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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Qualidade – Ferramentas Aula 1 Prof. Nelson Tadeu Galvão de Oliveira CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Caros alunos, nesta disciplina – Gestão da qualidade (ferramentas) –, vocês poderão aprender sobre o histórico, os diversos conceitos e as diferentes dimensões da qualidade e como se estruturam os programas de qualidade total nas empresas. Nesta aula, conheceremos os fundamentos básicos para o entendimento de outros importantes assuntos que se sucederão. Compreendê-los vai facilitar o entendimento dos assuntos que virão na sequência. Assim, objetiva-se mostrar a importância da gestão da qualidade desde os tempos antigos até os dias atuais, para que todos saiam com a melhor compreensão dos conceitos e sobre a importância da qualidade em uma organização. Espero também que vocês compreendam, além dos diferentes conceitos, as diferentes dimensões da qualidade. Portanto, dedicação e bons estudos! Contextualizando A gestão da qualidade pode ser definida como qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização, com a finalidade de possibilitar a melhoria de produtos/serviços com vistas a garantir a completa satisfação das necessidades dos clientes – relacionadas ao que está sendo oferecido – ou à superação de suas expectativas. Atualmente, os clientes exigem produtos com características que satisfaçam necessidades e expectativas. Elas são expressas nas especificações de produto e, geralmente, são designadas como requisitos do cliente. Cada vez mais, aumenta a velocidade das mudanças, o mundo torna-se mais interligado e os negócios mais complexos e dinâmicos. O trabalho está mais relacionado ao aprendizado e as organizações estão descobrindo a importância de despertar o empenho e a capacidade de aprender em todas as pessoas, de todos os níveis funcionais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Por essas questões, uma gestão da qualidade eficaz oferece benefícios, mas eles somente podem ser alcançados pelas organizações que dispõe de programas de gestão da qualidade efetivos. Os resultados de uma boa gestão da qualidade são: Aumento da satisfação e lealdade dos clientes, porque assegura que seus requisitos são atendidos; Redução dos custos operacionais, através da diminuição dos custos da qualidade e aumento da eficiência, alcançado como resultado da prevenção intensificada versus correção; Melhoria da transferência de conhecimento dentro da empresa; Melhora do estado de espírito e aumento da motivação dos empregados à medida em que eles trabalham com maior eficiência; Vamos então nesta aula conhecer os fundamentos da gestão da qualidade para depois podermos aprofundar os nossos estudos e vocês podem conhecer as principais ferramentas da qualidade para termos uma melhor Gestão da Qualidade em nossas empresas fazendo com que a sociedade como um todo seja beneficiada Tema 1: Histórico da qualidade Vamos conhecer como a busca pela qualidade começou desde épocas remotas da história da humanidade. A qualidade sempre esteve presente na vida do homem. Pela própria natureza, a busca pela melhoria, pelo aperfeiçoamento e pela realização sempre foi uma constante. Por volta de 2150 a.C., o código de Hamurabi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 sólido o suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, o construtor seria imolado. Os fenícios imputavam a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos segundo as especificações governamentais, com perfeição. Os egípcios já usavam sistemas de medição das pedras usadas na construção das pirâmides. Os gregos e romanos mediam construções e aquedutos para certificarem- se que estavam conforme especificação. Fonte: Aildefonso, 2006. Vamos estudar agora as fases do desenvolvimento da qualidade após a revolução industrial. Desenvolvimento histórico da qualidade: a evolução da qualidade após a Revolução Industrial A primeira era da qualidade: a era da inspeção Com a Revolução Industrial, ocorrem mudanças radicais na administração das empresas, que foram obrigadas a dividir o processo industrial em fases: marketing, concepção, projeto, aquisição, produção e comercialização. A produção torna-se padronizada e o número de opções colocadas à disposição do cliente é limitado. O trabalho é rotineiro e padronizado e o trabalhador perde o contato com o cliente e com a visão global dos objetivos da empresa. Aparecem os supervisores para controlar as atividades de produção, escolha da matéria-prima e seleção dos produtos. O conhecimento passou a ser propriedade da empresa. Estava criado o estágio extremo da relação capital/trabalho, o proprietário fornecia o capital – instalações, máquina, matéria-prima e tecnologia; e o trabalhador fornecia seu trabalho. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Nesse contexto, a quantidade de falhas, de desperdício era elevada, em função das limitações das máquinas, do despreparo dos operários e do precário desenvolvimento das técnicas administrativas. Primeira Guerra Mundial: criação da inspeção Com o grande aumento da demanda de material bélico, os problemas com a falta da qualidade dos produtos cresceram de maneira tão assustadora, que foi necessária a criação da figura do inspetor, que assumiu o papel do supervisor no controle da qualidade. A inspeção, criada para evitar que produtos sem qualidade saíssem das fábricas e fossem utilizados pelos clientes. Fonte: Aildefonso, 2006. Em resumo, sobre a era da inspeção, afirmamos: produtos são verificados um a um; cliente participa da inspeção; inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade A era do controle estatístico de processo Com a ascensão da empresa industrial e da produção massificada, tornou-se impraticável inspecionar a totalidade de produtos que saíam aos milhares das linhas de montagem, inviabilizando a execução da inspeção de produto a produto como na era anterior. Razão da introdução da estatística como ferramenta da indústria. O contexto tornou-se favorável ao surgimento do controle estatístico da qualidade (CEQ), com base em técnicas de amostragem. Em lugar de inspecionar todos os produtos, passou a ser selecionado por amostragem certa quantidade. O surgimento dos departamentos de controle da qualidade: a prevenção de defeitos Em 1951, Armand V. Feigenbaum, autor da frase “a qualidade, que era um trabalho de todo mundo, acabava sendo um trabalho de ninguém”, no livro CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Quality Control, defende a ideia de que as empresas deveriam criar um departamento para cuidar exclusivamente da qualidade – departamento de engenharia da qualidade –, tendo como principal atribuição preparar e ajudar administrar o programa de qualidade. A questão mais importante levantada por ele no seu livro era: as empresas precisam dar mais ênfase à prevenção do que a correção de defeitos. Seria essa a essência do que ele já chamava de moderno controle da qualidade. Fonte: Aildefonso, 2006 Em resumo: Produtos são verificados por amostragem. Departamento especializado faz controle da qualidade. Ênfase na localização de defeitos. A era da garantia da qualidade As empresas sempre preocuparam-se com a qualidade no "chão de fábrica", esquecendo-se que os grandes problemas surgiam das falhas, como de comunicação entre os diversos órgãos da empresa e entre diversos níveis hierárquicos. A garantia da qualidade assegura ao cliente que o fornecedortem a capacidade de atender a todos os requisitos técnicos e organizacionais exigidos nas normas e nos contratos de fornecimento. Resultado da aplicação conjunta da teoria de sistemas, a administração da qualidade e os princípios do controle total da qualidade, baseava-se no princípio de que para se conseguir a verdadeira garantia de qualidade de um produto, o controle deve começar pelo projeto, estender-se à entrega e terminar quando o usuário demonstrar satisfação com o uso do produto. Em síntese, prevê ao fornecedor a confiança de que sua empresa poderá atender a todos os requisitos do contrato e das normas aplicáveis. Fonte: Aildefonso, 2006. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Em resumo: Processo produtivo é controlado. Toda a empresa é responsável. Ênfase na prevenção de defeitos. Qualidade assegurada; sistema de administração da qualidade. A era da qualidade total – TQC Essa era começou a ser consolidada na década de 60 quando, através de uma versão evoluída das proposições publicadas por Feigenbaum, estruturava- se a expansão do controle de qualidade por toda a fábrica. Na era da qualidade total ou controle total da qualidade (TQC), a ênfase passa a ser o cliente, tornando-se o centro das atenções das organizações que dirigem seus esforços para satisfazer às necessidades e expectativas. A principal característica dessa era é que toda a empresa passa ser responsável pela garantia da qualidade dos produtos e serviços – todos os funcionários e todos os setores. Para tanto, é necessário que se pense sobre os processos relacionados à gestão da qualidade de forma sistêmica, de tal modo que os inter- relacionamentos e interdependências sejam considerados entre todos os níveis da empresa. Para chegar-se ao completo domínio de tais técnicas e incorporá-las ao processo produtivo, é necessário trilhar um longo caminho, que se inicia pela preparação cultural da empresa. A qualidade, então, passou a ser encarada não é apenas com estar em conformidade com as especificações, o que era uma visão tradicional, na qual predominava a atividade de inspeção. Nessa época, a história evidencia a existência de quatro movimentos distintos observados nesta época: a quantificação dos custos da qualidade, engenharia da confiabilidade e os programas motivacionais: Zero Defeito e círculos de controle de qualidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Fonte: Aildefonso, 2006. Em resumo: Departamento da qualidade. Visão sistêmica dos processos. Envolvimento da alta direção. Motivação para a qualidade. A era da gestão estratégica da qualidade Com essa nova dimensão, a qualidade deixa de ser atributo do produto ou serviço, deixa de ser também responsabilidade exclusiva do departamento da qualidade. A qualidade passa a ser problema de todos e envolve todos os aspectos da operação da empresa. A qualidade passa a encarar de forma sistêmica, para integrar ações das pessoas, máquinas, informações e todos os outros recursos envolvidos na administração da qualidade. Essa ideia implica na existência de um sistema da qualidade. Desse modo, o papel da administração da qualidade é procurar garantir a satisfação do cliente e, ao mesmo tempo, garantir os interesses econômicos da empresa. O desenvolvimento de padrões continua a ser feito com bastante afinco, sobretudo, em busca de normalizações internacionais, a exemplo da ISO 9000. Fonte: Aildefonso, 2006. Em resumo: Qualidade é associada ao negócio. Envolvimento de todos na qualidade. Satisfação do cliente interno e externo. Qualidade para atingir objetivos estratégicos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Concluímos a primeira parte do estudo da disciplina. Agora, você já conhece como a qualidade desenvolveu-se ao longo do tempo até chegar aos nossos dias. Porém, há muito mais a ser aprendido. Tema 2: Conceitos da qualidade Será muito importante você fazer a leitura do texto que segue, pois você encontrará o pensamento de diversos autores, sobre o que cada um deles entende por qualidade, essa leitura deverá ser feita refletindo sempre sobre cada pensamento e conceito aprendido. Definir qualidade é um exercício desafiador. Segundo Gomes (2004), a qualidade é fácil de reconhecer, mas é difícil definir. De acordo com Reeves e Bednar (1994), não existe uma definição global e diferentes definições de qualidade surgem em diferentes circunstâncias. Sendo um assunto fundamental para o crescimento das organizações, a qualidade, tanto em produtos quanto em serviços, mostra-se um tema altamente importante, afinal vive-se em uma época de alta concorrência, e a qualidade revela-se como um dos principais diferenciais competitivos das empresas da atualidade. Mas afinal, o que é qualidade? Qualidade pode ser definida de diversas formas: • Qualidade como valor. • Qualidade como conformação de especificações. • Qualidade como conformação a requisitos prévios. • Qualidade como ajustamento do produto/serviço para o usuário. • Qualidade como redução de perdas. • Qualidade como atendimento e/ou superação das expectativas dos consumidores. É possível que não seja fundamental uma definição exata de qualidade, porém é importante seu entendimento por todos os profissionais dentro do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 processo da empresa, independente do ramo que esta organização atue (Nadler; Tushman, 1994). Conceitos de qualidade Foi somente no século 20 que a qualidade passou a ser efetivamente foco das organizações. Com o crescimento do consumo e do mercado, as empresas viram-se obrigadas a tratarem o assunto qualidade com mais cuidado (Oakland, 1994). Surgiram então os principais nomes na área de qualidade. Dentre os citados, alguns se tornaram mais populares e, consequentemente, influenciaram significativamente a história da qualidade: W. Eduards Deming, Philip Crosby, Joseph M. Juran, Kaoru Ishikawa, e Genichi Taguchi são alguns deles. Demings baseava a qualidade no controle e melhoria dos processos, com o uso de técnicas estatísticas. Juran defendia a qualidade como adequação ao uso (“o que o cliente quer”). Crosby definia a qualidade como produto isento de defeitos (“zero defeito”). Ishikawa focava a qualidade na capacidade de atender as necessidades dos clientes. Taguchi considerava qualidade como a mínima perda de produtos (Avelino, 2005). Shiba, Graham e Walden (1997) constataram que em cada período da história, a qualidade foi definida de forma diferente: • Adequação ao padrão (anos 1950): qualidade era sinônimo da garantia que o produto executasse as funções previstas em projeto; • Adequação ao uso (anos 1960): produtos capazes de suportar as mais variadas formas de uso; • Adequação ao custo (anos 1970): foco na redução de custos, com controle sobre a variabilidade dos processos de fabricação e redução de desperdícios; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 • Adequação às necessidades dos clientes (anos 1980): para se manter no mercado, as organizações passaram a anteciparem-se às necessidades dos clientes, satisfazendo-as. Constata-se desta forma que o termo qualidade tem sido utilizado em diversas situações, nem sempre tendo uma definição clara e objetiva. Ou seja, a Qualidade não é simples de ser definida, é aparentemente intuitiva. Sua interpretação depende do ponto de vista de quem a analisa. Fonte: Mainardes; Lourenço; Tontini, 2010. O conceito de qualidade apresentado pelas principais autoridades da área são as seguintes: Juran (1992) "qualidade é ausência de deficiências”. Ou seja, quanto menos defeitos, melhor a qualidade. Feigenbaum (1994) "qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionadoscom marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário". Crosby (1986) "qualidade é a conformidade do produto às suas especificações". As necessidades devem ser especificadas, e a qualidade é possível quando forem obedecidas essas especificações, sem ocorrência de defeito. Deming (1993) "qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente". Deming associa qualidade à impressão do cliente, portanto, não é estática. A dificuldade em definir qualidade está na renovação das necessidades futuras do usuário em características mensuráveis, de forma que o produto possa ser projetado e modificado para dar satisfação por um preço que o usuário possa pagar. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Ishikawa (1993) "qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor". Tema 3: Dimensões da qualidade Garvin (1992, p. 59) identifica oito dimensões com vistas a identificar os elementos básicos da qualidade. São elas: Desempenho Refere-se às características operacionais básicas e finais de um produto ou de um serviço. Também, refere-se ao uso que o cliente deseja. Exemplos de aspectos básicos de desempenho: Em automóveis: aceleração, retomada, estilo, acabamento, conforto etc. Revistas especializadas fazem comparações do desempenho de automóveis, dentro de uma mesma categoria Em televisores: qualidade do som, nitidez de imagem etc. Características/especificações São os adicionais dos produtos, itens secundários que suplementam o funcionamento básico. Em alguns casos, é difícil separar as características do desempenho, pois as duas dimensões baseiam-se no funcionamento básico. Exemplos de diferenciação: Especificações de engenharia que envolvem o uso de alta tecnologia. Características complementares que superam as funções básicas do produto. Exemplo: TVs são fabricadas para diferenciarem-se uns dos outros no mercado. Em uma TV 14 polegadas: função de ajuste automático de imagem e som pode ser considerada como uma função básica atualmente. Teclas SAP, closed caption, entre outras, são funções complementares. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 No entanto, em uma linha de TVs 29 polegadas, a tecla SAP pode ser considerada uma função básica. Confiabilidade Reflete a probabilidade de um mau funcionamento do produto ou falha em determinado período. Envolve o conserto e a manutenção dele. O defeito deve ser corrigido com facilidade e o tempo de manutenção tem de ser o menor possível. Exemplos de confiabilidade: Dimensão associada a bens de caráter durável. Torna-se mais importante à medida que os custos de manutenção se tornam maiores. A crescente importância dessa dimensão é atribuída ao sucesso da indústria japonesa, cuja superioridade nessa dimensão é bastante significativa. Conformidade É o grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos. Nessa fase, chegamos ao campo da industrialização e da produção. Esse item está associado às técnicas de controle do processo e na verificação dos itens de controle e limites de especificações. Nessa visão, um defeito se tornará um problema. Exemplos de conformidade: O grau em que um produto está de acordo com as especificações (padrões) incluindo características operacionais. Reflete indiretamente o atendimento aos requisitos do cliente Durabilidade Uso proporcionado por um produto até ele deteriorar-se fisicamente, ou seja, o ciclo de vida útil do produto. Em certos produtos, fica difícil interpretar a durabilidade quando é possível fazer reparos ou quando têm uma vida útil CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 grande. Nesse caso, a durabilidade passa a ser o uso que se consegue de um produto antes de ele quebrar e, de preferência, ser substituído por outro em vez fazer reparos. Exemplos de durabilidade: Medida da vida útil de um produto. Aspectos técnicos. Aspetos econômicos. Quantidade de tempo de uso que pode ser obtida de um produto, antes de ele deteriorar-se fisicamente. Torna-se difícil de interpretar a durabilidade por causa dos reparos. Uso que se consegue de um produto antes de ele quebrar ou quando a substituição é preferível aos reparos constantes. A durabilidade tem uma forte ligação com a confiabilidade. Um produto pode ser durável (vida útil longa), mas não ser confiável (quebras constantes), podendo assim ser substituído antes do previsto. Atendimento A rapidez, cortesia, competência e facilidade de reparo. Os consumidores não estão preocupados somente se o produto tem qualidade, mas com a pontualidade da entrega e um bom relacionamento com o pessoal de atendimento. Levam em consideração como eles reagem às reclamações dos consumidores e as formas de tratamento da empresa devido a esse fato. Inclui aspectos como: Rapidez Cortesia Competência Facilidade de reparo Os consumidores estão preocupados: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 se o produto tem qualidade; com a pontualidade da entrega; com um bom relacionamento com o pessoal de atendimento. Objetiva assegurar a continuidade dos serviços (além de funções) oferecidos pelo produto após sua venda: Assistência técnica. Serviço de atendimento aos clientes (através de canais como telefone, internet). Velocidade, competência e cortesia com que um problema ocorrido num produto é resolvido. Como reagem com as reclamações dos consumidores e as formas de tratamento da empresa. Estética Relaciona-se com a aparência do produto, o que se sente com ele, qual seu som, sabor, cheiro etc. É, sem dúvida, um julgamento pessoal e reflexo das preferências individuais. É uma dimensão subjetiva. Relaciona-se com: a aparência do produto; o que se sente com ele; som, sabor, cheiro etc. É um julgamento pessoal e reflexo das preferências individuais. Qualidade percebida Uma dimensão subjetiva, resultado da falta de informações completas sobre um produto ou os atributos de serviço que levam os consumidores a fazer comparação entre marcas e inferir sobre qualidade. Reputação é um dos principais fatores que contribuem para a qualidade percebida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Exemplo: propaganda, marca do produto, participação no mercado, divulgação informal do produto etc. Essa lista das oito dimensões juntas envolve vários conceitos da qualidade. Tema 4: Programas de qualidade total (PGT) Os Programas de Qualidade Total (PQT) são também chamados de programas de Gestão pela Qualidade Total (GQT) ou do inglês Total Quality Management (TQM) ou ainda Total Quality Control (TQC). Usaremos indistintamente esses termos. Gestão da Qualidade Total (GQT) Seus primeiros movimentos surgiram e foram consolidados no Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial, com os círculos de controle da qualidade, sendo difundida nos países ocidentais na década de 1970. A GQT significa criar, intencionalmente, uma cultura organizacional em que todas as transações são perfeitamente entendidas e corretamente realizadas e os relacionamentos entre funcionários, fornecedores e clientes são bem-sucedidos (Crosby, 1998). A qualidade total é uma filosofia de gestão baseada na satisfação dos clientes internos e externos envolvidos na empresa, ou seja, é um meio para atingir os objetivos e resultados desejados, e como tal, faz uso de um conjunto de técnicas e ferramentas integradas ao modelo de gestão. Fonte: Adaptado de Bardine, 2012. Podemos sintetizar o conceito de gestão da qualidade total: é uma filosofia de administração essencialmenteparticipativa. A qualidade total é uma filosofia essencialmente participativa e fundamentada nesses princípio: aprendizagem e participação, foco no cliente, melhoria contínua e trabalho em equipe. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Motivos e benefícios dos programas de qualidade total Vários autores especialistas (experts) na área de qualidade, como Deming, Crosby, Juran, Ishikawa entre outros, tem pontos de vista em comum sobre o tema qualidade: melhoria contínua, participação de todos da organização, os problemas geralmente associados à qualidade têm motivação gerencial, a educação dos colaboradores deve ser sempre trabalhada, comunicação falha na empresa resulta em problemas na área de qualidade. Olhando-se o tema de gestão da qualidade, pela ótica de suas razões e seus benefícios, pode-se listar os seguintes: Exigências internas (sócios, holding, diretores, melhoria de qualidade de vida dos colaboradores) e exigências externas (situação de crise, controle dos subcontratados, padrões impostos pelos clientes, melhoria da competitividade em um mercado, regras governamentais etc.); • Instrumento de marketing; • Internacionalização dos mercados; • Melhoria da produtividade e do desempenho; • Redução de reclamações e • Motivação exercida pelas matrizes no exterior. Fonte: Adaptado de Allemand, 2007. Os princípios da qualidade total Qualidade centrada no cliente: o cliente deve ser o centro de tudo para as organizações. O atendimento de suas necessidades não apenas faz com que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 seja fidelizado, mas provoca à organização a possibilidade de aumentar seu mercado. Liderança: vários são os casos de malsucedidos de implantação de gestão de qualidade, no qual os sócios não se envolveram e não se comprometeram. Por isso, os sócios e o alto escalão devem sempre ser os líderes do processo. Melhoria contínua: uma organização é um sistema vivo e em permanente aprendizado diante das megatendências mundiais. Isso faz com que se precise estar “antenado” na absorção de novas tecnologias, técnicas e processos. Envolvimento das pessoas: para a implantação da gestão da qualidade, além da liderança dos sócios e do alto escalão, todos os níveis devem estar comprometidos e motivados, bem como atualizados por meio de vários tipos de valorização e capacitação pessoal e profissional. Enfoque proativo e resposta rápida: a implantação e permanência de uma filosofia de gestão de qualidade em uma organização exige iniciativa de todos. Prescinde também velocidade e precisão nas atividades, para que todo o processo resultante seja eficiente e eficaz. Visão de futuro: devido às fortes variações no ambiente em que se encontram as organizações, elas necessitam, além de acreditar que podem elaborar planejamentos audaciosos, em uma visão de futuro, para que transcendam os ciclos, as fases e as tendências mundiais. Gestão baseada em fatos: a gestão da informação a serviço da gestão da qualidade pode propiciar resultados esperados para o atendimento do mercado. Atualmente não se admite gestão empresarial baseada em dados e informações sem valor agregado e que não possam ser medidos. Isso exige das empresas a utilização de indicadores de desempenho. Responsabilidade social: antes do uso da responsabilidade social com fins de marketing institucional, deve-se levar em conta que é uma necessidade ética e cidadã em qualquer país, em qualquer setor ou atividade, para que a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 esfera empresarial auxilie a sociedade a amenizar dificuldades e promover o bem-estar social. Foco nos resultados: qualquer organização (do tipo que for) sempre obterá sucesso em sua trajetória à medida que defina com precisão seus objetivos, suas metas e suas estratégias de atuação, ou seja, por meio da busca das metas, obter os resultados desejados. Abordagem sistêmica da empresa e gestão dos processos: com a utilização de métodos gerenciais necessários e suficientes, modernos, transparentes e por meio da participação de todos os envolvidos internamente e externamente à organização, é possível que se tenha mais chance de alcançar resultados, ou seja, o uso científico, profissional e empresarial das ferramentas gerenciais poderá trazer sucesso à empresa. Fonte: Adaptado de Allemand, 2007. Círculos de Controle de Qualidade – CCQ CCQ é a sigla de Círculos de Controle de Qualidade, sendo uma ferramenta muito difundida nas empresas. De origem japonesa, surgiram em 1962, por intermédio do Professor Kaoru Ishikawa, como resultado de um avanço da qualidade na indústria japonesa, envolvendo também as universidades e os operários das fábricas. No Brasil, seu uso começou em 1972, na empresa Johnson & Johnson, pela necessidade de um programa motivacional de apoio à qualidade. CCQs não são grupos de pessoas para buscar a solução de problemas, pois não têm compromisso com os resultados; utilizam-se dos problemas do dia a dia como “laboratório”, no qual aplicam técnicas com objetivo de aprendizado. Características São grupos que tem como objetivo principal treinar (desenvolver) as pessoas para, efetivamente, obterem o controle da qualidade. Suas principais características são: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 • Os participantes são voluntários. • Operam por tempo indeterminado. • O grupo escolhe o líder e secretário. • O grupo escolhe o tema do trabalho. • O grupo decide sobre a evolução do trabalho. • O grupo implanta ou participa da implantação das melhorias. • O grupo analisa as ideias obtidas. • Não tem compromisso com resultados. Filosofia e Princípios As pessoas bem-motivadas trabalham alegres e satisfeitas. Os CCQs buscam essa motivação pelos méritos pessoais e coletivos, para a aplicação correta das ferramentas da qualidade. Fonte: Adaptado de Allemand, 2007 Síntese Concluímos aqui a nossa aula sobre fundamentos básicos a respeito de gestão da qualidade, para compreender os assuntos que virão. Agora, você já conhece o histórico e a evolução da qualidade após a Revolução Industrial e sobre a diversidade de conceitos do termo qualidade. Também, aprendeu sobre diferentes dimensões da qualidade e como se fundamentam e se estruturam os programas de qualidade total nas empresas. Com isso, você tem os fundamentos básicos para avançarmos em nosso estudo! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Referências AILDEFONSO, E. C. Gestão da qualidade. Espírito Santo, 2006. Apostila digitada. Disponível em: <ftp://ftp.cefetes.br/cursos/CodigosLinguagens/EAildefonso/HIST%D3RIA%20D A%20QUALIDADE.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2016. ALLEMAND, R. E. Apostila sobre qualidade e produtividade. Brasília, 2007. Apostila digitada. Disponível em: <http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo5/gne/biblioteca/apostila_qualidad e_e_produtividade.pdf >. Acesso em: 21 ago. 2016. BARDINE, R. Gestão pela Qualidade Total – GQT. Cola da web, 2012. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/administracao/gestao-pela- qualidade-total-gqt>. Acesso em: 21 ago. 2016. CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. DEMING, W. E. Dr. Deming: o americano que ensinou a qualidade total aos japoneses. Rio de Janeiro: Record, 1993. _____. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Saraiva, 1990. FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. ISHIKAWA, K. Controle da qualidade total: a maneira japonesa. Rio de Janeiro: Campus, 1993. JURAN, J. M. Planejando para a qualidade. São Paulo: Livraria Pioneira, 1992. MAINARDES, E. W.; LOURENÇO, L.; TONTINI, G. Percepções dos conceitos de qualidade e gestãopela qualidade total: estudo de caso na universidade. Revista Gestão.org, Recife, v. 8, n. 2, p. 279-297, maio/ago. 2010. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/200/181 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 >. Acesso em: 21 ago. 2016. PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade. São Paulo: Ed. Atlas, 2002. SELEME, R. Gestão da qualidade e ferramentas essenciais. Curitiba: InterSaberes, 2012. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós- graduação em Engenharia do Produção. Abordagens e dimensões da qualidade. Disponível em: <http://jetaconsul.dominiotemporario.com/doc/Abordagens_da_qualidade.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2016. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Qualidade – Ferramentas Aula 2 Prof. Nelson Tadeu Galvão de Oliveira CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Caros alunos, iniciamos nossa segunda aula, na qual estudaremos qualidade baseada em abordagem de processo, como ocorrem as padronizações dos processos, a variabilidade de processos e a solução de causas de problemas de processos. Estudaremos também o que é PDCA, matriz GUT e plano de ação 5W2H, que são usados na aplicabilidade do MASP para a solução de problemas de processo. Contextualizando O tema qualidade é bastante falado e continuará a ser até que não seja necessário como elemento para lograr êxito. A organização deverá observar a abordagem da qualidade por processos, pois ela permitirá uma visão sistêmica do funcionamento completo da empresa, contribuindo para o alcance dos resultados. A abordagem sistêmica permitirá a identificação e o gerenciamento dos processos inter-relacionados; a abordagem factual para a tomada de decisão, tendo em vista que em uma organização as decisões eficazes são tomadas com base em fatos. Procuramos mostrar, por meio do conceito de processo e de problemas, o quão imprescindível a qualidade tornou-se às organizações pela padronização e melhoria dos processos. O constante desenvolvimento tecnológico permite que os consumidores se transformem em mais exigentes e conhecedores de seus desejos. Contudo, para que ela seja assegurada, acreditamos que um conjunto de procedimentos de controle de processo, eliminação de problemas pelas suas causas com o uso de métodos adequados devem ser seguidos. O uso integrado de métodos e ferramentas; a busca pela padronização e normalização fornecem os princípios da gestão da qualidade. Tema 1: Conceito de processo (6m) e de problemas Processo é organização lógica e detalhada de pessoas (mão de obra), máquinas, materiais, procedimentos e energia em uma série de atividades de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 trabalho e funções, para produzir um trabalho final específico, ou seja, um conjunto de atividades planejadas e inter-relacionadas, realizadas com o objetivo de gerar produtos ou serviços que atendam às necessidades de clientes tanto internos quanto externos. A empresa é uma sequência de processos, conforme nos mostra a figura a seguir. Figura 1.1 – Sequência de processos de uma empresa Figura 1.2 – Diagrama de processo Figura 1.3 – Conceito de processo com base em Ishikawa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Assim, podemos então definir processo a partir de Ishikawa como um conjunto de seis causas que tem por objetivo produzir determinado efeito, o qual denominamos de produto do processo. Devemos considerar o conceito de processo interno, no qual o processo anterior é o fornecedor e o processo subsequente é o cliente do processo. Conceito de Problema de um processo É um resultado (efeito) indesejado e pode acontecer em qualquer um dos emes do processo. Ou então, é a diferença entre o resultado atual e um valor desejado (meta) esperada. Para tanto, existe a divisão 6 emes, que enumera onde os problemas de um processo podem estar localizados. São eles: Mão de obra: quando um colaborador realiza um procedimento inadequado, faz o trabalho com pressa, é imprudente etc. Material: quando o material não está em conformidade com as exigências para a realização do trabalho. Meio ambiente: quando o problema está relacionado ao meio externo, como poluição, calor, poeira etc., ou mesmo, ao ambiente interno, como falta de espaço, dimensionamento inadequado dos equipamentos etc. Método: quando o efeito indesejado é consequência da metodologia de trabalho escolhido. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Máquina: quando o defeito está na máquina usado no processo. Medida: quando o efeito é causado por uma medida tomada anteriormente para modificar processo. Com base nisso, é preciso que os envolvidos comecem a avaliar quais as causas do problema, levando em consideração os 6 emes. Para tanto, se usa o desenho de uma espinha de peixe, onde o problema deve ser escrito dentro da cabeça do peixe e suas causas ao longo da espinha. É preciso identificar e separar as possíveis causas dos problemas como principais, secundárias, terciárias, etc. A equipe que participa do método deve ser estimulada a pensar: “O quê?”, “Por quê?”, “E o que mais?”. Fonte: O que é..., 2013. Resolver causas de problemas de processos é atingir metas na busca da padronização e desenvolver a melhoria continua do processo. Conceito de controle de processo Manter um processo sob controle é saber localizar o problema, analisar o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema nunca mais ocorra. Existem causas que devem ser buscadas por todas as pessoas da empresa de forma voluntária. Por isso, controlar um processo é eliminar a variabilidade desse processo controlando-se cada um dos emes desse processo por meio da padronização. Encerramos aqui o estudo de mais um tema, no qual explicamos alguns conceitos aplicados nos programas de qualidade total. Tema 2: Matriz GUT Em sua rotina como gestor, você já deve ter se deparado com um processo que apresentava mais de um problema, não é mesmo? Quando isso acontece, costumamos ficar perdidos, tentando resolver tudo ao mesmo tempo. Mas essa não é a melhor estratégia, acredite! O melhor a fazer é colocar os problemas em ordem de prioridade e ir resolvendo um a um. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 É nessa hora que você deve lançar mão da Matriz GUT. O que é: É uma ferramenta de auxílio na priorização de resolução de problemas. A matriz serve para classificar cada problema que você julga pertinente para a sua empresa pela ótica da gravidade (do problema), da urgência (de resolução dele) e pela tendência (dele piorar com rapidez ou de forma lenta). Fonte: Ávila, 2014. Essa ferramenta responde racionalmente as questões: - O que devemos fazer primeiro? - Por quê? - Por onde devemos começar? Etapas a serem seguidas: Listar os problemas, as causas ou as soluções ou outros pontos de analise a serem priorizados. Pontuar cada tópico. Classificar os problemas, causas ou soluções a serem priorizadas. Elaborar um Plano de ação para solucionar a ação priorizada. Primeiro passo O primeiro passo para montar a Matriz GUT é listar todos os problemas (causas, soluções) relacionados às atividades. Segundo passo Em seguida, você precisa atribuir uma nota para cada problema, causa ou solução listado, dentro dos três aspectos principais que serão analisados: Gravidade, Urgência e Tendência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Figura 2.1 Gravidade = impacto Representa o impacto do problema analisado caso ele venha a acontecer. Analisando sempre seus efeitos a médio e longo prazo, caso o problema em questão não seja resolvido. Qualimpacto este problema irá gerar para as pessoas, processos da empresa, resultados a curto e longo prazo etc.? Urgência = tempo Representa o prazo, o tempo disponível ou necessário para resolver um determinado problema analisado. Quanto maior a urgência, menor será o tempo disponível para resolvê-lo. Quanto tempo é necessário para resolver este problema e o tempo que você tem para resolvê-lo? Tendência = desenvolvimento do problema Representa o potencial de crescimento do problema, a probabilidade de ele tornar-se maior com o passar do tempo. É a avaliação da tendência de crescimento, redução ou desaparecimento do problema. A filosofia da Matriz GUT é atribuir valores numéricos (pesos) de 1 a 5 para cada uma das variáveis “G”, “U” e “T”. As variáveis, por sua vez, são aplicadas a cada uma das ações listadas ou a um determinado problema. Quadro 2.1 Gravidade Urgência Tendência CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Valor Gravidade Urgência Tendência 5 Os prejuízos ou dificuldade são extremamente graves É necessária uma ação imediata Se nada for feito, a situação piorará rapidamente 4 Muito graves Com alguma urgência Vai piorar a curto prazo 3 Graves O mais cedo possível Vai piorar a curto prazo 2 Pouco graves Pode esperar um pouco Vai piorar a longo prazo 1 Sem gravidade Não tem pressa Não vai piorar e/ou pode até melhorar Fonte: http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/17590_11386/aula_12968/PROC_aula5 _PDF_cor_26_julho_2010.pdf Como montar a matriz GUT Listar todos os problemas (causas ou soluções) relacionadas às atividades que você terá de realizar e montar uma matriz simples contemplando os aspectos GUT (conforme quadro 2.1). Em seguida, você precisa atribuir uma nota para cada problema listado, dentro dos três aspectos principais que serão analisados: gravidade, urgência e tendência. A pontuação deve seguir a escala crescente: 5 para os problemas de maiores valores e 1 para os de menores valores (conforme quadro 2.1) O cálculo feito após a atribuição de notas para os respectivos problemas é da seguinte maneira: http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/17590_11386/aula_12968/PROC_aula5_PDF_cor_26_julho_2010.pdf http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/17590_11386/aula_12968/PROC_aula5_PDF_cor_26_julho_2010.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 G x U x T. Exemplo prático Análise das reclamações dos clientes de um restaurante. Quadro 2.2 Problema Gravidade (G) Urgência (U) Tendência (T) G x U x T Prioridade Demora na entrega da refeição 3 5 5 75 3º. Validade do produto 5 5 5 125 1º. Atendente bilíngue 2 2 1 4 9º. Ambiente desconfortável 2 3 3 18 6º. Não ter área para fumantes 3 3 3 27 5º. Falta de acesso para deficientes 2 1 3 6 8º. Cardápio em braile 1 1 1 1 10º. Opção light ou diet 1 2 2 4 8º. Inovação constante do cardápio 2 3 2 12 7º. Segurança 2 5 5 50 4º. Estacionamento 4 5 5 100 2º. Percebe-se: de acordo com as reclamações, o item que requer maior cuidado e prioridade é a validade do produto, pois ele afeta diretamente a saúde dos consumidores. E, em segundo lugar, o estacionamento, pois, não tendo onde estacionar, os clientes procuram outro estabelecimento. Isso não quer dizer que os outros itens não devam ser levados em conta; eles devem ser solucionados como os outros, apenas com menor urgência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Resumindo Saber priorizar é uma das boas práticas para uma gestão eficaz. Priorizar as ações e problemas diários é o foco proposto para a melhoria da gestão dos seus processos. Nesse sentido, saber utilizar a Matriz GUT é fundamental, pois é uma ferramenta simples e de fácil utilização. No momento da aplicação da matriz, é recomendado envolver os participantes do processo, a fim de que a priorização represente a realidade por diferentes visões. Com essa ferramenta, você, passará a solucionar problemas nos processos considerando os aspectos da Matriz GUT: gravidade, urgência e tendência. De agora em diante, não perderá seu tempo na solução de problemas que não são tão graves ou urgentes. Mas, para isso, refletir sobre as prioridades do dia, da semana ou do mês deverá ser uma prática constante. Depois de os problemas terem sido priorizados, é necessário soluciona- los por meio da eliminação da causa. É aí que entra o assunto do nosso próximo tema. Tema 3: Ciclo PDCA/MASP Ciclo PDCA O conceito PDCA é atualmente aplicado na melhoria contínua de processos de qualidade e de gestão. Ele foi criado na década de 1920 por Walter A. Shewhart e, mais tarde, foi disseminado por William Edward Deming. O PDCA é um ciclo que envolve quatro etapas: plan, do, check e act. O conceito de PDCA fica fácil de entender quando olhamos para o significado da sua sigla em inglês: P: plan ou planejar. D: do ou fazer. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 C: check ou acompanhar. A: act ou corrigir. O que o ciclo PDCA sugere é que, qualquer atividade de gestão ,de planejamento estratégico ou de qualidade que seja executada na empresa, seja conduzida seguindo essas quatro fases. Planejar Fazer Checar Corrigir Ações Cronograma Medir resultados Repetir o ciclo Responsáveis Guardar informações Acompanhamento As etapas do ciclo PDCA estão descritas a seguir. Plan – planejar O ciclo tem início com a definição de um plano, baseado em diretrizes ou políticas da empresa. A fase PLAN do ciclo PDCA é subdividida em cinco etapas, elencadas a seguir. Segundo Campos (2004): Identificação do Problema: é realizado todas as vezes que a empresa se deparar com um resultado (efeito) indesejado, provindo de um processo (conjunto de causas). Estabelecer meta: o problema será sempre a meta não alcançada, sendo a diferença entre o resultado atual e um valor desejado chamado meta. Toda meta a ser definida deverá sempre ser constituída de três partes: objetivo gerencial, prazo e valor. Análise do fenômeno: análise detalhada do problema detectado e suas características por meio de fatos e dados coletados. Análise de processo: buscar as causas mais importantes que provocam o problema, através da análise das características importantes. Plano de ação: é o produto de todo processo referente à etapa PLAN em que estão contidas, em detalhes, todas as ações que deverão ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 tomadas para se atingir a meta proposta inicialmente. Para sua elaboração a metodologia mais indicada é o 5W1H ou 5W2H. Do – executar Execução do plano que consiste no treinamento dos envolvidos no método a ser empregado, a execução propriamente dita e a coleta de dados para posterior análise. Essa etapa se subdivide em duas: treinamento e execução da ação (Campos, 2004; Ishikawa, 1985). Check – verificação O terceiro passo do PDCA é a análise ou verificação dos resultados alcançados e dados coletados. Ela pode ocorrer concomitantemente com a realização do plano, quando se verifica se o trabalho está sendo feito da forma devida ou após a execução quando são feitas análises estatísticas dos dados e verificação dos itens de controle. Nessa fase, podem ser detectados erros ou falhas. Act – ações Último módulo do ciclo PDCA é caracterizado pela realização das ações corretivas, ou seja, a correção das falhas encontradas no passo anterior e pelo processo de padronização das ações executadas, cuja eficácia foi verificada anteriormente. É nessa fase que se inicia novamente o ciclo levando ao processo de melhoria contínua. MASP – Método de Análise e Solução de Problemas O método de análise e solução de problemas, também conhecido pela sigla MASP, é uma metodologiausada para aumentar, manter e controlar a qualidade de processos, dos serviços e dos produtos. Composto por ferramentas para o auxílio do aumento da qualidade, ele é um método utilizado em empresas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 que recebe bastante influência do ciclo PDCA e tem influência da metodologia científica. Apesar de o MASP ter sido criado com base no ciclo PDCA, é importante que não se confundam os dois métodos. Ele é aplicado apenas em problemas crônicos, sistêmicos e/ou complexos. O uso do MASP na solução de problemas em empresas é devido, principalmente, ao baixo nível de sucesso de outras abordagens, como a tentativa-erro, intuição e a experimentação. O MASP foi introduzido no Brasil a partir dos anos 1970, com um movimento pela busca da melhoria da qualidade e, assim, é utilizado até os dias atuais. Fonte: Rodrigues, 2013. O MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) é um processo de melhoria que apresenta 8 etapas, sendo que cada uma delas contribui para a identificação dos problemas e a elaboração de ações corretivas e preventivas para eliminá-los ou minimizá-los. Sequência do MASP Problema: identificar o problema. Observação: apreciar as características do problema. Análise: determinar as causas principais. Plano de ação: conceber um plano para eliminar as causas; Ação: agir para eliminar as causas; Verificação: confirmar a eficácia da ação; Padronização: eliminar definitivamente as causas; Conclusão: recapturar as atividades desenvolvidas e planejar para o futuro. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Passos do MASP Pela metodologia do MASP, um problema é resolvido por meio dos seguintes passos: Identificação do problema: defina claramente o problema e mostre que ele é relevante ou de importância maior do que outros. Assim, é preciso estabelecer critérios para a seleção deles. Por exemplo: prejuízo causado, risco, insatisfação do cliente etc. Observação: investigue as características específicas do problema por meio de uma ampla gama de diferentes pontos de vista quantitativo (dados) e qualitativo. Vá ao local onde ocorre o problema, observe e colete informações necessárias que, eventualmente, não podem ser representadas por meio de dados. Tenha um entendimento completo das características (especificidades) do problema. Análise: levante, discuta e descubra as causas fundamentais (causas básicas, causa raiz) do problema. Plano de ação: elabore um plano de ação a fim de bloquear (eliminar, aprisionar) as causas fundamentais identificadas no passo anterior. Nesta etapa, pode-se usar o 5W1H para definir o plano de ação, ou seja, defina: o quê, quando, quem, onde, por que será feito e como será feito. Defina as metas a serem atingidas e os controles para acompanhamento dos resultados obtidos. Ação: atue para eliminar as causas fundamentais. Nessa etapa, é muito importante que exista cooperação entre todo o pessoal envolvido, para isso, é preciso que as pessoas estejam devidamente treinadas e de acordo com as medidas (soluções) propostas. Verificação: verifique se o bloqueio da causa fundamental do problema foi efetivo, até estar certo que ele não ocorrerá novamente. Em caso de resposta negativa, deve-se retornar ao passo 2. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Padronização: elimine definitivamente a causa do problema para que ele não ocorra outra vez. Identifique e realize as alterações necessárias nos procedimentos de trabalho associados ao processo, para impedir a recorrência. Treine os envolvidos no novo procedimento. Conclusão: reflita sobre a experiência de aplicação da metodologia e verifique onde houve dificuldades e discuta o que deve ser aperfeiçoado no método para as próximas aplicações. Também verifique os problemas remanescentes associados, percebidos ao longo da aplicação do método sobre o problema inicial. Enfim, discuta o que pode ser melhorado no método e problema estudado. Figura 3.1 – Ferramentas Básicas da Qualidade dentro da Metodologia Análise de Solução de Problema – MASP Fonte: Rodrigues, 2013. Se esses passos são claramente entendidos e implementados nessa sequência, as atividades de melhoria dos processos serão consistentes do ponto de vista lógico e cumulativas ao longo do tempo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Lembrando que na aula prática sobre este tema faremos a aplicabilidade do MASP numa situação prática, onde você poderá comprovar a eficiência da metodologia para algumas situações do dia a dia das empresas. Tema 4: Plano de ação (5W2H) Plano de ação é o planejamento de todas as ações necessárias para atingir um resultado. O principal, sem dúvida, é saber o que fazer – identificar e relacionar as atividades. Para “problemas complexos” existem várias técnicas e métodos. O plano de ação 5W2H é um deles. Ele favorece o planejamento para a solução de determinado problema ou meta que se deseja alcançar. Inicia-se por intermédio do levantamento de dados que você pode fazer sozinho ou em reuniões. O que é o 5W2H A planilha 5W2H é uma ferramenta administrativa que pode ser utilizada em qualquer empresa para registrar de maneira organizada e planejada como serão efetuadas as ações, bem como por quem, quando, onde, por que, como e quanto irá custar. 5W2H é uma ferramenta para elaboração de planos de ação que, por sua simplicidade, objetividade e orientação à ação tem sido muito utilizada em gestão de projetos, análise de negócios, elaboração de planos de negócio, planejamento estratégico e outras disciplinas de gestão. Por que 5W2H? O nome desta ferramenta foi assim estabelecido por juntar as primeiras letras dos nomes (em inglês) das diretrizes utilizadas neste processo. A seguir, você de ver cada uma delas e o que elas representam: What: o que será feito (etapas). Why: por que será feito (justificativa). Where: onde será feito (local). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 When: quando será feito (tempo). Who: por quem será feito (responsabilidade). How: como será feito (método). How much: quanto custará fazer (custo). Um plano de ação pode ser implementado em qualquer setor da empresa, para solucionar os mais diversos problemas. Importância da planilha 5W2H Por sua praticidade, a planilha 5W2H pode ser feita em organizações de qualquer porte, pois não necessita de uma equipe técnica especializada desde que tenha alguém que saiba realizar todo o processo e organizá-lo de maneira a obter sucesso. É um método muito simples que agiliza todos os processos de uma empresa, ou seja, se tempo significa dinheiro, a empresa pode ganhar ainda mais dinheiro com a planilha. Como fazer a planilha 5W2H Para fazer a planilha 5W2H, é necessário ter em mente as causas do problema e realizar cada etapa de maneira cuidadosa sempre de forma correta. Após o término de sua planilha, ficará algo como o exemplo abaixo (a ordem das colunas não irá afetar o andamento da planilha, desde que o what seja feito em primeiro lugar). Quadro 4.1 What Why Where When Why Who How much O quê Como Onde Quando Por que Quem Quanto custa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 O que será feito? Como isso será feito? Onde será feito? Quando será feito? Por que será feito? Quem fará? Quanto custa fazer isso? Para o preenchimento da planilha e elaboração do plano de ação 5W2H siga as orientações a seguir. What? Pergunta a ser respondida: o que será feito? A resposta nada mais é do que o objetivo que você deseja alcançar. Serão feitas melhorias na produção, aumento de vendas etc.? Why? Pergunta a ser respondida: por que isso será feito? Quais motivos justificam o que será feito?(What). É para melhorar algo, resolver um problema ou o quê? Where? Pergunta a ser respondida: onde (em que local) será feito? Muitos “pulam” esta parte da planilha 5W2H porque consideram que o local sempre será a empresa em si. É importante detalhar ainda mais o local onde será executada a ação, por exemplo, o departamento responsável. Se a empresa for micro ou pequena e não estiver dividida em departamentos, então, detalhe somente “empresa”. Who? Pergunta a ser respondida: quem irá fazer? Sabe o objetivo inicial (what)? Quem irá ajudar a alcançá-lo? Se para chegar lá é preciso a elaboração de diversos processos e ações, quem ficará responsável pelas ações? Cuidado para não designar pessoas erradas ou irresponsáveis para realizar determinadas ações, pois isso pode prejudicar o prazo (when) e custos (how much). When? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Pergunta a ser respondida: quando será feito? Todo bom planejamento tem um prazo determinado para que o objetivo principal seja alcançado. Assim, nessa parte, a resposta deve ser uma data para a execução da ação. How? Pergunta a ser respondida: como será feito? Detalhe qual processo será feito para atingir seu objetivo. Tente ser o mais específico possível. How much? Pergunta a ser respondida: quanto irá gastar? Chegou o momento de mexer no bolso e ver o quanto irá gastar com o plano de ação. Se você ainda não utiliza a 5W2H em suas atividades, comece a pensar quais planos de ação você poderia formalizar com essa ferramenta e coloque em prática na primeira oportunidade. Você perceberá que se trata de um excelente modo de formalização do planejamento, detalhamento da ação, comunicação de prazos e responsabilidades. Tema 5: Padronização de processos Conceito de controle de processo Manter um processo sob controle é saber localizar o problema, analisar o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema nunca mais ocorra. Quando um problema ocorre, não existe um culpado! Existem causas que devem ser buscadas por todas as pessoas da empresa de forma voluntária. Controlar processo é: Estabelecer "diretriz do controle" [planejamento] a. meta; b. método. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Desenvolver manutenção do nível de controle a. atuar no resultado [queimou o motor - troca o motor]; b. atuar na causa [queimou o motor - porque queimou o motor]. Alterar a diretriz de controle [melhoria] a. alterar a meta; b. alterar o método. Controlar um processo é eliminar a variabilidade desse processo controlando cada um dos emes desse processo por meio da padronização. O que é padronização? A padronização é uma técnica que visa reduzir a variabilidade dos processos de trabalho sem prejudicar sua flexibilidade, padronizar é controlar os 6 emes dos processos, conforme Ishikawa (1985). A competição internacional entre as empresas eliminou as tradicionais vantagens com base no uso de fatores abundantes e de baixo custo. A padronização é utilizada cada vez mais como um meio para se alcançar a redução de custo da produção e do produto final, mantendo ou melhorando a qualidade. Os benefícios da padronização podem ser quantitativos ou qualitativos. Qualitativos permitem: utilizar adequadamente os recursos (equipamentos, materiais e mão de obra); uniformizar a produção; facilitar o treinamento da mão de obra, melhorando o nível técnico; registrar o conhecimento tecnológico; facilitar a contratação ou venda de tecnologia. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Quantitativos permitem: reduzir o consumo de materiais; reduzir o desperdício; padronizar componentes; padronizar equipamentos; reduzir a variedade de produtos; aumentar a produtividade; melhorar a qualidade; controlar processos. Descrição do processo de padronização A padronização deve ser realizada para que todas as operações desenvolvidas pelos operadores na linha de produção estejam formalizadas e deverá ser descrita de forma a garantir que nenhuma anomalia ocorra no dia a dia. Mesmo para turnos diferentes de trabalho, o procedimento de realização das atividades deverá respeitar aquilo que foi definido na padronização. Quando se padroniza um processo significa dizer que aquele conjunto de operações é a melhor forma de serem realizadas até aquele momento. No entanto, ela deve ser objeto de melhoria constante para que seja possível promover o crescimento das competências operacionais, dos modos operatórios e ergonômicos e, em alguns casos, promover a melhoria/otimização dos equipamentos no respectivo setor. Síntese Concluímos aqui a nossa aula a respeito do que você precisa conhecer sobre processos, problemas, padronização e método de controle de variabilidade pela eliminação de causas de problemas, o MASP com sua CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 concepção e método, bem como com a Matriz GUT de priorização de problemas e planos de ação para implementação de soluções. Com isso, você amplia os conhecimentos a respeito de gestão da qualidade e permite o aprofundamento na próxima aula. Referências ÁVILA, R. O que é e como montar uma Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência). LUZ planilhas empresariais, 2014. Disponível em: <http://blog.luz.vc/o-que-e/matriz-gut-gravidade-urgencia-e- tendencia/#sthash.RDZEd7wQ.dpuf>. Acesso em 20 ago. 2016. DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Saraiva, 1990. O QUE É o diagrama de Ishikawa. Indústria Hoje, 27 out. 2013. Disponível em: <http://www.industriahoje.com.br/diagrama-de-ishikawa>. Acesso em: 20 ago. 2016. PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade. São Paulo: Ed. Atlas, 2002. RODRIGUES, J. L. Metodologia de análise de solução de problema – MASP – como impulsionador da competitividade. TecHoje, 2013. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1731>. Acesso em: 20 ago. 2016. SELEME, R. Gestão da qualidade e ferramentas essenciais. Curitiba: InterSaberes, 2012. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Qualidade – Ferramentas Aula 3 Prof. Nelson Tadeu Galvão de Oliveira CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Caros alunos, nesta aula, vamos estudar os temas: melhoria continua (Kaizen), a relação entre qualidade, produtividade e competitividade, o programa 5 sensus (5S) e as ferramentas da qualidade dos mapas de processos e fluxogramas. Contextualizando Antes, a qualidade de produtos era obtida na inspeção final, gerando refugos e retrabalhos. Atualmente, tem-se plena consciência: qualidade e produtividade são dois pilares básicos para a competitividade, que pode ser vista como a capacidade de conservar ou ampliar a fatia de mercado para os produtos ou serviços de uma empresa, estando apta a enfrentar com sucesso a atuação dos concorrentes. O conceito de qualidade pode ser entendido de várias maneiras, tais como excelência, adequação ao uso e conformidade com as especificações, porém, pode ser associado ao ato de “fazer as coisas certas”, diretamente ligado à ideia de eficácia. O conceito de produtividade, por sua vez, admite diversas variantes do quociente resultados/insumos e pode ser associado ao ato de “fazer certo as coisas”, diretamente ligado à ideia de eficiência, ou bom uso dos recursos disponíveis. Existem as melhorias incrementais (Kaizen) Em geral, conseguidas por diversos métodos e técnicas, elas podem melhorar a produtividade e a competitividade. O uso de programas e ferramentas da qualidade farão com que se obtenha maiores produtividades e, por consequência, mais competitividade. Nesta aula, conheceremos algumasdessas metodologias que ajudarão na melhoria da inovação e da competitividade da empresa: o 5 sensu, o Kaizen, os mapas de processo e os fluxogramas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Tema 1: Melhoria contínua (Kaizen) “Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje!”. Essa é a premissa básica da metodologia Kaizen. De origem japonesa, esta palavra significa “melhoria contínua”, seja no aspecto pessoal, familiar, social ou no trabalho. Muito mais que um método, Kaizen é considerado por muitos como uma filosofia. Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje! Origem Depois da Segunda Guerra Mundial, o Kaizen, foi implementado nas empresas japonesas como uma medida para reerguer o país devastado. O programa foi um sucesso, transformando a atividade econômica no Japão e fazendo do país uma das mais poderosas economias do mundo. Sucesso que levou o método e o termo Kaizen a se espalhar pelo mundo e se popularizar. Assim, no âmbito das organizações, o Kaizen é um sistema que irá melhorar a produtividade em todos os aspectos, além de baixar custos de produção. É uma busca de uma melhoria constante visando a qualidade total. Todo dia deve haver alguma melhora, o hoje deve ser sempre melhor que o ontem e o amanhã deve ser melhor que hoje. O professor japonês Masaaki Imai (1990) é o grande responsável por trazer o Kaizen para o ocidente. Especialmente depois do sucesso do seu livro Kaizen: a chave para o sucesso competitivo do Japão, em 1986, e da fundação do Kaizen Institute, na Suíça, em 1985. Fontes: Adaptado de Maximiano, 2012; Imai, 1990. Para Masaaki Imai (1990), é no local de trabalho ou gemba – palavra japonesa que tem o significado de “local real” – onde se criam os verdadeiros valores. Por isso, para o Kaisen, é fundamental que se alcance os resultados esperados. Além disso, todos os colaboradores da empresa devem estar comprometidos com o processo, e não somente o alto escalão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Uma das características mais importantes do Kaizen é: os grandes resultados vêm de pequenas mudanças acumuladas ao longo do tempo. Fonte: Adaptado de Pereira, 2015. Objetivos da filosofia Kaizen A filosofia japonesa tem três elementos primordiais. São eles: o combate ao desperdício, o trabalho em equipe e o consenso no processo decisório. O combate ao desperdício ocorre em grande parte devido ao tamanho territorial do próprio Japão. Depois da Segunda Guerra Mundial, a escassez de recursos tornou-se dramática, provocando dificuldades que só foram amenizadas como resultado de um longo período de trabalho duro e metódico. Em toda organização japonesa, os trabalhadores são educados para usar o mínimo possível dos recursos que possuem. O trabalho em equipe já vem enraizado nos valores e hábitos japoneses desde os tempos feudais, que exerceram forte influência no trabalho dessa população. A vida familiar, a arquitetura residencial e a cultura do arroz, por exemplo, foram fatores que ajudaram a fortalecer a relação de interdependência entre as pessoas. O consenso no processo decisório é mais um reflexo do traço cultural japonês. A cultura do consenso dá ao nível hierárquico mais elevado a responsabilidade de estabelecer e manter a harmonia nas decisões. Com isso, o processo de decisão baseia-se mais no consenso em si do que na autoridade gerencial por trás dela. Basicamente, um gestor não precisa exercer autoridade em demasia, pois o subordinado sabe quem tem a tomada de decisão. Fonte: Kaizen..., 2014. Tema 2: Qualidade, produtividade e competitividade No início da era industrial, a preocupação dos gestores estava voltada aos volumes de produção. Com o aumento da competitividade, viu-se que a simples medição desses volumes não era suficiente para gerar ação, surgindo a medição CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 da produtividade que, até a Segunda Guerra Mundial, era entendida como a razão entre o volume produzido e o tempo gasto para a produção. Uma das formas mais simples de se definir produtividade é: a razão entre a saída ou o resultado de um processo e a entrada, que representa os recursos necessários à obtenção da saída. De outra forma: Produtividade = (saída/entrada) O resultado dessa pequena equação nos diz quantas unidades de “saída” conseguimos obter para uma unidade de “entrada”. Algumas pessoas interpretam de maneira equivocada a equação da produtividade. À primeira vista podemos afirmar: para aumentarmos a produtividade, é necessário fazer duas coisas: ou aumentamos a saída mantendo a mesma quantidade de recursos ou, para uma mesma saída, diminuímos os recursos. Porém, quando colocamos como recursos as pessoas necessárias para a produção de um bem ou serviço, essa interpretação pode levar a alguns problemas, pois, em busca de alta produtividade, uma empresa pode exigir muito mais que os seus colaboradores podem suportar ou então simplesmente demiti-los para se fazer mais com menos. Outra interpretação errônea é a organização buscar a alta produtividade sem levar em conta a qualidade. De que adianta aumentar a quantidade de exigências de um colaborador se ele produzirá mais defeitos em consequência do aumento do esforço? Enfim, a produtividade não deve ser entendida somente como a razão entre resultados e recursos, mas sim de forma mais ampla, levando em conta todas as variáveis existentes nos processos, tendo em vista as necessidades de todas as partes interessadas no negócio, buscando melhorias e resultados relevantes para todos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 A busca pelo aumento da produtividade deve ser feita com base no aumento da qualidade dos produtos e serviços em todo seu ciclo de vida. Essa busca começa quando a organização decide pela introdução de um novo produto ou processo, passando pelas mãos dos engenheiros, que devem projetar um produto robusto e à prova de falhas, pelo estudo dos processos necessários à fabricação do produto ou à oferta do serviço, sem esquecer a seleção e qualificação dos fornecedores e o cuidado com a entrega, pós-venda e assistência técnica. O aumento da produtividade é muito maior que o simples aumento dos níveis de produção. Ele está totalmente integrado ao conceito de qualidade total, levando a organização a buscar ganhos em todos os aspectos de suas operações. Não podemos nos esquecer do elemento principal para a busca do aumento da produtividade em qualquer organização: o elemento humano. São as pessoas e as atitudes que levam empresas a atingirem altos índices de produtividade. Processos, ferramentas e mecanismos de controle são elementos que devem servir somente apoio às pessoas. O modelo de gestão da qualidade visa atender prontamente aos requisitos da competitividade por meio da colocação de novos produtos e serviços, necessidade de oferecer produtos e serviços com alta qualidade e a custos relativamente baixos, tornando-os competitivos e com capacidade rápida de inovação. Quadro 2.1 – Competitividade, produtividade e qualidade Ferramentas Foco Objetivo Aprendizagem Trabalho em equipe Melhoria contínua Competitividade Planejamento Manutenção preventiva Eficiência e perdas Redução de custos Produtividade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Padrão técnico do processo Procedimentos operacionais Tempos e métodos Padronização Qualidade Os conceitos de qualidade, produtividade e competitividade caminham juntos, estão interligados e interdependentes, pois a competitividade decorre da produtividade e esta da qualidade. Podemos afirmar que a sobrevivência da empresa depende da competitividade. Esta, por sua vez, da produtividade, que depende, finalmente, da qualidade, conforme nos mostra a figura a seguir. Figura 2.1 Tema3: Os 5 sensus (5S) O método 5S também é conhecido por outros nomes: housekeeping (pode-se traduzir por arrumação da casa) ou é também chamado de SOL (Segurança, Organização e Limpeza). As atividades de 5S tiveram início no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial, para combater a sujeira das fábricas. Foi formalmente lançado no Brasil em 1991 por meio Fundação Christiano Ottoni. No início de sua aplicação apenas os três primeiros "S" eram abordados, tendo sido incorporado depois o quarto e o quinto. Sobrevivência Competitividade Produtividade Qualidade (preferência do cliente) Projeto perfeito|Fabricação Perfeita|Segurança do cliente|Assistência perfeita|Baixo custo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Como você deve ter percebido, cada "S" é conhecido por diversas denominações. Porém, neste texto, utilizaremos a terminologia de cada "S" da seguinte maneira: Senso de utilização 1ºS SEIRI Senso de ordenação 2º. S SEITON Senso de limpeza 3º. S SEISO Senso de Padronização/Saúde 4º. S SEIKETSU Senso de autodisciplina 5º. S SHITSUKE Objetivos O principal objetivo da técnica dos 5S é melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, diminuir os desperdícios, reduzir os custos e melhorar a produtividade da empresa. Senso de utilização Ter senso de utilização é identificar materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações, dados necessários e desnecessários, descartando ou dando a devida destinação àquilo que não for útil ao exercício das atividades. No sentido mais amplo, o senso de utilização abrange outras dimensões. É preservar consigo apenas os sentimentos valiosos, como amor, amizade, sinceridade, companheirismo, compreensão, descartando os negativos e criando atitudes positivas para fortalecer e ampliar a convivência, apenas com sentimentos valiosos. Nessa fase, costuma-se usar a técnica do cartão vermelho (ou etiqueta vermelha): o grupo encarregado do trabalho vistoria o local e coloca cartões nas coisas que julga desnecessárias. Após um prazo determinado, as etiquetas são verificadas. Os objetos, ferramentas e equipamentos que não têm anotações de uso dentro do prazo estabelecido são retirados do local. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Senso de organização/arrumação Ter Senso de Ordenação é definir locais apropriados e critérios para estocar, guardar ou dispor materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados de modo a facilitar o seu uso e manuseio, facilitar a procura, localização e guarda de qualquer item. Popularmente significa "cada coisa no seu devido lugar". Na definição dos locais apropriados, adota-se como critério a facilidade para estocagem, identificação, manuseio, reposição, retorno ao local de origem após uso, consumo dos itens mais velhos primeiro, entre outros. Na dimensão mais ampla, ter Senso de Ordenação é distribuir adequadamente o seu tempo dedicado ao trabalho, ao lazer, à família, aos amigos. É ainda não misturar suas preferências profissionais com as pessoais, ter postura coerente, serenidade nas suas decisões, valorizar e elogiar os atos bons, incentivar as pessoas e não somente criticá-las. O objetivo dessa etapa é organizar os itens absolutamente necessários e identificar e colocar tudo em ordem, para que seja fácil localizá-los Fonte: Aildefonso, 2006. Algumas estratégias podem ser usadas nessa fase: utilização de rótulos, cores e painéis visíveis para facilitar a localização e identificação de itens. Um exemplo clássico é o painel com desenhos dos contornos das ferramentas. Uma simples olhada identifica a ferramenta que está faltando. Senso de limpeza Ter senso de limpeza é eliminar a sujeira ou objetos estranhos para manter limpo o ambiente (parede, armários, o teto, gaveta, estante, piso), bem como manter dados e informações atualizados, para garantir a correta tomada de decisões. O mais importante neste conceito não é o ato de limpar, mas o ato de "não sujar". Isso significa que, além de limpar, é preciso identificar a fonte de sujeira e as respectivas causas, de modo a podermos evitar que isso ocorra (bloqueio das causas). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 No conceito amplo, ter senso de limpeza é procurar ser honesto ao expressar, ser transparente, sem segundas intenções com os amigos, com a família, com os subordinados, com os vizinhos etc. Fonte: Adaptado de Aildefonso, 2016. Senso de saúde/asseio/padronização Ter senso de asseio significa criar condições favoráveis à saúde física e mental, garantir ambiente não agressivo e livre de agentes poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (lavatórios, banheiros, cozinha, restaurante etc.), zelar pela higiene pessoal e cuidar para que as informações e comunicados sejam claros, de fácil leitura e compreensão. Significa ainda ter comportamento ético, promover um ambiente saudável nas relações interpessoais sociais, familiares ou profissionais, cultivando um clima de respeito mútuo nas diversas relações. Para isso, é preciso estabelecer padrões que permitam avaliar se as três fases anteriores estão sendo cumpridas: todas as normas e padrões devem ser reunidos em manuais que garantam que os procedimentos sejam seguidos corretos e regularmente. Senso de autodisciplina Ter senso de autodisciplina é desenvolver o hábito de observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender especificações escritas ou informais. Disciplina significa fazer coisas simples, como: Ao sair, deixar tudo limpo e em ordem. Devolver as coisas, no mínimo, nas mesmas condições em que as encontrou. Reparar ou substituir qualquer coisa que você danifique ou quebre. Reabastecer qualquer item que usar até o fim: sabonete, papel higiênico, papel da copiadora, gasolina, alimentos, bebidas etc. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Colocar as coisas de volta aos lugares, para que os outros possam achá- las. Tema 4: Mapas de processos Conceito de Processo Processo é um conjunto estruturado de atividades sequenciais que apresentam lógica entre si, com a finalidade de atender ou suplantar as necessidades e expectativas dos clientes externos e internos. Técnicas de Mapeamento do Processo Mapa de processo é uma maneira organizada de registrar todas as atividades executadas por uma pessoa e por uma máquina em uma estação de trabalho envolvendo um cliente ou materiais. As atividades são agrupadas em cinco categorias: Quadro 4.1 Operação Espera Armazenamento Transporte Inspeção O mapa de processo é uma técnica de mapeamento padronizada pela American Society of Mechanical Engineers (ASME), que originalmente foi publicado por Barnes em 1937, com o nome de Diagrama do fluxo do processo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Mapa de Processo Exemplo: Aluno realizando um processo de matrícula em uma escola. Quadro 4.2 Atividade Solicitação na secretaria x Preenche o formulário x Vai ao banco x Aguarda a fila do banco x Realiza o pagamento x Retorna x Entrega o comprovante x Confere a documentação x O foco que se dará será na melhoria dos processo e na satisfação do cliente, segue agora o processo com as melhorias: Quadro 4.3 – Eliminação da ida ao banco para pagamento e recebimento da matricula na própria escola Atividade Solicitação na secretaria x Preenche o formulário x Realiza o pagamento x Confere a documentação x CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Considerando a comparação antes e depois da melhoria realizada: Quadro
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