma de calor. Da mesma forma que quando o calor é transferido do sistema para a vizinhança, dizemos que o processo é exotérmico e que Q é negativo ou menor que zero, (Q = – ou Q < 0), pois o sistema perde energia na forma de calor. Ao chutar uma bola de futebol (Figura 4), podemos perceber que a direção e a velocidade de movimento podem mudar pela transferência de energia do pé para a bola. Quando uma força provoca o deslocamento de um objeto, dizemos que ela realiza trabalho (w) sobre o objeto. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio θ dx x F O 5 Figura 4 – Jogador ao chutar uma bola Fo nt e: < ht tp :// bl og lo uc os po rf ut eb ol .w or dp re ss .c om /2 00 8/ 06 /1 2/ no vi da de s- no -m un do -d o- fu te bo l/> . A ce ss o em : 3 1 ju l. 20 09 . Como você deve ter visto na disciplina Energia, o trabalho realizado pela força F, que imprime a certo objeto O um deslocamento dx (infi nitesimal), na direção Ox (Figura 5) é defi nido pelo produto escalar dos vetoresF e dx, Eq. 2. Figura 5 – Trabalho de uma força đw = F ⋅ cosθ ⋅ dx ou đw = f ⋅ dx Eq. 2 na qual f é a componente da força F na direção do deslocamento. Também, o chute realizado pelo jogador é um exemplo de energia química (potencial) acumulada nos tecidos musculares na forma de ATP (trifosfato de adenosina) que é transformada em energia mecânica ou energia para movimentar órgãos e membros do corpo humano. Como o próprio nome informa, a molécula em questão é constituída de adenosina, portanto de adenina e ribose (β-D-ribofuranose) e de três grupamentos fosfatos, conforme exemplo na Figura 6. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio N NH 2 Adenina Adenosina Ribose Trifosfato N N N O CH 2 O OH OH P OH O O P OH O O OHP OH O 6 Figura 6 – Molécula de ATP A molécula de ATP, um nucleotídeo, apresenta como característica as ligações responsáveis pela união dos grupamentos fosfatos, ricas em energia, sendo utilizadas pelos organismos vivos para fornecer energia às reações químicas consumidoras. Assim, a molécula de ATP é a molécula responsável pela reserva de energia da célula. (Aluno) – Professor Igor, não consigo antever a relação do conceito de trabalho com a química! De que forma podemos verifi car quando uma reação química realiza trabalho? (Professor) – Pois bem, caro José, em química pode-se evidenciar pelo menos dois tipos de trabalho, realizados quando da ocorrência de uma reação química, são eles: Trabalho de expansão ocorre quando um gás contido em um cilindro ao ser liberado desloca a atmosfera ambiente e então realiza trabalho sobre ela. Essa forma de trabalho pode ser promovida, por exemplo, por uma reação química de simples troca, na qual, um metal reage com um ácido dando origem a um sal e a um gás, como a que ocorre entre o zinco metálico e o ácido clorídrico aquoso, r. 1. Zn(s) + 2HCl(aq) → ZnCl2(s) + H ↗ 2 r. 1 Devido à reação se dá com desprendimento do gás hidrogênio é bastante comum recolhermos o gás sobre uma substância líquida, sendo a mais utilizada a água, como representado na Figura 7. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 H 2 Zn HCl (aq) H 2 O H 2 pext pexthi dh hf pi,Vi,T m Gás Ideal Estado Inicial Estado Final deslocamento pf,Vf,T m Gás Ideal 7 Figura 7 – Gás recolhido sobre água Precisamos ajustar a defi nição de trabalho, expressa pela Eq. 2, às variáveis pressão e volume que se associam à reação em estudo. Para isso, vamos imaginar a expansão de um gás ideal em um cilindro de êmbolo móvel, desprovido de massa, isento de atrito com as paredes internas do cilindro, ao se deslocar, e da ação da pressão atmosférica ambiente, segundo descrito pela Figura 8. Observe que nesse exemplo, o peso sobreposto sobre o cilindro exerce o mesmo papel da coluna d’água atuando sobre o gás hidrogênio, quando da reação de deslocamento. Figura 8 – Expansão de um gás ideal Assim, o peso sobreposto ao êmbolo do cilindro é o único agente a exercer uma força que se opõe ao deslocamento do êmbolo promovido pela pressão do gás. Desde já lembramos que em termodinâmica, o trabalho é produzido por forças externas (peso) ao sistema (gás ideal). Portanto, a força externa atuando sobre o êmbolo móvel do cilindro é defi nida analiticamente pela equação: pext = Fext A ∴ Fext = pext · A Eq. 3 na qual A representa a área da seção reta do êmbolo do cilindro. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Ambiente Sistema Expansão isotérmica de um gás ideal Vi < Vf e pi > pf +Q –w Ambiente Sistema Compressão isotérmica de um gás ideal Vi > Vf e pi < pf –Q +w 8 Por sua vez, o trabalho realizado pela força externa, quando do deslocamento infi nitesimal do êmbolo, dh, em direção oposta à referida força, será expresso analiticamente de acordo com a Eq. 2 como a seguir: đw = Fext · cos θ · dh = pext · A · cos 180◦ · dh ∴ đw = –pext ⋅ dV Eq. 4 onde o produto (A ⋅ dh) é igual à variação infi nitesimal de volume dV. Como vemos, o trabalho de expansão se traduz no aumento de energia potencial do ambiente o que em outras palavras signifi ca afi rmar que o gás, atuando sobre o sistema, forneceu energia ao meio ambiente sob forma de trabalho. Analiticamente antevemos tal fato quando da integração da Eq. 4. ̵ ∫ f i dw = −pext · ∫ Vf Vi dV ∴ w = −pext · (Vf − Vi) Eq. 5 Como na Eq. 5, (Vf > Vi), o sinal negativo denota a perda de energia do sistema para o ambiente. Assim, concluímos que ao receber energia na forma de calor (+ Q), o sistema cedeu energia ao ambiente na forma de trabalho (– w). Fato que expressa a conservação da energia em sua essência. A Figura 9 resume a correlação existente entre calor, trabalho e o comportamento de um gás ideal no interior de um cilindro de êmbolo móvel. Figura 9 – Calor, trabalho e um gás ideal em um cilindro de êmbolo móvel Exercício resolvido 1 O hélio, importante gás nobre, é encontrado em diversas fontes naturais em quantidade sufi ciente para exploração. Atualmente um de seus principais usos é o enchimento de balões de pesquisa meteorológicas e dirigíveis. Quando 0, 200 mol de hélio a 298 K é colocado em um balão, o volume inicial é de 1,5 L. À medida que o balão sobe, ele aumenta continuamente seu volume. Determine o trabalho realizado na expansão desse balão quando ele atingir um volume fi nal de 3,8 L. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Pressão do ar atmosférico × 10104 Pascal Al tit ud e (K m ) 40 32 30 20 10 5,5 0 2 4 6 8 10 6,7m 3,1m 2,4m 1,4m 1,2m 1,0m 12 0 9 Figura 10 – Aumento do diâmetro da sonda atmosférica com a altitude Planejamento: Inicialmente, observe que não importa o tipo de gás com que estamos trabalhando, pois estamos considerando todos os gases como ideais. Logo, podemos usar a equação do gás ideal para determinar a pressão inicial e fi nal desse gás. Após determinar essas pressões, podemos também encontrar a pressão externa a qual o balão se opõe na elevação, uma vez que essa é a pressão fi nal do gás e por último determinamos o trabalho realizado nessa expansão. Pinicial = nRT Vinicial = 0, 200 mol × 0, 0821 atm L mol−1K−1 × 298 K 1, 5 L = 3, 26 atm Pfinal = nRT Vfinal = 0, 200 mol × 0, 0821 atm L mol−1K−1 × 298 K 3, 8 L = 1, 29 atm ΔV = Vfinal − Vinicial = 3, 8 L − 1, 5 L = 2, 3 L w = −pext × ΔV = −1, 29 atm × 2, 3 L × 101 J1 atm L = −2, 99 × 10 2 J Comentário fi nal: Observe que no cálculo do trabalho, transformamos a unidade (atm L) em Joule que é a unidade do sistema internacional. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio A B A B TA > TB TA = TB tempo A B A B TA > TB TA = TB tempo 10 Transformações reversíveis e irreversíveis Quando dois corpos em contato possuem inicialmente temperaturas diferentes com o decorrer do tempo, desde que não haja infl uência externa, suas temperaturas tornam-se iguais. Ver Figura 11. Figura 11 – Corpos alcançando o estado de equilíbrio térmico Porém, o fenômeno inverso, ou seja, o aumento da diferença de temperatura entre os corpos não pode ocorrer sem a intervenção do exterior. Ver Figura 12. Figura 12 – Corpos retornando à condição de desequilíbrio térmico Por outro lado, ao introduzirmos em um recipiente dois gases diferentes, por difusão mútua, eles se misturam de maneira a fornecer e a formar uma mistura uniforme em todo o volume. O estado de equilíbrio é alcançado. Porém, para efetuar a separação dos gases será necessário despender um grande esforço exterior. Os exemplos fornecidos enfatizam uma particularidade importante dos fenômenos que se desenvolvem em sistemas moleculares, a irreversibilidade. Tais fenômenos moleculares diferem dos fenômenos puramente mecânicos, que em condições ideais (ausência das forças de atrito) são vistos como reversíveis. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio patm=0 Tambiente pint Tgás dx Areia Colher AreiaGás Ideal Êmbolo Móvel pext 11 Figura 13 – Evolução reversível de um gás ideal Por isso, esse processo também recebe a denominação de processo quase estático, visto que as evoluçõessofridas pelas variáveis de estado ocorrem de forma excessivamente lenta, em várias etapas. Assim, as funções de estado do sistema, tais como a temperatura e a pressão, ao evoluírem de forma reversível, nunca diferem das variáveis que caracterizam o ambiente, por mais do que valores infi nitesimais. Por exemplo, o gás presente em um cilindro de êmbolo móvel, como o da Figura 13, para expandir-se reversivelmente a sua pressão deve obedecer à seguinte condição: Assim, diz-se que um fenômeno é reversível, quando a transformação de estado do sistema (ou corpo isolado), realizada em sentido inverso, o faz retornar ao estado inicial passando em ordem inversa por todos os estados intermediários da transformação direta, com o estado dos compôs exteriores ao sistema permanecendo invariáveis. Todos os movimentos estudados em mecânica são reversíveis, exceto os que fazem intervir as forças de atrito, já que a ação dessas forças conduz a uma liberação de calor, e o processo deixa de ser puramente mecânico. Reversibilidade e espontaneidade Em termodinâmica um processo reversível é revertido por uma mudança infi nitesimal em alguma variável de estado como, por exemplo, a pressão Figura 13. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio12 pint = pext + dp Eq. 6 na qual, a pressão interna, (pint), representa a pressão do gás, a pressão externa, (pext), representa a pressão do ambiente e, dp , representa a variação infi nitesimal de pressão. Tal condição nos permite observar que: pint > pext de uma quantidade infi nitesimal dp. Por sua vez, para a sua compressão, a condição a ser observada será a seguinte: pint = pext – dp Eq. 7 Neste caso, pint < pext de uma quantidade infi nitesimal dp. Diferenciando-se do processo reversível, o processo espontâneo ou irreversível se dá a uma velocidade fi nita, ou melhor, em uma única etapa. Caso o processo esteja associado a variáveis de estado como a temperatura (T ) ou pressão (p), aquelas que caracterizam o sistema e o ambiente diferem de uma quantidade fi nita. Comparando o trabalho reversível ao irreversível Primeiro Caso: A compressão reversível e a irreversível Na compressão reversível sabemos que a pressão interna difere da pressão externa de uma quantidade infi nitesimal dp, segundo a Eq. 7 e que a condição necessária à compressão é que pint < pext . Logo, fazendo uso da defi nição de trabalho do tipo (p–V) podemos escrever que: ̵ ∫ f i dwrev = − ∫ Vf Vi pext · dV ∴ wrev = − ∫ Vf Vi (pint + dp) · dV ∼= − ∫ Vf Vi pint · dV Lembramos aqui, que do produto envolvendo duas quantidades infi nitesimais tipo (dp ⋅dV) resulta em um número bem menor doz que dp e dV, sendo, portanto, desprezível. Desse fato resulta a equação wrev = − ∫ Vf Vi pint · dV Por sua vez, como na compressão irreversível, pext > pint, então wirrev = − ∫ Vf Vi pext · dV > − ∫ Vf Vi pint · dV = wrev Observe que na compressão, Vi > Vf , o que torna as integrais negativas e ambos os trabalhos positivos. No entanto, como pext > pint, comprovamos que a desigualdade anterior está correta, o que faz Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 13 wirrev > wrev Já numa expansão irreversível, pext < pint e Vf > Vi , logo wirrev = − ∫ Vf Vi pext · dV > − ∫ Vf Vi pint · dV = wrev Da mesma forma que: wirrev > wrev (Aluno) – Professor Igor, porque o đw está cortado? (Professor) – Caro José, não sei se você lembra das aulas de Cálculo, mas o corte na diferencial do trabalho caracteriza-o como uma diferencial inexata. (Aluno) – Como assim, professor, uma diferencial inexata? (Professor) – José não custa nada revermos o conceito de diferencial exata no sentido de compreendermos melhor o signifi cado de đ . Para isso seja a equação diferencial M ⋅ dx + N ⋅ dy = du Na qual du é a diferencial da suposta função de estado, x e y são duas grandezas variáveis independentes e M e N são as funções respectivas de x e y. Essa equação é uma equação diferencial exata quando M e N satisfazem o critério de reciprocidade de Euler enunciado analiticamente como a seguir: ( ∂M ∂y ) x = ( ∂N ∂x ) y Eq. 8 Seja u uma função de x e de y, ou melhor, u = f (x, y). Então, du = ( ∂u ∂x ) y · dx + ( ∂u ∂y ) x · dy ou ainda, du = M ⋅ dx + N ⋅ dy O que nos permite observar que: M = ( ∂u ∂x ) y e N = ( ∂u ∂y ) x Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio14 ( ∂M ∂y ) x = ∂u ∂y · ∂x e ( ∂N ∂y ) x = ∂u ∂y · ∂x O que nos permite observar o critério de reciprocidade de Euler, ou seja, ( ∂M ∂y ) x = ( ∂N ∂x ) y Assim, se u é uma grandeza função de M, N, x e y (M e N sendo por sua vez funções de x e y) desde que o critério de reciprocidade de Euler seja respeitado, o diferencial da grandeza u, ou melhor, du, será uma diferencial exata. A consequência fundamental do fato de du ser uma diferencial exata é que a integral de du entre dois estados depende apenas dos estados inicial e fi nal e não do caminho percorrido pelo sistema durante sua evolução. ∫ f i du = uf − ui O mesmo não acontece com as diferenciais não-exatas tipo trabalho e calor, haja vista, que a integral de đw ou de đQ entre dois estados, inicial e fi nal, depende do caminho percorrido pelo sistema durante sua evolução. ̵ ∫ f i dw = w Daí, o fato de representarmos as diferencias de trabalho (đw) e calor (đQ) fazendo uso da letra dê cortada (đ ) para distingui-las das diferenciais exatas tipo energia interna (dU), entalpia (dH), entropia (dS), energia interna de Helmholtz (dF) e energia interna de Gibbs (dG), também conhecidas como funções de estado. Cálculo do trabalho de um gás ideal em uma transformação isotérmica 1) Transformação irreversível Nesse tipo de evolução, o trabalho é calculado pela Equação 5, já estudada anteriormente, ̵ ∫ f i dw = −pext · ∫ Vf Vi dV ∴ w = −pext · (Vf − Vi) Trata-se do trabalho produzido em uma única etapa. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 15 2) Transformação reversível De olho na Figura 13, observamos que no processo reversível, quase estático, a pressão interna, também a pressão do gás a cada evolução é igual à pressão externa ou pressão do ambiente. Assim, pint = pext = pgás = n · R · T V e, portanto wrev = − ∫ Vf Vi pint · dV = −n · R · T · ∫ Vf Vi dV V ∴ wrev = −n · R · T · ln Vf Vi Eq. 9 Em se tratando de uma evolução isotérmica, por utilização da lei de Boyle-Mariotte, na qual piVi = pfVf ou pi pf = Vf Vi o trabalho reversível, também pode ser expresso pela Equação: wrev = −n · R · T · ln pi pf Eq. 10 Exercício resolvido 2 Para cada uma das reações químicas abaixo, ocorrendo à temperatura e pressão constante, verifi que se o trabalho está sendo realizado pelo, ou sobre, o sistema. Considere a mistura reacional sendo o sistema. 1) O nitrato de amônio utilizado na indústria química como fertilizante e na mineração como explosivo, quando decomposto, gera a seguinte reação: 2NH4NO3(s) → 2N2(g) + 4H2O(g) + O2(g) 2) A exposição excessiva a brometo de hidrogênio causa irritação ao sistema respiratório, queimaduras e dor de cabeça. Em caso de contato com a pele, a parte exposta deve ser imediatamente lavada com água corrente por pelo menos 15 minutos. Sua reação de produção segue abaixo: H2(g) + Br2(g) → 2HBr(g) Planejamento: Para um processo, ocorrendo a pressão constante, desde que o exercício não sinalize o tipo de evolução sofrida pelo sistema, tratamos o sistema como evoluindo irreversivelmente. Logo, w = −pext · (Vf − Vi) Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio16 Como pext = pgás = p, então w = −(p · Vf − p · Vi) = −(nf · R · T − ni · R · T ) = −(nf − ni) · R · T ∴ w = −Δn · R · T Eq. 11 A Eq. 11 nos permite avaliar Δn = nprodutos − nreagentes, a variação da quantidade de matéria das substâncias gasosas presentes nas reações e, assim, determinar se o sistema produz trabalho sobre o ambiente ou vice-versa ou ainda se o trabalho é nulo. Assim, para a primeira reação termos: Δn = [ 2 mol N2(g) + 4 mol H2O(g) + 1 mol O2(g) ]−0 mol = 7 mol−0 mol = +7 mol Como o Δn é positivo,o trabalho é negativo, o que indica que o sistema produz trabalho sobre o ambiente. Já para a segunda reação, Δn = [ 2 mol HCl(g) ] − [1 mol H2(g) + 1 mol Cl2(g)] = 2 mol − 2 mol = 0 mol Como o Δn é igual a zero, nenhum trabalho é realizado pelo sistema. (Aluno) – Professor Igor, algum sistema pode realizar trabalho e calor simultaneamente? (Professor) – Claro que sim, José. Por exemplo, a maioria dos automóveis utiliza um motor de combustão interna à gasolina. Na câmara de combustão do motor, cilindros com pistões móveis, a mistura de vapor de gasolina e ar é comprimida e infl amada a partir de uma centelha das velas. Os gases produzidos expandem-se, comprimem os pistões que assim realizam trabalho para, em seguida, serem eliminados pelo escapamento, completando um ciclo que se repete. Como vemos, a mistura combustível, quando infl amada, fornece a energia calorífi ca capaz de gerar novos gases que deslocam os pistões, realizando trabalho sobre a vizinhança. (Professor) – José, é exatamente isto que vamos entender agora. Pois a primeira lei da termodinâmica analisa justamente sistemas que realizam trabalho e calor ao mesmo tempo. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 17 A primeira lei da termodinâmica Tendo em mente a conservação da energia e o duo sistema-ambiente (expandido até os limites do universo, se necessário) como sendo um sistema isolado, somos obrigados a concluir que: a energia perdida ou ganha pelo sistema = a energia ganha ou perdida pelo ambiente Ao desenvolvermos o estudo do primeiro princípio da termodinâmica ou princípio da conservação da energia, levaremos em conta que o sistema apresenta apenas energia interna, energia cinética e energia potencial. O que vem a ser energia interna? Ao estudar mecânica, você deve ter observado que a energia mecânica se decompõe em energia cinética (Ec), associada à velocidade dos sistemas, e energia potencial (Ep), associada à capacidade de produzir movimento, e associada à gravidade, a um campo elétrico, entre outros. Esses dois estados da energia são sufi cientes para explicarem os fenômenos mecânicos. Entretanto, devemos levar em conta que à energia associada aos sistemas compreende também as contribuições microscópicas, sendo estas: A energia cinética de cada molécula no referencial do centro de massa do sistema, A energia de interação entre as partículas, A energia de ligação das moléculas (energia química), A energia de ligação dos constituintes do átomo (energia atômica ou nuclear). Sabemos que a determinação dessa diversidade de energias é impossível para os sistemas termodinâmicos. Em tais sistemas, o número de elementos constituintes é excessivamente grande, o que torna impossível o conhecimento as energias individuais de cada molécula. Assim, o conjunto das energias microscópicas descritas acima é agrupado e recebe o nome de energia interna, sendo representada pelo símbolo U. Além do mais, a energia interna é uma grandeza macroscópica que leva em conta todas as contribuições microscópicas. Portanto, a energia total (Etot) de um sistema é expressa como a seguir: Etot = U + Ep + Ec Eq. 12 Agora, já estamos em condições de enunciar o primeiro princípio em sua forma analítica, ou seja: ΔU + ΔEp + ΔEc = Q + w Eq. 13 Energia que entra no sistema Energia recebida do ambiente Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio18 Evidentemente, que se a soma dos valores de Q e w for negativa, observaremos uma diminuição da energia total do sistema, ao invés de um aumento de energia. Entretanto, em certos casos acontece de Q e w terem sinais opostos, o que acarretará aumento ou diminuição da energia total do sistema, dependendo dos valores relativos de Q e w. A Equação 13 representa o primeiro princípio da termodinâmica, aplicado a um sistema fechado. Para um sistema isolado (nenhuma permuta de energia entre o sistema e o ambiente), a expressão do primeiro princípio é escrita na forma: ΔU + ΔEp + ΔEc = 0 Eq. 14 Isto não signifi ca que o sistema seja estático ou imutável. Uma reação química ou a mistura de dois ou mais gases pode estar ocorrendo em seu interior, porém, como o sistema é isolado, jamais permitirá a passagem de energia ou matéria para seu interior ou exterior. O primeiro princípio expresso sob a forma diferencial é representado pela Equação 15: dU + dEp + dEc = đQ + đw Eq. 15 Em nosso curso, para efeito de cálculo, trataremos as transformações nas quais as variações infi nitesimais de energia cinética dEc e de energia potencial dEp são nulas ou negligenciáveis. Assim, a equação representativa do primeiro princípio será expressa na forma: dU = đQ + đw Eq. 16 A capacidade calorífi ca ou capacidade térmica Visando ao cálculo do calor por meio de uma variação de temperatura, é necessário empregar uma grandeza chamada capacidade calorífi ca defi nida para certo corpo como a razão entre a quantidade de calor a ele cedida e a elevação de temperatura correspondente. O que traduzido analiticamente é representado pela Equação 17. C = Q ΔT ( J K ) Eq. 17 Essa defi nição não é inteiramente exata. Isso, porque, o valor de C não é geralmente constante para um grande intervalo de temperatura. A verdadeira defi nição analítica de capacidade calorífi ca é a expressa pela equação: ̵ C = dQ dT Eq. 18 Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 19 na qual đQ e dT expressa a quantidade infi nitesimal de calor e a variação infi nitesimal de temperatura associadas ao sistema. Como vemos, a capacidade calorífi ca é uma grandeza intensiva. Normalmente a Eq. 18 quando escrita na forma: đQ = C ⋅ dT Eq. 19 permite o cálculo da quantidade de calor a partir de medidas de temperatura. Assim, da integração da Eq. 19 resulta ̵ ∫ f i dQ = C · ∫ f i dT ∴ Q = C · ΔT Eq. 20 O calor específi co (ou capacidade calorífi ca específi ca) Calor específi co de uma substância é a razão entre a capacidade calorífi ca de um corpo dela constituído e a massa do corpo considerado. Assim, para um corpo de massa m e capacidade calorífi ca C, o seu calor específi co será expresso analiticamente pela equação: c = C m Eq. 21 Tendo em vista a Eq. 20, também podemos escrever: c = Q m · ΔT ( J kg · K ) ou ainda, Q = m ⋅ c ⋅ ΔT Eq. 22 A medida do gradiente ( ∂U ∂V ) T : experiência de Joule É fácil antever o resultado da experiência de Joule observando a fi gura 14. A vidraria utilizada consiste de um tubo contendo uma válvula, ligando a dois balões de vidro. No início do experimento, o balão A, é cheio com um gás à pressão p 1 e temperatura T 1 . No balão B, faz-se vácuo. A seguir, o conjunto é imerso em um banho de água, isolado termicamente do ambiente. Abre-se a válvula de passagem, de maneira que o gás, inicialmente contido no compartimento A, difunda em parte, para o compartimento B. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio A B 20 Figura 14 – Experimento de Joule Após certo tempo, quando as pressões dos dois compartimentos atingirem o mesmo valor, o sistema, ou melhor, o gás suposto ideal, se encontra em condições de equilíbrio e assim podemos observar que: a) O sistema, durante a transformação (difusão para o compartimento B), não desenvolve nenhum trabalho, a expansão do gás se dá no vácuo. As paredes do recipiente contendo o gás são rígidas e, mesmo se no decorrer da expansão cada uma das camadas sucessivas do gás executar trabalho comprimindo para o recipiente B a camada subseqüente, o trabalho executado pelo sistema, será um trabalho feito sobre si mesmo, em conseqüência, nenhuma energia fl ui do sistema sob forma de trabalho. b) A temperatura da água (ambiente imediato ao sistema), ao fi nal do experimento, permanece a mesma, ou melhor, não sofre alteração. Portanto, não se estabelece fl uxos de calor entre o sistema e o ambiente nem vice-versa. c) A temperatura do sistema no estado fi nal da experiência possui o mesmo valor que a temperatura do sistema no estado inicial. Portanto, mesmo que durante a expansão a camada de gás efetuetrabalho para comprimir a camada subsequente e diminua sua temperatura, a temperatura da camada de gás comprimida ao receber trabalho, aumenta. Porém, quando o gás, ao fi nal do experimento alcançar o estado de equilíbrio, a temperatura do meio deve ser a mesma em qualquer parte do sistema, sendo semelhante à temperatura do estado inicial. Portanto da aplicação do princípio de conservação da energia ao sistema fechado em questão resulta: ΔU = Q + w Sendo w = 0 e Q = 0, obtemos que ΔU = 0 Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 21 Uma vez que a massa do sistema é fi xa, sendo a energia interna uma função de estado, ela pode ser expressa pela equação U = U (p, V, T) Eq. 23 Porém, no experimento de Joule, observamos que a pressão (p) e o volume (V ) do sistema variam no decorrer da transformação. No entanto, sua temperatura (T ) e energia interna (U ) permanecem constantes. Assim, concluímos que a energia interna de um gás perfeito depende unicamente da temperatura, o que nos permite reescrever a Eq. 23 na forma U = U(T) Na realidade, por meio do experimento de Joule, não é possível detectar as variações mínimas de temperatura. Assim, por meio desse experimento, é impossível afi rmar de maneira absoluta que a energia interna de um gás perfeito seja função única de sua temperatura. Por outro lado, podemos demonstrar matematicamente que o fato de U = U(T) é válido para um gás ideal e que essa identidade perde sua validade para um gás real. Cp e Cv de um gás ideal Sendo o sistema termodinâmico constituído por um gás perfeito, existe uma correlação facilmente defi nível analiticamente entre a capacidade calorífi ca a pressão constante (Cp) e a capacidade calorífi ca a volume constante (CV). O experimento de Joule sinaliza que para um gás perfeito, a variação de energia interna depende unicamente da variação de temperatura. Assim, para uma dada variação de temperatura é possível obtermos uma mesma variação de energia interna seja por meio de uma transformação isométrica ou por meio de uma transformação isobárica. Por aplicação do primeiro princípio às formas de evoluir do sistema, teremos: V = constante, dU = đQV p = constante, dU = đQp – p ⋅ dV ou ainda, đQV = đQp – p ⋅ dV Porém, com đQV = CV ⋅ dT e đQp = Cp ⋅ dT Assim, CV ⋅ dT = Cp ⋅ dT – p ⋅ dV Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio22 Como para um gás perfeito p ⋅ dV = n ⋅ R ⋅ dT Então CV ⋅ dT = Cp dT – n ⋅ R ⋅ dT e CV = Cp − n · R Eq. 24 Dividindo ambos os membros da Eq. 24 por n, quantidade de matéria, podemos reescrevê-la na forma: Cp − CV = R Eq. 25 Na Eq. 25, Cp e CV representam as capacidades calorífi cas molares a pressão e volume constantes, respectivamente. Essas duas últimas equações são válidas unicamente para um gás ideal, evoluindo reversivelmente em sistema fechado. O primeiro princípio e as transformações dos sistemas a) Transformação isométrica ou isovolumétrica (V = constante) O modelo associado à evolução isométrica é expresso pela equação dU = đQ + đw = đQ + (– p ⋅dV) Como o volume do sistema é mantido constante, dV = 0 e đw = –pext ⋅dV = 0 e a equação acima passa a ser escrita na forma dU = đQV Ou ainda, por integração ̵ ∫ f i dU = ∫ f i dQ ∴ ΔU = QV Eq. 26 A análise da fi gura 15 nos permite concluir que ao passar de b para a, o sistema diminui sua energia interna, já que ocorre uma diminuição de temperatura. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Atividade 1 T 3 T 2 T 1 V a b T 1 < T 2 < T 3Pr es sã o Volume 23 Figura 15 – Compressão isovolumétrica de um gás ideal Visto que: dU = đQV e que dU = CV ⋅ dT, então đQV = n ⋅ C − V ⋅ dT da qual, por integração resulta ΔU = QV = n · CV · ΔT Resulta da observação precedente que o valor de Q é negativo (o sistema fornece calor ao ambiente). Você é capaz de realizar um estudo da expansão isovolumétrica de um gás ideal apontando os sinais de w, Q e ΔU. b) Transformação isobárica (p = constante) Sendo a transformação isobárica, a equação do primeiro princípio é escrita na forma dU = đQ + đw = đQ + (– p ⋅ dV) que quando integrada fornece, ̵ ̵ ̵ ∫ f i dU = ∫ f i dQ − ∫ f i dw = ∫ f i dQ − p · ∫ f i dV ∴ Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio T 3 T 2 T 1 p a b T 1 < T 2 < T 3Pr es sã o Volume 24 ΔU = Q − p · (Vf − Vi) = Q − p · ΔV Eq. 27 Vamos agora efetuar a análise física e matemática dessa última equação. Para isso vamos utilizar a fi gura 16. Figura 16 – Expansão isobárica de um gás ideal Seja o estado inicial do gás assinalado pelo ponto a da fi gura 16. Vamos considerar que o gás seja comprimido do ponto b ao ponto a. Quais serão os sinais relativos aos valores de w e de Q nesta evolução? Ao examinar a fi gura 16, observamos que ao passar do ponto b para o ponto a o sistema diminuí o seu volume. Assim, antevemos que o trabalho, descrito pela equação w = −p · (Vf − Vi) é positivo (o meio ambiente produz trabalho sobre o sistema. Porém, para reconhecer o sinal associado ao valor de Q, somos obrigados, a medi-lo experimentalmente por meio de um calorímetro ou a deduzi-lo por meio de considerações feitas a partir do valor relativo da variação de energia interna ΔU. Entretanto, o valor absoluto da energia interna de um sistema em dado estado, também não pode ser determinado facilmente. Para o cálculo da energia interna, habitualmente utilizamos os valores de Q e w. Porém, o presente caso se trata de uma transformação especial: o sistema é constituído por um gás perfeito (ou ideal) e, assim, a sua energia interna (ΔU) é função apenas da temperatura, o que nos permite escrever que U = U(T ) ∴ dU = ( ∂U ∂T ) V · dT ∴ dU = CV · dT Eq. 28 e que por integração, ∫ f i dU = CV · ∫ Tf Ti dT ∴ ΔU = CV · ΔT Eq. 29 Na equação 29, CV é constante para pequenos intervalos de temperatura. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio pext = p pext pi = p Vi Ti Gás Ideal Estado Inicial ℓi ℓf m pf = p Vf Tf Gás Ideal Estado Final pextm 25 Portanto, na transformação de b para a, a temperatura diminui e em conseqüência a variação de energia interna do sistema é negativa. Assim, para que a variação de energia interna, ΔU, na Eq. 27 seja negativa, é necessário que o valor de Q seja negativo e maior em valor absoluto que o valor de w, este último, positivo. Concluímos, assim, que numa compressão isobárica, o sistema recebe energia na forma de trabalho (w) do ambiente e cede energia ao ambiente na forma de calor (Q). Uma nova função de estado: a Entalpia (H) A Eq. 26, não obstante sua simplicidade é extremamente importante. A leitura prévia dessa equação permite-nos antever a possibilidade do cálculo da variação de energia interna, ΔU, diretamente, a partir da permuta de calor entre o sistema e o ambiente, durante uma evolução isovolumétrica do sistema. No entanto, observarmos que na natureza os seres vivos são sedes de fl uxos de energias constantes; as plantas transformam a energia da radiação solar em energia química armazenada nos glucídios; as plantas e os animais metabolizam essas substâncias através da síntese de biomoléculas; esses processos transformam energia em calor. Ao buscarmos caracterizar as variáveis de estado associadas às transformações químicas mencionadas anteriormente, concluímos que elas ocorrem a pressão constante, sendo o volume variável. Daí, a necessidade de se defi nir uma nova função de estado, a entalpia, H. Para isso, que tal observamos a mudança de estado que se processa no sistema representado pela fi gura 17? Figura 17 – Mudança de estado a pressão constante. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio26 (Professor) – Carlos, você é capaz de descrever tal mudança de estado? (Aluno) – Sim, professor. O sistema é um gás ideal armazenado no interior de um cilindro munido de êmbolo móvel (imaterial e sem peso). O estado inicial do gás é caracterizado por um Vi igual a seção do cilindro A multiplicado pela altura l 1 na qual se encontra o êmbolo. Vi = A ⋅ l i A única força atuandosobre o gás é o peso depositado sobre o êmbolo e ele permanece constante durante a evolução. Visto que, a pressão é defi nida como sendo a força atuando sobre o êmbolo por unidade de área, resulta que a pressão atuando sobre o gás permanece constante durante toda evolução do sistema. Assim, observamos que quando o gás se encontra no estado inicial, a pressão por ele exercida é igual a pressão externa. A seguir, vamos colocar o sistema em contato com uma fonte de energia. Ele recebe uma fração de energia da fonte (que faz parte do ambiente) e sofre a transformação alcançando o estado fi nal. Assim, a sofrer expansão, o volume do sistema evolui, assim como, sua temperatura a pressão constante. O novo volume do gás é calculado pela equação Vf = A ⋅ l f Ao deslocar o êmbolo, o gás produz trabalho sobre o ambiente expresso pela equação w = p · A · Δl = p · ΔV Eq. 30 Visto que pext = p, o primeiro princípio torna-se, para uma evolução isobárica, dU = dQp − p · dV ∴ ∫ f i dU = ∫ f i dQp − p · ∫ f i dV ∴ Uf – Ui = đQp – p ⋅(Vf – Vi) ∴ (Uf + p ⋅Vf) – (Ui + p ⋅Vi ) = Qp Eq. 31 Nesta última equação, a função (U + p ⋅V), sendo uma combinação de variáveis de estado, também é uma variável de estado chamada entalpia, H, sendo defi nida pela Equação 32. H ≡ U + p · V Eq. 32 A partir da defi nição analítica de entalpia, Equação 32, podemos reescrever a Equação 31 na forma: ΔH = Q ou dH = đQp Eq. 33 Sendo a entalpia uma função de estado, dH é uma diferencial exata. Sendo T e p as variáveis associadas à entalpia, a sua diferencial total é expressa como a seguir: Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Atividade 2 27 dH = ( ∂H ∂T ) p · dT + ( ∂H ∂p ) T · dp Eq.34 Como numa transformação isobárica, dp = 0, a Equação 34 passa a ser escrita na forma ̵ dH = dQp = ( ∂H ∂T ) p · dT Que associa o calor extraído do ambiente com o aumento de temperatura do sistema. Nesta, a razão ̵ Cp ≡ dQp dT = ( ∂H ∂T ) p Eq. 35 Representa à capacidade calorífi ca do sistema a pressão constante. Quando de sua integração resulta, ∫ f i dH = ∫ f i Cp · dT ∴ ΔH = ∫ f i Cp · dT Eq. 36 ou ainda, caso Cp seja constante no intervalo de temperatura no qual transcorre à evolução, então ΔH = Cp · ΔT Eq. 37 Você é capaz de realizar um estudo da expansão isobárica de um gás ideal apontando os sinais de w, Q e ΔU Transformação isotérmica (T = constante) Neste caso, como a energia interna é função da temperatura, U = U(T), e a temperatura é constante teremos que: ∫ f i dU = k · ∫ f i dT ∴ ΔU = k · ΔT = 0, (Tf = Ti) Logo, 0 = đQ + đw = đQ + (– pext ⋅ dV) ∴ – đw = pext ⋅ dV = đQ Eq. 38 Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio28 Na integração da Equação 38 entre o estado inicial e o fi nal, deve-se levar em conta o fato de que durante a transformação a pressão do gás varia. Portanto, sendo necessário expressar a pressão em função do volume afi m de que sob o sinal de integração se faça presente uma só variável. Para isso, vamos levar em conta, o caso de uma transformação reversível de um gás ideal. Como para uma transformação reversível a pressão externa assemelha-se à pressão do gás, podemos fazer uso da equação de estado do gás ideal p = n · R · T V de cuja substituição na Equação 38, resulta: ̵− ∫ f i dw = n · R · T · ∫ f i dV V = ∫ f i dQ ∴ −w = n · R · T · ln Vf Vi = Q Eq. 39 Nessa transformação, o sistema conserva sua energia interna constante. Em se tratando de uma compressão, ele recebe energia do ambiente sob a forma de trabalho e restitui essa energia ao ambiente sob forma de calor, ver a Equação 39. No caso de uma expansão, o sistema recebe energia do ambiente na forma de calor e a restitui ao ambiente na forma de trabalho. Transformações adiabáticas (Q = 0= 0) Para este tipo de transformação, a expressão do primeiro princípio é escrita na forma dU = đQ + đw = 0 + (–pext ⋅ dV) = –pext ⋅ dV que após a integração torna-se ∫ f i dU = −pext · ∫ f i dV Eq. 40 A Equação 40 permite-nos concluir que a energia do sistema aumenta caso este receba energia sob a forma de trabalho (compressão) e que ela diminuí se o sistema produz trabalho sobre o ambiente (expansão). Logo a seguir, aprenderemos a resolver a Equação 40, no caso de transformações adiabáticas. Em virtude da lei de Joule, para um gás ideal, U = U(T), ou ainda, dU = Cv ⋅ dT e assim, Cv · dT = −pext · dV Eq. 41 O que nos permite antever que dT e dV apresentam sinais opostos. Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 29 Para uma mudança de estado adiabática reversível de um gás ideal, pext = pgás = p e a Equação 41 passa a ser escrita na forma: Cv · dT = −p · dV Eq. 42 Como para um gás ideal, p = n · R · T V então, a Equação 42 passa a ser escrita como a seguir Cv · dT = −n · R · T · dV V ∴ Cv n · dT T = −R · dV V ∴ CV · dT T = −R · dV V Sendo o estado inicial descrito pelas variáveis T 1 , V 1 e o estado fi nal por T2, V2, então, por integração, obtemos CV · ∫ T2 T1 dT T = −R · ∫ V2 V1 dV V Caso CV seja constante, então CV · ln T2 T1 = −R · ln V2 V1 ∴ ln T2 T1 = − R CV · ln V2 V1 Eq. 43 Sendo R = Cp − CV Então: R CV = Cp CV − 1 = γ − 1, onde γ = Cp CV e a Equação 43 passa a ser escrita na forma ln T2 T1 = −(γ − 1) · ln V2 V1 = (γ − 1) · ln V1 V2 ou ainda T2 T1 = ( V1 V2 )γ−1 ∴ T1 · V γ−11 = T2 · V γ−12 Eq. 44 Por utilização da equação de estado de um gás ideal, a Equação 45, também pode ser reescrita nos formatos: T γ 1 · V 1−γ 1 = T γ 2 · V 1−γ 2 Eq. 45 Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 1 30 p1 · V γ1 = p2 · V γ2 Eq. 46 A Equação 46 nos informa que numa evolução adiabática reversível de um gás ideal, a pressão e o volume correlacionam-se através da condição p · V γ = constante Exercício resolvido 3 Determine a variação de energia interna quando no decorrer de uma reação química um sistema fechado absorve 450 J de calor e realiza 225 J de trabalho na atmosfera. Planejamento: Pede-se calcular a variação na energia interna quando um balão absorve calor da vizinhança e realiza trabalho na atmosfera (vizinhança). Quando o calor é absorvido signifi ca dizer que o sistema está ganhando energia, logo q > 0 (zero). Quando o sistema realiza trabalho na atmosfera signifi ca dizer que o sistema libera parte de sua energia, ou seja w < 0 (zero). É bom lembrar que os sinais indicam apenas liberação ou absorção de energia em todos os sistemas termodinâmicos e não que essas grandezas são positivas ou negativas. Solução Como ΔU = w + q e Q = +450 J e w = –225 J Então, ΔU = 450 J + (−225 J) = +225 J Observe que o sinal positivo indica um saldo líquido de energia do sistema. Autoavaliação Explique com suas próprias palavras o signifi cado das simbologias abaixo, mostrando quais delas são funções de estado. a) ΔU; b) –pext ⋅ dV c) Q d) U = U(T ) Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio 2 3 4 5 31 Compara sob ponto de vista termodinâmico os pares: a) Calor e trabalho b) Reversibilidade e irreversibilidade Três moles de um gás ideal para o qual cp = (7/2) · R são aquecidos de 200 a 300 K, (a) a pressão constante e (b) a volume constante. Calcular w, q, ΔU e ΔH para os dois casos. O hélio é bastante utilizado para encher balões de festas de aniversário. Um sistema constituído de 0,5 mol de gás hélio se contrai reversivelmente de 2,0 para 0,4 litros a temperatura constante de 25 °C. Durante esse processo, ele perde 1270 J de calor. Determinar o trabalho realizado na compressão (w), a quantidade de calor (q) e a variação de energia interna (ΔU ). Dois mols de um gás ideal a 30 °C e 1,0 MPa de pressão sofre uma expansão adiabática e reversível até que sua pressão se reduza a 1,0 % da pressão inicial. Calcular a temperatura fi nal (Tf), Q, w, ΔU e ΔH para o caso onde cv = (3/2) · R. Referências ATKINS, P. Físico-química: Fundamentos. Trad. E. C. Silva, M. J. E. M. Cardoso e O. E. Barcia. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química - questionandoa vida moderna e o meio ambiente. Trad. Ignez Caracelli et al. Porto Alegre: Bookman, 2001. BALL, D. W. Físico-química. Trad. A. M. Vichi. São Paulo: Thomson, 2005. v 1. CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química. Trad. C. M. P. Santos e R. B. Faria. Rio de Janeiro: LTC, 1986. GERASIMOV, Y. A. Physical chemistry. Moscow: Mir Publishers, 1974. v 1. LUIZ, A. M. Termodinâmica: teoria e problemas. Rio de Janeiro: LTC, 2007. MACEDO, H. Físico-química I. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. MARON, S. H.; PRUTTON, C. F. Fundamentos de físico-química. 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Aula 03 Termoquímica e Equilíbrio Anotações 32 << /ASCII85EncodePages false /AllowTransparency false /AutoPositionEPSFiles false /AutoRotatePages /None /Binding /Left /CalGrayProfile (None) /CalRGBProfile (Apple RGB) /CalCMYKProfile (None) /sRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CannotEmbedFontPolicy /Error /CompatibilityLevel 1.3 /CompressObjects /Off /CompressPages true /ConvertImagesToIndexed true /PassThroughJPEGImages true /CreateJobTicket true /DefaultRenderingIntent /Default /DetectBlends false /DetectCurves 0.0000 /ColorConversionStrategy /LeaveColorUnchanged /DoThumbnails false /EmbedAllFonts true /EmbedOpenType false /ParseICCProfilesInComments true /EmbedJobOptions true /DSCReportingLevel 0 /EmitDSCWarnings false /EndPage -1 /ImageMemory 524288 /LockDistillerParams true /MaxSubsetPct 5 /Optimize false /OPM 1 /ParseDSCComments true /ParseDSCCommentsForDocInfo false /PreserveCopyPage true /PreserveDICMYKValues true /PreserveEPSInfo true /PreserveFlatness true /PreserveHalftoneInfo false /PreserveOPIComments false /PreserveOverprintSettings true /StartPage 1 /SubsetFonts true /TransferFunctionInfo /Remove /UCRandBGInfo /Remove /UsePrologue false /ColorSettingsFile (None) /AlwaysEmbed [ true ] /NeverEmbed [ true ] /AntiAliasColorImages false /CropColorImages true /ColorImageMinResolution 150 /ColorImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleColorImages true /ColorImageDownsampleType /Bicubic /ColorImageResolution 180 /ColorImageDepth -1 /ColorImageMinDownsampleDepth 1 /ColorImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeColorImages true /ColorImageFilter /DCTEncode /AutoFilterColorImages true /ColorImageAutoFilterStrategy /JPEG /ColorACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /ColorImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000ColorACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000ColorImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasGrayImages false /CropGrayImages true /GrayImageMinResolution 150 /GrayImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 180 /GrayImageDepth -1 /GrayImageMinDownsampleDepth 2 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /GrayImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000GrayACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000GrayImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasMonoImages false /CropMonoImages true /MonoImageMinResolution 1200 /MonoImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict << /K -1 >> /AllowPSXObjects false /CheckCompliance [ /None ] /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly true /PDFXNoTrimBoxError false /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile (None) /PDFXOutputConditionIdentifier () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName () /PDFXTrapped /False >> setdistillerparams << /HWResolution [2400 2400] /PageSize [1700.700 1133.800] >> setpagedevice
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