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DOENÇAS MIOCÁRDICAS EM CÃES E GATOS Déficit contrátil x alteração valvular Lembrar que quando falamos de doenças miocárdicas (relacionadas à contratilidade ou à distensibilidade do músculo cardíaco) há diferenças de doenças valvulares. Sopro é um sinal de alterações valvulares, mas não é o responsável único da congestão em si, mas sim a hipertrofia ou a dilatação cardíaca associadas às alterações de ritmo. Hipertrofia do ventrículo esquerdo mais comum em gatos (dificuldade de distensão) Dilatação do ventrículo esquerdo mais comum em cães (dificuldade de contração) Algumas doenças: Cardiomiopatia dilatada canina Miocardite infecciosa (casos de leishmania por exemplo) Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito Cardiomiopatia hipertrófica • Rara em cães • Felinos CARDIOMIOPATIA DILATADA CANINA Doença caracterizada por baixa contratilidade cardíaca • Presença ou ausência de arritmias associadas (como por exemplo a doença do boxer - cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito que nem sempre vem com dilatação associada) Acometimento comum em cães de raças de grande porte • Doberman pinscher • Cocker • Animais com até 12 kg de peso (prevalência de doenças valvulares) FISIOPATOGENIA Déficit contrátil → coração contraindo pouco → baixo débito cardíaco → ativação dos mecanismos compensatórios → sistema simpático → sistema renina – angiotensina- aldosterona → Aumento da FC, volume e resistência vascular periférica (devido a vasoconstrição) Ativação neuro-hormonal pode gerar hipoperfusão coronária (piora da lesão miocárdica) Aumento atrioventricular bilateral • Aumento atrioventricular esquerdo – mais comum ASPECTOS CLÍNICOS Aumento da prevalência com a idade • 4 a 10 anos • Machos são mais acometidos • Doberman, pinscher e boxer SINAIS CLÍNICOS Desenvolvimento lento – animais assintomáticos • Reavaliações periódicas – importantes • Sinais clínicos iniciais de ICC Cardiomiopatia miocárdica oculta • Ecocardiografia será diagnóstica • Inicialmente assintomáticos – disfunção leve de VE e presença de arritmia cardíaca (fibrilação atrial Sinais clínicos: Desenvolvimento rápido em animais sedentários ✓ Morte súbita ✓ Fraqueza e intolerância a exercícios ✓ Letargia ✓ Taquipneia ✓ Tosse ✓ Distensão abdominal com sinais de ICC bilateral (geralmente – tanto sinais respiratórios quanto de cogestão sistêmica) Achados de exame físico são variáveis Associados ao grau de descompensação cardíaca Animais com doença oculta – pouca ou nenhuma alteração Sopro leve em mitral ou tricúspide Doença avançada – sinais de baixo débito cardíaco ➢ Aumento da FC ➢ Palidez de mucosas e aumento do TPC ➢ Pulso arterial variável SINAIS DE ICC ESQUERDA E DIREITA Radiografia torácica Radiografias normais – CMD oculta Aumento cardíaco global (coração globoso) Distensão das veias pulmonares Efusão pleural (sinais de ICC direita) Aumento cardíaco excêntrico → dilatação evidente DIAGNÓSTICO Eletrocardiograma ➢ Achados variáveis ➢ Fibrilação atrial ➢ Distúrbios ventriculares Paroxístico – arritmia temporária (não identificável) Sustentada – arritmia constante Sobrecarga atrioventricular Holter – eletro em 24 horas ➢ Acima de arritmias ventriculares – alta correlação com CMD Ecocardiografia Avaliação morfológica Diferenciação de outras cardiopatias Redução da fração de encurtamento (FE) ➢ Relacionado a sístole ventricular Alterações clínicopatológicas Quantificação de biomarcadores cardíacos ✓ Peptídeo natriurético atrial (ANP) ✓ Peptídeo natriurético cerebral (BNP) ✓ (NT-proBNP) Aumento de acordo com o desenvolvimento da ICC Variação dos valores – sempre acompanhar com as alterações eletro/ecocardiográficas Azotemia pré-renal TRATAMENTO Direcionar a etiologia da doença cardíaca ✓ Leishaniose ✓ Erliquiose ✓ Deficiência nutricional ✓ Doença de chagas CMD oculta Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ✓ Enalapril, Benazepril – 0,25 mg/kg ✓ Atraso na evolução da ICC Controle do remodelamento cardíaco ✓ Ainda sem resultados concretos ✓ Carvedilol, B-bloqueadores (em taquicardias sustentadas) Pimobendam – aumento da sobrevida CMD – sinais leves a moderados ✓ Furosemida se necessário →se estiver com edema pulmonar presente ✓ Inotrópico positivo – Pimobendam – 0,25 mg/kg/ BID VO ✓ Terapia antiarrítmica - Carvedilol, B-bloqueadores (se houver indicação) ✓ Dieta hipossódica ✓ Restrição de exercícios (até resolução dos sinais clínicos) CMD clinicamente evidente (estágio C) sinais graves Suplementação de O2 Furosemida – doses altas (até 8mg/kg) IV Terapia antiarrítmica (Diltiazem ou lidocaína) IV ✓ Bolus de 1 a 2 mg/kg – cada 5 a 10 minutos ✓ Toracocentese – se houver efusão pleural ✓ Outros inotrópicos positivos – hipotensão persistente Dobutamina Dopamina Insuficiência cardíaca crônica recorrente (Estágio D) Confirmação da correta administração dos fármacos Aumento de doses de fármacos diuréticos, inotrópicos positivos e antiarrítmicos Adicionar Digoxina – controle de fibrilação atrial (0,003 – 0,008 mg/kg, VO, BID) Considerar redução da pós carga (amlodipina/hidralazina) Anlodipina – 0,05 – 0,25 mg/kg SI ou BID Hidralazina – 0,5 – 2 mg/kg BID Outras terapias associadas: Suplementação com ômega 3 L-carnitina (50 – 100 mg/kg , TID) Taurina (500-1000 mg/cão/BID) B-bloqueadores (Carvedilol, Atenolol) – Pacientes com FC muito alta ou grandes arritmias ✓ Carvedilol → 0,1 a 1 mg/kg (aumento e redução gradual) ✓ Atenolol – 0,25 a 1 mg/kg BID Avaliação cuidadosa do paciente durante a terapia ✓ FC ✓ Qualidade do pulso ✓ Frequência e ritmo cardíacos ✓ Pressão arterial ✓ Função renal PROGNÓSTICO Reservado a ruim ✓ Sobrevida de até 3 meses após o início de ICC – sem tratamento (até 6 meses com tratamento – até 28% → 2 anos de sobrevida – raro) ✓ Morte súbita – taquiarritmias ventriculares ✓ Piora do prognóstico com FA
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