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Unidade 4 Livro Didático Digital Nara Stefano Gestão da Qualidade Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor NARA STEFANO A AUTORA Nara Stefano Olá. Meu nome é Nara Stefano. Tenho Pós-doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fiz Mestrado em Engenharia de Produção, com ênfase na área da qualidade e produtividade na Universidade Federal de Santa Maria. Tenho graduação em Economia pela Universidade Federal de Santa Maria. Possuo experiência empresarial na área de Economia e Administração, com ênfase em Economia Industrial, Métodos Quantitativos e Custos. Faço diversas assessorias e consultorias em empresas de serviços (pequeno e médio porte) com relação à gestão e à implementação de métodos de custeio, principalmente o activity-based costing, com várias implantações desses sistemas. Atuo, principalmente, nos seguintes temas de pesquisa: melhoria da performance dos negócios utilizando inteligência artificial (lógica fuzzy) e avaliação do desempenho; avaliação e diagnóstico da aprendizagem tecnológica em incubadoras; evidenciação da gestão do conhecimento e capital intelectual em empresas de médio e grande porte; implantação de planejamento estratégico e sistemas da qualidade; gestão de custos; gestão em serviços; análise multicriterial; gestão da inovação e empreendedorismo. Tenho mais de cinco anos de experiência na elaboração de materiais para EaD, experiência em escrita e revisão de livros na área de Administração, Economia, Contabilidade, Logística e Engenharia de Produção. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Conhecendo meios para auxiliar na Gestão da Qualidade .......10 .................................................................................................................................................................. 10 Cinco Sensos (5S) ......................................................................................................................... 10 Desdobramento da função qualidade: qualidade, melhoria produtos e serviços ...................................................................................17 Sistema de medição de desempenho ............................................... 27 Resolução de problemas e tomada de decisão ............................ 36 Gestão da Qualidade 7 UNIDADE 04 Gestão da Qualidade8 INTRODUÇÃO Você sabia que a área da gestão da qualidade é uma das mais demandas na indústria (seja de manufatura ou de serviços) e que a qualidade praticamente tornou-se a base de tudo nas organizações? A gestão da qualidade envolve tomar decisões, afinal, os gerentes geralmente são responsáveis por muitas decisões, algumas delas operacionais e outras, estratégicas. Tomar decisões é uma questão de enorme responsabilidade, não apenas com a própria organização, mas também com seus funcionários e outras partes interessadas. Literalmente, as organizações operam por pessoas que tomam decisões. Um gerente planeja, organiza, fornece equipes, lidera e controla suas equipes, executando decisões. A eficácia e a qualidade dessas decisões determinam o sucesso de um gerente. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Gestão da Qualidade 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender o que são os 5 sensos (5S). 2. Conhecer o desdobramento da função qualidade: qualidade, melhoria produtos e serviço. 3. Identificar um sistema de medição de desempenho. 4. Aprender sobre a resolução de problemas e tomada de decisão. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gestão da Qualidade10 Conhecendo meios para auxiliar na Gestão da Qualidade INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona manter e monitorar a gestão da qualidade por meio de suportes que atuam na melhoria contínua e na tomada de decisão. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Cinco Sensos (5S) O 5S (Figura 1) é considerado essencial para a melhoria contínua. Seu criador é Hiroyuki Hirano, que afirma que uma organização que não conseguir implementar o 5S com êxito será incapaz de integrar qualquer mudança em larga escala (GOETSCH; DAVIS, 2014). Hirano sustenta que o Gerenciamento da Qualidade Total (ou Total Quality Management – TQM), Just-in-time/Lean (JIT/Lean) e o Kaizen são suportados pelos cinco pilares representados pelos 5S e provavelmente são inatingíveis sem eles. Figura 1 – 5S Fonte: Elaborado pela autora (2020). Gestão da Qualidade 11 O 5S são (i) Seiri – senso de utilização, (ii) Seiton – senso de organização, (iii) Seiso – senso de limpeza, (iv) Seiketsu – senso de padronização e (v) Shitsuke – senso de disciplina. NOTA: A aplicação do 5S ajuda a organizar o ambiente de trabalho a partir do ambiente físico até os aspectos funcionais. A aplicação do 5S simplifica as atividades por meio da redução de desperdícios e de atividades improdutivas ou desnecessárias. Também é útil para melhorar a qualidade, eficiência e segurança. O 5S é, portanto, a atividade chave no caminho para o Kaizen e alcançar o TQM. O Quadro 1 mostra o significado em japonês, inglês e português de cada palavra do 5S. Quadro 1 – Significado das palavras do 5S. Fonte: Carpinetti (2016, p. 102). Gestão da Qualidade12 A seguir, vamos ver cada um dos sensos. a. Seiri O 5S começa com a etapa utilização/seleção, que ajudará a empresa se livrar de problemas como: ferramentas e materiais que impedem o fluxo de trabalho; a perda de tempo procurando peças, ferramentas e produtos; o armazenamento de estoque desnecessário e caro e os riscos de segurança resultantes de desordem. O objetivo do Seiri é eliminar todas as ferramentas e materiais desnecessários e criar um espaço livre de desordem. Isso permite um fluxo de trabalho livre de distrações. Deixe apenas as coisas necessárias para realizar o trabalho. Isso inclui ferramentas, materiais e máquinas. Exemplo: A utilização de etiquetas coloridas é algo interessante de ser utilizado. Na etiqueta, indique que ação deveser tomada, ou seja: deixe o item onde está, realoque o item, descarte o item, recicle o item etc. b. Seiton A fase de ordenação somente começa quando a fase do Seiri estiver concluída. Essa fase será inútil se houver confusão desnecessária no espaço de trabalho. A chave aqui é a padronização, pois o usuário deve desenvolver esse sistema com base na frequência com que as ferramentas e os materiais são acessados e nos processos em que são utilizados. Algumas diretrizes a serem consideradas: se os itens forem usados juntos, guarde-os juntos; coloque os itens usados com frequência mais próximos do usuário; se possível, crie um sistema de liberação em que as ferramentas sejam conectadas a um cabo retrátil e voltem automaticamente à posição armazenada; coloque os itens de forma que o usuário não precise se dobrar ou se torcer muito para acessá-los e organize ferramentas e materiais em ordem de uso. Gestão da Qualidade 13 NOTA: Assim, um elemento essencial para qualquer programa organizacional é a rotulagem uma maneira fácil e rápida de identificar e visualizar o posicionamento adequado de ferramentas, materiais e equipamentos. Por exemplo, gavetas de ferramentas podem ser rotuladas com seu conteúdo para que os colaboradores possam encontrar facilmente o que precisam. O piso pode até ser rotulado indicando onde as latas de lixo, máquinas e outros equipamentos devem ser colocados, para que essas coisas sempre retornem ao local a que pertencem. Também, cartazes, banners e pôsteres maiores podem ser usados para transmitir mensagens de organização ou segurança, incluindo lembretes do 5S. Grandes sinais podem ser postados acima das áreas de armazenamento para facilitar a limpeza no final dos turnos. Linhas pintadas ou gravadas são associadas à segurança (caminhos de pedestres, empilhadeiras e equipamentos etc.), mas são muito úteis para marcar áreas de trabalho, bem como locais para matérias-primas, produtos acabados, remessas, entre outros. c. Seiso Quando esta etapa é implementada, os colaboradores vão gostar de vir trabalhar em um ambiente limpo, em que provavelmente sofrerão menos lesões e em que o equipamento falhará menos. Isso significa maior produtividade e menos custos. No 5S, a limpeza é responsabilidade de todos. Embora se possa usar uma equipe de zeladoria para realizar trabalhos grandes, a limpeza detalhada será feita pelos colaboradores. Gestão da Qualidade14 IMPORTANTE: Assim, é preciso padronizar o programa de limpeza para obter melhores resultados, o que pode ser realizado da seguinte forma: treinar os colaboradores para fazê- la corretamente; verificar se eles sabem pelo que são responsáveis, proporcionar as ferramentas para fazer o trabalho, utilizar listas de verificação e diagramas para obter consistência. Porém a limpeza não é a única coisa a se fazer, pois deve ser incluídos inspeção e manutenção dessa rotina. Ou seja, os colaboradores devem inspecionar ferramentas e máquinas quanto a danos, e deve-se garantir que isso seja feito. d. Seiketsu A padronização utiliza um conjunto de listas de verificação que podem ser facilmente seguidas para que cada etapa do 5S seja realizada exatamente da mesma maneira todos os dias. Dessa forma, cada funcionário sabe o que precisa fazer, quando precisa fazer e exatamente como fazê-lo. Não há espaço para incertezas. A padronização usa três etapas para garantir que os pilares 5S estejam sendo executados de maneira consistente e correta: 1. Verificar se cada funcionário conhece suas responsabilidades – se os colaboradores não sabem exatamente o que se espera deles, como podem fazê-lo? Suas responsabilidades devem ser claramente escritas em uma lista de verificação ou em um gráfico, para que possam ser acessadas facilmente ao longo do dia. 2. Fazer parte da sua rotina diária – se os colaboradores forem corretamente treinados, eles executarão as etapas do 5S sem sequer pensar nisso. Nenhum pensamento extra é necessário; os colaboradores fluem em sua rotina diária porque podem ver que isso faz sentido. 3. Avaliação periódica – uma vez implementadas as etapas, será preciso um sistema para garantir que as tarefas sejam realizadas de Gestão da Qualidade 15 maneira consistente. A padronização é essencial para o sucesso da implementação do 5S. Se a equipe tiver procedimentos a seguir para concluir as etapas, isso garantirá o sucesso a longo prazo e colherá todas as recompensas do 5S. d. Shitsuke O quinto pilar foi projetado para manter a equipe motivada e no caminho certo. Aqui é importante tomar medidas concretas para garantir que o 5S não caia no esquecimento, ou seja: • Dar tempo à equipe para executar as etapas corretamente. Por exemplo, designar os quinze minutos antes do almoço e o final do turno como “tempo da limpeza”. Durante esse período, o foco principal é limpar e organizar de acordo com as listas de verificação. • Toda a organização deve estar presente se o 5S funcionar a longo prazo. Se os colaboradores perceberem que a gerência não está seguindo as etapas, será que eles continuarão a fazê-lo? • Fazer competições amigáveis entre departamentos todos os meses e recompensar o vencedor. Comprar o almoço, deixar os colaboradores irem para casa cedo um dia ou dar a eles estacionamento prioritário. É somente mostrar a eles a gratidão por um trabalho bem feito. • Formar um comitê composto por colaboradores e supervisores de diferentes departamentos. O trabalho deles será supervisionar a implementação do 5S por um período fixo, talvez seis meses. • Cartazes, banners e boletins podem ser um lembrete constante da importância do 5S. Portanto, o 5S é um sistema, uma filosofia e uma cultura. O verdadeiro efeito do 5S se revela quando toda a organização adota seus ideais e seus colaboradores percebem que a empresa está se transformando. O modelo 5S para eficiência e organização no local de trabalho é eficiente, eficaz e simples. Tem o potencial de transformar uma empresa, um armazém, uma fábrica ou um escritório em um local seguro e produtivo. Gestão da Qualidade16 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “Programa 5S”? Artigo: Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Site: “Avaliação da implantação da metodologia 5S em uma empresa manufatureira: análise de etapas, benefícios e barreiras” (DAUCH; SILVA; JABBOUR) acessível pelo link https://bit.ly/35JPbvG RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos resumir tudo o que vimos. Você viu que o Programa 5S se propõe organizar o ambiente de trabalho tanto nos aspectos físicos quanto nos funcionais. Gestão da Qualidade 17 Desdobramento da função qualidade: qualidade, melhoria produtos e serviços INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o desdobramento da função da qualidade em melhoria de produtos e serviços. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! IMPORTANTE: É importante saber que um produto ou serviço atenderá às necessidades dos clientes antes de colocá-lo em produção. Esse é o principal motivo para realizar a pesquisa necessária para identificar as necessidades do cliente e para se comunicar com clientes internos e externos. A implantação da função de qualidade (Quality Function Deployment – QFD) (Figura 2) foi desenvolvida com esse objetivo. Figura 2 – Quality Function Deployment Fonte: Pixabay O QFD foi desenvolvido no Japão no final dos anos 1960, como um método para o desenvolvimento de novos produtos, entre as várias atividades do TQM. Havia duas razões principais para o desenvolvimento desse método: (1) como projetar um produto que pode atender aos Gestão da Qualidade18 requisitos do cliente e (2) a necessidade de elaborar gráficos de controle de qualidade do processo,antes da produção real. O QFD é uma abordagem integrada para o desenvolvimento e a qualidade do produto em todas as atividades de pré-produção. Foi introduzido nos Estados Unidos pelo professor Y. Akao, da Universidade de Tamagawa, como parte de um artigo que ele apresentou em uma conferência de qualidade em Chicago. O QFD é, na verdade, um modelo para incorporar a entrada e o feedback do cliente no desenvolvimento do produto (GOETSCH; DAVIS, 2014). Com efeito, estabelece uma estrutura operacional para o conceito de construção em qualidade. A filosofia subjacente ao QFD é que mesmo um produto perfeitamente fabricado pode não satisfazer o cliente, pois pode ser nada mais do que um exemplo perfeito do que o cliente não deseja. Embora o método QFD fosse simples, foi visto como um avanço considerável em relação aos auxílios até então praticamente inexistentes ao planejamento de projeto. Em particular, produziu um efeito estimulante dentro da corporação nos esforços do pessoal envolvido para trabalhar com o método. VOCÊ SABIA? Em 1984, Don Clausing introduziu o QFD na Ford, em que foi implementado como um método estrutural. Assim, o QFD tem estado associado a outros métodos, como os métodos estatísticos de Taguchi para redução de “ruído” ou o AHP (Processo Hierárquico Analítico) ou a análise FMEA (Análise de Modos de Falhas e Efeitos), a fim de fornecer suporte integrado ao planejamento do projeto. O que torna o QFD único é que o foco principal são os requisitos do cliente. O processo é conduzido pelo que o cliente deseja, não por inovações em tecnologia. Consequentemente, é necessário mais esforço Gestão da Qualidade 19 para obter as informações necessárias para determinar o que o cliente realmente deseja. O QFD permite a incorporação sistemática das necessidades do cliente, capacidades de produção e todos os outros parâmetros relevantes no desenvolvimento do produto. O QFD consiste nas seguintes atividades básicas: a. Implantação de requisitos do cliente (necessidades de qualidade). b. Implantação de características de qualidade mensuráveis. c. Determinação da correlação entre necessidades de qualidade e características de qualidade. d. Atribuição de valores numéricos para cada característica de qualidade. e. Integração de características de qualidade no produto e serviço. f. Projeto detalhado, produção e controle de qualidade dos produtos e serviços. Quando tratamos do QFD, é importante destacar que esse método surgiu focado no processo de desenvolvimento de novos produtos (e posteriormente serviços). Vamos dar uma olhada nesta temática? Primeiro, devemos esclarecer o termo “produto” e, para isso, precisamos entender o que diferencia um produto físico de um “serviço”. Existem dois aspectos principais (MARITAN, 2015): 1. Um serviço é intangível em comparação a um produto. Assim, como um produto é um objeto identificado por características físicas e palpáveis, um serviço é identificado apenas pelo desempenho. É difícil padronizar um serviço e aplicar o conceito de conformidade a especificações, típicas do setor manufatureiro. Além disso, é complexo avaliar e gerenciar a qualidade de um serviço: testes e verificações são muito complexos, tão complexos quanto entender como o usuário final percebe a qualidade oferecida. 2. A oferta contemporânea de um serviço contrasta com a sequencialidade dos processos de produção e de consumo do produto. Um serviço não pode ser separado do contexto de seu Gestão da Qualidade20 fornecimento e consumo, enquanto um produto pode ser. Um serviço não pode ser armazenado. Como consequência, a falta de qualidade em um serviço é transferida diretamente para o consumidor, sem a possibilidade de corrigi-lo. O impacto do comportamento humano em um serviço é muito forte, mas menor em um produto. Com um serviço, existe um problema de coerência em relação ao comportamento de todas as pessoas envolvidas e sua confiabilidade. Outra maneira de pensar em QFD é comparar o ciclo de desenvolvimento do produto com o corpo humano. QFD seria o “esqueleto”, que fornece forma e estrutura ao ciclo e serve como a estrutura que liga todas as atividades em um pacote completo. Sem a estrutura, haveria atividade, porém seria vulnerável a influências externas, como mudanças de pessoal, redesenho do produto, gerenciamento inconstante e assim por diante. O QFD documenta todas as informações pertinentes para manter todos no caminho certo. Quando decisões críticas são tomadas, elas são documentadas para que todas as pessoas da equipe não apenas tomem consciência delas, mas também as comprem. IMPORTANTE: Uma vez usado o QFD, há uma tendência de se perguntar como as coisas já foram realizadas antes. O perigo é usar o QFD como um fim para si mesmo. O QFD é simplesmente uma ferramenta a ser utilizada quando apropriado. Como todas as ferramentas, existem maneiras adequadas e impróprias de usá-lo. O processo QFD começa quando procuramos identificar (ou precisamos dos) requisitos do cliente, que geralmente são expressos em termos de características qualitativas, amplamente definidas como “agradáveis de olhar”, “fáceis de usar”, “funcionando adequadamente’, “seguras”, “duradouras”, “elegantes”, “confortáveis” etc. Durante o processo de desenvolvimento de produto, os requisitos do cliente Gestão da Qualidade 21 são convertidos sucessivamente em requisitos internos da empresa, chamados especificações de design (DEFEO, 2017). Existem dois modelos QFD dominantes: (i) o de quatro fases, também conhecido como modelo de Clausing ou modelo ASI (American Supplier Institute) e (ii) modelo Matrizes de Akao. Mas o mais utilizado na literatura e na prática é o de quatro fases, portanto dar-se-á ênfase a ele. O modelo de quatro fases (Figura 3) é usado para o desenvolvimento de produtos e abrange as etapas básicas para tanto. Enquanto o modelo de matriz também é projetado para o TQM e engloba uma série de atividades como planejamento da confiabilidade, engenharia de valor, análise de custos e controle de qualidade na fabricação, atividades implícitas ou opcionais no Modelo de Quatro Fases. Figura 3 – Modelo de quatro fases do QFD Fonte: Chan e Wu (2002, p. 25). Na prática, os dois modelos são mais diferentes em estilo do que em conteúdo. O Modelo de Quatro Fases, mais simples, é mais amplamente descrito e usado, especialmente nos EUA. Como amplamente utilizado, o Modelo de Quatro Fases divide um processo de desenvolvimento de produto em quatro fases ou etapas usando quatro matrizes. A primeira fase é coletar as necessidades do cliente (ou requisitos do cliente, atributos do cliente) chamadas “O que” e depois transformá-las em medidas técnicas (ou requisitos técnicos, especificações de design Gestão da Qualidade22 do produto, características de engenharia, medidas de desempenho, características de qualidade substitutas) chamadas “Como”. Essa fase é fundamental no desenvolvimento do produto que, na matriz QFD correspondente, recebe o nome especial de “casa da qualidade” (ou matriz QFD). A casa da qualidade (veremos mais adiante) vincula as necessidades do cliente às respostas técnicas da equipe de desenvolvimento para atender a essas necessidades. Também podem ser chamadas de planejamento do produto ou planejamento de requisitos do cliente. A segunda fase transforma as medidas técnicas priorizadas na primeira fase em características “partes”, denominada implantação das partes. As principais características das partes são transformadas na terceira fase, denominada “planejamento do processo”, em parâmetros ou operações do processo. Finalmente, transformadas na quarta fase, denominada “planejamento da produção”, em requisitos ou operações de produção. O Modelo de Quatro Fases é geralmente representado de forma conceitual. O Modelo de Quatro Fases divide o QFD em fases interligadas para implantartotalmente as necessidades do cliente fase por fase. Cada fase é descrita por uma matriz de “O que” e “Como” e os resultados importantes de cada fase (“Como”), gerado a partir das entradas da fase (“O que”), são convertidos na próxima fase como suas entradas (novo “O que”) (DEFEO, 2017). De fato, a fase da casa da qualidade é de importância fundamental e estratégica no sistema QFD. Pois é nessa fase que as necessidades do cliente para o produto são identificadas e, incorporando as prioridades competitivas da empresa, são transformadas em medidas técnicas. EXPLICANDO MELHOR: Em outras palavras, a casa da qualidade vincula a voz do cliente à voz da equipe de desenvolvimento, por meio da qual os planos detalhados de processo e de produção podem ser desenvolvidos nas outras fases do sistema QFD. Gestão da Qualidade 23 A casa da qualidade fornece estrutura para o ciclo de projeto e desenvolvimento, muitas vezes comparado à construção de uma casa, devido ao formato das matrizes quando elas são montadas. A chave para construir a casa é o foco nos requisitos do cliente, para que os processos de design e desenvolvimento sejam orientados mais pelo que o cliente precisa do que pelas inovações em tecnologia. Isso garante que mais esforço seja usado para obter informações vitais do cliente. Isso pode aumentar o tempo de planejamento inicial em um projeto de desenvolvimento específico, mas o tempo geral, incluindo design e reprojeto, levado para trazer um produto ou serviço ao mercado será reduzido. A casa da qualidade compreende seis partes principais, conforme a Figura 4. É uma maneira estruturada e sistemática de transformar as necessidades dos clientes de um produto em medidas técnicas priorizadas que podem ser implementadas para desenvolver planos de processo e produção. Embora a casa do conteúdo de qualidade seja diferente nas suas várias apresentações. Figura 4 – Casa da qualidade (ou matriz QFD) Fonte: Chan e Wu (2002, p. 26). A construção começa com os requisitos do cliente, que são determinados pela “voz do cliente” – as atividades de marketing e Gestão da Qualidade24 pesquisa de mercado. Eles são inseridos nos blocos à esquerda da matriz de relacionamento central. Compreender e priorizar os requisitos do cliente pela equipe do QFD pode exigir o uso de análises competitivas e compatíveis, de grupos focais e a análise do potencial do mercado. Os requisitos principais ou amplos devem levar ao detalhamento. Depois que os requisitos dos clientes são determinados e inseridos na tabela, a importância de cada um é classificada e as classificações são adicionadas. O uso da “técnica de ênfase” ou comparação pode ser útil aqui. IMPORTANTE: Cada requisito do cliente deve ser examinado em termos de classificação do cliente; pode ser perguntado a um grupo de clientes como eles percebem o desempenho do produto ou serviço da organização versus o dos concorrentes. Estes resultados são colocados à direita da matriz central. Portanto, as classificações de importância dos requisitos do cliente e as classificações de concorrência aparecem da esquerda para a direita em toda a casa. Quanto à implementação do QFD, existem algumas etapas a serem seguidas, quais sejam (Figura 5): Gestão da Qualidade 25 Figura 5: – Etapas para a implementação do QFD Fonte: Elaborado pela autora (2020). A implementação bem-sucedida do QFD não é nada simples, uma vez que uma ideia refinada acaba se deteriorando no processo, e os processos ficarão confusos enquanto os seres humanos estiverem envolvidos. Mas o principal benefício do QFD é atrair as pessoas a pensarem juntos nas direções certas. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “QFD”? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Utilização do Desdobramento da Função Qualidade - QFD para análise e proposta de melhoria no serviço de transporte público” (MARTINS et al.) acessível pelo link https://bit.ly/3iHKXbq. Gestão da Qualidade26 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vimos que o QFD fornece uma estrutura robusta para o desenvolvimento de produtos, serviços e processos. Quando usado de maneira eficaz, pode trazer um foco correto no cliente para os projetos que apresentarão muita satisfação com a confiabilidade e o custo. Para tanto, requer o comprometimento da gerência, o entendimento adequado da técnica, o trabalho em equipe multifuncional e o treinamento eficaz, que são ingredientes vitais para o sucesso. Gestão da Qualidade 27 Sistema de medição de desempenho INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona o sistema de medição de desempenho. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! O contexto competitivo muito discutido em que hoje empresas operam requer que muitas delas adotem práticas destinadas a ajudá-las a avaliar a em que medida estão cumprindo seus objetivos. Não há dúvida de que, se uma empresa deseja ser competitiva, deve concentrar seus esforços na eficácia aprimorada, por exemplo, no atendimento ao cliente, reduzindo custos e melhorando seus processos de negócios, enquanto observa a empresa de fora e de dentro. A medição de desempenho tornou-se uma ferramenta essencial para assegurar que os diferentes processos que compõem os negócios de uma empresa sejam alinhados. Para avaliar a eficácia e a eficiência dos processos de negócios, é necessário iniciar no nível operacional, medindo a extensão dos objetivos definidos em um nível que, posteriormente, possa ser agregado para observar o escopo nos níveis tático e estratégico (ALFARO; ORTIZ; POLER, 2007). A maioria das empresas geralmente compartilha os mesmos objetivos gerais: maior produtividade, maior capacidade de resposta do cliente, maior flexibilidade, custos reduzidos etc. No entanto, esses Gestão da Qualidade28 objetivos são difíceis de alcançar, se a empresa não for capaz de medir até que ponto está atendendo às suas necessidades específicas. NOTA: A medição de desempenho é uma ferramenta que está sendo cada vez mais usada por empresas que buscam obter vantagens e diferenciações competitivas, mas é uma ferramenta que precisa ser simples, contínua e eficiente para fazer valer os esforços investidos no processo. A abordagem de gerenciamento de processos nos negócios foi adotada nos últimos tempos por um número crescente de empresas que procuram produzir melhores resultados de gerenciamento. Essa abordagem agrupa as diferentes atividades de negócios de uma empresa em uma linha sequencial de processos que são gerenciados na estrutura estratégica da empresa. É um meio sistemático de gerenciar a empresa da perspectiva de grupos de atividades ou processos. A capacidade de medir todos ou, pelo menos, o mais importante, relevante ou crítico desses processos é um requisito essencial para o gerenciamento bem-sucedido da empresa e, portanto, parâmetros de desempenho adequados são essenciais para monitorar e controlar esses processos. Não há dúvida de que um dos principais objetivos buscados por qualquer empresa é tornar seus processos altamente produtivos. A produtividade é uma das variáveis mais importantes que deve ser rastreada. É, no entanto, uma variável que é constantemente subestimada – e até incompreendida – por um número surpreendentemente grande de gerentes (ALFARO; ORTIZ; POLER, 2007). Dessa forma, a medição de desempenho é o monitoramento contínuo e o relato de realizações do programa, o progresso em direção a metas pré-estabelecidas. Os indicadores de desempenho podem abordar o tipo ou nível de atividades do programa conduzidas (processo), Gestão da Qualidade 29 os produtos e serviços diretos entregues por um programa (produtos) ou os resultadosdesses produtos e serviços (resultados). IMPORTANTE: Indicadores de desempenho são ferramentas para entender, gerenciar e melhorar as atividades das organizações e são eficazes e eficientes, pois permitem entender: a. Quão bem estamos indo. b. Se estamos cumprindo nossos objetivos. c. Se nossos clientes estão satisfeitos. d. Se nossos processos estão sob controle. e. Se e onde melhorias no processo são necessárias. O resultado de uma medição de desempenho é um indicador de desempenho, expresso por um número e uma unidade de medida. O número dá uma magnitude (quanto) e a unidade dá um significado (o que). Os indicadores estão sempre associados aos alvos de representação correspondentes. A maioria dos indicadores de um processo genérico se refere aos seguintes aspectos (Figura 6): Figura 6 – Indicadores e seus aspectos Fonte: Elaborada pela autora (2020). Gestão da Qualidade30 Aqui, apresentamos algumas razões práticas para a adoção de um sistema de medição de desempenho (BOURNE; BOURNE, 2011): • Um sistema de medição de desempenho representa uma abordagem estruturada para focar no plano estratégico, nas metas e no desempenho de um programa. • Os indicadores concentram-se nos aspectos que merecem mais atenção para alcançar o resultado necessário. Os indicadores fornecem feedback sobre o progresso em direção aos objetivos. • Os indicadores de desempenho melhoram a comunicação interna (entre colaboradores) e a comunicação externa (entre a organização, os clientes e as partes interessadas). A ênfase em medir e melhorar o desempenho (gerenciamento orientado a resultados) afeta vários aspectos das organizações. • Os indicadores de desempenho ajudam a justificar os programas e seus custos, ou seja, eles podem demonstrar o potencial de um programa, apoiando o processo de tomada de decisão. Ao estabelecer um sistema de medição de desempenho, alguns aspectos básicos devem ser considerados. São eles: plano estratégico, subprocessos-chave, necessidades das partes interessadas (stakeholders) e integração vertical e horizontal de indicadores de desempenho. Vamos ver cada um deles? a. Plano estratégico Estabelece as bases para sistemas eficazes de medição de desempenho. Os sistemas de medição de desempenho que se concentram no conjunto errado de indicadores podem realmente prejudicar a missão estratégica de uma organização, perpetuando as práticas comerciais míopes. Por esse motivo, é apropriado discutir os elementos críticos de um plano estratégico e revisar sua compatibilidade com o sistema integrado de medição de desempenho. Um plano estratégico bem desenvolvido Gestão da Qualidade 31 deve conter as informações básicas para a construção de um sistema integrado de medição de desempenho, como mostra o Quadro 2. Quadro 2 – Informações básicas para a construção de um sistema integrado de medição de desempenho. Determinantes de um plano estratégico Descrição Objetivo estratégico Determina a missão final do processo de interesse. Objetivo Descreve as atividades estratégicas necessárias para atingir a meta. Estratégia Define requisitos estratégicos de longo prazo que se vinculam aos objetivos. Por exemplo, requisitos relativos a metas de desempenho, datas estratégicas etc. Plano tático Identifica os requisitos de curto prazo vinculados à estratégia. Por exemplo, requisitos relativos a custo, tempo, marco, qualidade, atributos de segurança etc. Fonte: Elaborado pela autora (2020). Tendo definido um plano estratégico, devemos determinar um conjunto adequado de indicadores e focar nas informações necessárias. O objetivo é descobrir quais indicadores devem ser monitorados e mantidos e quem são os proprietários e os clientes de dados. Responder às cinco perguntas a seguir deve fornecer informações suficientes para esta etapa: 1. Quais informações estão sendo relatadas? 2. Quem é responsável por coletar e relatar dados sobre o desempenho do processo? 3. Quando e com que frequência os indicadores de desempenho são relatados? Gestão da Qualidade32 4. Como as informações são relatadas? 5. Para quem o indicador de desempenho é reportado? Por exemplo, os indicadores de desempenho e o plano estratégico podem ser vinculados usando uma planilha ou uma tabela, como a utilizada para a metodologia QDF. b. Subprocessos chave Os processos (Figura 7) representam a implementação de um plano estratégico. Quando a complexidade de um processo tende a ser alta, pode ser apropriado decompor um processo em subprocessos (principais ou chave), que são organizados hierarquicamente, dependendo do seu impacto nos destinos. Figura 7 - Processos Fonte: Imagem Pixabay. Isso pode ser feito usando os chamados “mapas de processos”, ou seja, algumas ferramentas gráficas contendo as informações relevantes (qualitativas e quantitativas) sobre o processo de interesse. Os mapas de processos fornecem uma representação visual das atividades, interfaces, fluxos de informações e responsabilidades dos atores do processo; em outras palavras, um “instantâneo” detalhado da organização. Isso pode ser estruturado da seguinte maneira: • Análise preliminar dos processos – o objetivo deste estágio é obter uma imagem geral do processo. Os passos fundamentais são: identificar as atividades principais da organização de interesse; identificar a(s) interface(s) entre a organização e os clientes; identificar a(s) interface(s) entre a organização e as demais partes interessadas; identificar os dados típicos para gerenciar e os possíveis problemas críticos. Esse estágio é muito importante para (re)estruturar a organização do processo atual. Gestão da Qualidade 33 • Elaboração dos mapas dos processos – um processo genérico pode se decompor em mais um subprocesso. O nível de detalhe depende da complexidade de todo o processo. Além disso, o número de níveis não deve ser maior que quatro ou cinco, para não complicar a análise. A primeira ação na construção de um mapa do processo, levando em consideração os seguintes recursos: entrada de processo, procedimentos e atividades (representados por blocos no mapa do processo), saída do processo (resultados). Em seguida, são definidas as responsabilidades dos atores (ou seja, “quem faz o quê”), representando o fluxo de informações graficamente. Os mapas dos processos também podem incluir informações sobre (i) dados na interface entre organização e clientes, (ii) dados compartilhados com fornecedores, (iii) tempo exigido pelas várias atividades etc. • Análise dos mapas dos processos – com o objetivo de determinar a eficiência e eficácia do processo e como, onde e quando o monitoramento da qualidade deve ser realizado. Além disso, os pontos fracos do processo devem ser identificados e corrigidos. Uma “leitura vertical” dos mapas dos processos permite identificar as atividades do processo relacionadas aos envolvidos. Além disso, uma superposição virtual de vários mapas de processos permite identificar as cargas de trabalho e os chamados “círculos viciosos” relacionados às várias atividades. c. Necessidades das partes interessadas (stakeholders) DEFINIÇÃO: As partes interessadas são aquelas pessoas com uma participação no sucesso futuro de uma organização. É importante ter uma ideia clara das necessidades e expectativas das partes interessadas. Uma estratégia é compreender sistematicamente o que as partes interessadas querem e esperam. Em relação aos clientes, pesquisas ou grupos focais são frequentemente usados; também em relação a colaboradores, pesquisas, Gestão da Qualidade34 grupos focais ou discussões. O desenvolvimento de indicadores de desempenho relacionados às partes interessadas pode ajudar em: a. Compreender se os planos táticos estão sendo cumpridos. Por exemplo, aqueles relativos à satisfação do cliente e ao comprometimento do colaborador. b. Testar as supostas relaçõesde causa e efeito entre indicadores e estratégias de desempenho. Por exemplo, qualidade mais alta sempre resulta em aumento de vendas? Em muitas organizações, o compromisso da liderança com o desenvolvimento e o uso de indicadores de desempenho é muito importante. Quatro maneiras específicas de incentivar esse compromisso são: 1. Delegar responsabilidades e capacitar colaboradores – o envolvimento cria propriedade e incentiva a lealdade, o comprometimento e a responsabilidade dos colaboradores. 2. Desenvolver bons processos de comunicação – um bom processo de comunicação fornece um elo crítico entre as tarefas dos colaboradores e os indicadores do plano estratégico. 3. Buscar sempre o feedback – os gerentes precisam saber o que os colaboradores pensam sobre suas atividades, principalmente se não estiverem alinhados com a direção estratégica da organização. Fazer isso cria responsabilidade para os colaboradores e a gerência sênior. 4. Definir de responsabilidades – cada indicador de desempenho precisa de alguém que seja responsável por isso. Além disso, os colaboradores precisam saber como os indicadores se relacionam com o sucesso ou fracasso da organização. d. Integração vertical e horizontal de indicadores de desempenho Os indicadores de desempenho precisam ser integrados em duas direções: vertical e horizontal. A integração vertical pode incentivar os colaboradores a se concentrarem nos objetivos estratégicos da Gestão da Qualidade 35 organização. Por outro lado, a integração horizontal incentiva a otimização do fluxo de trabalho em todos os processos e limites organizacionais. EXPLICANDO MELHOR: Os indicadores de desempenho verticalmente integrados incluem vários requisitos: determinar dos valores-alvo, integrar indicadores e resultados de processos, definir responsabilidades por nível e coordenar a coleta e análise de dados. Do ponto de vista do cliente, as organizações são frequentemente percebidas como “corpos perfeitamente estruturados”, sem limites entre atividades ou funções. No entanto, as atividades e funções devem ser coordenadas e alinhadas entre si, compartilhando as informações relevantes: essa é a essência do conceito de integração horizontal. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “Avaliação de desempenho”? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Avaliação de desempenho” (PEREIRA et al.) acessível pelo link https://bit.ly/32yrN26 . RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vimos que um sistema de medição de desempenho é uma ferramenta que tem sido muito utilizada pelas organizações que estão inseridas em um ambiente altamente competitivo e querem se destacar.. Gestão da Qualidade36 Resolução de problemas e tomada de decisão INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a resolução de problemas e a tomada de decisão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! A resolução de problemas e a tomada de decisões são fundamentais para a qualidade total. Por um lado, boas decisões e soluções de problemas diminuirão o número de problemas que ocorrem. Por outro lado, o local de trabalho nunca estará completamente livre de problemas. Nossas vidas parecem cheias de problemas que exigem soluções e situações que precisam de decisões. Alguns são triviais, mas outros podem ser de extrema importância. O mesmo acontece em nossas vidas profissionais. As organizações desenvolvem problemas que precisam ser resolvidos e situações que exigem decisões. É prática comum tratar a resolução de problemas e a tomada de decisões (Figura 8) como um único assunto, uma vez que a mecânica de resolver problemas e de tomar decisões é a mesma ou, pelo menos, muito intimamente relacionada. Será útil, no entanto, manter uma distinção mental entre os dois. Figura 8 – Decisões Fonte: Imagem Pixabay. Gestão da Qualidade 37 A solução de problemas se preocupa com problemas que possam impactar a organização ou seus clientes de alguma maneira – geralmente de maneira negativa. Os problemas, se não resolvidos, podem afetar adversamente os produtos ou processos da organização, levando a custos mais altos, problemas de segurança, insatisfação do cliente, competitividade reduzida e assim por diante – e, finalmente, podem até resultar em falha da organização. Para a tomada de decisão, estamos preocupados com as decisões que impactam a organização de alguma maneira significativa e tangível: por exemplo, aquelas que podem afetar o caminho futuro da organização; sua missão, seu pessoal, sua cultura, o meio ambiente, seu equipamento ou seu treinamento e similares. Decisões desse tipo podem levar a organização ao sucesso ou, se não feitas corretamente, à destruição (GOETSCH; DAVIS, 2014). IMPORTANTE: A solução de problemas é mais frequentemente (embora nem sempre) uma reação a um problema que se apresenta (isto é, algo que aconteceu). A tomada de decisão é frequentemente voltada para o futuro, e não para um evento que ocorreu. Como tal, é semelhante e parte integrante do planejamento. As palavras reais podem variar, mas a mensagem é a mesma. O local de trabalho pode estar tão sobrecarregado de problemas que os gerentes e outras pessoas passam grande parte do tempo tentando consertá-los e nada é feito corretamente. A liderança sofre, pois não há tempo para liderar. O desempenho sofre, do ponto de vista do indivíduo e da organização. A qualidade do produto ou serviço se deteriora, logo a competitividade é impactada negativamente. O fracasso da organização se torna uma probabilidade real, especialmente se seus concorrentes se voltaram para a qualidade total e sua filosofia para resolver problemas – de uma vez por todas. Por que, com todo o esforço que investimos nele, consumindo tanto tempo no Gestão da Qualidade38 processo, não podemos resolver nossos problemas e continuar com os trabalhos que somos pagos? A resposta é simplesmente que a maioria da nossa solução de problemas é tudo menos isso. Na qualidade total, um problema é resolvido apenas quando sua recorrência se torna impossível ou significativamente menos provável. Esse sempre será o objetivo da resolução de problemas de qualidade total. Qualquer problema que seja simplesmente corrigido restaurando a situação para o que era antes que o problema fosse manifestado, retornará novamente. NOTA: Os mesmos problemas não retornam uma e outra vez. Isso significa que haverá menos problemas amanhã do que havia hoje, menos no próximo mês que este mês, menos no próximo ano que este ano. Os gerentes terão mais tempo para gerenciar, os líderes para liderar. De acordo com Goetsch e Davis (2014), quando soluções de problemas levam à melhoria de processos ou produtos ou serviços, a qualidade deles é incrementada: há a redução de custos (com menos desperdício e ações de garantia), há o aumento da satisfação do cliente , há uma melhoria na competitividade e há maior probabilidade de sucesso. Claramente, todos esses resultados são desejáveis. Todos eles são alcançáveis aplicando os princípios de qualidade total à solução de problemas. É provável que decisões e soluções baseadas em informações imprecisas ou “contaminadas” por opiniões pessoais e exageros não sejam ideais, independentemente do modelo de solução de problemas usado. A etapa de coleta de informações pode ser mais eficaz com o uso de ferramentas de qualidade total. A seguir, vamos ver alguns dos principais aspectos que são afetados pela tomada de decisão. Gestão da Qualidade 39 Figura 9 - Reunião Fonte: Freepik a. Tomada de decisão para qualidade total Todas as pessoas tomam decisões. Algumas são menores (o que devo vestir para trabalhar hoje?O que devo tomar no café da manhã?), algumas são importantes (devo aceitar uma oferta de emprego em outra cidade? Devo comprar uma casa nova?). Independentemente da natureza da decisão, a tomada de decisão pode ser definida da seguinte forma: é o processo de selecionar um curso de ação entre duas ou mais alternativas. EXPLICANDO MELHOR: A tomada de decisão é uma tarefa crítica em um ambiente de qualidade total. As decisões desempenham o mesmo papel em uma organização que o combustível desempenha em um motor de automóvel: elas a mantêm em funcionamento. O trabalho de uma organização não pode prosseguir até que as decisões sejam tomadas. Considere o seguinte exemplo. Porque uma máquina está inoperante, o departamento de produção de uma empresa está atrasado. Com esta máquina inativa, a empresa não pode concluir um contrato importante dentro do prazo, sem agendar pelo menos 90 horas extras. O gerente de produção enfrenta um dilema (Figura 10). Por um lado, nenhuma hora extra foi orçada para o projeto. Por outro lado, há uma pressão para concluir este contrato dentro do prazo, porque contratos Gestão da Qualidade40 futuros com esse cliente podem depender dele. O gerente deve tomar uma decisão. Figura 10 – Dilema nas decisões Fonte: Pixabay. Nesse caso, como em todas essas situações, é importante tomar a decisão certa. Mas como os gerentes sabem quando tomaram a decisão certa? Na maioria dos casos, não existe uma única escolha certa. Se houvesse, a tomada de decisões seria fácil. Geralmente, existem várias alternativas, cada uma com suas próprias vantagens e desvantagens. Por exemplo, no caso da empresa mencionada anteriormente, o gerente tinha duas alternativas: autorizar 90 horas de horas extras sem orçamento ou correr o risco de perder contratos futuros. Se o gerente autorizar horas extras, o lucro de sua empresa para o projeto em questão será prejudicado, mas seu relacionamento com um cliente poderá ser protegido. Se o gerente se recusar a autorizar as horas extras, o lucro da empresa nesse projeto será protegido, mas o relacionamento com esse cliente poderá ser prejudicado. Esses e outros tipos de decisões devem ser tomadas o tempo todo no local de trabalho. Deste modo os gerentes devem estar preparados para que suas decisões sejam avaliadas e até criticadas após o tomadas. Embora possa parecer injusto conduzir uma crítica retrospectiva das decisões que foram tomadas durante determinada situação. Ter as decisões avaliadas faz Gestão da Qualidade 41 parte da responsabilidade e pode ser uma maneira eficaz de melhorar as habilidades de tomada de decisão de um gerente. b. Avaliando as decisões Existem duas maneiras de avaliar decisões (ARMSTRONG, 2006). A primeira é examinar os resultados. Em todos os casos em que uma decisão deve ser tomada, há um resultado correspondente. Esse resultado deve promover a organização em direção ao cumprimento de suas metas. Na medida que o faz, a decisão é considerada uma boa decisão. Dessa forma, os gerentes têm suas decisões avaliadas com base nos resultados. IMPORTANTE: No entanto, essa não é a única maneira das decisões serem avaliadas. Segundo, independentemente dos resultados, é aconselhável avaliar o processo usado na tomada de decisão. Resultados positivos podem fazer com que um gerente ignore o fato de que um processo defeituoso foi usado e, a longo prazo, um processo defeituoso levará a resultados negativos com mais frequência do que a positivos. Por exemplo, suponha que um gerente deva escolher entre cinco alternativas. Em vez de coletar o máximo informações quanto possível sobre cada uma, avaliando as vantagens e desvantagens e solicitando informações, o gerente escolhe aleatoriamente. Ele tem uma chance em cinco de escolher a melhor alternativa. Essas probabilidades podem produzir um resultado positivo, mas normalmente não. É por isso que é importante examinar o processo e o resultado, não apenas quando o resultado é negativo, mas também quando é positivo. Gestão da Qualidade42 c. O processo de tomada de decisão DEFINIÇÃO: O processo de tomada de decisão é uma série de atividades logicamente sequenciadas pelas quais as decisões são tomadas. Existem vários modelos de tomada de decisão. Embora pareçam ter grandes diferenças, todas envolvem as várias etapas mostradas na Figura 11. Figura 11– Modelo de tomada de decisão Fonte: Goetsch e Davis (2014, p. 299). Antecipar a situação é como dirigir defensivamente: nunca assuma nada. Olhe, ouça, pergunte e sinta. Quanto mais os gerentes conhecerem seus colaboradores, sistemas tecnológicos, produtos e processos, mais capazes serão de antecipar situações problemáticas (ARMSTRONG, 2006). Mesmo os gerentes mais perspicazes serão incapazes de antecipar todas as situações ou entender intuitivamente o que está por trás delas. No entanto, é aconselhável reunir os fatos primeiro para se ter certeza do que está por trás das atitudes negativas. Considerar as alternativas envolve duas etapas: (i) listar todas as várias alternativas disponíveis e (ii) avaliar cada alternativa à luz dos fatos. O número de alternativas identificadas na primeira etapa será limitado por vários fatores. Depois que a lista foi desenvolvida, cada entrada é avaliada. O principal critério contra o qual as alternativas são avaliadas é o resultado Gestão da Qualidade 43 desejado. A alternativa considerada será o resultado desejado? Se sim, a que custo? Depois que todas as alternativas foram consideradas, é preciso selecionar e implementar uma, e depois que uma alternativa foi implementada, os gerentes devem monitorar o progresso e ajustar- se adequadamente. A alternativa está tendo o efeito desejado? Caso contrário, que ajustes devem ser feitos? Selecionar a melhor alternativa nunca é um processo completamente objetivo. Requer estudo, lógica, razão, experiência e até intuição. d. Tomada de decisão objetiva versus subjetiva Todas as abordagens para a tomada de decisão se enquadram em uma de duas categorias: objetiva ou subjetiva. Embora a abordagem usada pelos gerentes em um ambiente de qualidade total possa ter características de ambos, o objetivo é minimizar a subjetividade e maximizar a objetividade. A abordagem com maior probabilidade de resultar em uma decisão de qualidade é a abordagem objetiva (Figura 12). Figura 12: – Tomada de decisão objetiva Fonte: Elaborada pela autora (2020). Enquanto a tomada de decisão objetiva é baseada na lógica e em informações precisas e completas, a tomada subjetiva de decisão é baseada na intuição, na experiência e em informações incompletas. Essa abordagem pressupõe que os tomadores de decisão estejam sob pressão, com pouco tempo e operando apenas com informações limitadas. O objetivo da tomada de decisão subjetiva é tomar a melhor decisão possível sob as circunstâncias. Ao usar essa abordagem, sempre existe o Gestão da Qualidade44 perigo de os gerentes tomarem decisões rápidas, com base em nenhuma informação e nenhuma entrada de outras fontes (ARMSTRONG, 2006). A abordagem subjetiva não dá aos gerentes licença para tomar decisões desleixadas. Se o tempo for curto, eles devem usar o pouco tempo disponível para listar e avaliar alternativas. Se as informações estiverem incompletas, eles devem usar o máximo possível de informações. A tomada de decisão subjetiva deve ser evitada sempre que possível no contexto de qualidade total. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desta unidade, vamos resumir tudo o que vimos. Vimos como se dá a resolução de problemas e tomada de decisão nas organizações e como isso afeta a qualidade de seus produtos, processos e serviços. Gestão da Qualidade 45 REFERÊNCIAS ALFARO, J.; ORTIZ, A.; POLER, R. Performance measurement system for business processes.Production Planning & Control: The Management of Operations, v. 18, n. 8, p. 641-654, 2007. Disponível em: http://dx.doi. org/10.1080/09537280701599772. Acesso em 28 de jan. 2020. ARMSTRONG, M. Performance management: key strategies and practical guidelines. 3. ed. London: KoganPage, 2006. BOURNE, M. C.; BOURNE, P. Handbook of corporate performance management. Chichester: Wiley, 2011. CHAN Lai-Kow; WU, Ming-Lu. Quality Function Deployment: a Comprehensive Review of Its Concepts and Methods, Quality Engineering, 15:1, 23-35, 2002. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1081/QEN- 120006708. Acesso em 27 de jan. de 2020. DEFEO, J.A. Juran’s quality handbook. 7. ed. New York: Mc Graw Hill, 2017. GOETSCH, D.L.; DAVIS, S. Quality management for organizational excellence: introduction to total quality. 7. ed. USA: Pearson Education, 2014. MARITAN, D. Practical manual of Quality Function Deployment. London: Springer, 2015. Nara Stefano Gestão da Qualidade Conhecendo meios para auxiliar na Gestão da Qualidade Cinco Sensos (5S) Desdobramento da função qualidade: qualidade, melhoria produtos e serviços Sistema de medição de desempenho Resolução de problemas e tomada de decisão
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