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1 Khilver Doanne Sousa Soares Neurotoxoplasmose Patologia V O agente etiológico da neurotoxoplasmose, Toxoplasma gondii, é um parasita que infecta mais de um terço da população mundial e sua infecção cerebral se deve à reativação de cistos cerebrais latentes que persistem cronicamente no Sistema Nervoso Central do indivíduo A forma de cisto fica inativa no cérebro, até que haja um estado de imunodeficiência severa e o protozoário consiga se multiplicar. Em imunodeprimidos, sobretudo em indivíduos com a síndrome da imunodeficiência adquirida (Sida), a doença pode cursar com reativação, normalmente quando a contagem de linfócitos T Helper (CD4) se torna menor que 100cells/mm3 No que se refere ao acometimento por T. gondii em seres humanos, este ocorre principalmente pela ingestão de oocistos ou cistos teciduais que são rompidos ao chegarem ao estômago, liberando o parasita que irá invadir a mucosa intestinal, onde se diferencia em taquizoítos que atingirão os órgãos pela circulação sanguínea e linfática. Nos tecidos humanos, se reproduzem de forma rápida até desencadear a resposta imune do hospedeiro que, em condições normais, os tornará mais lentos, recebendo o nome de bradizoítos que formarão cistos, na musculatura e no Sistema Nervoso Central. Dessa maneira o protozoário permanece em sua forma inativa, até que seja estabelecido um estado de imunodeficiência severa que propicie a multiplicação do agente e resulte nas manifestações características dessa patologia. Pode se apresentar de maneira subaguda, durando 2-3 semanas, com sintomas variáveis de acordo com a topografia encefálica acometida. Os achados mais frequentemente descritos incluem hemiparesia, cefaleia, confusão mental, letargia e convulsões. De maneira menos incidente, pode levar também à paralisia de nervos cranianos. A característica "sinal alvo" nos achados da TC em pacientes com toxoplasmose cerebral tem como definição o aparecimento de lesões de baixa densidade, que aumentam com contraste intravenoso e são cercadas por edema. Não obstante, mediante à ausência de tratamento, a progressão das anormalidades neurológicas pode resultar em estupor, coma e morte Diagnóstico Toxoplasmose cerebral confirmada por histologia requer uma síndrome clínica compatível, identificação de uma ou mais lesões cerebrais focais expansivas por imagem e biópsia cerebral que evidencie o acometimento por T. gondii; Confirmação laboratorial de neurotoxoplasmose requer uma síndrome clínica compatível, identificação de uma ou mais lesões cerebrais focais expansivas por imagem associada à evidência de DNA de T. gondii no líquido cefalorraquidiano (LCR) por ensaios de amplificação de ácido nucleico; Não obstante, a confirmação laboratorial da infecção por T. gondii não é necessária para que se inicie o tratamento empírico de neurotoxoplasmose, tendo em vista a possibilidade do diagnóstico presuntivo e da importante prevalência deste agente na população, com exceção para os casos de pacientes com lesões gigantes que indicam descompressão cirúrgica, lesões sugestivas de linfoma e em indivíduos com lesão única na tomografia computadorizada associada a sorologia negativa para T. gondii, o que indica a solicitação de uma ressonância magnética (RM). Mediante a confirmação de que se trata de uma lesão única a biópsia estereotáxica deve ser solicitada, assim como nos casos dos pacientes que já se tenha iniciado o tratamento empírico e não há a observação de melhora do quadro clínico em 10 a 14 dias. o Oocistos: contêm os esporozoítos e são estágios que se formam no trato intestinal dos felídeos, sendo, portanto, dependes, obrigatoriamente, do hospedeiro definitivo; 2 Khilver Doanne Sousa Soares o Taquizoítos: são observados na fase aguda da infecção, transmissão placentária; o Bradizoítos: são observados nos cistos teciduais que se formam na fase crônica da doença. Podem ser observados também: pleocitose linfocítica e monocítica (em geral, com <200cells/mm3 e percentual baixo de neutrófilos), hiperproteinorraquia (com elevação dos teores de gamaglobulinas) discreta; taquizoítas (no líquor) – o que constitui diagnóstico da doença. A reação em cadeia da polimerase (PCR) para toxoplasma gondii tem alta especificidade – chegando a 96% –, porém tem baixa sensibilidade (50-90% para o diagnóstico) e seu resultado pode demorar alguns dias. Outro dado importante é a presença de sorologia positiva para toxoplasmose para imunoglobulina G (IgG). O ciclo de vida do Toxoplasma gondii 1a. Os ovos são eliminados nas fezes de gato. Muitos ovos são eliminados, mas geralmente durante apenas uma a duas semanas. Depois de um a cinco dias no ambiente, os ovos conseguem causar infecção. 1b. Os gatos podem ser reinfectados ao consumir alimentos ou outros materiais contaminados com os ovos. 2. Outros animais (como pássaros silvestres, roedores, veados, porcos e ovelhas) podem consumir os ovos em solo, água, material de plantas ou areia para gatos contaminada. 3. Pouco depois que os ovos forem consumidos, eles liberam formas do parasita que podem se mover (chamados taquizoítos). 4. Os taquizoítos se disseminam pelo corpo do animal e formam cistos no tecido nervoso e muscular. 5. Os gatos são infectados depois de comer animais que contêm esses cistos. 6a. As pessoas podem ser infectadas ao comer carne mal cozida contendo esses cistos. 6b. As pessoas também podem infectar-se se ingerirem alimentos, água ou outros materiais (como solo) contaminados com fezes de gato ou tocar em areia para gatos domésticos e depois levar a mão à boca. 7. Em casos raros, as pessoas são infectadas ao fazerem uma transfusão de sangue ou transplante de órgão que contenha o parasita. 8. Em casos raros, a infecção é transmitida da mãe para o feto. 9. Nas pessoas, os parasitas formam cistos em tecidos, geralmente no músculo e no coração, cérebro e olhos. Comparação entre RM e macroscopia. As lesões necróticas, respectivamente no centro branco medular do hemisfério cerebelar E e na substância branca profunda da ínsula D, tinham seu centro formado por necrose do tipo coagulativo. A orla que se impregnava de contraste no corte de RM pesado em T1 corresponde à estreita margem de tecido de granulação, com capilares proliferados e células inflamatórias. 3 Khilver Doanne Sousa Soares Externamente, o encéfalo não mostrava alterações dignas de nota. Em cortes coronais, observaram-se várias pequenas lesões necróticas amareladas com limites nítidos, sem efeito de massa, situadas na substância branca de ambos hemisférios cerebrais. Algumas envolviam também o córtex. As mais representativas estão demonstradas abaixo. O aspecto era compatível com toxoplasmose cerebral e a etiologia foi histologicamente confirmada. REFERÊNCIAS MELO, Lívia Maria Carneiro de. et al. Neurotoxoplasmose em pacientes portadores de Imunodeficiência Humana e suas sequelas: Uma revisão narrativa. Brazilian Journal of Development, v.6, n.10, p.81527-81538, 2020. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ http://anatpat.unicamp.br/nptsida1a.html#micro
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