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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • A abordagem do paciente na sala de emergência deve ser feita de maneira sistemática e rápida. O objetivo é fazer um diagnóstico sindrômico e realizar uma intervenção terapêutica o mais rápido possível quando necessária. • Devem ser avaliados sequencialmente responsividade, pulso, vias aéreas e respiração. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA A primeira avaliação no paciente não traumatizado é o nível de consciência. De forma geral, o paciente pode estar: 1. Alerta: prosseguir com anamnese e exame físico dirigido à queixa. 2. Rebaixado (sonolento, obnubilado ou torporoso): checar inicialmente glicemia capilar. 3. Irresponsivo: checar imediatamente o pulso. Qualquer paciente com alteração do nível de consciência é considerado um paciente crítico. CIRCULAÇÃO Alterações na circulação apresentam-se, na sala de emergência, com alterações da pressão arterial (hipotensão, choque ou crise hipertensiva), falência cardíaca levando a edema agudo de pulmão, arritmias, dissecção de aorta ou casos mais graves, como parada cardiorrespiratória. A abordagem inicial inclui a checagem de pulso: • Sem pulso central palpável: iniciar manobras de ressuscitação cardiopulmonar. • Com pulso central presente: realizar exame físico dirigido e monitorização multiparamétrica. Acesso venoso e ECG de 12 derivações devem ser obtidos o mais rápido possível. • A coleta de anamnese é importante para identificar a causa das alterações circulatórias, por exemplo, síncope ou dor torácica. • No exame físico, alguns sinais específicos devem ser observados, pois podem indicar gravidade maior do caso: bradicardia ou taquicardia; TEC>4s, pulsos filiformes ou assimétricos, estase jugular, estertores pulmonares... VIAS AÉREAS • Verificar se o paciente está respirando. Se não, a primeira medida é abrir as vias aéreas (jaw thrust, chin lift) e checar obstrução. • Checar qualquer ruído anormal (estridor, sibilo ...). • Observar diretamente a cavidade oral e retrofaringe, procurando possíveis causas de obstrução: sangue, vômito, corpo estranho. • Excluir obstrução pela base da língua, elevando o queixo, e colocando o paciente em posição de hiperxtensão. • Checar sinais externos de trauma: escoriações ou hematomas no pescoço, edema subcutâneo. • Checar outros sinais de insuficiência respiratória. Insuficiência respiratória não reversível pelo tratamento inicial ou hipoxemia persistente apesar de oferta de oxigênio suplementar em fluxo adequado são indicações primárias para intubação orotraqueal (IOT). Existe um diagnóstico clínico que deve levar em consideração a perviedade e a proteção das vias aéreas, as trocas gasosas e o potencial de piora do paciente. RESPIRAÇÃO Uma vez observado que o paciente está respirando, procura-se atentamente para sinais de insuficiência respiratória: • Dispneia e/ou taquipneia (bradipneia e respiração de Cheyne-Stokes) são sinais tardios de maior gravidade. • Movimentos respiratórios anormais: ❖ Movimentos paradoxais: podem indicar obstrução de vias aéreas ou instabilidade da caixa torácica. ❖ Movimentos unilaterais: podem indicar pneumotórax, derrame pleural ou atelectasia. ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE GRAVE Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 ❖ Uso de musculatura acessória: chama atenção para broncoespasmo. ❖ Hipoxemia: oximetria de pulso <90%. ❖ Evidência visual de hemorragia pulmonar ou aspiração. ❖ Percussão mostrando: hipertimpanismo (pneumotórax) ou macicez (derrame pleural). ❖ Ausculta anormal: sibilos, estertores. ❖ Observar tosse: se necessário, pedir para paciente tossir) para possível excesso de secreção ou hemoptise. O objetivo dessa abordagem inicial é identificar e tratar causas de insuficiência respiratória que tragam risco de morte imediato: • Crise de asma severa. • Pneumotórax hipertensivo. • Edema agudo de pulmão. • Hemorragia pulmonar. ALTERAÇÕES DOS SINAIS VITAIS • FR >36 (taquipneia) ou <8 (bradipneia) ou uso de musculatura acessória. Lembrete: o padrão respiratório é muito mais importante que a FR. • SO2<90%: parâmetro global. • FC>130 (taquicardia) ou <40 (bradicardia). Considerar também as arritmias. • PAS <90: para conduzir esse paciente, a meta é PAM (pressão arterial média) <65. ❖ Em oftalmologia, pressão ocular >30mmHg leva o paciente a apresentar papiledema. ❖ Queimadura circunferencial de um membro com pressão >30mmHg → síndrome comportamental → escarotomia. ❖ Paciente com abdome agudo e pressão abdominal >30mmHg → cirurgia de urgência. • TEC (tempo de enchimento capilar) >3s: Avaliar o tempo de retorno da circulação habitual: entre 3 e 4 → hipoperfusão leve; entre 4 e 5 → hipoperfusão moderada; >5 → hipoperfusão grave. PACIENTES POTENCIALMENTE CRÍTICOS Pacientes que podem desenvolver doenças que vão levar ao óbito mais rapidamente. • Precordialgia: IAM, aneurisma dissecante de aorta, tumoração com isquemia. • Febre – neutropenia? Febre, frequências cardíaca e respiratória elevadas → pedir hemograma. Se contagem de neutrófilos muito baixa → prestar atenção. • Suspeita de obstrução de via aérea: paciente com a mão apertando sobre o pescoço, cianose facial, agitação (alteração do nível de consciência). • Déficit motor AGUDO, afasia, convulsão. • Delirium: Alteração aguda do nível de consciência e da atenção. • Intoxicações agudas; • HDA (hemorragia digestiva alta) / HDB (hemorragia digestiva baixa): caráter clínico. • Dor intensa ou refratária. MOV • M → Monitorização cardíaca contínua: coloca o monitor e analisa o eletrocardiograma. • O → Oximetria de pulso. • V → Veia: acesso venoso. IMPORTANTE LACTATO • É marcador de perfusão tecidual (tecido) global (todos os órgãos) tardio. • Produzido em situações de hipóxia. • Quanto mais alto o lactato, maior é a morbimortalidade do paciente. • Quando os órgãos nobres (cérebro, pulmão, coração, fígado, sistema hematológico, rins) estão sofrendo, significa que os outros abaixo deles também estão. GLICOSE + ÁGUA + O2 + ADP • Condição mínima para a vida. • Se faltar qualquer um desse elementos, haverá uma alteração na perfusão. ❖ Glicose: a queda da glicose acontece de forma gradual. Importante dosar a glicemia. ❖ Água: hidratação. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 3 ❖ Oxigênio: a queda acontece de forma rápida. 6 minutos é o tempo que o cérebro aguenta em apneia, exceto em casos específicos. ❖ ADP: reserva de energia. Importante: sempre fazer HGT (avaliação da glicemia) e soro nos pacientes graves na emergência!!! • Sinais de hipoxemia: ❖ Nível de oxigênio baixo. ❖ Alteração do nível de consciência. ❖ Frequência cardíaca alterada. ❖ Frequência respiratória alterada. ❖ Mais tardiamente: Queda da pressão arterial e elevação do lactato. A enzima Piruvato Desidrogenase é a responsável pela entrada do oxigênio na mitocôndria. Se o paciente fizer respiração anaeróbia, ele produz ácido lático. O O2 na mitocôndria produz 36 atps, enquanto que o lactato produz apenas 2. Os cofatores da enzima PD são: Tiamina (B1; absorvida na 2º porção do duodeno), FAD e Lipoato.
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