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Caso do Homem dos Ratos e Psicopatologia resumo

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Caso do Homem dos Ratos e Psicopatologia – resumo 
O paciente foi chamado por Freud de “O homem dos Ratos” mediante o relatado de um acontecimento durante seu serviço militar, em que o capitão lhe contara sobre uma tortura que faziam no Leste com prisioneiros. Essa tortura consistia em amarrar de bruços alguém acusado de um crime e virar sobre suas nádegas um balde com ratos, esquentavam e o único lugar que os ratos tinham para sair seria através do ânus, percorrendo um caminho no interior do corpo do sujeito, levando-o à morte. Depois de ouvir a história, essa ideia se fixa como um pensamento de que se Ernest não obedecesse determinadas circunstâncias, a mesma tortura seria aplicada às pessoas as quais amava, no caso, sua dama e seu pai, (que já era falecido). Estando ele ainda prestando serviço militar, recebe seu novo óculos que haviam sido consertado e lhe contaram que o tenente havia pagado o frete, logo Ernest faz um juramento de pagar o valor ao tenente para que a tortura dos ratos não chegasse ao seu pai e a sua amada. Ao longo da elucidação Freud percebe que Ernest repete várias vezes a palavra rato demonstradas nas suas obsessões relacionadas à pagamento, casamento, prestação e ‘rato de jogo’. 
 Ernst via nos ratos a imagem viva de si mesmo, em que a crueldade do capitão e seu amor ao castigo corporal também lembrava a surra que ele levou quando criança. A necessidade do dinheiro para se casar o fez querer o pai morto. Para Ernest o rato é uma representação de criatura suja e desprezível, assim como o dinheiro. Freud conclui que Ernst realizou uma substituição de objeto, atribuindo o rato e suas respectivas associações às ideias obsessivas. Entre a ideia de punição na história do capitão e seu pedido para reembolsar o dinheiro, os ratos tomaram uma série de significados simbólicos na evocação de uma série de recordações. 
 
A relação entre o seu grande medo obsessivo de perder seu pai e seu desejo ocorre pela ambivalência entre amor e ódio que Ernst tinha pelo pai. O amor intenso que ele sentia pelo pai seria proporcional ao recalque da raiva que sentiu ao ter seus desejos sexuais infantis contrariados. Segundo Freud, são as experiências reprimidas e esquecidas de nossa infância que formam o nosso inconsciente, logo, devido às experiências sexuais de Ernst na infância, criou-se uma neurose obsessiva que produziu um conflito em sua mente. Ainda criança, ele viu uma de suas governantas nua e desde então passou a ter desejo em ver o corpo feminino nu, no entanto achava que se tivesse o desejo de ver uma mulher despida, o pai fatalmente deveria morrer. Havia um desejo obsessivo de ver o corpo da jovem e ao mesmo tempo, um medo obsessivo de que o pai morresse. O conflito entre o amor e o ódio por seu pai, nasceu da crença inconsciente de que seu pai ficou entre ele e os seus desejos sexuais, havia então o pensamento da morte do pai até o momento do tratamento, mas o pai dele já era falecido.
Pelo fato de o pai querer que ele se casasse com a prima rica em vez da dama a quem admirava, Ernest desejou a morte do pai inconscientemente (todo medo é um desejo reprimido), com esse desejo, sentiu-se ansioso, com medo e culpado, por isso se inclinou a acreditar no oposto do que estava dizendo. Portanto, o medo de que o pai morresse, era o desejo inconsciente da morte dele.
O TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo é descrito como uma psicopatologia na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde - CID 10 - F 42. Esta psicopatologia é caracterizada por ideias, imagens ou impulsos (obsessões) recorrentes, persistentes, indesejados e intrusivos, que provocam ansiedade. Algumas pessoas sentem vontade de realizar determinados rituais repetidamente (compulsões), ações ou atos mentais particulares, para tentar diminuir e evitar a ansiedade causada pelas obsessões. Esses quadros são vividos como uma pressão sobre o indivíduo, como algo que o obriga e a que se submete. O transtorno obsessivo-compulsivo se divide em dois subtipos: ideias obsessivas e comportamentos compulsivos. É comum encontrar no indivíduo tanto a obsessão quanto a compulsão. 
Os quadros obsessivos caracterizam-se por ideias, pensamentos, fantasias ou imagens persistentes que surgem de forma recorrente na consciência; são vivenciados com angústia e como algo que “invade” a consciência. De acordo com o caso clínico, em que Ernst tinha o pensamento de que se ele desejasse ver o corpo feminino nu, seu pai morreria. Outro pensamento relatado foi que se ele não reembolsasse o tenente, ocorreria a tortura dos ratos nas pessoas que mais amava (seu pai e sua dama). O indivíduo reconhece o caráter irracional e absurdo desses pensamentos e tenta, às vezes, lutar contra eles ou neutralizá-los com outros pensamentos ou com atos e rituais específicos. No entanto, geralmente, tais tentativas fracassam. 
Nos quadros compulsivos, predominam comportamentos e rituais repetitivos, como lavar as mãos inúmeras vezes, tomar muitos banhos, verificar se as portas e janelas estão trancadas dezenas de vezes, colocar todos os objetos do quarto em certa ordem, etc., assim como atos mentais, como repetir palavras mentalmente em silêncio, fazer listas mentais, fazer determinadas contas, em geral em resposta a uma ideia obsessiva. Observa-se no caso clínico dos “Homens dos Ratos”, que durante a tempestade Ernest sentia a necessidade de contar até quarenta, ou cinquenta, no intervalo entre um raio e o trovão que o seguisse, seria uma medida defensiva contra temores de que alguém estivesse em perigo de morte. Outro exemplo seria o ato de remover a pedra da estrada pela qual a dama iria passar, desfazendo depois esse ato de amor mediante a restituição da pedra ao lugar onde estivera, de modo que o carro viesse a acidentar-se nela e a dama se ferisse.
Os comportamentos e os atos compulsivos também podem surgir como forma de cumprir regras mágicas que precisam ser rigidamente seguidas. Outras razões para os atos e os rituais compulsivos são pensamentos mágicos que vinculam a realização do ato compulsivo com o afastamento de algum evento temível ou indesejado 
Bibliografia: 
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Cap.31.
Filme “O Homem dos Ratos” (B. Norman, 1973), disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FbXHtAyEKNU&t=100s
Freud, S. (2013). Observações sobre um caso de neurose obsessiva (“O homem dos ratos”). In S. Freud, Obras Completas (Paulo César de Souza, trad., Vol. 09, pp. 13-112). São Paulo: Companhia das Letras. Original publicado em 1909.
Organização Mundial da Saúde (1993). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas. (F.42)

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