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E S C O L E G I S C M M 1 CURSO DE RECREAÇÃO INFANTIL CARGA HORÁRIA - 20 HORAS PROFESSOR -VALDERCLEY SANTOS R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 2 MESA DIRETORA Presidente - David Reis (AVANTE) 1º Vice-Presidente - Wallace Oliveira (PROS) 2º Vice-Presidente – Diego Afonso (PSL) 3º Vice-Presidente – Caio André (PSC) Secretária Geral – Glória Carrate (PL) 1º Secretário – Elissandro Bessa (SOLIDARIEDADE) 2º Secretário – Eduardo Alfaia (PMN) 3º Secretário – João Carlos (REPUBLICANOS) Ouvidor – Amom Mandel (SEM PARTIDO) Corregedor – Jaildo Oliveira (PC do B) Ficha Técnica Ebook - Curso de Recreação Infantil Autor: Prof. Valdercley Santos Revisão Pedagógica e EAD: Dr. Wender Antônio da Silva. Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização da editora. A distribuição e download deste e-book são gratuitos dentro da plataforma Escolegis CMM, no entanto, sua comercialização e/ou redistribuição é terminantemente proibida. ©️ Copyright 2021 – Istud Ltda ME Categoria: Curso de Recreação Infantil E S C O L E G I S C M M 3 APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR E DO CURSO DE RECREAÇÃO INFANTIL O sistema de educação realmente está crescendo e com isso novos cargos estão surgindo no ambiente escolar, assim fazendo-se necessário a capacitação tantos dos profissionais que já atuam na escola, bem como aos que buscam formação para atuação na área, o curso de monitor escolar é a capacitação para o mercado de trabalho e para a vida. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 4 E S C O L E G I S C M M 5 SUMÁRIO UNIDADE I .............................................................................................. 7 1.1 O CONTEXTO HISTÓRICOS DA RECREAÇÃO ...................................7 1.2 DEFINIÇÃO DE RECREAÇÃO ......................................................................9 1.3 A RECREAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................10 1.4 OS OBJETIVOS DA RECREAÇÃO .............................................................12 1.5 OS JOGOS E BRINCADEIRAS E SUAS DIFERENÇAS ..................13 UNIDADE II ............................................................................................. 18 2.1 - RECREAÇÃO INFANTIL- O DESENVOLVIMENTO .....................18 DA CRIANÇA .................................................................................................................18 2.2 - AS PARTICULARIDADES DE CADA FAIXA ETÁRIA EM RELAÇÃO À RECREAÇÃO ....................................................................................19 2.3 - TRABALHO COM A RECREAÇÃO ........................................................22 2.4 - TIPO DE ATIVIDADE .....................................................................................24 2.5 - RECREAÇÃO E PROCESSO EDUCACIONAL ...............................29 2.6 - RECREAÇÃO E A INCLUSÃO .................................................................32 UNIDADE III ............................................................................................ 34 3.1 - PERFIL PROFISSIONAL ...............................................................................34 3.2 -PASSOS PARA PROGRAMAÇÃO DE UMA ATIVIDADE REC- REATIVA ...........................................................................................................................36 3.3 - O PERFIL E CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DO LAZER ................................................................................................................................36 3.4 - POSTURA PROFISSIONAL ........................................................................38 3.4 - LOCAIS DE ATUAÇÃO ..................................................................................39 UNIDADE IV ........................................................................................... 44 4.1 - TÉCNICAS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIA ........................................44 R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 6 E S C O L E G I S C M M 7 UNIDADE I 1.1 O CONTEXTO HISTÓRICO DA RECREAÇÃO Segundo o autor Canto (2004) e PCN’s (1997). “A recreação teve sua origem na pré-história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de caça, ou a habitação de uma nova caverna, já que as atividades se caracterizavam por festas de adoração, celebrações fúnebres, invocação de deuses, o vencimento de um obstáculo, com alegria, caracterizando assim um dos principais intuitos da recreação moderna. As atividades, jogos coletivos dos adultos em caráter religioso foram passadas de geração em geração às crianças em forma de brincadeiras, quer dizer: já era uma constante na vida do homem, sendo que era manifestada através das danças primitivas de adoração, rituais fúnebres e invocação de deuses, destacando-se seu aspecto recreativo de alegria e vencimento de obstáculos. A criança ao nascer, após todo o impacto sofrido pela diferença de ambiente, adaptando-se à medida que o sistema nervoso se desenvolve, tornando-a capaz de movimentar-se, começa então a recrear-se, mexendo as mãos, pegando os pés, entre outros movimentos, isto vem afirmar que a recreação é algo instintivo do ser humano.Começando com a criança em forma de brincadeiras, a recreação chega até o adulto como fator social, que surgiu nos fins do século passado. O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774 com a criação do Philantropinum (mais importante instituição educacional com bases filantrópicas) por Johann Bernhard Basedow, professor das escolas nobres da Dinamarca. Lá as atividades intelectuais ficavam lado a lado às atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima. Na Fundação Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, lutas, caça, pesca, excursões e danças. A concepção Base dowiana contribuía para a execução de atividadesa fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 8 Froebel contribuiu criando os Jardins de Infância onde as crianças brincavam na terra. Nos EUA (Estados Unidos da América) o movimento iniciou-se em Boston, em 1885 com a criação de jardins de areia para as crianças se recrearem. Com o tempo, o espaço tornou-se pequeno visto que os irmãos mais velhos vinham também se recrearem nos jardins, Criavam-se então os playgrounds em prédios escolares, chamados também de pátios de recreio. No ano de 1892, em Chicago acontecera o 1º HULL HOUSE, área para jogos, aparelhos de ginástica e caixa de areia. Prevendo a necessidade de atingir um público de diferente faixa etária, como os jovens e adultos, e também devido a crescente importância do tempo de lazer, o termo playground foi mudado para “recreação”, com um conceito mais amplo de brincadeiras para crianças e outras atividade para os adultos, a partir daí foram criados os centros recreativos, que funcionavam o ano todo. Eram casas campestres com sala de teatro, de reuniões, clubes, bibliotecas e refeitórios. Havia estruturas semelhantes as de hoje em dia, caixas de areia, escorregadores, quadras e ginásio para ambos os sexos com vestiários e banheiros, balanços, gangorra, entre outros. Para orientação das atividades existiam os líderes especialmente treinados. No Brasil, a criação de praças públicas iniciou-se em 1927, no Rio Grande do Sul com o professor Frederico Guilherme Gaelzer. O evento chamava “Ato de Bronze”, onde foram improvisadas as mais rudimentares aparelhagens. Pneus velhos amarrados em árvores construíam um excelente meio de recreação para as crianças. Em 1929, aparecem as praças para a Educação Física, orientadas por instrutores, pois não havia professores especializados. A partir daí foram surgindo novas praças, parques e os Centros Comunitários Municipais, sendo que o primeiro chefe desse serviço foi o professor Gaelzer. Em 1972, foi criado o “Projeto RECOM” (Recreação - Educação - Comunicação), pelo prefeito Telmo Thompson Flores, com o SecretárioMunicipal de Educação e Cultura Profº. Frederico Lamacchia Filho, juntamente com o professor Gaelzer. Porto Alegre foi a pioneira desse tipo de projeto, realizou atividades recreativas e físicas promovendo o aproveitamento sadio das horas de lazer e a integração do homem com sua comunidade. Funcionavam no RECOM uma tenda e um carrossel de Cultura, desmontáveis e de fácil remoção. A tenda é uma casa de espetáculos. O carrossel foi criado para apresentações externas e espetáculos ao ar livre. Ressalvando a importância da recreação, a Alemanha a introduziu nas escolas e criou os parques infantis. Os EUA criaram os playgrounds equipados E S C O L E G I S C M M 9 revolucionando a recreação pública. O Rio Grande do Sul pelo pioneirismo e a implantação do “RECOM” com a recreação móvel. A palavra recreação provém do verbo latino “recreare”, que significa recrear, reproduzir ou renovar. A recreação pode, desta forma, compreender as atividades espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar o seu tempo livre. A recreação tem como objetivo principal criar as condições necessárias para o desenvolvimento integral das pessoas, além de promover a participação de forma coletiva e individual em ações que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas; possui ainda o caráter educacional, auxiliando na preservação da natureza e na afirmação dos valores imprescindíveis à convivência social e profissional. Independente do conceito que se use, a recreação está vinculada ao ato de realizar, por vontade própria, situações relacionadas aos jogos, brinquedos e brincadeiras, nomomento em que se sente a necessidade disso. Dessa maneira, está atrelada ao fato da busca espontânea por atividades recreativas. Estas sempre ocorrerão em forma de um jogo ou de uma brincadeira, sendo a principal forma de diferenciação existente entre estes que o jogo necessita de regras, enquanto a brincadeira não necessariamente as terá. Qualquer brinquedo, brincadeira ou jogo pode ser considerado recreativo, a partir do momento que o indivíduo participe espontaneamente, com o fim único de obter prazer na própria execução. Principais características das atividades recreativas (CAVALLARI, Vinícius Ricardo e ZACHARIAS, Vani): 1.2 DEFINIÇÃO DE RECREAÇÃO Deve ser desenvolvida de forma espontânea, sem esperar resultados ou benefícios específicos. Para tanto a opção por sua prática deve ser livre, atendendo os interesses de cada indivíduo; • A prática das atividades recreativas leva as pessoas a “estados psicológicos positivos” se realizadas em um clima e com uma atitude predominantemente alegre e entusiasta; • Deve ser um estímulo para a criatividade, um benefício para a formação pessoal e para as relações sociais, dando lugar à liberação de tensões da vida cotidiana, resgatando os valores essenciais para uma autorrealização. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 10 A atividade recreativa tem sua essência na organização própria dos jogos e brincadeiras, segundo KISHIMOTO, Tizuko Morchida o jogo, aqui entendido em seu sentido amplo, ou seja, também denominado como brincadeira, tem por excelência duas funções: Função lúdica: propicia diversão, prazer e até o desprazer, quando escolhido voluntariamente; Função educativa: ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. 1.3 A RECREAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS As pessoas divertem-se com as mais variadas formas de atividade: caminhadas, passeios, atividades esportivas, pintura, teatro, cinema, culinária, enfim, buscam as atividades que lhes dão como retorno o prazer em sua realização. Assim, podemos classificar a recreação em duas formas, que devem ser observadas pelo recreacionista no momento de montar seus programas de atividades. a) Recreação Passiva: onde o indivíduo participa, mas não de maneira ativa, da proposta escolhida, assumindo papel de espectador. Por exemplo, quando nos dispomos a assistir uma peça de teatro ou vamos a um jogo de futebol. b) Recreação Ativa: aquela em que a pessoa é a executante, ou seja, participa ativamente da proposta pela qual optou. Como exemplos temos o indivíduo que joga futebol, ao invés de simplesmente assistir ou então pilota um barco, pesca, entre outros. Outro fator importante que caracteriza a recreação é o fato desta poder ser realizada de maneira individual ou coletiva. Por ser de livre escolha, o indivíduo opta por integrar-se a um grupo ou simplesmente realizar uma atividade sozinho. Atividades individuais: ler um livro, saltar de asa delta, correr, etc. Atividades coletivas: jogar voleibol, brincadeiras de roda, etc. A forma e local de realização da atividade também é de extrema importância, pois podemos criar nossas próprias brincadeiras, e dessa maneira termos a recreação gratuitamente, ou então frequentarmos um espaço onde se ofertem atividades recreativas, podendo ser esse gratuito ou comercializado (pago). E S C O L E G I S C M M 11 1 - Física ou funcional, tais como ginástica, dança ou jogos desportivos; 2 - Atividades teatrais e sua forma; 3 - Arte ou trabalhos manuais; 4 - Atividade ao ar livre (excursões, estudo da natureza, jardinagem, etc); 5 - Atividades mentais e linguísticas: estudo de línguas, ler, escrever, jogos de habilidades mentais; 6 - Colecionismo e fotografia; 7 - Atividades sociais, tanto no sentido de festas e vida social como no sentido de assistência feita através de clubes, igrejas, etc. A recreação pode ser dividida em: Dessa maneira, é importante ressaltar que recrear nada mais é que uma circunstância, uma atitude, pela qual o ser humano procura a satisfação interna por meio de atividades nos momentos de lazer. O monitor de recreação deve ser a pessoa preparada a auxiliar no desenvolvimento de situações que permitam criar situações que permitam a cada um alcançar aquilo que buscava, ou seja, prazer em efetuar atividades nos momentos de descanso. Para tanto, é importante observar que a recreação apresenta algumas características importantes que devem ser analisadas no momento de montar um perfil do grupo (ou pessoa) com a qual irão aplicar-se as atividades recreativas. a) Fim em si mesma: A pessoa busca apenas recrear, sem assumir compromisso nenhum com alguma situação. Apenas tem a intenção de se divertir. b) Espontaneidade: A escolha da atividade é inerente a cada um, devendo assim serem respeitados os interesses e objetivos que o levaram a buscar aquela proposta. Ao profissional de recreação, cabe ofertar situações e circunstâncias propícias para que cada pessoa se recreie. Ninguém recreia ninguém. c) Caráter hedonístico: O participante busca apenas obter prazer e satisfação na atividade. Dessa maneira, cabe ao(s) profissional(is) que está aplicando recreação tomar o cuidado para que esta adquira, ao invés de uma visão positiva do participante, um fator negativo, que o leve a não querer mais efetuar as propostas, ou mesmo fale para outros que não obteve satisfação na execução do programa. d) Criatividade: Propiciar as pessoas exercícios de criatividade. De acordo com as características anteriores, não existe cobrança, o que nos proporciona sermos criativos, pois não há nada a perder. A criatividade é de suma importância, pois engrandece a personalidade e melhora a condição de vida. e) Interesses comuns: A recreação deve ser escolhida levando em consideração o interesse comum de seus participantes. Pessoas semelhantes buscam situações semelhantes de R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 12 recreação. Pessoas diferentes buscam recreação diferente. É difícil atingir a totalidade em uma atividade lúdica em grupos muito heterogêneos: É a isso que se deve a dificuldade de se atrair • a recreação de cada grupo é escolhida de acordo com interesses comuns dos participantes. • pessoas com as mesmas características têm uma tendência natural de se procurarem e se agruparem. Seu comportamento é semelhante. Essas pessoas formam os chamados gruposde iguais, que busca um determina do grupo de recreação. • pessoas semelhantes buscam situações semelhantes de recreação. • pessoas diferentes buscam recreações diferentes. um grupo muito heterogêneo na sua totalidade para uma mesma atividade lúdica. O bom profissional fará antes uma análise do grupo, buscando informações que permitam ofertar situações que possam agradar a todos os públicos, proporcionando dessa maneira uma programação que não somente seja interessante, mas que traga retorno na participação e resposta positiva dos integrantes. 1.4 OS OBJETIVOS DA RECREAÇÃO • Formar hábitos nos indivíduos de recrear-se com seu grupo social nas horas de lazer; • Contribuir para o desenvolvimento emocional, trazendo um equilíbrio entre tensão e satisfação; • Proporcionar ao homem alegria e prazer por meio de atividades de sua livre vontade; • Proporciona também se acatar, isto é, a transformação das energias instintivas em energias canalizadas, permitindo a razão da vivência, complexa e recalques; • Tornar o indivíduo integral (inteiro): físico, psíquico e social; • Desenvolver o espírito de iniciativa, capacidade de observação, análise e julgamento. E S C O L E G I S C M M 13 1.5 OS JOGOS E BRINCADEIRAS E SUAS DIFERENÇAS Brincar é uma invenção humana “um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Os jogos e as brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade e curiosidades resultam em um processo lúdico, autônomo, criativo, possibilitando a (re)construção de regras, diferentes modos de lidar com o tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginário. A natureza dos jogos e das brincadeiras não é discriminatória, pois implica o reconhecimento de si e do outro, traz possibilidades de lidar com os limites como desafios, e não como barreiras. Além disso, os jogos e as brincadeiras possibilitam o uso de diferentes linguagens verbais e não verbais, o uso do corpo de formas diferentes e conscientes; a organização, ação e avaliação coletivas. Alguns autores consideram os termos “jogo”, “brinquedo” e “brincadeira” como sinônimos, pois todos eles sintetizam a vivência do lúdico. Huizinga, autor clássico nateoria do jogo, afirma ser esse um fenômeno anterior à cultura. O jogo cumpre funções sociais. É sério, mas não é sisudo. É uma ação voluntária, desinteressada, é liberdade. Provoca a evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade com orientação e espaços próprios. Todo jogo tem regras, pois ele cria ordem e é ordem. Absorve inteiramente o jogador que, ativamente, participa criando e recriando regras. Aquele que desrespeita as regras é considerado um “desmancha-prazeres” (HUIZINGA, 1980). Recuperar, relembrar, reconstruir, vivenciar o brincar, o jogar nas aulas de recreação e jogos possibilitam a vivência do caráter lúdico que acompanha tais práticas corporais. O jogo e a brincadeira, para além do prazer, da satisfação, são entendidos como instantes de reconhecimento do homem como produtor de história e de cultura, por isso merecem ser problematizados. Na parte que falamos da recreação, comentamos que toda atividade recreativa, independentemente de seu formato, sempre será uma brincadeira ou um jogo. O professor que irá trabalhar com a área de recreação deve conhecer as diversas formas como um jogo ou uma brincadeira ocorrem, e suas modalidades, para poder ajudar na elaboração de situações que atendam objetivos específicos a cada público, tipo de atividade realizada e características do local onde trabalha. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 14 Apesar de existirem diversos diferenciais, basicamente o que separa uma situação da outra é o fato de que o jogo solicita regras mais elaboradas, que o levem a um resultado de vencedor ou perdedor, enquanto a brincadeira não necessariamente possui tais fatores, o que as torna muitas vezes mais interessantes por evitar a frustração da derrota, possuindo um caráter de maior ludicidade, e permitindo exercitar a criatividade na forma de execução, o que o jogo impede pelo fato de terem de ser seguidas as suas normas preestabelecidas (regras). Para tanto, o quadro abaixo é um demonstrativo das principais diferenças existentes entre os dois formatos possíveis de efetuar atividades recreativas. BRINCADEIRA Vencedor Final Ápice Regras Vencedor Regras Final Ápice JOGO É a principal e fundamental diferença. Não há como se vencer uma brincadeira. Ela simplesmente acontece e segue se desenvolvendo enquanto houver motivação e interesse por ela. A brincadeira não tem final pré- determinado, ela prossegue enquanto tiver motivação e interesse pelos participantes. Pode-se terminar por fatores externos: final do tempo livre, chuva, etc.. O jogo sempre terá um ponto alto a ser atingido, como por exemplo, marcar o ponto ou cumprir uma tarefa. jogo sempre terá regras. Não existe jogo sem pelo menos uma regra que seja. Permite alcançar vitórias, ou seja pode haver um vencedor. O jogo busca um vencedor, podendo, no entanto, em alguns casos, apresentar empate no resultado. brincadeiras são mais livres, podem ter regras, mas podem também não ter. As brincadeiras sem regras são individuais. O grupo só por existir, já sugere regras. Sempre tem o seu final previsto, quer seja por pontos, por tempo, por número de repetições ou por tarefas cumpridas. As brincadeiras podem ter um ponto alto a ser atingido, mas muitas vezes não tem. E S C O L E G I S C M M 15 Evolução Consequências Modificações Evolução Consequências Modificações Nem sempre apresentam evolução regular, nem sempre há maneiras formais (estruturação) de proceder seu desenvolvimento. As brincadeiras por ser muito mais desvinculadas de padrões têm consequências imprevisíveis. Se pretendemos fazer uma modificação em um jogo, devemos interrompê-los inserir a modificação como nova regra e depois iniciá-lo. Todo jogo apresenta uma evolução regular, ele tem começo, meio e fim. Existem maneiras formais de se proceder. Podemos tentar prever algumas consequências dos jogos. A brincadeira pode sofrer modificações durante seu desenrolar, de acordo com os interesses do momento e com a vontade dos participantes. Entender as explicações do quadro acima facilita a preparação de atividades de acordo com a faixa etária. As brincadeiras são mais comuns entre crianças e idosos, enquanto que adolescentes e adultos tem a tendência a preferir participar de jogos. Jogo: É uma atividade embasada em regras próprias, que devem ser seguidas para sua realização, visando sempre um vencedor. Jogar sempre fez parte da essência humana e para a criança é uma das formas de conhecimento do mundo e exploração dos seus potenciais. Brinquedo: É o objeto com o qual se brinca ou se joga. É o suporte da brincadeira. Pode ser feito de material específico como também de materiais recicláveis. Por exemplo, uma bola de futebol oficial deve ser feita de couro, enquanto que uma de material reciclável pode ser de meia, de papel, de sacolas plásticas, enfim, com o material que estiver disponível e puder ser usado com segurança. Brincadeira: É a forma como uma criança estrutura a execução de uma atividade relacionada a um brinquedo. Um mesmo brinquedo pode trazer diversos tipos de brincadeira. Uma bola, por exemplo, pode ser usada de diversas maneiras, assim como uma boneca. A brincadeira é a execução da imaginação, do lúdico. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 16 Existem diversas formas de classificar um jogo: Quanto à dificuldade de execução: • Pequenos jogos: a duração da sessão é pequena, as regras são fáceis e flexíveis, combinadas na hora, não exigem preparação técnica e o número de participantes é variável. • Grandes jogos: a duração da sessão é de 10 a 20 minutos, exigem mais tempo de preparação. Aqui entram as primeiras regras de jogo, conhecidas porfalta, penalidade e marcação de campo. São jogos que preparam para os desportos, destina-se aos alunos do 4º ano em diante. Quanto à intensidade: Ativos: a atividade é intensa e todos participam ao mesmo tempo. • Moderados: atividade mais ou menos intensa, sendo que cada aluno participa de uma vez, enquanto os outros aguardam a sua vez. • Calmos: são jogos realizados (quase sempre) na posição sentada, podendo seracompanhados por canto (atividades rítmicas calmas). Quanto às funções: • Jogos sensoriais: atuam sobre os sentidos, proporcionando sensações agradáveis. • Jogos motores: desenvolve força, coordenação, velocidade. Desempenham um papel preponderante no desenvolvimento da criança. • Jogos psíquicos: subdivididos em intelectuais e afetivos. • Intelectuais: atuam sobre as capacidades intelectuais (p. ex.: xadrez, quebracabeça, charadas, damas etc.). • Afetivos: proporcionam prazer através de emoções (p. ex.: quem fica mais tempo em baixo da água etc.). E S C O L E G I S C M M 17 Quanto a funções especiais: • Jogos de competição: caracterizados pela disputa, e podem ser individuais ou em equipe. • Jogos de caça: são os jogos de perseguição em que se procura esconder ou não ser descoberto, ou ainda jogos de pegar. • Jogos sociais: seu objetivo é a socialização. • Jogos familiares: são originados no ambiente doméstico (casinha, carrinho, etc.). • Jogos de imitação: a imitação pode ser o objetivo do jogo (espelho). Ou o jogo onde se imita pelo exclusivo prazer de imitar. • Jogos populares: tem caráter tradicional, não são regulamentados e o espaço de jogo depende da disponibilidade (p. ex.: bocha, peteca, queimada etc.). • Jogos cooperativos: o objetivo é jogar com o outro e a cooperação é a principal meta na busca de um objetivo. • Jogo simbólico: é o faz de conta e implica a representação de um objeto ausente (inicia a partir dos 2 anos). Quanto à formação: Círculo, coluna, fileira e livre (sem formação específica, à vontade) R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 18 UNIDADE II 2.1 - RECREAÇÃO INFANTIL- O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A criança de 6 a 7 anos para Ferreira (2003) pode ser definida como estando no estágio pré-operatório sendo a de 6 a 7 onde aparece a linguagem oral. Pensamentos egocêntricos, rígidos, centrado em si mesmo e com características de animismo. Não possui noção de conservação, quantidade, volume, massa, peso e não consegue retornar ao ponto de partida mentalmente (condição básica para a realização de operações). No período pré-operatório a assimilação, isto é, a interpretação de novas formações baseada em interpretações presentes é uma tarefa suprema para a criança. Nesta fase, a ênfase no “por que” e no “como” torna-se uma ferramenta básica para que a adaptação ocorra (GALLAHU e OZMUN, 2005). Brincar serve como um importante meio de assimilação e ocupa maior parte das horas que a criança passa acordada. As brincadeiras imaginárias e as paralelas são importantes ferramentas para o aprendizado. Brincar também serve para demonstrar as regras e os valores dos familiares mais velhos do indivíduo. A ampliação do interesse social por seu mundo é característica da fase do pensamento pré–operatório da criança. Como resultado o egocentrismo é reduzido e a participação social aumenta. A criança começa a exibir interesse nos relacionamentos entre as pessoas. A compreensão dos papéis sociais de “mamãe”, “irmã” e “irmão” e seu relacionamento uns com os outros é importante para a criança nesta fase. A criança pequena demonstra crescente pensamento simbólico pela ligação do seu mundo com palavras e imagens. A assimilação é avançada usando a atividade física para realizar os processos cognitivo, cita Gallahue e Ozmun (2005). Na fase operatória concreta de 7 a 11 anos para Ferreira (2003) a criança começa a ter um pensamento mais lógico, menos egocêntrico, ações mentais mais reversíveis, móveis e flexíveis. Apesar de o pensamento basear-se mais no raciocínio, ainda precisa de materiais e exemplos concretos, não consegue ordenar, seriar e classificar. E S C O L E G I S C M M 19 2.2 - AS PARTICULARIDADES DE CADA FAIXA ETÁRIA EM RELAÇÃO À RECREAÇÃO Nesta fase, as percepções são mais precisas e a criança aplica a interpretação dessas percepções ambientais sabiamente. Ela examina as partes para obter conhecimento do todo e estabelece meios de classificação para organizar as partes em um sistema hierárquico. A criança brinca para compreender seu mundo físico. Regras e regulamento são de interesse da criança quando aplicadas à brincadeira. A criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos de seu mundo em vários ambientes, existindo a reversibilidade com experimentação intelectual através da brincadeira ativa. (GALLAHUE E OZMUN, 2005). O ser humano, em seu desenvolvimento, apresenta diferenças nas suas capacidades, sejam elas físicas, cognitivas, sociais, motoras ou psicológicas. Assim, somente a partir de alguma fase da vida consegue realizar algumas atividades, que anteriormente não lhe eram possíveis. Mesmo assim, pode-se entender que uma atividade recreativa não possui faixa etária, já que ela pode ser adaptada para qualquer momento da vida, desde que respeitados os limites de quem a executa. Algumas características que podem auxiliar na seleção de atividades para determinados grupos e idades: De 0 a 2 anos Características: Descoberta do tato, movimento, formas, texturas, sons. Começa a engatinhar e andar, melhoria da coordenação motora com movimentos exploratórios de abrir, fechar, empilhar, encaixar, puxar, empurrar, comunicação. Atividades adequadas: Brincadeiras referentes à educação sensório-motora (sentir/executar), exploração motora, canto, brincar de esconder e achar, brinquedos de encaixar, puxar, empurrar, abrir, fechar, reproduzir sons, móbiles coloridos e que se movimentam. De 2 a 4 anos Características: Continuam as características anteriores: fantasia, invenção e criatividade. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 20 Atividades adequadas: Brincar sem regras ou poucas regras e bem simples, imitações conhecidas, formas básicas de movimentos, gosta de representar e de ser estimulada. Proporcionar situações que desenvolvam os sentidos como: tato, visão e audição. De 4 a 6 anos Características: Começa a aceitar regras e compreendê-las, apresenta maior atenção e concentração, interesse por números, letras, palavras e seus significados, o grupo começa a ter importância. Atividades adequadas: Trabalhar qualidades em que a criança possa explorar. Exemplos: manipulação do barro, trepar, saltar, atividades que tentem somar as atividades físicas. Brincadeiras com ou sem regras, atividades de muita movimentação. De 6 a 8 anos Características: Boa discriminação visual e auditiva, atenção e memória, aceitam regras, convive bem com o grupo, começa definir seus próprios interesses, despertar da competitividade. Atividades adequadas: Nesta fase a criança tem muita energia física e suporta até 3 horas seguidas de atividade. Brincadeiras, pequenos jogos, atividades em equipes, desafios e contestes, jogos pré-desportivos. Ex: nunca três, alerta, bola ao túnel. De 8 a 10 anos Características: Capacidade de reflexão (entende consequências de atos), memória bem desenvolvida, raciocínio concreto e abstrato, o grupo é cada vez mais importante. Fase de competição entre as meninas e os meninos. Atividades adequadas: Brincadeiras, pequenos jogos, atividades em grupos, atividade de ação, atividade que envolva raciocínio, desafios, inicio das experiências, pré-desportivos. Ex: pular sela, queimada, mãe da rua, pega-pega. De 10 a 12 anos Características: Excesso da disputa, separação dos sexos, meninas pré-púberes, meninos ainda infantis, necessidade de aceitação no grupo, necessidade de cooperação entre os sexos, isolam-se em grupos fechados (“panelinhas”). E S C O L E G I S C M M 21 Atividades adequadas: Menorinteresse pelas brincadeiras, pequenos jogos, grandes jogos com regras adaptadas, integração social, pré-desportivos e participação em campeonatos. Exemplos: bola ao guarda, estafetas, caça ao tesouro. De 12 a 14 anos Características: Revalorização do sexo oposto, supervalorização da competição, falta de percepção dos limites sociais, necessidade de autoafirmação, conflitos de personalidade, fase de muita vergonha e rebeldia. Atividades adequadas: Desvalorização das brincadeiras, pequenos jogos em grande escala, grandes jogos, atividades que demonstrem habilidades, pré- desportivos e esporte completo com regras. Ex: handebol, gincanas, futebol, jogos de estafetas. Utilizar-se de brincadeiras nas quais o grupo inteiro possa participar e procurar não responder com violência às suas atitudes. Gostam de atividades de aventura, vertigem, fantasia e competição. De 14 a 18 anos Características: Grande identificação com o sexo oposto, grande diferença de habilidades e força entre os sexos, aceitação e discussão das diferenças de habilidades entre os sexos, apresentam um pouco de necessidade de autoafirmação, desprezo pelas atividades físicas, valorização por atitudes culturais e sociais. Atividades adequadas: Esporte propriamente dito, gincanas com múltiplas dificuldades, grandes jogos, valorização por atividades juntos à natureza. Exemplo: torneios simples e rápidos, gincanas, jogos com grande apelo social (vôlei, futsal e outros). Idade Adulta Características: Revalorização da atividade física, valorização da atividade lúdica, aceitação do sexo oposto nas atividades, supervalorização da estética, a atividade lúdica não serve somente para a prática de atividade física, e sim para lazer, dificuldade de se expor, dificuldade para se organizar, aceita a derrota e a vitória mais facilmente, prefere atividades lúdicas em grupos. Atividades adequadas: Esportes, atividades em grupo, gincanas, jogos de salão, desafios culturais, modismos, cinema, teatro, shows, dança, festas, reuniões em grupos para bate-papo, atividades culturais, passeios e viagens em grupo. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 22 Terceira Idade Características: Necessidade de integração social necessita e valoriza a atividade em grupo, necessidade de atividade física, necessidade de atividade lúdica, valoriza a atividade cultural, não sente dificuldade de se expor, valoriza mais a participação que o resultado, aceita a derrota com naturalidade. Atividades adequadas: Esportes e brincadeiras com adaptação à regra para facilitar de acordo com sua faixa etária, supervalorização de atividades recreativas com o grupo, atividades artesanais e manuais, passeios junto à natureza, viagens, turismo em geral. Ex: festas, danças, música, bocha, canto, cinema, jogo de baralho, bricolagem, atividades artesanais, trabalhos manuais e bingo. Observação: Não devemos nos esquecer das restrições físicas próprias da terceira idade, uma regra geral é usarmos bom senso em tudo aquilo que nos propomos a fazer. 2.3 - TRABALHO COM A RECREAÇÃO É essencial, pois possibilita aos alunos terem desde cedo, o contato com jogos e brincadeiras, que favorecem o despertar de novas experiências psicomotoras e que progressivamente se ampliam para níveis de competências cada vez mais complexas. A Educação psicomotora é uma técnica que através de exercícios e jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global do ser, devendo estimular toda atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças pessoais e levando à autonomia do indivíduo como forma de percepção, expressão e criação em todo o seu potencial. Dentro da Educação Psicomotora deve-se buscar o desenvolvimento da lateralidade, da orientação espacial, além de coordenação motora, do equilíbrio e da flexibilidade e ainda a concentração e o desenvolvimento de atitudes, tais como: lealdade, companheirismo. PSICOMOTRICIDADE Psicomotricidade é a integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da Educação e do desenvolvimento do sistema nervoso. Fonseca (1988) comenta que a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. A educação psicomotora é a educação da criança através do seu próprio corpo e do seu movimento proporcionando gradativamente o controle até o domínio dos movimentos mais complexos. E S C O L E G I S C M M 23 Segundo Fonseca (1988), são objetivos das atividades psicomotoras: • Vivenciar estímulos sensoriais para discriminar as partes do próprio corpo e exercer um controle sobre elas. • Vivenciar através da percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a organização espacial e temporal. • Aquisição dos pré-requisitos necessários à aprendizagem da leitura e da escrita. A aplicação dos conteúdos deverá respeitar a individualidade e o desenvolvimento psicológico da criança. • Recortar • colar • encaixar peças • completar figuras seguindo a numeração • escrever o nome de dois tipos de letras etc COORDENAÇÃO MOTORA É a ação de combinar diversos grupos musculares, através do sistema nervoso central, para a execução de uma série de movimentos e ações com o máximo de eficiência e economia de energia. Segundo Newell (1986), a coordenação envolve necessariamente relações próprias múltiplas entre diferentes componentes, definidas em uma escala espaço- temporal. Um padrão “ótimo” de coordenação é estabelecido pelo controle da interação das restrições da tarefa, do organismo e do ambiente. Falhas na coordenação motora podem ser acusadas pela deficiência de movimentos na primeira infância. Devemos oferecer o máximo de experiência de movimentos coordenados à criança. Entre todas as qualidades físicas, podemos situar a coordenação motora como de grande importância para a atividade escolar. COORDENAÇÃO MOTORA FINA Segundo Rocha (2007), é a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo assim movimentos delicados e específicos (complexos). Este tipo de coordenação permite dominar o ambiente, propiciando manuseio dos objetos. É uma coordenação segmentada normalmente com a utilização das mãos exigindo precisão nos movimentos para a realização de tarefas complexas. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 24 COORDENAÇÃO VISO-MOTORA É a habilidade de coordenar a visão com movimentos do corpo. E segundo Cabral (2007), na ausência de uma adequada coordenação viso-motora, a criança se mostra desajeitada em todas as suas ações apresentando dificuldades na escola. O desenvolvimento de uma boa coordenação motora geral é indispensável como pré-requisito. • Tentar acertar alvos fixos e móveis. • Correr, lançar e receber objetos durante a corrida. • Rolar, conduzir objetos em corrida e por entre obstáculos. • Saltar e saltitar sobre objetos. • Corrida lateral e cruzando as pernas. • Rolar para frente e para trás. • Executar sequência de movimentos com braços e pernas simultâneos ounão, numa segunda fase, de forma lenta até realizá-los em velocidade. COORDENAÇÃO MOTORA GROSSA De acordo com Cabral (2007), a coordenação motora grossa ou geral é aquela que visa utilizar os grandes músculos (esqueléticos) de forma mais eficaz tornando o espaço mais tolerável à dominação do corpo. Para as crianças é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só numa segunda etapa é que ela movimentará os membros separadamente. BRINCADEIRAS DE RODA São atividades cantadas onde os participantes ficam dispostos em círculo, geralmente de mãos dadas. Muito utilizadas com crianças até aproximadamente sete anos, porém apresentam possibilidades de aplicação em qualquer idade. Seu aspecto lúdico favorece a socialização e serve para fortalecer grupos diferenciados. Atividades sugeridas: ciranda cirandinha, não atire o pau no gato, Terezinha de Jesus, entre outras. 2.4 - TIPODE ATIVIDADE E S C O L E G I S C M M 25 • Ensinar a música a todos (em idades menores, deve ser curta e com palavras def ácil assimilação). • Demonstrar a sequência de movimentos (se houver). • Dificuldade crescente (gestos simples para mais complexos). • Repetição: o recreacionista canta e os participantes repetem. • Coordenação: os gestos realizados vão se acumulando, tornando cada vez mais difícil a movimentação. • Ritmo: os movimentos devem ser realizados no tempo correto, podendo ser iguais ou diferentes. • Letras com movimentação: a letra do brinquedo deve ser reproduzida com gestos que representem aquilo que está sendo cantado. • Ocultar palavras: a medida que se desenvolve a atividade, vão se retirando as palavras da música e substituindo apenas pelos gestos. BRINQUEDOS CANTADOS Variação das cantigas de roda, onde utiliza-se música ou ritmo para efetuar a atividade, estando os indivíduos dispostos em uma ordem predeterminada ou livres no espaço preparado para essa tarefa. Tanto a brincadeira de roda como o brinquedo cantado partem dos seguintes princípios: Podem ser efetuadas da seguinte maneira: O brinquedo cantado ou brincadeira de roda são excelentes atividades para realizarem dias de chuva, ambientes fechados ou mesmo para distração. Atividades sugeridas: trem maluco, rabo de serpente, entre outras. DINÂMICAS DE GRUPO Aplicação de técnicas a um determinado grupo visando alcançar objetivos predeterminados por esforços comuns. Servem para promover e estimular as potencialidades de um grupo, por meio de tarefas reflexivas e socializantes, que buscam humanizar as relações afetivas e sociais. Usadas por empresas na seleção de funcionários, assim como para melhorar o ambiente de relacionamento ou mesmo servir como forma de recreação dos profissionais e suas famílias, criando assim um vínculo maior do empregado com a empresa. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 26 Além disso, no ambiente profissional, servem como forma de suprir as necessidades lúdicas, sem sair do ambiente laboral. Atividades sugeridas: brincadeiras com nomes (para grupos recém formados), atividades com desenhos (para demonstrar características dos profissionais ou pessoais), situações de cooperação etc. ESTAFETAS OU REVEZAMENTOS São jogos de revezamento realizados em equipe (atividades de “vai e volta”), onde todos os elementos tem de executar a mesma tarefa em colunas ou filas, buscando terminar a atividade no menor tempo possível. As estafetas podem ser mescladas com outros tipos de atividades. Por exemplo, pode ser um jogo motor, onde o participante tenha de quicar uma bola até um ponto determinado e repassar a outro colega. Atividades sugeridas: corridas onde se tenha de levar, trazer ou transportar objetos, salada dos tênis, etc. JOGOS COOPERATIVOS Atividades ou dinâmicas realizadas em grupo(s) que busca(m) a cooperação dos colegas, para superação de limites coletivos. A ideia é que os membros do grupo, juntos, criem alternativas para superar os obstáculos apresentados na atividade. A característica básica é encontrar soluções por meio da cooperação e não deforma individual. Atividades sugeridas: corrente humana, nó humano etc. JOGOS EDUCATIVOS Caracterizam-se pela presença de elementos formativos que, por meio de ações lúdicas, técnicas mentais e associativas, oportunizam a aquisição de informações e o desenvolvimento do raciocínio. Atividades sugeridas: xadrez, salada de frutas, stop etc. JOGOS POPULARES INFANTIS (JOGOS TRADICIONAIS) Desenvolvidos geralmente nas ruas, quintais, terrenos baldios, pátios escolares, tendo como característica a participação maior de pessoas das classes menos favorecidas. Utiliza muito de materiais alternativos. E S C O L E G I S C M M 27 São passados de geração em geração (por isso, tradicionais). Atividades sugeridas: pular tábua, pular corda, amarelinha etc. JOGOS DE VOLTA A CALMA Dinâmicas desenvolvidas ao final de uma programação, buscando recuperar os padrões metabólicos basais. Servem como forma de trazer os participantes ao seu ritmo Habitual. Atividades sugeridas: Coitadinho do meu gatinho, detetive e bandido etc. JOGOS NA NATUREZA Concepção recente, se refere as atividades que utilizam relação íntima do homem com o ambiente natural como coadjuvante do jogo (bosques, cachoeiras, rios, entre outros). Servem na conscientização da necessidade de preservar e manter o espaço natural. Atividades sugeridas: gincanas da limpeza (em rios e bosques), rapel, escalada, caminhada, tirolesa, falsa baiana etc. JOGOS SENSORIAIS Estimulam as capacidades de recordar e refletir sobre os sentidos: visão, olfato, tato, audição e paladar. Excelentes nas primeiras fases da vida, para desenvolver capacidade de entendimento sobre cada um dos sentidos. Atividades sugeridas: adivinhe o que é (pessoa de olhos fechados, tocando com os pés em objetos numa bacia, tentando adivinhar o que é), quem sou eu (indivíduo vendado ouve os sons das vozes e tenta dizer de quem é a voz) etc. JOGOS SIMBÓLICOS Atividades sem regras previamente estabelecidas, onde crianças de 2 a 7 anos lembram de situações externas vividas e/ou observadas e as narram de forma representativa. Usa a imaginação para expor comportamentos (imitar o professor etc) ou apresentar outro sentido a objetos (garrafa pet que se transforma em foguete). Atividades sugeridas: situações de imitação, mímica, brincadeiras com materiais confeccionados pelos próprios participantes, etc. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 28 JOGOS DESPORTIVOS Utilizam como base as modalidades esportivas conhecidas e suas variações (jogos pré-desportivos, por exemplo). Atividades sugeridas: torneios de futebol, voleibol, tênis de mesa, etc. MATROGINÁSTICA Vem do latim Mater (mãe). Seriam atividades para serem realizadas pelas mães e seus filhos. Porém, com a evolução social, passou a ser considerada atividades ginásticas e recreativas realizadas em família, pelos pais juntos a seus filhos. Atividades sugeridas: mãe, pai e filho(s) caminhar pelo ambiente de mãos dadas, conhecendo as outras famílias; pai e mãe sentados um de frente para outro, de pernas abertas, as crianças deverão saltitar entre todos os pais; pais com as pernas afastadas, filhos passam por baixo de todos os pais. Brincadeiras de roda, brincadeiras historiadas, situações emotivas com música etc. GINCANAS Atividade recreativa composta de uma variedade de provas (determinadas, pré-determinadas ou surpresas) caracterizadas por regras fixas, que devem ser cumpridas com eficácia e rapidez. As equipes pode ser formadas individualmente, em pequenos ou grandes grupos, sendo o principal objetivo vencer a competição. Podem ocorrer em duas formas: INTERNAS: São as que ficam restritas a determinado local. Ex. Ginásio. EXTERNAS: Realizadas em diversos ambientes, ou mesmo fora da cidade. Sua pontuação pode ser por: prova cumprida, ordem de chegada, qualidade de execução, podendo ser utilizados recursos de deslocamento definidos em regulamento como sendo: a pé, de bicicleta, de carro, barco etc. Além de busca de diversão, do lúdico, os organizadores de uma gincana podem ter alguns outros objetivos com ela, como, por exemplo, educacionais, de integração dos participantes, de divulgação a entidades que promovem essa gincana ou produtos que oferecem, beneficentes etc. Possui algumas modalidades de execução: E S C O L E G I S C M M 29 1 - Gincana esportiva: utiliza das modalidades esportivas em suas provas. 2 - Gincana de busca e apreensão: o recreador solicita que busquem em determinado prazo de tempo objetos ou pessoas, para cumprir a tarefa. 3 - Gincana de estafeta: voltada a atividades competitivas de habilidades físicas com transporte de objetos ou pessoas. 1. CONVIVER 2. BRINCAR 3. PARTICIPAR 4. EXPLORAR 5. EXPRESSAR 6. CONHECER-SE. 2.5 - RECREAÇÃO E PROCESSO EDUCACIONAL Deve ser desenvolvida de forma espontânea, sem esperar resultados ou benefícios específicos. Para tanto aopção por sua prática deve ser livre, atendendo os interesses de cada indivíduo. A prática das atividades recreativas deve levar as pessoas a “estados psicológicos positivos”, se realizando em um clima e com uma atitude predominantemente alegre e entusiasta. Deve ser um estímulo para a criatividade, um benefício para a formação pessoal e para as relações sociais, dando lugar à liberação de tensões da vida cotidiana, resgatando os valores essenciais para uma autorealização. A recreação é fundamental ao desenvolvimento humano, independente de faixa etária, pois amplia suas possibilidades de inserção social, além de gerar satisfação e prazer. É inquestionável a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil. Ela está inserida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sendo um dos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança: A partir dos seis direitos, a BNCC estabeleceu também os campos de experiência, fundamentais para que a criança possa aprender e se desenvolver: R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 30 O EU, O OUTRO E O NÓS; CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS; TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS; ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO; ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES. A brincadeira é, portanto, uma parte fundamental da aprendizagem e desenvolvimento da criança, momento em que ela exercita todos os seus direitos e estabelece contato com os campos de experiência, como protagonista de seu desenvolvimento. Particularmente, as brincadeiras têm um papel destacado nas Escolas Democráticas, cuja preocupação principal é a adaptação entre as novas gerações e as formas de trabalhar na Educação Infantil. A brincadeira povoa o imaginário infantil, enriquecendo o universo, as vivências e as experiências da criança, pois pela brincadeira apropria-se de sua imagem, espaço e meio sociocultural, interagindo consigo e com a comunidade. O eu, o outro e o nós – Trabalha diretamente com o desenvolvimento pessoal e social da criança, considerando que a maneira como eu me relaciono com os outros e eles comigo é um fator de grande influência para a pessoa que vou me tornar. Em síntese, busca-se desenvolver conhecimento acerca de si mesmo, bem como o respeito ao outro. Corpo, gestos e movimentos – Foca nas atividades que desenvolvam a coordenação motora das crianças, para que essas conheçam melhor o seu corpo, bem como a sua utilização e autocuidado. Traços, sons, cores e formas – Apresenta à criança as produções artísticas, culturais e científicas, locais e universais. Oralidade e escrita – Trabalha com o falar e o ouvir como atos de apropriação da linguagem. Vale destacar que a Educação Infantil não deve preparar para a alfabetização, porque objetiva o pleno desenvolvimento da criança. Assim, nesse Campo de Experiência, é trabalhada a comunicação verbal com o foco na fala e escuta. A verdadeira recreação contém todos os elementos - entretenimento, diversões, E S C O L E G I S C M M 31 passatempos e distração, mas em um nível construtivo. Atividades feitas apenas com o sentido de “matar o tempo” não podem ser classificadas como recreação. Os jogos surgiram na Grécia como forma de diversão passando mais tarde a serem aperfeiçoados e estudados por grandes mestres a fim de tomá-lo parte do desenvolvimento educacional da criança. Depois da Segunda Guerra Mundial e com a criação da ACM- Associação Cristã de Moços em vários países, o jogo como um fator educacional, começou a ocupar espaço. Jogo é uma atividade física e/ou mental que favorece a sociabilização obedecendo a um sistema de regras, visando um determinado objetivo, sendo uma atividade que tem começo, meio e fim, regras a seguir e um provável vencedor. O jogo educativo é um elemento de observação e conhecimento metodológico da psicologia da criança, suas tendências, qualidades, aptidões, lacunas e defeitos. A maneira como se joga pode tornar o jogo mais importante o que imaginamos, pois significa nada menos que a maneira como, estamos no mundo. Os jogos de que as crianças participam tornam-se seus jogos de vida. Participando destes jogos tocamos uns aos outros pelo coração. Desfazemos a ilusão de sermos separados e isolados. O professor tem seu papel nos jogos, ele representa e projeta a maneira de jogar, ele é quem comunicar-se através de voz audível e gestos harmoniosos, afim de promover uma atmosfera agradável sua experiência é fundamental, pois através de seus exemplos conquista a confiança e cria uma relação de atividade criativa e amigável. Desde a civilização o brincar é uma atividade das crianças naquela época a brincadeira não era considerada um elemento cultural, do riso, do folclore e do carnaval. Para a criança brincar é a coisa mais séria do mundo, é tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso. É o meio que a criança tem de travar conhecimento com o mundo e adaptar-se ao que a rodeia. É brincando também, que a criança deixa de ser passiva para tornar-se responsável pela ação realizada, decidindo os rumos das situações socioculturais por ela criadas é vivenciando sentimentos diversos, que contribui para a formação da sua personalidade. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 32 Uma vez que os valores e conteúdos culturais do lazer não se diferenciam dos usuais, não é conveniente falar em “atividades recreativas para a pessoa com deficiência”, não apenas porque existem diferentes tipos de deficiência (mental, física e sensorial) e diversos níveis de envolvimento, mas porque as pessoas são diferentes! É preferível falar em “atividades de recreação que incluam a pessoa com deficiência”, ou seja, que permitam a sua efetiva participação, pois as atividades de recreação e de lazer também são as mesmas; o que muda são as condições nas quais essas atividades chegam até a criança com deficiência (MUNSTER, 2011). O que deve variar são as estratégias e a metodologia de ensino voltadas às necessidades de cada indivíduo, sendo necessárias algumas adaptações que tornem possível a inclusão e o efetivo envolvimento da pessoa com deficiência nas atividades propostas (MUNSTER, 2011). Dessa forma, se o profissional atuante deseja propor uma atividade de pintura ao seu grupo, e entre as crianças existe uma que apresenta deficiência motora, a qual, aparentemente, a impede de realizar essa atividade, devem ser utilizadas estratégias de apoio, para tornar essa atividade acessível a ela também. Nesse caso, se a criança não consegue se juntar às demais no chão, basta convidar todas elas a sentarem-se numa grande mesa. Talvez, em vez de uma folha de papel sulfite, o profissional possa oferecer a ela um papel maior e mais grosso (como a cartolina). Fixar essa cartolina sobre a mesa, com o uso de fita adesiva, pode auxiliar bastante a quem não pode contar com o auxílio total das mãos. Pode ser que o profissional precise oferecer um pincel mais grosso à referida criança, pois, assim, sua preensão se torna mais fácil, ou, ainda, que seja necessário fixar o pincel à mão da criança envolvendo-a com uma faixa. Ou, quem sabe, essa criança prefira segurar o pincel com a boca e os dentes... Como se pode perceber, embora simples, tais adaptações permitem a participação da criança e, por isso mesmo, fazem a diferença. Não existe uma “bula” para a indicação ou prescrição das atividades recreativas a pessoas com essa ou aquela deficiência. O que temos é um processo contínuo de descobertas, por meio de tentativas e aprimoramento, de qual será a melhor forma de orientação para a atividade, quais serão as adaptações necessárias com relação ao material e/ou espaço físico, ou se a mudança de regras, de alguma forma, pode colaborar no sentido de garantir o envolvimento dessa criança nas atividades de recreação e de lazer. Estas são algumas etapas do processo de 2.6 - RECREAÇÃO E A INCLUSÃO E S C O L E G I S C M M 33 adaptação de atividades de recreação e de lazer às necessidades e interesses da pessoa com deficiência.Cuidados e adaptações metodológicas Alguns cuidados e dicas gerais podem contribuir para o bom andamento do programa, tais como: incentivar a autonomia e independência da pessoa com deficiência, evitando superproteção; posicionar os participantes com maior e menor nível de comprometimento intercaladamente durante a realização das atividades; oferecer quantas chances forem necessárias; elogiar as tentativas que realmente expressam o esforço do aluno. A seguir será apresentada uma síntese superficial de alguns cuidados e adaptações metodológicas que devem ser considerados durante o planejamento, elaboração e aplicação de um programa de atividades recreativas e de lazer inclusivo. Faz-se necessário reforçar que a consulta ao quadro a seguir serve apenas como referência. Durante a fase de planejamento, é essencial que o profissional iniciante procure trocar ideias com outros profissionais que já tenham atuado junto à clientela em questão, ou que já possuam alguma experiência na área. Propostas de atividades Antes de apresentar algumas sugestões de atividades de recreação e de lazer, na perspectiva de inclusão da pessoa com deficiência, tornam-se necessárias algumas considerações. Embora as atividades descritas já tenham sido experimentadas com diferentes grupos, de diferentes faixas etárias e condições variadas, vale ressaltar que a escolha do momento oportuno e a adequação da atividade ao grupo ficam a critério do bom senso profissional, assim como a adesão por parte do grupo à atividade está diretamente relacionada à motivação impressa pelo profissional responsável. As atividades a seguir selecionadas estão direcionadas a um público infantil com faixa etária entre 7 e 12 anos, independentemente da deficiência apresentada. Conforme a atividade, varia também a necessidade de adaptações quanto à instrução, materiais, espaço físico e regras. Todavia, pode ser necessário proceder a mais alguns ajustes ou adaptações, conforme as situações específicas. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 34 UNIDADE III 3.1 - PERFIL PROFISSIONAL Todo profissional envolvido com recreação é chamado de RECREACIONISTA ou RECREADOR. Porém, em situações diferentes, os recreacionistas assumem papéis definidos de acordo com a necessidade do momento, podendo ser animadores, supervisores ou técnico em recreação. Uma mesma pessoa pode ocupar cargos diferentes em momentos diversos, ou mesmo acumular funções concomitantemente, caso seja necessário. O animador: é aquele que tem contato direto e estrito com o público participante e com as atividades lúdicos desenvolvidas. O monitor de recreação exerce geralmente esta função. Para que seu trabalho seja efetivo e se possa obter o resultado desejado, o animador precisa apresentar algumas características básicas, como: ser comunicativo; simpático; alegre; maleável; perspicaz; divertido e brincalhão; saber estabelecer e respeitar limites; ter feeling para perceber o momento de trocar ou parar uma atividade. Suas funções são diversificadas, e devido a isso, o animador deve ter conhecimento em: auxiliar o planejamento das atividades lúdicas; operacionalizar as atividades lúdicas; liderar para que todos participem das atividades lúdicas; explicar o funcionamento das atividades lúdicas; coordenar as atividades lúdicas; propiciar a integração dos grupos; criar situações de estados psicológicos positivos; arbitrar quando se fizer necessário; zelar pelo material antes, durante e depois da atividade; responsabilizar-se pela integridade física do grupo em nível de primeiros socorros; responsabilizar-se por todos os participantes desde o início até o término da atividade lúdica. O supervisor: é aquele que tem uma equipe de animadores (ou monitores) sob seu controle e se torna o elo de ligação entre os componentes da equipe e desta com o empreendedor. Para que seu trabalho seja efetivo e se possa obter o resultado desejado, o animador precisa apresentar algumas características básicas, como: ser alegre; simpático; acessível e adequadamente comunicativo com habilidade para mediar E S C O L E G I S C M M 35 questões; deve ter espírito de liderança; ter capacidade de avaliar a equipe, o desempenho dessa equipe e as atividades desenvolvidas. Dentre suas funções, pode-se destacar: orientar e supervisionar a equipe de animadores; mediar questões entre os diversos grupos; substituir qualquer um dos animadores na sua ausência; adquirir, reparar e substituir materiais e equipamentos recreativos; orientar a programação e o desenvolvimento das atividades de acordo com a expectativa da clientela. O técnico de recreação: É quem geralmente efetua as propostas e parcerias com empresas, clubes, instituições, no sentido de viabilizar a realização de uma atividade recreativa. Dentro das características desejadas, deve possuir conhecimento sobre o comportamento humano, saber o que as pessoas esperam para sua recreação, ter uma visão organizacional e de planejamento e projetos na intenção de ter uma visão de futuro a médio e longo prazo, ter a capacidade de analisar a sociedade criticamente com relação às necessidades de lazer e recreação do ser humano, possuir pensamento científico quanto aos aspectos filosóficos, sociológicos, antropológicos e psicológicos dos pequenos e grandes grupos humanos, ter a capacidade de liderar, organizar, promover, desenvolver e observar criticamente eventos na área de recreação e conhecer e saber explorar os diversos campos existentes e disponíveis ao técnico em recreação. Suas funções são: • IDEALIZAR, ORGANIZAR, DIVULGAR, FAVORECER, VIABILIZAR E AVALIAR OS PROJETOS DE EVENTOS RECREATIVOS; • ADMINISTRAR BUROCRÁTICA E FINANCEIRAMENTE ESSES EVENTOS; CONTATAR, SELECIONAR E CONTRATAR O PESSOAL; • SUPERVISIONAR TODOS OS RECURSOS MATERIAIS E OS EQUIPAMENTOS A SEREM UTILIZADOS. Esses três modelos de profissionais são os responsáveis por efetuar as programações dos locais que ofertam lazer e entretenimento, dentro de parâmetros que iremos conhecer na sequência. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 36 3.2 -PASSOS PARA PROGRAMAÇÃO DE UMA ATIVIDADE RECREATIVA Todo evento ou atividade, dentro da recreação ou em qualquer outra profissão, necessita dos 4 passos: planejamento, organização, direção e controle. Para tanto, agora veremos um esquema de planejamento e organização, que permitirá desenvolver situações como essa nos mais variados lugares, para qualquer tipo de público, bastando para isso alterar as atividades, tempo de duração ou outras características que se façam necessárias, porém o “esqueleto” inicial pode ser assim determinado. 1 - Tipo de evento a ser realizado. Exemplo: rua de lazer, tarde recreativa no parque, passeio ciclístico, torneio esportivo etc. 2 - Objetivo da atividade: o que se pretende com a organização desse evento? 3 - Definir a que público o evento se destina (Crianças? Adolescentes? etc). 4 - Escolher as atividades que serão ofertadas. 5 - Determinar a forma de divulgação (rádio, jornal, televisão, panfletos, visita in loco etc. 6 - Selecionar e checar o material necessário para efetuar o programa escolhido (esportivo, recreativo, aparelhagem de som, material de pintura etc). 7 - Verificar como serão ofertados os primeiros socorros e questões de segurança. 8 - Determinar a quantidade necessária de pessoas para monitorar as atividades (desde aqueles que estarão diretamente nas brincadeiras, até os que ficarão responsáveis pelo direcionamento do evento). 9 - Formular uma ficha de inscrição e regulamento (caso seja necessário). 10 - Fazer um check list e especificar os possíveis imprevistos que podem ocorrer, principalmente as situações relacionadas à segurança em brinquedos ou no ambiente. 11 - Avaliar a todo tempo se o evento está transcorrendo da maneira esperada e, em caso de haver necessidade de mudança, encontrar rapidamente a melhor solução, que não prejudique o andamento das atividades. - Avaliar, ao final, o desenvolvimento da atividade e efetuar umrelatório com as impressões referentes ao desenvolvimento do evento, para servir como suporte em futuras programações semelhantes. 3.3 - O PERFIL E CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DO LAZER E S C O L E G I S C M M 37 1 - Formação: o profissional que aplica atividades recreativas não deve necessariamente ser formado em algum curso superior. Nem deve ser formado por algum curso superior específico. Porém a formação universitária pode contribuir para a sua capacitação profissional e para um melhor desempenho. Alguns cursos são mais interessantes neste caso (Turismo, Educação Física, Educação Artística); 2 - Informação: o profissional da recreação deve ser uma pessoa muita bem informada. Saber o que acontece no seu tempo, no seu lugar, no seu Estado, no seu país, no mundo e no seu campo profissional. Deve ler sempre jornais, revistas semanais, revistas especializadas nas diferentes áreas relacionadas. Assistir a noticiários, acompanhar culturais todas as programações culturais (incluindo esportivas) que acontecem em sua comunidade e em sua cidade. Procurar informações sobre aquelas que não pode acompanhar diretamente; 3 - Comportamento e atitude: o recreacionista trabalha com pessoas individualmente, em pequenos grupos, em grandes grupos e em massa. Deve se relacionar bem com todas as pessoas, indistintamente, com simpatia e naturalidade, porém separando na medida do possível o lado profissional do pessoal. Deve haver sempre alguns limites para o envolvimento pessoal com os participantes da atividade; 4 - Atualização: deve ser também uma pessoa atualizada, estar em dia com o seu tempo social e cultural; 5 - Imaginação e intuição: deve ser capaz de utilizar em seu trabalho estas características humanas inerentes a todos os seres. Somos pessoas que devemos saber usar bem nossas diferentes capacidades de raciocinar, de imaginar e de intuir. 6 - Criatividade: neste caso, entendida como capacidade de adaptação às circunstâncias, aos recursos disponíveis, como capacidade de transformação do que existe em termos de idéias, de alternativas, de possibilidades de recursos; 7 - Cooperativismo: deve ser sempre capaz de trabalhar ou de atuar em grupo, em equipe, em conjunto. Isolado e solitário, poderá fazer muito pouco. Deve aprender a incentivar e estimular as pessoas a expressarem suas capacidades e o seu potencial. Cumprir e respeitar as normas do grupo; 8 - Dedicação: assumir o que faz ou que pode fazer. Estar sempre pronto a atender as pessoas, cujo interesse nas atividades vem como resposta à sua atuação profissional. Concluir sempre o que começou. Muitas vezes, o encerramento de uma atividade pode significar o início de outras (desdobramento); R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 38 9 - Comunicação: saber se comunicar nos dois sentidos (expressar e escutar). As informações e ideais do público, dos colegas de profissão ou de curso serão geralmente interessantes para alimentar o seu processo de trabalho; 10 - Autoformação permanente: finalmente, desenvolve um processo de autoformação permanente. Estar sempre procurando aprender, em cursos, com os colegas, participando de eventos e também de modo autodidata. Buscar permanentemente novas informações profissionais, responsabilidade, conhecimento da programação, bom humor, conhecimento do ser humano, conhecimento dos objetivos do acampamento ou outro local de trabalho. 3.4 - POSTURA PROFISSIONAL Um dos grandes trunfos para conseguir êxito na profissão, é possuir ética no desenvolvimento das atividades. O monitor de recreação, como qualquer outro trabalhador, precisa apresentar ao público uma imagem profissional que lhes dê segurança e, principalmente, os faça querer participar daquilo que está sendo ofertado. Para isso, algumas características posturais são essenciais: • Aparência pessoal: deve trajar roupas próprias ao ambiente, limpas, apresentáveis e, principalmente, às atividades que vai desenvolver. Da mesma maneira, atentar aos cabelos, unhas etc. • Cuidar da postura física (maneira de andar, de sentar-se a mesa, de cumprimentar, etc), além da forma de expressão oral e corporal. • Evitar qualquer tipo de relacionamento íntimo com participantes ou colegas de equipe, durante a realização das atividades. Porém, é preciso dar igual atenção a todos, e não somente àqueles que se apresentam mais dispostos a participar ou são mais carismáticos. Ninguém deve ficar em segundo plano. • Cigarro e bebida não combinam com atuação profissional. Nunca devem ser utilizados no ambiente profissional da recreação. • Procurar manter nos participantes a disposição na participação, alegria e respeito mútuo. Público feliz é significado de êxito no evento. • Aceitar críticas e reclamações, procurando dirimir quaisquer dúvidas, e satisfazendo anseios dos participantes. Porém, não se pode ir contra as regras estabelecidas para realização do evento. Exemplo: alguém quer ficar mais tempo que o permitido em um brinquedo, sendo que há outros na espera. • Possuir iniciativa nos momentos necessários, procurando sempre evitar que problemas aconteçam. E S C O L E G I S C M M 39 3.4 - LOCAIS DE ATUAÇÃO Além dessas, inúmeras outras situações podem ocorrer com qualquer profissional, principalmente nas situações de lazer e recreação, onde é comum inclusive haver divergências entre participantes. A função então será tentar fazer com que todos possam se divertir, sem comprometer a segurança uns dos outros, ou ocupar demasiado espaço, que impeça outros de participarem. O profissional que consegue manter o grupo animado e participativo, que apresenta iniciativa e disposição, possui bom relacionamento com a equipe de trabalho, tem grandes chances de ascensão não somente no local onde atua, mas pode ser observado e convidado por outras instituições, melhorando assim sua vida laboral. Acantonamento e Acampamento A diferença está na atitude e no espaço físico utilizado. Todo indivíduo que pernoitar em local aberto, com barracas ou algo semelhante, estará acampando. As pessoas que se dirigem a um local específico e pré-construído, estarão acantonando. Ótima estratégia que ganha espaço nas empresas, para melhorar o rendimento dos funcionários, o relacionamento interpessoal, entre outros objetivos de rendimento. Atividades sugeridas: gincanas (diurnas e noturnas), atividades competitivas (cabo-de-guerra, estafetas, caça ao tesouro), atividades cooperativas etc. Colônia de Férias Junção de um grupo específico de pessoas (de qualquer faixa etária) que participam de um programa com atividades de caráter recreativo, esportivo, ecológico, filantrópico ou mesmo educativo, durante o período de férias (escolares ou do trabalho). Espaço usado pelos pais principalmente para dar autonomia aos filhos e permitir que estes aprendam noções de responsabilidade e construção social, porém também usadas por famílias para fortalecer seus laços ou conviver socialmente num ambiente diferenciado. Atividades sugeridas: jogos desportivos, gincanas (diurnas e noturnas), atividades competitivas (cabode guerra, estafetas, caça ao tesouro), atividades R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 40 cooperativas, concursos (karaokê, teatro, imitações,...) etc. Rua de Lazer Somatório de atividades recreativas sistematizadas que são ofertadas em ruas, praças ou outros locais, com intuito de estimular a prática e o acesso contínuo ao lazer e recreação comunitários. Podem ser ampliados juntamente com atividades culturais, ou seja, além da recreação ofertada, pode ter em sua composição espaços de leitura, pintura, música, entre outros. Em geral, são ofertadas por instituições públicas como prefeituras ou escolas, mas já são prática comum de empresas e instituições, principalmente quando desejam divulgar suas marcas ou produtos. Atividades sugeridas: pintura com tinta guache, jogos competitivos (minifutebol, minivolei,...),brincadeiras variadas (pular corda, pular elástico, corrida do saco, acertar a boca do palhaço,...)etc. Escolar Realizada nas instituições educacionais, como escolas públicas e privadas, ou outros ambientes de ensino (universidades, casas de apoio etc). Pode ocorrer durante qualquer aula ou nos horários de intervalo. O interessante aqui é que se busca com as atividades recreativas auxiliar o desenvolvimento do caráter social, cultural e formativo. Assim, foge da premissa da recreação, de que seja apenas para o divertimento e entretenimento. Porém, se analisarmos, toda recreação, quando proporcionada por outrem, terá um objetivo. O escolar é usar da recreação como forma de auxílio na construção da cidadania. São comuns gincanas e todos os tipos de jogos (competitivos, cooperativos,...), com o mesmo foco da formação integral. Natureza Forma cada vez mais comum de recreação, é aquela efetuada em contato direto com os recursos e forças naturais, como florestas (caminhas, trakking,...), rios (rafting, canoagem, mergulho,...), montanhas (escalada, rapel,...), mar (surf, bodyboard,...), ar (paraquedismo, skysurf,...) etc. É importante ressaltar que o recreacionista que organiza atividades nesses ambientes deve estar consciente que a atividade não pode denegrir o ambiente, e um dos objetivos é justamente conscientizar as pessoas sobre a necessidade de preservação da natureza como um todo. E S C O L E G I S C M M 41 Clubes Sociais O clube, seja ele aberto ou privado, é um dos locais onde mais se apresenta a possibilidade de efetuar atividades recreativas, principalmente nos finais de semana. Para desenvolver programas de recreação, é preciso levar em conta o ambiente, os recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis, além da clientela que será alvo das atividades. Desse modo, estudar antecipadamente quais as melhores ações a serem implementadas, é fundamental. As programações como gincanas e atividades recreativas costumam atrair mais crianças e adolescentes, enquanto que adultos preferem as práticas esportivas, piscina, sauna e festas. A recreação, entretanto, deve estar disponível a todos, e dessa forma o programa deve contemplar atividades que possam suprir necessidades de crianças, adolescentes, adultos e idosos. São atividades comuns a hidroginástica, natação, esportes de maneira geral (futebol, voleibol, tênis de campo,...), caminhadas etc. Empresas Privadas Prática cada vez mais utilizada pelas empresas, a recreação assumiu um lugar privilegiado em diversos ramos, e atualmente goza de excelente status, seja como forma puramente de entretenimento aos profissionais, como gincanas de final de semana, jogos nos intervalos de almoço etc, e é vista ainda como uma oportunidade de melhoria do rendimento dos trabalhadores. A integração é o ponto alto da recreação no ambiente profissional, ampliando laçosde amizade e transformando as relações de trabalho. Esse prisma tem levado cada vez mais instituições a aderirem a programas internos de atividades recreativas direcionadas e com profissional atuante. São atividades comuns as dinâmicas de grupo, ginásticas, atividades cooperativas e jogos competitivos. Navios Ótima oportunidade de atuação do recreacionista, já que em alto mar as opções se esgotam rapidamente e a recreação surge como uma forma de complemento do tempo, aliado a integração com outros passageiros. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 42 Como os espaços de recreação são geralmente visíveis a todos, a participação costuma ser intensa e dessa maneira o recreador deve possuir conhecimento e analisar a clientela, para propor atividades condizentes às expectativas. São atividades comuns a hidroginástica, shows, dança, karaokê, os jogos de cartas, atividades de academia em geral e atividades recreativas. Ônibus Logicamente, somente são encontradas atividades recreativas em ônibus de turismo. O recreacionista nesse ambiente precisa ser criativo e animado, devido as dificuldades que o espaço reduzido apresenta. São atividades comuns as músicas, jogos de adivinhação e desafio, atividades motoras que possam ser efetuadas com os passageiros sentados. Academias e Clubes de Ginástica Apesar de ser ainda recente, a introdução da recreação nos ambientes de manutenção da saúde é cada vez mais bem aceito entre seus frequentadores. Pode ser realizada em situações ocasionais, como uma aula diferente ministrada pelo professor, assim como datas marcadas para tal fim, com intuito de reunir os clientes e profissionais, fortalecendo assim os laços entre estes. É uma forma interessante de atrair o público e está sendo cada vez mais usada, sendo apresentada como um diferencial da empresa para seus frequentadores. Festas É mais comum verificarmos a recreação em festas infantis e de adolescentes. Raramente é utilizada nas comemorações de adultos ou idosos. Esse também é um campo fértil e aberto, já que poucas são as pessoas que ofertam esse tipo de serviço. As principais atividades são os jogos, a pintura com tinta guache, profissionais circenses (mágicos, malabaristas etc), além de brinquedos como cama elástica, piscina de bolinhas, entre outros. Hotelaria É prática comum no mundo atual verificarmos hotéis, pousadas e estâncias que ofertam atividades recreativas. Mas uma diferenciação deve ser feita: as E S C O L E G I S C M M 43 atividades precisam ser voltadas ao ambiente onde estão inseridas. Para isso, serão separados os hotéis em três categorias: hotéis urbanos, hotéis rurais e hotéis de praia. Os hotéis urbanos utilizam da recreação como forma de entrenimento e tentativa de fazer com que o hóspede permaneça por mais tempo no hotel, durante sua estada. As atividades são voltadas geralmente a massagens, hidroginástica e sala de jogos. A atuação do recreacionista é mais limitada. Os hotéis de praia são uma excelente opção da recreação. Neles, podem ser desenvolvidos caminhadas na praia, exercícios, jogos, excursões, etc. A variação de atividades pode ser imensa. Os hotéis rurais, baseiam suas atividades no descanso dos hóspedes, já que estes procuram, em sua maioria, por tranquilidade, já que a clientela é composta grandemente por pessoas da terceira idade. Assim, a recreação acontece com aulas de hidroginástica menos intensas, jogos de cartas, passeios e caminhadas a pé, a cavalo etc. R E C R E A Ç Ã O I N F A N T I L 44 UNIDADE IV 4.1 - TÉCNICAS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIA Contar histórias é a mais antiga das artes. Elas são fontes maravilhosas de experiências. São meios de ampliar o horizonte da criança e de aumentar seu conhecimento em relação ao mundo que a cerca. É através do prazer ou emoções que as histórias lhes proporcionam que o simbolismo, implícito nas tramas e personagens, vai agir em seu inconsciente. Ali atuando, ajudamos, pouco a pouco, a resolverem os conflitos interiores que normalmente vivem. Os significados simbólicos dos contos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional, quando se dá a evolução, a passagem do eu para nós. A literatura infantil, principalmente os contos de fadas, podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo a sua volta. As diferenças que mostram os personagens bom e maus, feios e bonitos, poderosos e fracos, facilitam à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou do convívio social. Através deles a criança incorporará valores que desde sempre regem a vida humana. Confrontada com o bom e o belo a criança é levada a com eles se identificar, por trazerem em si a semente da bondade e da beleza. Identificando-se com heróis e heroínas, ela é levada a resolver sua própria situação, superando o medo que a inibe e ajudando-a a enfrentar os perigos e ameaças que sente a sua volta. Vamos aprender: As histórias formam o gosto pela leitura: quando a criança aprende a gostar de ouvir E S C O L E G I S C M M 45 O que é e como fazer a hora do conto; Sugestões de histórias infantis; Quais critérios utilizar para escolher as histórias;
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