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(Extinção da Punibilidade)

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Com criação da norma penal, o Estado adquire o direito de punir em abstrato 
ou ius puniendi em abstrato, por meio do qual exige de todos que abstenham 
de praticar a ação ou omissão definida no preceito primário do tipo penal. 
Quando a infração penal é cometida, surge o Estado o direito de punir concreto 
ou ius puniendi em concreto; através dele, o Estado exige do infrator que se 
sujeite à sanção prevista no preceito secundário do tipo penal. 
A punibilidade não é requisito do crime, mas sua conseqüência jurídica. Nesse 
sentido: TACrimSP, 613.785, RT, 663:314-5. Os requisitos do crime, sob o 
aspecto formal, são o fato típico e a antijuridicidade. A culpabilidade constitui 
pressuposto da pena. A prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o 
sujeito, faz surgir a punibilidade. 
É também nesse momento que surge a punibilidade, entendida como a 
possibilidade jurídica da aplicação da sanção penal. Observe-se, contudo, que 
o direito de punir concreto não é auto-executável, trantando-se de verdadeiro 
direito de coação indireta, uma vez que sua satisfação depende da utilização 
de um processo penal – nulla poena sine judicio. 
CONDIÇÕES OBJETIVAS DA PUNIBILIDADE 
Por razões de política criminal fazem com que, por vezes, a lei condicione o 
surgimento da punibilidade ao concurso de requisitos ou circunstancias de 
caráter objetivo, independentes da conduta do agente e exteriores ao dolo. Tais 
condições objetivas de punibilidade encontram-se dispersas na legislação – 
artigo 7º, parágrafo 2º, “b” a “e”, CP. 
CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE 
Inicialmente compete-nos destacar que o art. 107 do Código Penal não é 
taxativo. É exemplificativo. Há causas extintivas da punibilidade fora do rol 
dessa disposição. Para melhor entendimento, são alguns exemplos: 
a) art. 82: o término do período de prova do sursis, sem motivo para revogação 
do benefício, faz com que o juiz decrete a extinção da punibilidade; 
b) art. 90: o término do período de prova do livramento condicional, sem motivo 
para revogação do privilégio, opera a extinção da punibilidade; 
c) art. 7º, § 2º, d: se o agente cumpriu pena no estrangeiro pelo crime lá 
cometido, opera-se a extinção da punibilidade em relação à pretensão punitiva 
do Estado brasileiro; 
d) art. 312, § 3º, 1ª parte: a reparação do dano no peculato culposo, antes da 
sentença final irrecorrível, extingue a punibilidade; 
e) morte da vítima no crime do art. 236 do Código Penal; 
f) pagamento da contribuição previdenciária antes do início da ação fiscal – 
artigo 168 – A, p. 2º, CP; 
g) desistência da queixa nos crimes contra a honra, formulada na audiência do 
artigo 520 do CPP; 
h) aquisição de renda superveniente na contravenção de vadiagem – LCP, 
artigo 59, par. único; 
i) pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do 
recebimento da denúncia – Lei n. 9.249/95, artigo 34; 
j) decurso do prazo de suspensão condicional do processo sem revogação – 
Lei nº 9.099/95, artigo 89, parágrafo 5º. 
k) ressarcimento do dano antes do recebimento da denúncia no crime de 
estelionato mediante emissão de cheque sem provisão de fundos – artigo 171, 
par. 2º, VI, Súmula 554, STF. 
O momento de ocorrência, em regra, pode ocorrer antes da sentença final ou 
depois da sentença condenatória irrecorrível. Cumpre salientar que 
determinadas causas fazem desaparecer o direito de punir do Estado, 
impedindo-o de iniciar ou prosseguir com a persecução penal. 
EFEITOS DAS CAUSAS EXTINTINVAS DA PUNIBILIDADE 
Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir 
do Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença 
condenatória irrecorrível. Nesse sentido: Excepcionalmente, a causa resolutiva 
do direito de punir apaga o fato praticado pelo agente e rescinde a sentença 
condenatória irrecorrível. Assim, os efeitos das causas extintivas da 
punibilidade operam ex tunc ou ex nunc. No primeiro caso, as causas extintivas 
têm efeito retroativo; no segundo, efeito para o futuro, i. e., produzem efeito a 
partir do momento de sua ocorrência. Possuem efeito ex tunc a anistia e a lei 
nova supressiva de incriminação; as outras causas têm efeito ex nunc, não 
retroagindo para excluir conseqüências já ocorridas. 
As causas extintivas da punibilidade poderão ter efeitos amplos e restritos, 
conforme o momento em que se verifiquem. 
Caso operem antes do transito em julgado da sentença penal condenatória, 
impedirão quaisquer efeitos decorrentes de uma condenação criminal, pois 
fazem extinguir a pretensão punitiva estatal. 
Por outro lado, se ocorrerem depois do transito em julgado, de regra, somente 
tem o condão de apagar o efeito principal da condenação, que é a imposição 
da pena (ou medida de segurança). 
As exceções são a anistia e a abolitio criminis, as quais, mesmo sendo 
posteriores ao transito em julgado, atingem todos os efeitos penais da sentença 
condenatória, principais e secundários, permanecendo intocáveis, somente, os 
efeitos civis. Para saber quais os efeitos das causas extintivas da punibilidade 
a seguir examinadas, basta ter em mente essa regra. 
 ESPÉCIES DE CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE 
Estão previstas no artigo 107, Código Penal as hipóteses de extinção da 
punibilidade, mas ainda há outras causas de extinção de punibilidade previstas 
em outros artigos do próprio Código Penal, em leis específicas e também na 
Constituição Federal, conforme supra citado. 
Segundo o artigo 107, do Código Penal, extingue-se a punibilidade: 
i) pela morte do agente; 
ii) pela anistia, graça e indulto; 
iii) pela retroatividade da lei que não considera mais o fato como criminoso; 
iv) pela prescrição, decadência ou perempção; 
v) pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada; 
vi) pelo perdão judicial, nos caos previstos em lei 
 
PERGUNTA: somente se encontra as causas extintivas de punibilidade no art. 
107, CP, tratando-se, portanto de um rol taxativo? Explique. 
RESPOSTA: Inicialmente compete-nos destacar que o art. 107 do Código 
Penal não é taxativo. É exemplificativo. Há causas extintivas da punibilidade 
fora do rol dessa disposição. Para melhor entendimento, são alguns exemplos: 
a) art. 82: o término do período de prova do sursis, sem motivo para revogação 
do benefício, faz com que o juiz decrete a extinção da punibilidade; b) art. 90: o 
término do período de prova do livramento condicional, sem motivo para 
revogação do privilégio, opera a extinção da punibilidade; c) art. 7º, § 2º, d: se o 
agente cumpriu pena no estrangeiro pelo crime lá cometido, opera-se a 
extinção da punibilidade em relação à pretensão punitiva do Estado brasileiro; 
d) art. 312, § 3º, 1ª parte: a reparação do dano no peculato culposo, antes da 
sentença final irrecorrível, extingue a punibilidade; e) morte da vítima no crime 
do art. 236 do Código Penal; f) pagamento da contribuição previdenciária antes 
do início da ação fiscal – artigo 168 – A, p. 2º, CP; g) desistência da queixa nos 
crimes contra a honra, formulada na audiência do artigo 520 do CPP; dentre 
outras 
 
 
MORTE DO AGENTE 
Por força do principio mors omnia solvit (a morte tudo resolve), o óbito do 
sujeito ativo da infração apaga todos os efeitos penais possíveis da prática de 
um delito. Nem poderia ser diferente, pois a Constituição Federal foi clara ao 
determinar que a pena não poderá passar da pessoa do condenado – salvo a 
obrigação de reparar o dano e a declaração do perdimento de bens – Artigo 5º, 
LXV. É Causa extintiva personalíssima. 
Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o 
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer 
obrigação de natureza penal: 
Se o agente é condenado a multa e morre antes de efetuar o pagamento,a 
obrigação não se transmite aos herdeiros, sob pena de infringir preceito 
constitucional, que diz que nenhuma pena passará da pessoa do delinqüente 
(CF, art. 5º, XLV). Entretanto, se se tratar de reparação do dano, ocorrendo a 
morte após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o interessado pode 
ingressar no juízo cível com a execução para efeito de reparação do dano 
contra os herdeiros ou sucessores universais do condenado falecido (CPP, art. 
63). Ocorrendo a morte do agente antes do trânsito em julgado da sentença 
final, o ofendido pode intentar a actio civilis ex delicto (CPP, art. 64). Vide art. 
5º, XLV, da Constituição Federal. 
A morte do agente deve ser provada por meio de certidão de óbito (CPP, art. 
62), não tendo validade a presunção legal do art. 6 do Código Civil. Não é 
suficiente a simples informação verbal (JTACrimSP, 16:213). 
Se porventura a certidão de óbito for falsa, duas posições a respeito da 
hipótese de, decretada a extinção da punibilidade pela morte do agente, ficar 
provada a falsidade da certidão de óbito: 1ª) se a sentença que decretou a 
extinção da punibilidade ainda não transitou em julgado, deve o órgão 
acusador interpor recurso em sentido estrito, em face do que a ação penal terá 
prosseguimento, sem prejuízo da responsabilidade penal do autor ou autores 
da falsidade. Se a sentença que decretou a extinção da punibilidade já 
transitou em julgado, o processo não pode ter andamento e contra o suposto 
morto não pode ser intentada ação penal pelo mesmo objeto, restando a ação 
penal contra o autor ou autores da falsidade. Não se admite revisão contra o 
réu. No sentido do texto: RT, 580:349 e 476:396; JTACrimSP, 35:284; 2ª) ainda 
que a sentença que declarou extinta a punibilidade já tenha transitado em 
julgado, o processo pode ter prosseguimento, salvo a ocorrência de outra 
causa de extinção, como a prescrição (RTJ, 104:1063 e 93:986; RJTJSP, 
98:485; RT, 475:293). 
Entende, a maioria da doutrina, caso se apure, após o transito em julgado da 
decisão que extinguiu a punibilidade, que a certidão era falsa, não ser possível 
a reabertura do processo, sob pena de se permitir uma revisão da coisa julgada 
penal pro societate, o que é vedado em nosso ordenamento jurídico. Restaria, 
apenas, apenas processar os autores da falsidade. 
A declaração da extinção da punibilidade deverá ser precedida de oitiva do 
Ministério Público e somente poderá fundar-se em certidão de óbito original – 
artigo 62, do Código de Processo Penal. 
Evidentemente que a extinção da punibilidade constitui circunstancia 
incomunicável em se tratando de concurso de pessoas. 
 
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO 
Breves Considerações 
Os três institutos contemplam situações de “clemência soberania” em que o 
Estado, por razão de política criminal, abdica de seu ius puniendi, em nome de 
uma pacificação social. 
Há diferenças entre eles: a anistia se refere a fatos e depende de lei de 
competência do Congresso Nacional – artigo 21, XVII, CF e artigo 48, VII -; a 
graça e o indulto, por sua vez, se referem a pessoas, e têm como instrumento 
normativo o decreto presidencial – artigo 84, XII, CF – que pode ser delegado a 
Ministros de Estado, ao Procurador- Geral da República ou ao Advogado- 
Geral da União – artigo 84, parágrafo único, CF. 
São insuscetíveis de anistia, graça e indulto os crimes hediondos e 
assemelhados – tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura – nos 
termos do artigo 5º, XLIII, da CF e do artigo 2º, da Lei nº 8.072/90. 
A Lei nº 9.455/97, que disciplina o crime de tortura, afirma que ele não admite 
anistia e graça, nada dispondo sobre o indulto. Apesar disso, entende-se que 
também a tortura é insuscetível de indulto, por força da interpretação dada ao 
artigo 5º, XLIII, da Constituição Federal. 
É indiferente, de outra parte, a natureza da ação penal para fins de admitir a 
anistia, graça ou indulto. Incidem, portanto, em crimes de ação pública e 
privada. Lembre-se que no último caso o ius puniendi continua sendo estatal, 
pois o ofendido somente recebe o ius persequendi in judicio – direito de ajuizar 
a ação. 
Anistia 
Trata-se de lei penal de efeito benéfico – e, portanto, retroativo, à luz da CF, 
artigo 5º. Em função disso, ademais, não pode ser revogada por lei posterior. 
A anistia, como já se disse, é o esquecimento jurídico do ilícito e tem por objeto 
fatos (não pessoas) definidos como crimes, de regra, políticos, militares ou 
eleitorais, excluído-se, normalmente, os crimes comuns. A anistia pode ser 
concedida antes ou depois da condenação e, como o indulto, pode ser total ou 
parcial. A anistia extingue todos os efeitos penais, inclusive o pressuposto de 
reincidência, permanecendo, contudo, a obrigação de indenizar. 
Classifica-se em: 
I - a) própria: se anterior ao transito em julgado 
I - b) imprópria: quando posterior 
II - a) geral ou plena: quando não impõem o preenchimento de nenhum 
requisito; 
II - b) parcial ou restrita: quando o faz, isto é, impõem o preenchimento de 
requisitos. 
III - a) incondicionada: quando independe da prática de algum ato por parte 
dos beneficiários; 
III - b) condicionada: se depender da prática de algum ato por parte dos 
beneficiários, por ex, deposição de armas, demonstração pública de 
arrependimento, obrigação de satisfazer os danos causados pelo crime. 
IV - a) especial: caso refira a crimes políticos 
IV - b) comum: quando abranger outros crimes. 
Graça ou Indulto 
Ambos são hipóteses de clemência soberana que se referem a pessoas e só 
incidem após o transito em julgado da condenação – quanto aos seus efeitos. 
A graça tem por objeto crimes comuns e dirige-se a um indivíduo determinado, 
condenado irrecorrivelmente. A atual Constituição Federal, no entanto, não 
mais consagra a graça como instituto autônomo, embora continue relacionado 
no Código Penal em vigor. Por isso, na prática, a graça tem sido trata como 
indulto individual, ao passo que o indulto tem caráter coletivo e, normalmente, é 
espontâneo. 
A iniciativa do pedido de graça pode ser do próprio condenado, do Ministério 
Público, do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa (art. 188 
LEP). 
O indulto coletivo, ou indulto propriamente dito, destina-se a um grupo de 
indeterminado de condenado e é delimitado pela natureza do crime e 
quantidade da pena aplicada, além de outros requisitos que o diploma legal 
pode estabelecer. Alguns doutrinadores chamam de indulto parcial a 
comutação de pena, que não extingue a punibilidade, diminuindo tão somente 
a quantidade de pena a cumprir. 
A nova ordem constitucional diz que são insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os 
crimes definidos como hediondos (art. 5º, XLIII, da CF e Lei 8.072/90). 
Cumpre ressaltar que a concessão de anistia é de competência exclusiva do 
Congresso Nacional (art. 48, VIII CF), independentemente da aceitação dos 
anistiados, e, uma vez concedida, não pode ser revogada. Já a concessão de 
graça e indulto é prerrogativa do Chefe do Executivo, que, no entanto, poderá 
delegá-la a seus Ministros (art. 84, XII e par. Único, da CF. 
Classificam-se em: 
I – a) totais: extinguem a punibilidade 
I – b) parciais: diminuem ou comutam as penas 
II – a) incondicionados: independem da prática de algum ato por parte dos 
beneficiários 
II – b) condicionados: exigem a prática de alguma conduta. 
 
PERGUNTA: o que se entende pelo princípio mors omnia solvit ? 
RESPOSTA: Por força do principio mors omnia solvit (a morte tudo resolve), o 
óbito do sujeito ativo da infração apaga todos os efeitos penais possíveis da 
prática de um delito. Nem poderia ser diferente, pois a Constituição Federal foi 
clara ao determinar que a pena não poderá passar da pessoa do condenado– 
salvo a obrigação de reparar o dano e a declaração do perdimento de bens – 
Artigo 5º, LXV. É Causa extintiva personalíssima. 
ABOLITIO CRIMINIS 
Perfaz-se a abolito criminis quando lei posterior não mais tipifica como delito 
fato anteriormente previsto como ilícito penal. Ou seja, com o advento da lei 
nova a conduta perde sua característica de ilicitude penal, extinguindo-se a 
punibilidade (art. 107, III, CP). A lei posterior mais benigna (Lex mitior) retroage 
para alcançar inclusive fatos definitivamente julgados (art. 2º CP). Assim, são 
afastados por completos os efeitos penais da condenação, persistindo 
unicamente os efeitos civis. 
Toda lei nova que descriminaliza fato praticado pelo agente extingue o próprio 
crime e, consequentemente, se iniciado o processo, esta não prossegue; se 
condenado o réu, rescinde a sentença, não subsistindo nenhum efeito penal, 
nem mesmo a reincidência. 
DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO. 
Decadência 
Decadência é a perda do direito de ação privada ou do direito de 
representação, em razão de não ter sido exercido dentro do prazo legalmente 
previsto. A decadência fulmina o direito de agir, atinge diretamente o ius 
persequendi. 
Com efeito, inadmissível seria que o direito de queixa ou de representação 
subsistisse indefinidamente. Estipula-se, de conseguinte, determinado prazo 
decadencial – fatal e improrrogável – e, com o seu término, há a extinção da 
punibilidade (art. 107, IV, CP). 
De acordo como art. 103 CP, o ofendido (ou o seu representante legal) decai 
do direito de queixa ou de representação, salvo disposição em sentido 
contrário, se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em 
que veio, a saber, quem é o autor do crime, ou na hipótese de ação privada 
subsidiária da pública (art. 100, § 3º, CP) dia em que se esgota o prazo para o 
oferecimento da denúncia (art. 38 CPP). 
Todavia, sendo a vítima menor de dezoito anos o oferecimento de 
queixa/representação caberá ao seu representante legal; se maior de vinte 
anos a vítima, porém, o oferecimento de queixa ou representação lhe compete 
de modo exclusivo na hipótese de dupla titularidade – vítima entre dezoito e 
vinte e um anos -, o direito de queixa ou representação tanto pode ser exercido 
pela vítima como por seu representante legal (art. 34, CPP). No entanto, diante 
do disposto no art. 5º CC que estabelece como data limite de menoridade 
dezoito anos completos, não tem mais razão essa dupla titularidade. 
Neste último caso, prevalece o entendimento segundo o qual “os direito de 
queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo 
ofendido ou pó seu representante legal” (Súmula 954, STF), sendo o prazo 
decadencial contado separadamente. 
Na hipótese de delito praticado em co-autoria, o prazo decadencial tem início a 
partir do conhecimento do primeiro autor. 
Em se tratando de crime continuado, o prazo decadencial é contado 
separadamente para cada fato delituoso em caso de crime habitual, inicia-se a 
contagem do prazo a partir do último ato praticado conhecido pelo ofendido; 
por fim, na hipótese de crime permanente da decadência atinge tão-somente 
os fatos perpetrados antes do prazo de seis meses. 
Perempção 
A Perempção consiste na perda do direito de ação pela inércia a do querelante. 
Assim, após o início da ação penal privada a inatividade do querelante 
presume a desistência quanto ao seu prosseguimento. O âmbito de aplicação 
dessa causa extintiva de punibilidade circunscreve-se à ação penal 
exclusivamente privada (art. 107, IV, CP), já que na ação penal privada 
subsidiária da pública conferem-se ao Ministério Pública possibilidade de, a 
todo tempo, retomá-la como parte principal, no caso de negligência do 
querelante (art. 29, CPP). 
O CPP (art. 60) estabelece que nos crimes perseqüíveis mediante ação penal 
privada considerar-se-á perempta a ação penal: 
a) quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante trinta dias seguidos (inc. I); 
b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 
sessenta dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão – art. 31, CPP), ressalvado o disposto no 
art. 36 (inc. II); 
c) quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais (art. 539, § 3º, CPP), ou deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente (inc. III); 
d) quando, sendo o querelante pessoa jurídica (art. 37, CPP), esta se extinguir 
sem deixar sucessor (inc.IV). 
De semelhante, também será considerada perempta a ação penal com a morte 
do querelante nas hipóteses da ação penal com a morte do querelante na 
hipótese de ação penal privada personalíssima (art. 236, CP). 
 
PERGUNTA: qual é o prazo decadencial apontado pelo Código Penal para que 
o autor da ação penal proponha a mesma? 
RESPOSTA: De acordo como art. 103 CP, o ofendido (ou o seu representante 
legal) decai do direito de queixa ou de representação, salvo disposição em 
sentido contrário, se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contado do 
dia em que veio, a saber, quem é o autor do crime, ou na hipótese de ação 
privada subsidiária da pública (art. 100, § 3º, CP) dia em que se esgota o prazo 
para o oferecimento da denúncia (art. 38 CPP). 
 
RENÚNCIA E PERDÃO 
Renúncia 
Se antes de iniciada a ação penal privada o ofendido manifesta sua vontade de 
não exercer o direito de queixa, extingue-se a punibilidade pela renúncia (art. 
107, V, CP). Trata-se de ato unilateral, cujos efeitos alcançam a todos os co-
autores do delito (critério extensivo – art. 49, CPP). 
O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou 
tacitamente (art. 104, CP). Importa renúncia tácita ao direito de queixa, a teor 
do parágrafo único do citado dispositivo, a prática de ato incompatível com a 
vontade de exercê-lo. Todavia, não implica renúncia – ainda que implícita – o 
fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. A 
renúncia, quando tácita, admite todos os meios de prova já a renúncia 
expressa – obrigatoriamente clara e inequívoca – constará de declaração 
assinada pelo ofendido, por seu representante legal o procurador com poderes 
especiais (art. 50, CPP). 
É perfeitamente cabível a renúncia em se tratando de ação penal privada 
subsidiária, não obstante, poderá o Ministério Público oferecer denúncia, desde 
que outra causa extintiva da punibilidade não tenha ocorrido. 
Na hipótese de dupla titularidade, a renúncia do representante legal do menor 
que houver completado dezoito anos não privará esta do direito de queixa, nem 
a renúncia do último excluirá o direito do primeiro (art. 50, par único, CPP). De 
forma similar, tampouco a renúncia ao exercício do direito de queixa por um 
dos ofendidos obsta a propositura da ação penal pelos demais. 
Perdão do Ofendido 
É facultado ao querelante, no curso da ação penal privada, perdoar o 
querelado, extinguindo-se assim a punibilidade do delito (art. 107, V, CP). De 
conseguinte, o perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação (art. 105, CP). 
Cinge-se o perdão do ofendido aos delitos perseqüíveis através de ação penal 
exclusivamente privada, já que nos casos de ação penal privada subsidiária 
incumbirá ao Ministério Público retomar a ação penal como arte principal. 
O perdão do ofendido não se confunde com a renúncia daquela ao exercício do 
direito de queixa. E isso porque o perdão opera na fase processual, enquanto a 
renúncia limita-se à fase pré-processual. Demais disso, o perdão é ato bilateral, 
somente produzindo efeitos se aceito – expressa ou tacitamente – pelo 
querelado (ou por procuradorcom poderes especiais – art. 55, CPP). Logo, se 
o querelado o recusa, não produz efeito algum (art. 106, III, CP). Poderão 
aceitar o perdão o próprio querelado ou o seu represente legal, sendo aquele 
maior de dezoito, mas o perdão aceito por um, havendo oposição do outro, não 
produzirá efeito (art. 52 e 54, CPP). O mesmo se aplica à concessão do 
perdão, na hipótese de querelante maior dezoito. Cumpre salientar, no entanto, 
que diante da equiparação do marco etário (18 anos) da responsabilidade civil 
á penal, não há mais razão para a representação no que tange quanto ao 
aceite (querelado), como na concessão (querelante) do perdão. De outro lado, 
se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver 
represente legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a 
aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear. (art. 53, CPP). 
O perdão do ofendido poderá ser processual – quando concedido em juízo – ou 
extraprocessual – se concedido fora dos autos do processo, em declaração 
assinada pelo ofendido, por ser representante legal ou procurador com poderes 
especiais (art.50 e 56, CPP); expresso ou tácito – resultante da prática de ato 
incompatível com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, § 1º , CP; 57, 
CPP). A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração 
assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais (art. 59, CPP). Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a 
punibilidade (art. 58, parágrafo único, CPP). 
Por fim, convém dizer que o perdão, processual ou extraprocessual, expresso 
ou tácito, quando concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita e se 
concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros (art. 106, I 
e II, CP). É possível a concessão do perdão pelo ofendido a qualquer tempo, 
dede que não haja sentença condenatória transitada em julgado (art. 106, § 2º, 
CP). 
 
PERGUNTA: qual é o principal efeito que produz o “perdão do ofendido”? 
RESPOSTA: De conseguinte, o perdão do ofendido, nos crimes em que 
somente se procede mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação (art. 
105, CP). 
 
Perdão Judicial 
Embora perfeito o delito em todos os seus elementos constitutivos – ação ou 
omissa típica, ilícita e culpável -, é possível que o magistrado, diante de 
determinadas circunstâncias legalmente previstas, deixe de aplicar a sanção 
penal correspondente, outorgando o perdão judicial. Trata-se de direito 
subjetivo do réu, e não mera faculdade judicial. 
O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, CP) que opera 
independentemente de aceitação do agente, sendo concedido na própria 
sentença ou acórdão. Embora determinação da natureza jurídica da sentença 
concessiva do perdão judicial seja questão assaz conflitiva, a orientação 
preponderante é no sentido de indicá-la como declaratória de extinção da 
punibilidade. Nesse diapasão, o artigo 120 CP destaca que a sentença que 
conceder perdão judicial não será considerada par efeitos de reincidência. 
Segundo o art. 13 da Lei 9.807/99 (Lei de proteção a vítimas e testemunhas 
ameaçadas e a causados ou condenados que tenham voluntariamente 
prestado efetiva colaboração em investigação policial ou processo criminal): 
Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão 
judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo 
primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o 
processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: 
I – a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa; 
II – a localização da vítima com a sua integridade física preservada; 
III – a recuperação total ou parcial do produto do crime. 
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a 
personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e 
repercussão social do fato criminoso. 
Depreende-se que o fato delituoso deve ter sido praticado por, no mínimo três 
sujeitos (identificação dos demais co-autores ou partícipes). Trata-se de 
circunstância pessoal, incomunicável aos demais co-autores ou partícipes que 
não preencherem os requisitos autorizantes da concessão da medida (art. 30, 
CP). 
São, portanto, condições objetivas para a concessão do perdão judicial: 
a) a colaboração efetiva coma investigação e processo criminal (art. 13, caput); 
b) a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa (art. 
13, I); 
c) a localização da vítima com a sua integridade física preservada (art. 13, II; 
d) a recuperação total ou parcial do produto do crime (art. 13, III; 
e) natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso 
indicativas da concessão do perdão judicial (art. 13, par. único). 
É suficiente o atendimento de uma das três circunstâncias indicadas. Com 
efeito, conforme se assinala, a adoção de posicionamento diverso significa que 
“dificilmente algum réu poderá beneficiar-se do perdão judicial. É temerário 
acreditar que, simultaneamente, alguém de identificar seus comparsas, consiga 
com a colaboração a localização da vítima com sua integridade física 
preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime. Além disso, a 
tese da coexistência dos requisitos restringe a aplicação da dispensa da pena 
ao crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159, CP), único que, em face de 
sua descrição típica, permite conjuntamente a localização da vítima com a sua 
integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do 
crime. 
 De outro lado, figuram como condições subjetivas: a) voluntariedade da 
colaboração (art. 13, caput); b) primariedade do acusa (art. 13, caput); c) 
personalidade favorável do beneficiado (art. 13, par. único). 
Não obstante, embora ausente requisito objetivo ou subjetivo indispensável 
para a concessão do perdão judicial é possível a aplicação da causa de 
diminuição de pena prevista no art. 14 da Lei 9.807/98, que dispõe: 
O indiciado ou acusado que colaborara 
voluntariamente com a investigação policial e o 
processo criminal na identificação dos demais 
co-autores ou partícipes do crime, na localização 
da vítima com vida e na recuperação total ou 
parcial do produto do crime, no caso de 
condenação, terá a pena reduzida de um a dois 
terços. 
 
Por fim, resta salientar que a concessão do perdão judicial é admissível tão-
somente nos caos expressamente previsto por lei. 
 
PERGUNTA: o perdão judicial é bilateral ou unilateral onde ele se opera? 
RESPOSTA: O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, 
CP) que opera independentemente de aceitação do agente, sendo concedido 
na própria sentença ou acórdão. 
 
RETRATAÇÃO 
Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito. Cuida-se de ato 
unilateral – independe de aceitação por parte do ofendido – que tem por 
escopo buscar e resguardar a verdade – interesse superior da justiça. É 
irrelevante a espontaneidade da declaração, bom como os motivos que 
fundara, mas é imprescindível sua voluntariedade, de outro lado, por tratar-se 
de ato pessoal, a retratação feita por um dos querelados não se aplica aos 
demais. 
É indispensável que a retratação anteceda a decisão de primeira instância. Se 
feito posteriormente (extemporânea), só terá efeito atenuante (art. 65, III, b, 
CP). 
Assim, a retratação – cabal e irrestrita – “não há de apresentar-se como 
recurso do agente para eximir-se da pena, mas como gesto voluntário inspirado 
no desejo de sanar o dano que causou”. 
Há hipóteses legais em que a retratação exime o réu de pena. Esses casos são 
os de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. Pela retratação o 
agente reconsidera a afirmação anterior e, assim, procura impedir o danoque 
poderia resultar da sua falsidade. 
A injúria não admite retratação, com exceção daquela praticada através da 
imprensa (art. 26 da Lei 5.250/67). Na injúria, com afirmava Aníbal Bruno, “há 
só a ofensa da palavra ou do gesto, que ninguém pode retirar. Na calúnia e 
difamação o dano resulta da argüição falsa de fatos criminosos ou não 
criminosos. Se o acusador mesmo os nega, a vítima pode considerar-se 
desagravada e o seu crédito social livre de perigo, e com isso a punibilidade de 
ação típica se extingue. O Direito atende ao gesto do ofensor que procura 
reparar o dano desdizendo-se” 
Também na falsa perícia ou no falso testemunho a retratação ou a declaração 
da verdade exclui a punibilidade. A declaração da verdade é o meio de corrigir 
o silencio com que o agente a ocultou, (art. 342, § 3º, CP). Nessa hipótese, a 
retratação deve ser completa e ocorrer antes a publicação da sentença no 
processo em que ocorreu a falsidade. Ao contrário do que ocorre nos crimes 
contra a honra, nesse caso, a retratação comunica-se aos demais 
participantes. 
 
PERGUNTA: a retratação operada por um dos co-autores, a todos se 
aproveita? 
RESPOSTA: Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito. Cuida-
se de ato unilateral – independe de aceitação por parte do ofendido – que tem 
por escopo buscar e resguardar a verdade – interesse superior da justiça. Por 
tratar-se de ato pessoal, a retratação feita por um dos querelados não se aplica 
aos demais. 
 
A PRESCRIÇÃO 
Considerações introdutórias 
Com a ocorrência de fato delituoso nasce para o Estado o ius puniendi. Esse 
direito, que se denomina pretensão punitiva, não pode eternizar-se como uma 
espada de Dámocles pairando sobre a cabeça do indivíduo. Por isso, o Estado 
estabelece critérios limitadores para o exercício do direito de punir, e, levando 
em consideração a gravidade da conduta delituosa e da sanção 
correspondente, fixa lapso temporal dentro do qual o Estado estará legitimado 
a aplicar a sanção penal adequada. 
Escoado o prazo que a própria lei estabelece, observada suas causas 
modificadoras, prescreve o direito estatal à punição do infrator. Assim, pode-se 
definir prescrição como “a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso do 
tempo, em razão do seu não exercício, dentro do prazo previamente fixado”. A 
prescrição constitui causa extintiva da punibilidade (art. 107, IV, 1ª figura, do 
CP). 
No entanto, contrariando a orientação contemporânea do moderno Direito 
Penal liberal, que prega a prescritibilidade de todos os ilícitos penais, a 
Constituição brasileira de 1988 declara que são imprescritíveis “a prática do 
racismo” e “a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático”. (art. 5º, XLII e XLIV). 
Para alguns autores, a prescrição é instituto de direito material; para outros, é 
direito processual. Para o ordenamento jurídico brasileiro, contudo, é instituto 
de direito material, regulado pelo Código penal, e, nessas circunstâncias, 
conta-se o dia do seu início. A prescrição é de ordem pública, devendo ser 
decretada de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do interessado. 
Constitui preliminar de mérito: ocorrida a prescrição, o juiz não poderá enfrentar 
o mérito; deverá, de plano, declarar a prescrição, em qualquer fase do 
processo. 
O não-exercício do jus puniendi estatal conduz á perda do mesmo em face do 
lapso temporal transcorrido. A prescrição corresponde, portanto, à perda do 
direito de punir pela inércia do Estado, que não o exercitou dentro o lapso 
temporal previamente fixado. 
Trata-se de instituto de direito material, embora algumas de suas 
consequências influam sobre a ação penal e a condenação. De conseguinte, a 
contagem do prazo prescricional obedece à regra insculpida no art. 10, CP, 
computando-se naquele o dia do começo. * conceito de Rogerio sanches: 
prescrição e a perda, em face do decurso do tempo, do direito do Estado punir 
e executar punição já imposta/ Renato Brasil: e a perda da pretensão punitiva 
ou executória do Estado, o tempo faz desaparece o interesse social de punir. 
Inicialmente, duas são as espécies de prescrição: a prescrição da pretensão 
punitiva e a prescrição da pretensão executória. A primeira – também 
denominada prescrição da ação penal – verifica-se antes do trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória; já a segunda – prescrição da 
condenação – ocorre após o trânsito em julgado da decisão. 
A regra geral de prescritibilidade de todas as infrações penais não é absoluta. 
Conforma a Constituição Federal, são imprescritíveis a prática do racismo e a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático (art. 5º, XLII e XLIV). 
 
PERGUNTA: qual a definição de prescrição? 
RESPOSTA: é entendido como sendo a perda do direito de punir do Estado, 
pelo decurso do tempo, em razão do seu não exercício, dentro do prazo 
previamente fixado. 
 
Espécies de Prescrição 
Com a prática do crime, o delito abstrato de punir do Estado concretiza-se, 
dando origem a um conflito entre o direito estatal de punir e o direito a 
liberdade do indivíduo. O Ministério Público deduz em juízo a pretensão 
punitiva estatal através da denúncia, que, segundo Damásio de Jesus, é “a 
exigência de subordinação do direito de liberdade do cidadão ao direito de 
punir concreto do Estado. Assim, praticado o crime e antes da sentença penal 
transitar em julgado, o Estado é titular da pretensão punitiva, exigindo do Poder 
Judiciária a prestação jurisdicional pedida na acusação”. 
Com o trânsito em julgado da decisão condenatória, o ius puniendi concreto 
transforma-se em ius punitionis, isto é, a pretensão punitiva converte-se em 
pretensão executória. 
Da distinção entre ius puniendi e ius punitionis decorre da classificação da 
prescrição em prescrição da pretensão punitiva, impropriamente 
denominada prescrição da ação penal, e prescrição da pretensão executória, 
também chamada de prescrição da pena. 
Cumpre-nos também registrar que, em 05 de maio de 2010 entrou em vigor a 
lei 12.234 que inseriu algumas alterações no instituto. Para melhor clareza na 
análise do tema aqui tratado, reproduzo a referida lei abaixo, como forma de 
dar início à aula PRESCRIÇÃO. 
LEI Nº 12.234, DE 5 DE MAIO DE 2010. 
 
Altera os arts. 109 e 110 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código 
Penal. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço 
saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei altera os arts. 109 e 110 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - 
Código Penal, para excluir a prescrição 
retroativa. 
Art. 2o Os arts. 109 e 110 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
passam a vigorar com as seguintes alterações: 
“Art. 109. A prescrição, antes de transitar em 
julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o 
do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo 
da pena privativa de liberdade cominada ao crime, 
verificando-se: 
................................................................................
............. 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é 
inferior a 1 (um) ano. 
................................................................................
...” (NR) 
“Art. 110. 
...................................................................... 
§ 1o A prescrição, depois da sentença 
condenatória com trânsito em julgado para a 
acusação ou depois de improvido seu recurso, 
regula-se pela pena aplicada, não podendo, em 
nenhuma hipótese, ter por termo inicial data 
anterior à da denúncia ou queixa. 
§ 2o (Revogado).” (NR) 
Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de 
sua publicação. 
Art. 4o Revoga-se o § 2o do art. 110 do 
CódigoPenal. 
Brasília, 5 de maio de 2010; 189o da 
Independência e 122o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto 
 
 
Prescrição da Pretensão Punitiva 
A prescrição da pretensão punitiva só poderá ocorrer antes da sentença penal 
transitar em julgado e tem como conseqüência a eliminação de todos os efeitos 
do crime: como se este nunca tivesse existido. 
O lapso prescricional começa a correr a partir da data da consumação do crime 
ou do dia em que cessou a atividade criminosa (art. 111, CP), apresentando, 
contudo, causas que o suspendem (art. 116, CP) ou o interrompem (art. 117, 
CP). 
A prescrição da pretensão punitiva, por sua vez, divide-se em: prescrição 
abstrata ou propriamente dita (art.109,CP), prescrição retroativa(art. 109c/c 
110, §2 CP) e prescrição intercorrente ou superveniente (art. 109 c/c 110,§ 1° 
CP) e prescrição emprespectiva/ antecipada/por pognase ou virtual(criação 
jurisprudencial não aceita pelo STF). 
Prescrição da pretensão punitiva abstrata 
Denomina-se prescrição abstrata porque ainda não existe pena concretizada 
na sentença para ser adotada como parâmetro aferidor do lapso prescricional. 
O prazo da prescrição abstrata regula-se pela pena cominada ao delito, isto é, 
pelo máximo da pena privativa de liberdade abstratamente prevista para o 
crime, segundo a tabela do art. 109 do CP. Assim, por exemplo, a pretensão 
estatal prescreve em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze (art. 
109, I, CP), ou em três anos, se o máximo da pena é inferior a um (art. 109,VI, 
CP - alterado pela lei 12.234/2010). 
Para se encontrar o prazo prescricional, deve-se tomar as seguintes 
providências: 
Observar o máximo de pena privativa de liberdade cominado à infração penal. 
Considera-se o limite máximo cominado ao delito, porque será o limite que 
poderá atingir a pena que for concretizada na sentença. 
Verificar, no art. 109 do CP, o prazo prescricional correspondente àquele limite 
de pena cominada (prazo preliminar). Esse prazo é básico ou preliminar, 
porque poderá sofrer a incidência de majorantes ou minorantes de aplicação 
obrigatória, bem como menoridade ou velhice, que, naturalmente, alterarão seu 
limite. 
Verificar se há alguma das causas modificadoras desse prazo: 
Majorantes ou minorantes obrigatórias, exceto as referentes ao concurso 
formal próprio e ao crime continuado. 
Deve-se considerar a eventual existência de causas modificadoras da pena, 
quais sejam, as majorantes ou minorantes, excluindo-se, evidentemente, as 
agravantes e atenuantes. Como matéria de prescrição deve-se priorizar o 
interesse público, em se tratando de majorante deve-se considerar o fator que 
mais aumente, e em se tratando de minorante, o fator que menos diminua a 
pena. 
Menoridade ou velhice (art. 115, CP). 
Se o agente era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da 
sentença, maior de setenta, o prazo prescricional reduzir-se-á pela metade. 
Fazendo incidir essas causas modificadoras – majorantes ou minorantes, e 
idade do agente – sobre o máximo de pena, que fundamenta o prazo 
preliminar, encontrar-se-á o prazo prescricional definitivo. 
 
PERGUNTA: o que se entende por prescrição abstrata e como se acha-a? 
RESPOSTA: Denomina-se prescrição abstrata porque ainda não existe pena 
concretizada na sentença para ser adotada como parâmetro aferidor do lapso 
prescricional. O prazo da prescrição abstrata regula-se pela pena cominada ao 
delito, isto é, pelo máximo da pena privativa de liberdade abstratamente 
prevista para o crime, segundo a tabela do art. 109 do CP. * Rogerio Sanches: 
tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinquente, deve dizer quanto 
essa punição já não mais o interessa, eis a finalidade do art. 109, CP. Se não 
incerta a quantidade da pena que sera fixada pelo juiz da sentença, o prazo 
prescricional o prazo e o resultado da combinação da pena máxima em 
abstrato e a escala do art. 109 CP. 
Consequência 
1) Desaparece do Estado o seu direito de punir, inviabilizado o analise do 
mérito. 
2) Eventual sentença condenatória provisória deve ser rescindida não 
separado o efeito. 
3) O acusado não será responsabilizado pelas custas processuais 
4) Destituição integral da fiança. 
5) O lapso temporal que começou a ocorre em P.P.P.A. de acordo com o 
art. 111, I Cp. 
Prescrição da pretensão punitiva retroativa 
A prescrição retroativa é produto de uma construção pretoriana. O Supremo 
Tribunal Federal, a partir do ano de 1961, editou a Súmula 146, com o seguinte 
verbete: “A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada, quando 
não há recurso de acusação”. Esse entendimento do Supremo fundamentou-se 
na redação original do art. 110, parágrafo único, do Código Penal de 1940, que, 
na ausência de recurso da acusação, impedia que a pena aplicada fosse 
elevada, devendo servir de base para o cálculo da prescrição. Nesse período, a 
nossa Corte Suprema passou a admitir que a prescrição incidisse sobre lapso 
temporal anterior à sentença condenatória e, inclusive, antes mesmo do 
recebimento da denúncia ou queixa. 
A prescrição retroativa leva em consideração a pena aplicada, in concreto, na 
sentença condenatória, contrariamente à prescrição in abstrato, que tem como 
referência o máximo de pena cominada ao delito. A prescrição retroativa 
(igualmente a intercorrente), como subespécie da prescrição da pretensão 
punitiva, constitui exceção à contagem dos prazos do art. 109. Tem – segundo 
Damásio de Jesus – “por fundamento o princípio da pena justa”, significando 
que, ausente recurso da acusação ou improvido este, a pena aplicada na 
sentença era, desde a prática do fato, a necessária e suficiente para aquele 
caso concreto. Por isso, deve servir de parâmetro para prescrição, desde a 
consumação do fato inclusive. 
Entretanto, em 5 de maio de 2010 entrou em vigor a lei 12.234 que alterou 
alguns dispositivos referentes ao instituto em análise – art. 110, CP. Vejamos a 
redação da nova lei: 
“Art. 110. 
...................................................................... 
§ 1o A prescrição, depois da sentença 
condenatória com trânsito em julgado para a 
acusação ou depois de improvido seu 
recurso, regula-se pela pena aplicada, não 
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
§ 2o (Revogado).” (NR) 
 
Nestes termos, com a nova legislação em vigor – Lei 12.234 de 5 de maio de 
2010, a prescrição retroativa deve ser considerada entre o recebimento da 
denúncia e a publicação da sentença condenatória ou seja, em relação à etapa 
de investigação criminal - período compreendido entre a data do crime e a do 
recebimento da denúncia não mais, dado que, por força de alteração do texto 
primitivo do projeto de lei. Ela continua a subsistir quanto à fase de instrução 
processual (interstício que medeia o recebimento da ação na forma de 
denúncia para o órgão ministerial e a queixa-crime para o particular e a 
prolatação da sentença condenatória). 
Concluindo, dois eram os períodos prescricionais possíveis (da data do fato e 
do recebimento da peça vestibular acusatória). Com a redação nova tornou-se 
impossível computar qualquer tempo antes do recebimento da denúncia ou 
queixa. Ou seja: a prescrição retroativa, agora, só pode acontecer entre o 
recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença. Nas palavras 
do prof. Luis Flávio Gomes, em seu entender, foi cortada pela metade. A 
prescrição retroativa, em síntese, não acabou. Foi extinta pela metade. * 
Rogerio Sanches: segundo as mesmas características e consequências da 
PPPS, temos no art. 110, §2° CP, a prescrição da pr etensão punitiva retroativa, 
com as seguintes peculiaridades conta-se da data da sentença até o 
recebimento da denuncia até a data do fato.A pronúncia, nos crimes contra a vida, também cria um novo marco interruptivo 
para a prescrição retroativa. 
Para a caracterização da prescrição retroativa, nos termos da legislação 
vigente, deve-se examinar o seguinte: 
A – Pressupostos da prescrição retroativa: 
a) Inocorrência da prescrição abstrata. 
b) Sentença penal condenatória. 
c) Trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso. 
B – Para encontrar o prazo prescricional, na modalidade retroativa, deve-se 
adotar as seguintes providências: 
a) Tomar a pena concretizada na sentença condenatória. 
Dever-se-á computar toda a pena aplicada, com exceção da majoração 
decorrente do concurso formal próprio e do crime continuado. A detração 
somente á aproveitada parar a execução da pena, ou para a prescrição da 
pretensão executória. 
b) verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art.109 do CP). 
c) Analisar a existência de causa modificadora do lapso prescricional, cuja 
única possibilidade é a do art. 115. 
Finalmente, não há suporte jurídico para o reconhecimento antecipado da 
prescrição retroativa, como se está começando a apregoar, com base numa 
pena hipotética. Ademais, o réu tem direito a receber uma decisão de mérito, 
onde espera ver reconhecida a sua inocência. Decretar a prescrição retroativa, 
com base em uma hipotética pena concretizada, encerra uma presunção de 
condenação, conseqüentemente de culpa, violando o princípio constitucional 
da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF). Todavia, cumpre-nos analisá-
la para fins acadêmicos, ao menos, no capítulo seguinte. 
 
PERGUNTA: para fins de contagem da prescrição retroativa, leva-se em conta 
o intervalo de tempo entre a data do fato e a do recebimento da denúncia? 
Explique. 
RESPOSTA: com a nova legislação em vigor – Lei 12.234 de 5 de maio de 
2010, a prescrição retroativa deve ser considerada entre o recebimento da 
denúncia e a publicação da sentença condenatória ou seja, apenas em relação 
à etapa de instrução processual. O período compreendido entre a data do 
crime e a do recebimento da denúncia não é mais possível. 
 
Prescrição antecipada 
Nos últimos anos, vem sendo construída, jurisprudencialmente, uma nova 
modalidade de prescrição da pretensão punitiva, denominada de prescrição 
retroativa antecipada, ou simplesmente prescrição antecipada, prescrição 
virtual, prescrição pré-calculada ou prescrição em perspectiva. 
Esta é o reconhecimento da prescrição retroativa, tomando-se por base a pena 
que possível ou provavelmente seria imposta ao réu no caso de condenação 
(PALOTTI JÚNIOR, Osvaldo. Considerações sobre a prescrição retroativa 
antecipada. RT, nº 709, p. 302-306, 1994). 
Como se extrai de seu conceito, essa prescrição ocorreria sempre que o juiz, 
diante de um caso concreto, verificando as circunstâncias que cercaram o fato 
típico e as condições pessoais do acusado – mormente sua condição do 
primário, de portador de bons antecedentes, boa conduta social, personalidade 
reveladora de inexistência de perigo de delinqüir -, pudesse vislumbrar que a 
pena que seria imposta, caso viesse a condená-lo, é em quantidade 
autorizadora da verificação da prescrição retroativa; deverá, portanto, 
reconhecê-la , antecipadamente, extinguindo-se a punibilidade. 
A doutrina e a jurisprudência predominantes, todavia, não aceitam o 
reconhecimento antecipado da prescrição, amparando-se em argumentos 
importantes: 
a) tal decisão importaria em violar o princípio constitucional da presunção da 
inocência, pois significaria reconhecer o acusado culpado sem sentença 
condenatória; 
b) o acusado tem direito a uma sentença de mérito; 
c) é impossível a previsão da sentença; 
d) ao reconhecê-la, o juiz estaria prejulgando, ferindo o princípio do 
contraditório. 
Matéria extremamente polêmica, havendo ponderáveis razões de um e de 
outra lado. * Rogerio Sanches: Quando a data do fato e o recebimento da 
inicial e a publicação da condenação se constatar, com base na particularidade 
objetiva e subjetiva do caso concreto, a certa pena a ser aplicado ao agente, 
possível se antecipar o reconhecimento do PPPR, causa de falta de interesse 
de agir. 
 
Prescrição da pretensão punitiva intercorrente ou subseqüente 
A prescrição intercorrente, a exemplo da prescrição retroativa, leva em 
consideração a pena aplicada in concreto na sentença condenatória. As 
prescrições retroativa e intercorrente assemelham-se, com a diferença de que 
a retroativa volta-se para o passado, isto é, para períodos anteriores à 
sentença, e a intercorrente dirige-se para o futuro, ou seja, para períodos 
posteriores à sentença condenatória, recorrível. 
Assim, o prazo da prescrição intercorrente, superveniente ou subseqüente 
começa a correr a partir da sentença condenatória, até trânsito em julgado para 
acusação e defesa. * Rogerio Sanches: ocorre antes da sentença recorrível, 
não sabe a quantidade pena a ser fixada pelo juiz, razão pelo qual o lapso 
temporal pela pena máxima em abstrato. Contudo fixada a pena ainda 
provisoriamente transitada esta em julgado para a acusação, ou seja, sendo 
seu recurso improvido, não mais existe razão para ser levar em conta a pena 
máxima em abstrato mesmo diante recurso de defesa e proibida a reforma para 
pior (em prejuízo para o réu). 
Caraterísticas 
1) Pressupõe sentença penal condenatória. 
2) Trânsito em julgado para acusação (não ocorre seu recurso e 
improvido). 
3) Os prazos prescricionais são os mesmos do art. 109 CP, porém com a 
base aplicada em sentença. 
4) Conta-se a prescrição da publicação da sentença condenatória até o 
trânsito em julgado definitivo. 
5) Tem as mesmas consequências da P.P.P.A. 
Obs.: base a pena imposta na sentença. 
Obs. 1: a doutrina moderna ensina que o eventual recurso da acusação só 
evita a prescrição superveniente, ser buscando o aumento da pena for 
provido pelo tribunal. 
 Para ocorrência da prescrição intercorrente devem estar presente, 
simultaneamente, alguns pressupostos: 
A – pressupostos da prescrição intercorrente: 
a) inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa. 
b) sentença condenatória. 
c) trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso. 
B – como encontrar o prazo prescricional 
Para encontrar o prazo prescricional, na modalidade intercorrente, deve-se 
adotar as seguintes providências: 
a) Tomar a pena concretizada na sentença condenatória. 
Dever-se-á computar toda a pena aplicada, com exceção da majoração 
decorrente do concurso formal próprio e do crime continuado. A detração 
somente é aproveitada para a execução da pena, ou para prescrição da 
pretensão executória. 
b) verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art. 109, CP) 
c) analisar a existência de causa modificadora do lapso prescricional, cuja 
única possibilidade é a do art. 115, CP. 
6.4 – Prescrição da Pretensão Executória 
A prescrição da pretensão executória só poderá ocorrer depois de transitar em 
julgado a sentença condenatória, regulando-se pela pena concretizada (art. 
110, CP) e verificando-se nos mesmos prazos fixados no art. 109, CP. 
O decurso do tempo sem o exercício da pretensão executória faz com que o 
Estado perca o direito de executar a sanção imposta na condenação. Os 
efeitos dessa prescrição limitam-se à extinção da pena, permanecendo 
inatingidos todos os demais efeitos da condenação, penais e extrapenais. * 
Rogerio Sanches: reconhecida esta espécie de pretensão extinguir-se a pena 
aplicada, sem, contudo rescindir a sentença condenatória (que produzos 
efeitos penais e extrapenais, tais como recendência e titulo executivo.) 
A – pressupostos da prescrição da pretensão executória 
a) inocorrência da prescrição da pretensão punitiva, seja abstrata, retroativa ou 
intercorrente.b) sentença condenatória irrecorrível. 
c) não-satisfação da pretensão executória estatal. 
B – Como encontrar o prazo prescricional 
a) tomar a pena privativa de liberdade imposta na sentença: 
1) na hipótese de fuga ou de revogação de livramento condicional, tomar-se-á 
o restante de pena a cumprir, para a obtenção do prazo prescricional (art. 113, 
CP) 
2) no caos de concurso formal e de c rime continuado, deverá, também, ser 
desprezado o quantum de majoração a eles pertinente. 
b) verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art. 109, CP); 
c) analisar a existência de causa modificadores do lapso prescricional. 
1) reincidência, reconhecida na sentença: eleva em um terço o prazo 
prescricional. 
2) art. 115, CP: reduz pela metade o lapso prescricional. 
 
PERGUNTA: diferencie a prescrição retroativa da prescrição intercorrente. 
RESPOSTA: A prescrição intercorrente, a exemplo da prescrição retroativa, 
leva em consideração a pena aplicada in concreto na sentença condenatória. 
As prescrições retroativa e intercorrente assemelham-se, com a diferença de 
que a retroativa volta-se para o passado, isto é, para períodos anteriores à 
sentença, e a intercorrente dirige-se para o futuro, ou seja, para períodos 
posteriores à sentença condenatória, recorrível 
6.5 – Termo inicial da prescrição 
a) Da pretensão punitiva 
Segundo o art. 111, CP, a prescrição da pretensão punitiva lato sensu começa 
a correr: 
I – do dia em que o crime se consumou; 
II- no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assento do registro 
civil, da data em que o fato se tornou conhecido. 
As prescrições retroativa e intercorrente são exceções à utilização da pena 
abstrata para medição da prescrição da pretensão punitiva. (art. 110, § 1º). 
O termo inicial as prescrição, de regra, é o da consumação do crime, seja 
instantâneo ou permanente. Embora o art. 4º determine que o tempo do crime 
é o momento da ação, em termos de prescrição, o Código adota, como 
exceção, a teoria do resultado. Mas, excepcionalmente, em se tratando de 
tentativa e de crime permanente, adota a regra geral, que é a teoria da 
atividade. 
Nos crimes de bigamia e falsificação ou assentamento de registro civil, a 
prescrição começa a correr da data em que a autoridade pública tomou 
conhecimento do fato. 
b) Da pretensão executória 
I – do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a 
acusação; 
II – do dia em que se interrompe a execução da pena, salvo quando referido 
tempo seja computado na pena (internação por doença mental); 
III – o dia em que transita em julgado a decisão que revoga o sursis ou o 
livramento condicional. 
O prazo começa a correr do dia em que transitar em julgado a sentença 
condenatória para a acusação, mas o pressuposto básico para essa prescrição 
é o trânsito em julgado para acusação e defesa, pois, enquanto não transitar 
em julgado parar defesa, a prescrição poderá ser intercorrente. Nesses termos, 
percebe-se, podem correr paralelamente dois prazos prescricionais: o da 
intercorrente, enquanto não transitar definitivamente em julgado; e o da 
executória, enquanto não for iniciado o cumprimento da condenação, pois 
ambos iniciam na mesma data, qual seja, o trânsito em julgado para a 
acusação. 
A revogação do sursis e do livramento condicional, igualmente, dá início ao 
curso prescricional, e, enquanto a decisão revogatória não for cumprida, estará 
em curso a prescrição executória. Enfim, se a interrupção da execução for 
devida à fuga, a prescrição começa a correr da data da evasão; se decorrer de 
internação em hospital de custódia e tratamento, o tempo será contado na 
pena, não correndo a prescrição. 
Causas modificadoras do curso prescricional 
A prescrição, encontrando-se em curso, poderá ser obstaculizada pela 
superveniência de determinadas causas, que podem ser suspensivas (art. 116) 
ou interruptivas (art. 117). Ou, ainda, o período prescricional poderá 
simplesmente ser reduzido pela metade (art. 115). 
Suspensão do prazo prescricional 
Verificando-se uma causa suspensiva, o curso da prescrição suspende-se para 
retomar o seu curso depois de suprimido ou desaparecido o impedimento. Na 
suspensão o lapso prescricional já decorrido não desaparece, permanece 
válido. Superada a causa suspensiva, a prescrição começa a ser contada pelo 
tempo que falta, somando-se com o anterior. 
 
A – Causas suspensivas da prescrição da pretensão punitiva 
 
a) Enquanto não for resolvida questão prejudicial 
 
A prescrição não corre enquanto não for resolvida, em outro processo, questão 
de que dependa o reconhecimento da existência do crime. São as chamadas 
questões prejudiciais, reguladas pelos arts. 92 a 94 do CPP, cuja relação com 
o delito é tão profunda que a sua decisão, em outro juízo, pode determinar a 
existência ou inexistência da própria infração penal. 
 
b) Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro 
 
O fundamento político-jurídico dessa causa suspensiva é que durante o 
cumprimento de pena no estrangeiro não se consegue a extradição do 
delinqüente. E a pena em execução pode ser tão ou mais longa que o próprio 
lapso prescricional do crime aqui cometido. Por isso, se justifica a suspensão 
da prescrição. 
 
c) Imunidade parlamentar 
 
Às duas causas previstas pelo Código Penal (art. 116), a Constituição Federal 
(art. 53 § 2º) acrescentou mais uma: enquanto não houver licença do 
Congresso Nacional para que o parlamentar seja processado, o prazo 
prescricional ficará suspenso. Procurando amenizar esse privilégio 
parlamentar, o Supremo Tribunal Federal, em duas oportunidades, com 
composição plenária, decidiu que tanto na hipótese do indeferimento do pedido 
de licença quanto na de ausência de deliberação a suspensão da prescrição 
ocorre na data do despacho do Ministro Relator determinando a remessa do 
pedido ao Parlamento. 
 
B – Causa suspensiva da prescrição da pretensão executória 
 
A prescrição não corre durante o tempo em que o condenado estiver preso por 
outro motivo (art. 116, parágrafo único). Fica em suspenso. A previsão é lógica: 
enquanto não se encontra preso, não pode invocar a prescrição da pena que 
falta cumprir, pois sua condição de preso impede a satisfação dessa pretensão 
executória. 
 
PERGUNTA: qual o termo inicial da prescrição punitiva? 
RESPOSTA: Segundo o art. 111, CP, a prescrição da pretensão punitiva lato 
sensu começa a correr: I – do dia em que o crime se consumou; II- no caso de 
tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III – nos crimes 
permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV – nos de bigamia e nos 
de falsificação ou alteração de assento do registro civil, da data em que o fato 
se tornou conhecido. 
 
 
 
Novas causas suspensivas da prescrição 
 
Além das duas causas suspensivas da prescrição previstas no Código Penal 
(art.116) e daquela prevista na Constituição Federal (art.53, § 2º), as Leis n. 
9.099/95 e 9.271/96 prevêem novas hipóteses de causas que impedem o curso 
prescricional. 
Essas causas são as seguintes: 
 
a) Suspensão condicional do processo 
 
A Lei n. 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Criminais e aproveitou 
para instituir também a suspensão condicional de processo, estabelece em seu 
art. 89, § 6º, que durante o período em que o processo estiver suspenso não 
corre prescrição. 
Esse dispositivo dispensa e um tratamento isonômico à defesa e à acusação: o 
denunciado é beneficiado pela suspensão do processo, mas em contrapartida 
a sociedade não fica prejudicada pelo curso da prescrição. Na hipótese de 
revogação do benefício, o Ministério Público disporádo tempo normal para 
prosseguir na persecutio criminis. Como, de regra, a suspensão do processo 
deverá ocorrer no momento do recebimento da denúncia, a prescrição voltará a 
correr por inteiro. No entanto, em razão dessa fase transitória, poderá haver 
suspensão de muitos processos que já se encontravam em curso. Naquelas 
hipóteses, havendo revogação da suspensão do processo, o novo curso 
prescricional deverá somar-se ao lapso anterior que foi suspenso, uma vez 
que, como causa suspensiva, o prazo prescricional não recomeça por inteiro. 
 
b) Citação por edital, sem comparecimento ou constituição de defensor 
 
A Lei n. 9271/96 deu a seguinte redação ao art. 366 do CPP: “Se o acusado, 
citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos 
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a 
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, 
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”. 
Para que se configure essa nova causa suspensiva da prescrição é necessário 
que estejam presentes, simultaneamente, três requisitos: 1º) citação através de 
edital; 2º) não-comparecimento em juízo para interrogatório; 3º) não-
constituição de defensor. 
A ausência de qualquer desses requisitos impede a configuração dessa nova 
causa suspensiva da prescrição. Contudo, o infrator que houver constituído 
advogado, durante a fase policial, ainda que venha ser citado por edital, seu 
defensor constituído anteriormente impedirá o reconhecimento da causa 
impeditiva da prescrição. 
O curso prescricional suspenso somente recomeçará a correr na data do 
comparecimento do acusado, computando-se o tempo anterior (art. 366, §2º). 
Em outros termos, interrompida a suspensão da prescrição, esta volta a correr, 
levando-se em consideração o tempo anteriormente decorrido, isto é, 
somando-se. 
A suspensão do curso prescricional é efeito automático, sendo desnecessário 
despacho expresso do juiz. Contudo, como a art. 366 tem natureza mista – 
processual e material -, podendo verificar-se hipóteses de suspensão do 
processo, pelo princípio tempus regit actum, convém ser mencionado 
expressamente que a prescrição não está suspensa, em razão da 
irretroatividade, quando se tratar de crimes praticados antes da vigência da lei. 
Damásio de Jesus não admite a aplicação parcial di disposto no art. 366, isto é, 
suspender o processo e não suspender a prescrição, numa espécie de 
retroatividade parcial. Em sentido contrário manifesta-se Luiz Flávio Gomes; 
por fatos anteriores à vigência da Lei n. 9.271/96, entende que, satisfeitos os 
requisitos do art. 366, suspende-se o processo, permanecendo naturalmente o 
curso prescricional: a suspensão do processo é matéria processual e a 
prescrição é matéria estritamente penal-material. 
Inclinamo-nos pelo entendimento adotado por Luiz Flávio Gomes, embora com 
argumento um pouco diferenciado. Na verdade, a suspensão do processo não 
significa parcial retroatividade, mas a simples aplicação do princípio tempus 
regit actum. Nesse momento, satisfeitos os requisitos, aplica-se a lei nova, mas 
somente a partir de agora, isto é o processo fica suspenso a partir da vigência 
da lei, sem retroagir ao início da relação processual. Já a suspensão do curso 
prescricional fica inviabilizada, por se tratar de norma prejudicial à defesa, não 
podendo retroagir. 
Não negamos, é verdade, que, de certa forma, há um tratamento desigual aos 
dois pólos processuais: beneficia-se a defesa com a suspensão do processo e 
prejudica-se a acusação com a não-suspensão da prescrição. No entanto, 
esses efeitos diferenciados decorrem da natureza distinta das duas normas 
jurídicas, processual e material, como já referimos. 
Como a lei não prevê limite temporal da suspensão da prescrição, deverão 
surgir várias interpretações sobre o tema. Por ora, uma coisa é certa: a Lei n. 
9.271 não criou uma nova hipótese de imprescritibilidade, além daquelas 
previstas no texto constitucional (art. 5º, XLII e XLIV, da CF), como pareceu 
inicialmente a alguns pensadores. Como destaca Damásio de Jesus, não se 
trata de nova hipótese de imprescritibilidade, porque, na verdade, a prescrição 
começa a correr e é suspensa, e na imprescritibilidade não há início do curso 
prescricional. 
c) Citação através de rogatória de acusado no estrangeiro 
Acusado que se encontrar no estrangeiro, em lugar sabido, será citado através 
de carta rogatória, independentemente de a infração penal imputada ser ou não 
afiançável. No entanto, segundo a nova redação conferida pela Lei n. 
9.271/966 ao art. 368 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso até o 
cumprimento da carta rogatória. 
Agora, a citação de quem se encontrar no estrangeiro somente poderá ser por 
edital quando for desconhecido o seu paradeiro. Anteriormente, a citação por 
edital seria possível quando fosse desconhecida a localização do citando ou 
quando a infração imputada fosse afiançável. 
 
PERGUNTA: quais os requisitos para se operar a suspensão da prescrição 
quando a citação é realizada por edital, sem o comparecimento ou constituição 
do defensor? 
RESPOSTA: Para que se configure essa nova causa suspensiva da prescrição 
é necessário que estejam presentes, simultaneamente, três requisitos: 1º) 
citação através de edital; 2º) não-comparecimento em juízo para interrogatório; 
3º) não-constituição de defensor. 
Interrupção do prazo prescricional 
Ocorrendo uma causa interruptiva, o curso da prescrição interrompe-se, 
desaparecendo o lapso temporal já decorrido, recomeçando sua contagem 
desde o início. Enfim, uma vez interrompida, a prescrição volta a correr 
novamente, por inteiro, do dia da interrupção, até atingir seu termo final, ou até 
que ocorra novamente nova causa interruptiva. O lapso prescricional que foi 
interrompido desaparece, como se nunca tivesse existido. Excetua-se a 
hipótese prevista no art. 117, V, isto é, ocorrendo evasão da prisão ou 
revogação do livramento condicional, a prescrição não corre por inteiro, mas 
somente o correspondente ao tempo que restar de pena a cumprir (arts. 113 e 
117, § 2º). 
Constata-se, afinal, que, ao contrário da suspensão, o período anterior à 
interrupção não se soma ao novo prazo. 
As causas interruptivas elencadas no art. 117 são as seguintes: 
I – Recebimento da denúncia ou queixa 
Recebimento não se confunde com oferecimento e caracteriza-se pelo 
despacho inequívoco do juiz recebendo a denúncia ou queixa. Despacho 
meramente ordinatório não caracteriza seu recebimento. O aditamento da 
denúncia ou queixa somente interromperá a prescrição se incluir a imputação 
de nova conduta típica, não descrita anteriormente, limitando-se a essa 
hipótese. A inclusão de novo réu, em aditamento, não interrompe a prescrição 
em relação aos demais. 
A rejeição da denúncia ou queixa, à evidência, não interrompe a prescrição. A 
interrupção ocorrerá na data em que, se em grau recursal, a Superior Instância 
vier recebê-la. Igualmente, o recebimento das preambulares referidas, por juiz 
incompetente, não interrompe o curso prescricional, só o interrompendo o 
recebimento renovado pelo juiz natural. 
II – Pronúncia 
 O marco interruptivo da prescrição será a data da publicação da pronúncia em 
cartório e não a data de sua lavratura, que pode não coincidir com a sua 
publicação. Evidentemente, a impronúncia ou a absolvição sumária não a 
interrompem. 
 
III – Decisão confirmatória da pronúncia 
 
A decisão da Instância Superior confirmatória da pronúncia ou mesmo a que 
pronuncia o réu em razão do recurso também interrompem a prescrição. Uma 
corrente majoritária entende que, mesmo havendo desclassificação pelo 
Tribunal do Júri, para competência do juiz, ainda assim a pronúncia e a decisão 
que a confirma constituem causas interruptivas da prescrição.O acórdão confirmatório da condenação, não incluído no art. 117, não 
interrompe a prescrição. 
IV – Sentença condenatória recorrível 
A prescrição interrompe-se na data da publicação da sentença condenatória 
recorrível nas mãos do escrivão, isto é, a partir da lavratura do respectivo termo 
(art. 289 do CPP). Antes da sua publicação, a sentença não existe, 
juridicamente, constituindo simples trabalho intelectual do juiz. 
A sentença anulada, a exemplo de outros marcos interruptivos, por não 
gerarem efeitos, não interrompem a prescrição, pois é como se não existissem. 
A sentença que concede o perdão judicial, segundo a Súmula 18 do Superior 
Tribunal de Justiça (declaratória de extinção da punibilidade), não interrompe a 
prescrição. Aliás, para reforçar esse entendimento, lembramos que a sentença 
que concede o perdão judicial não aplica a sanção e que o parâmetro balizador 
do lapso prescricional é a pena, aplicada, na hipótese da prescrição executória. 
Por isso, não convencem as três hipóteses sugeridas por algumas decisões 
jurisprudenciais, segundo as quais o prazo regular-se-á (a) pelo período 
mínimo de dois anos, (b) pelo mínimo ou (c) pelo máximo, abstratamente 
cominados ao delito. 
A sentença absolutória, à evidência, também não interrompe a prescrição, 
porém, o prazo a ser considerado (art. 109) será o indicado pelo máximo da 
pena cominada ao delito. 
V – Início ou continuação do cumprimento da pena 
O termo inicial da prescrição da pretensão executória está fixado no art. 112 e 
incisos e no art. 117, incisos V e VI. 
Com prisão do agente, para cumprir pena, interrompe-se a prescrição, iniciada 
com o trânsito em julgado da sentença, para a acusação. Com a continuação 
da prisão, interrompida pela fuga, ou decorrente de revogação do livramento 
condicional, interrompe-se a prescrição. No entanto, nessas duas hipóteses, a 
prescrição volta a correr, não por inteiro, mas pelo resto da pena que falta 
cumprir (art. 113). Evidentemente, durante o período de prova do sursis e do 
livramento condicional, não corre a prescrição executória, pois é como se 
estivesse cumprindo a pena. 
VI - Reincidência 
A reincidência, a rigor, tem dois efeitos: aumentar o prazo prescricional (art. 
110, caput) e interromper o seu curso (art. 117, VI, CP). 
Segundo uma corrente, o momento de interrupção da prescrição não é 
determinada pela prática do segundo crime, mas pela sentença condenatória 
que reconhece a prática do ilícito, pressuposto daquela. Em sentido contrário, 
outra corrente, minoritária, entende que a interrupção ocorre na data do novo 
crime, uma vez que a reincidência seria fática e não jurídica. 
O aumento do prazo prescricional, no entanto, aplica-se tão-somente á 
prescrição da pretensão executória. Recentemente, porém, surgiram alguns 
julgados, inclusive do STJ, admitindo o aumento decorrente da reincidência 
também para a prescrição intercorrente. 
Deve-se observar, no entanto, que, em caso de crimes conexos – concurso de 
crimes – objetos do mesmo processo, a interrupção da prescrição relativa a 
qualquer deles estende-se a todos. Aliás, todas as causas interruptivas da 
prescrição, com exceção das previstas nos incs. V e VI – prisão e reincidência -
, comunicam-se a todos os participantes do crime (art. 117, § 1º, CP). 
Os processos do júri teriam as seguintes causa interruptivas da prescrição da 
pretensão punitiva: recebimento da denúncia ou da queixa, publicação da 
sentença de pronúncia, trânsito em julgado, do acórdão confirmatório, da 
pronúncia e publicação da sentença condenatória. Os demais processos têm 
somente duas causas interruptivas: a data do recebimento da denúncia ou da 
queixa e da data de publicação da sentença condenatória recorrível. 
Finalmente, a Lei 9.268/96 pretendeu dar nova redação aos art. 117, CP, 
acrescentando-lhe uma sétima causa interruptiva da prescrição, qual seja: pela 
decisão do Tribunal que confirma ou impõe a condenação. No entanto, no 
Senado, foi excluído a novidade, mantendo-se os seus incisos anteriores. Mas, 
por omissão, ainda assim houve uma alteração no referido dispositivo. Ocorre 
que esqueceram de, após o último inciso do art. 117 (IV), acrescentar um linha 
pontilhada, significando que os seus dois parágrafos continuavam em vigor. 
Assim, a nova redação do art. 117, CP, encerra-se com os seus seis incisos, 
ficando sem os dois parágrafos originais – o § 1º disciplinava o efeito 
interruptivo da prescrição em relação ao concurso de pessoas e aos delitos 
conexos, e o § 2º regulava a forma de contagem do prazo prescricional em 
razão a interrupção. 
Não se pode fazer de conta que tais parágrafos continuam a existir, porque a 
sua supressão decorreu de um lapso, pois na verdade estão excluídos do texto 
legal. A disciplina que traziam servirá de subsídio para orientar a interpretação 
da doutrina e da jurisprudência. 
 
PERGUNTA: quais as causas interruptivas da prescrição? 
RESPOSTA: As causas interruptivas elencadas no art. 117 são as seguintes: I 
– Recebimento da denúncia ou queixa; II – Pronúncia; III – Decisão 
confirmatória da pronúncia; IV – Sentença condenatória recorrível; V – Início ou 
continuação do cumprimento da pena; VI – Reincidência; 
 
 
6.6.3 – causas redutoras do prazo prescricional 
O prazo prescricional é reduzido pela metade quando o agente for, ao tempo 
do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentença, maior de setenta 
(art. 115, CP). A redução prevista nesse dispositivo aplica-se a qualquer 
espécie de prescrição, seja da pretensão punitiva, seja da pretensão 
executória. 
6.7 – Prescrição da pena de multa 
As penas mais leves prescrevem com as mais graves, segundo a previsão do 
art. 118, CP). 
Pela previsão da Reforma Penal de 1984, se a pena de multa fosse a única 
cominada, a única aplicada ou a que ainda não tivesse sido cumprida, 
prescreveria em dois anos (art. 114, CP). No entanto, quando fosse cominada 
ou aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade, prescreveria 
com esta, que é mais grave (art. 118, CP). Durante o cumprimento da pena de 
prisão, não corre o prazo prescricional em relação à pena de multa. 
A Lei 9.268/96, que não muda a competência para a execução da pena de 
multa, pretendeu alterar também o seu prazo prescricional, dando a seguinte 
redação ao art. 114, CP: 
Art. 114. a prescrição da pena de multa ocorrerá: 
I – em dois anos, quando a multa for a única 
cominada ou aplicada; 
II – no mesmo prazo estabelecido para a 
prescrição da pena privativa de liberdade, 
quando a multa for alternativa ou 
cumulativamente cominada ou cumulativamente 
aplicada. 
Como se pode constatar trata-se de uma previsão supérflua, que, para não 
dizer que não inovou, na verdade, inovou para pior: a redação do inc. I já 
constava da redação anterior do art. 114 e a redação do inc. II constava do art. 
118, que não foi revogado por dita lei. 
A rigor, trouxe duas novidades: 
a) excluiu o prazo de dois anos, de prescrição para a pena de multa, quando 
esta for a única que ainda não foi cumprida, como permitia a previsão anterior. 
Agora, o prazo prescricional de dois anos vige somente para as duas primeiras 
hipóteses, isto é, quando a pena de multa for a única cominada ou a única 
aplicada. Essa circunstância fica muito clara, em primeiro lugar, pela não 
inclusão expressa, como fazia a redação anterior do art. 114, e, em segundo 
lugar, pela disposição do inc. II da nova redação, pela qual o prazo 
prescricional da pena de multa “cumulativamente cominada ou 
cumulativamente aplicada” corre no mesmo prazo da pena privativa de 
liberdade. Assim, quando a pena de multa for a única que ainda não foi 
cumprida, o prazo prescricional obedecerá ao lapso correspondente à pena 
privativa de liberdade com a qual a multa foi aplicada. 
b) essa segunda inovação

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